Caliente

Capítulo 16


– Eu deveria abrir um processo em cima daquele medico imbecil! – Gaara fala, fazendo um gesto de estrangulamento. Ino segura sua mão no ar e finge não ter visto aquilo.

– Não foi nada demais – Temari fala, se agarrando ao outro braço do irmão enquanto caminha de olhos fechados. – Apenas um erro médico.

Nada demais? – pergunto, me segurando para não gargalhar. – O cara disse que seu filho tinha um dano irreversível. Que nasceria com uma sequela, um deficiente por toda a vida. E no final foi apenas um erro médico?

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– E o cara ainda admitiu que só tinha dito aquilo porque estava irritado com as brigas de Gaara e Ino – Naruto completa, me oferecendo um pedaço de seu algodão-doce, mas eu nego. Chega de algodão-doce por algum tempo, tipo o resto da minha vida. Vai que tem alguma Hinata observando aqui também. – Aquele cara é pior do que eu.

– E olha que ser pior do que você é bastante difícil – eu digo, o fazendo rir.

– Você fala como se não gostasse – ele responde, me roubando um selinho.

– Como assim – Ino fala, parando de andar e fazendo todos pararem com ela -, tudo voltou ao normal?

– Nem tudo... – Gaara responde, olhando de uma maneira bastante sutil para sua irmã. – Não é, mana?

– Cuide da sua vida – ela responde, apalpando o ar até encontrar o algodão-doce de Naruto e pega um pedaço. – Se não, lembre-se que eu sou sua irmã mais velha e ainda posso te deixar de castigo.

– Hm... Não pode, não.

– Pague para ver!

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– Eu quero todos os detalhes! – Temari diz, apontando uma colher de brigadeiro para Ino.

– Mas eu já disse tudo o que tinha para dizer – a loira responde, rindo e ajeitando o travesseiro em seu colo. – Nós estávamos brigados, e agora voltamos. Só.

– Não se faça de engraçada – eu digo, também a ameaçando com a colher, mas a minha era de sorvete. – Detalhes, nós queremos detalhes!

– Certo certo! – ela ri. – Eu estava em casa comendo sorvete-brigadeiro e ele chegou e...

Ino se levanta e prende um lençol nas costas, apontando com a colher de madeira para o teto com uma cara de super-herói. O pijama de ursinhos cor-de-rosa era a melhor parte.

Eu pensei tanto que cheguei à conclusão que nós dois fazemos um ótimo par, o mocinho fala, colocando a mão na cintura da mocinha e a puxando para um incrível beijo de cinema, mas o que ele não esperava era levar um tapa estalado dela no rosto.

Ela vira para nós e faz uma cara de assustada.

O que foi isso?, ele pergunta, assustado. O que foi isso, eu que pergunto! Quem você pensa que é para interromper minha depressão?, ela responde, apontando o pote com sorvete-brigadeiro (sua mais nova invenção) para ilustrar a palavra “depressão”.

Ela para sua apresentação e pega o pote de sorvete de onde estava comendo, exibindo um sorvete de flocos com uma camada grossa de brigadeiro no meio e muitas bolinhas pequenas em volta.

Você prefere ficar deprimida do que ficar comigo?, o mocinho pergunta, apontando para o sorvete-brigadeiro (eu adoro fazer propaganda das minhas invenções). É claro que eu prefiro, quando o motivo da minha depressão é você!, a mocinha responde, largando sua colher de madeira no chão e correndo para fora do quarto. Mas antes que ela fosse embora...

Ino corre alguns passos em câmera lenta, mas para, uma das mãos para trás e o rosto triste, uma lagrima cenográfica descendo pelo seu rosto.

Por favor... Não me deixe outra vez, ele pede, a voz chorosa. Você me deixou primeiro, ela responde, sem coragem para virar e o ver ir embora. Mas não precisou.

Gaara – que estava parado no parapeito da porta o tempo todo, apenas assistindo à cena – entra no quarto e segura a mão de Ino, a puxando de uma vez para junto de si e colando seus corpos de forma quase teatral, como se eles tivessem passado a vida inteira treinando aquilo.

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– Eu não conseguiria viver sem você, nem que você me expulsasse daqui, o mocinho disse, olhando no fundo dos olhos azuis perfeitos da mocinha – Gaara fala, sorrindo. – Então se quiser me expulsar daqui, é mais fácil pegar uma faca e enfiar em meu peito.

– Eu não poderia nem se quisesse, a mocinha respondeu – Ino diz, entrelaçando os dedos nos de Gaara. – Não consigo viver longe de você.

– Então o que acha de vivermos juntos?, o mocinho propõe, olhando os lábios carnudos da mocinha, que o estavam seduzindo desde o começo.

– Acho que é uma boa ideia, a mocinha fala, sorrindo. E então eles se beijam apaixonadamente, suas bocas...

Gaara nega com a cabeça, fazendo Ino parar de falar.

– Não foi assim?

– Claro que não – ele responde. – Essa parte não se explica, se mostra.

E então ele a beija apaixonadamente enquanto eu e Temari aplaudimos e gritamos e fazemos muitos comentários maduros como “hmmmmmm” e “tão namorando!, tão namorando!”.

– Então o noivado ainda está de pé? – Temari pergunta assim que os dois se separam. Gaara fica vermelho, enquanto Ino pega seu sorvete-brigadeiro outra vez.

– Garotos não podem ficar em festas do pijama! – eu digo, jogando um travesseiro em Gaara, que o pega e ameaça jogar em mim.

