Faz muitos anos desde que Zoe foi expulsa de sua primeira escola. Até os dias de hoje, ela e Charlie já foram expulsos só de mais duas escolas e agora estavam em uma boa escola que, por sorte, era coordenada por uma semideusa mais velha do que eu e Percy, então ela, além de ajuda-los as vezes, não os expulsava, por saber de suas condições.

Era uma sexta feira normal. Eu havia acabado de sair do trabalho e fui buscar Zoe e Charlie no colégio. Zoe estava cursando o primeiro colegial, com quinze anos e Charlie estava cursando a sexta série, com doze anos. É, o tempo passou rápido até demais.

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Buzinei em frente ao colégio e os dois vieram e entraram no carro.

– Mamãe?

– Sim, Charlie?

– O Henrique me chamou pra ir brincar na casa dele hoje. Posso ir?

– Claro, Charlie. Peça pro seu pai te levar depois que eu tenho coisas pra fazer hoje. E você Zoe? O que vai fazer hoje?

– Bem ... eu ...

– Zoe – parei em um sinal e olhei para ela. Ela estava muito mais parecida comigo quando tinha quinze anos. Se eu não me lembrasse de que tinha quase vinte e oito anos, pensaria estar olhando para um espelho.

– Preciso conversar com você, mamãe. Em casa. Sozinhas.

– Ok então.

Estacionei e nós três entramos. Percy me aguardava com o almoço pronto em casa.

– Ué? Saiu mais cedo? – fui em sua direção e lhe dei um beijinho.

– Sim, senhora. Aproveitei pra fazer o almoço.

– Obrigada.

Nós nos sentamos e almoçamos. Depois do almoço Percy levou Charles para a casa de seu amigo. Enfim, fiquei sozinha com Zoe. Ela estava na sala de estar, então me sentei ao seu lado e ela desligou a TV.

– Então mocinha? Quais são seus planos secretos pra hoje?

– Mamãe, eu fui chamada pra um encontro – ela disse olhando para as próprias mãos.

– Ai meus deuses, Zoe! Isso é ótimo! Por que está com essa cara?

– Mamãe, o papai não vai deixar ...

– E por que não?

– Porque ele não vai deixar a menininha dele sair com meninos.

– Deixa que, quando você for contar pra ele, eu vou estar perto e te ajudar. Mas me conta, quem é? Eu conheço?

– Não, é um menino novo que entrou agora no meio do ano.

– E qual é o nome dele? Como ele é? Você gosta dele? Ai, Zoe, eu esperei tanto por isso – puxei-a para um abraço e ela resmungou.

– Mãe – ela disse se soltando – para com isso. O nome dele é Breno, mas eu chamo ele de Be. Ele é esperto, fofo e gentil comigo.

– Tá bom, Zoe, mas como ele é fisicamente?

– Mãe! – ela corou. Ai que gracinha. – Ele tem cabelos castanhos encaracolados e olhos azuis e é uns bons centímetros mais alto do que eu.

– Ok, então – escutamos o carro estacionar. – Hora de falar com seu pai. Lembre-se: se eu disser corra, você corre mesmo, tá?

– Tá bom.

Fui abrir a porta para Percy e chamei ele pra sala.

– Mas você tem que me prometer que não vai surtar, ok?

– Tá bom, mas por que eu surtaria, Sabidinha?

– Você vai ver – peguei sua mão e fomos para a sala. Ele se sentou e Zoe lhe contou tudo. Ela disse que havia sido convidada pra sair e disse que o garoto era super gente boa, educado e tudo isso. Quando ela terminou, Percy estava quieto olhando diretamente pra ela.

– Eu posso, papai?

– Claro, por que não?

Arregalei os olhos pra ele, assim como Zoe. Nos entreolhamos e depois olhamos pra ele.

– Sério?

– Sim. Só gostaria de conhecer ele primeiro.

– Ele vai vir me buscar aqui em casa, nós vamos a pé até o shopping – ela falava pausadamente.

– Bem, me avise quando ele chegar – ele se levantou e subiu as escadas, indo para o quarto.

Olhei para Zoe e ela se sentou numa poltrona. Subi as escadas correndo atrás de Percy.

– Me diga que você pretende matar o menino pra eu saber que você não foi possuído por algum espírito, Perseu – ele estava sentado na cama, tirando seus sapatos.

– Mas vocês duas são tão estranhas. Se eu deixo, vocês reclamam, se eu não deixo, vocês reclamam. O que vocês querem de mim?

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– Percy, quando ela nasceu você disse que nunca ia deixar ela sair de casa com alguém. O que o fez mudar de ideia?

– Eu só evitei ter que brigar com vocês duas, porque eu sabia que se dissesse não nós dois iriamos brigar e eu também ia brigar com Zoe – ele me puxou pela cintura para seu colo e eu me sentei, sem acreditar muito ainda. – E além do mais, ela ia de qualquer jeito que eu sei, só o fato de ela ter contado pra mim já prova que ela tem boas intenções – ele beijou minha bochecha e eu olhei pra ele.

– Quem é você e o que fez com meu Perseu? – ele riu e me puxou para mais perto dele.

– Eu aprendi algumas coisinhas nesses anos, Annie. É meio difícil com duas descendentes de Athena na mesma casa e dois descendentes de Poseidon fazendo bagunça.

(A.N.: Zoe puxou, como percebemos, mais as características de Annabeth, enquanto Charlie puxou mais as de Percy, mas eles possuem características dos dois. Zoe tem os poderes com a água e Charlie é bem inteligente, só que Zoe é mais, digamos, dedicada e organizada. Desculpa interromper.)

– Ok, Percy. Eu vou acreditar que você não vai seguir ela pela cidade durante a noite, tá? E pra comprovar isso, nós vamos pedir um lanche em casa, só eu e você.

– Mas e o Charlie?

– Ele provavelmente vai dormir na casa do amiguinho, já que é sexta.

– Ok, Chase. Seremos só eu e você de novo – ele me beijou. Então ele fez menção de se levantar e eu sai de seu colo. Ele foi até o banheiro e, dois segundos depois, eu escutei um grito. Corri até lá, pegando uma espada no caminho e abri a porta do banheiro bruscamente. Percy virou-se para mim, com os olhos totalmente arregalados.

– O que foi? Por que você gritou?

– Deuses, Annabeth! Eu acabei de deixar minha filha sair com um garoto!

Agora eu tinha certeza de que ele não fora possuído por um espírito. Ou por Afrodite.