– Não, não – Naruto diz, pegando o travesseiro das mãos de Gaara. – Só eu posso fazer isso – ele joga o travesseiro em mim e eu caio para trás, rindo. – Gostei dos golfinhos cor-de-rosa. São incrivelmente sexy, não sei como consigo me segurar.

– Gente, vocês são tão lindos! – Temari fala, os olhos cheios de lagrimas. – Eu quero sorvete!

– Tem certeza que você não prefere seu marido? – Ino sugere, entregando um pote de sorvete à Temari, que se levanta correndo com uma mão na boca e vai até o banheiro, batendo a porta atrás de si. – Certo, eu acho que isso é um não.

– Pessoalmente eu prefiro sorvete – eu digo, pegando o pote da mão de Ino. Mãos se encaixam na minha cintura e me puxam, tirando meus pés do chão com uma facilidade impressionante que me faz rir.

– Está dizendo na minha cara que prefere sorvete à mim? – ele pergunta, seu hálito quente no meu ouvido.

– Talvez – respondo, sujando o nariz dele de sorvete. – Por que, o que você vai fazer a respeito disso?

Ele pega a colher da minha mão e suja a minha boca de sorvete, e então eu perco o folego com o beijo que trocamos. Sorvete é bom, mas sorvete com gosto de Naruto é muito melhor.

Qual é o meu problema?

– Você tem razão – ele diz, fixando seus olhos nos meus. Me sinto no céu daquele jeito, com sorvete, meus pés fora do chão e Naruto me carregando. – Sorvete é muito melhor.

– Cale a boca! – respondo, batendo nele com a colher.

Ele ri e beija meu pescoço, me colocando no chão outra vez. Ino e Gaara gargalham, um apoiado no outro como se fossem um só quando se trata de rir da minha cara. Temari sai do banheiro enquanto seca o queixo, um pouco pálida.

– Eu iria me desculpar, mas acho que ninguém percebeu a minha falta – ela fala enquanto volta para seu lugar sentada na cama com um travesseiro no colo, um sorriso no rosto.

– Que horror, não diga isso – eu falo, batendo uma ultima vez em Naruto por ele ter tentado pegar meu sorvete. Me sento ao lado de Temari. – Percebemos a sua falta, mas achamos que seria indelicado perguntar alguma coisa.

– Desde quando você acha alguma coisa indelicada? – Naruto pergunta, se sentando ao meu lado com uma colher e pegando do meu sorvete.

– Eu sou a pessoa mais delicada do mundo.

– Diga isso quando os meus hematomas aparecerem.

Gaara senta ao lado de Temari com Ino aconchegada entre as suas pernas. Os braços dele a envolvem e seu queixo está encaixado perfeitamente no ombro dela.

– Estou interrompendo? – Shikamaru pergunta, parado no parapeito da porta.

Todos ficam em silencio, o observando. Ele usa calças largas e tem uma das mãos guardada no bolso e a outra escondida nas costas. Ele tem olheiras profundas no rosto e o cabelo está mais ensebado do que o normal. Nenhum sorriso irônico. Nenhum palito entre os lábios.

– Na verdade, sim – Temari responde, apertando o travesseiro em seu colo.

Ele suspira e entra no quarto, ignorando as palavras da loira. Ela aperta o travesseiro com mais força, as pontas de seus dedos ficando esbranquiçadas.

– Olha, eu não sou muito bom com isso – Shikamaru fala, mostrando o que escondia nas costas: um buque de flores coloridas. – Então... Só me desculpe.

– Você passou cinco anos casado comigo e não sabe que eu detesto flores? – ela diz, seu rosto sem nenhuma expressão.

– Sim, eu sei disso – ele se ajoelha, abaixando o buque. Não são flores, são dezenas de papéis enrolados no formato de lírios. – Você gosta de declarações, gosta quando eu digo que te amo.

As dezenas de papeis eram todos de cores diferentes, e cada um estava enrolado de uma maneira diferente, como se ele tivesse passado dias fazendo aquilo à mão. Ele pega um dos papéis coloridos e o desenrola. Ele é cinza e quando é aberto o cheiro de perfume chega até mim, doce e enjoado.

– Eu te amo como amo os dias de chuva embaixo do cobertor – ele lê, olhando diretamente para Temari. – Eu te amo como amo jogar xadrez com você sentado na poltrona e enrolado no cobertor enquanto te deixo ganhar.

– Você nunca me deixou ganhar! – ela diz, mas então fica vermelha e volta a encarar o travesseiro. – Eu ganho de você porque sou melhor que você jogando xadrez.

Ele ignora as palavras dela e abre outro papel. Um cheiro amadeirado enche o lugar.

– Eu amo o jeito como nós continuamos sendo crianças quando estamos juntos, como o tempo não parece nos atingir, como somos imune a qualquer ataque do destino. Eu amo nossas tardes no parque, quando dividimos nosso suco e quando você rouba a minha comida.

– Eu não roubo, eu pego o que você esqueceu de me oferecer.

Ele joga o papel aos pés de Temari e abre outro, esse com cheiro de rosas.

– Eu amo o jeito como você acorda linda de manhã, amo quando você bebe chá antes de dormir e como consegue entender o meu silencio. Amo quando você acorda de noite e bebe leite quente, e como você ama ir à praia de noite, e amo como você ama quando eu canto para você.

– Você canta muito mal.

– E você ama mesmo assim.

Eles se encaram durante alguns segundos, tendo uma discussão silenciosa. Temari aperta o travesseiro com tanta força que eu tenho medo de estar perto quando ela o pegar para atacar o marido, e acho que ele também tem medo de estar por perto quando isso acontecer, mas continua firme, sustentando o olhar da esposa.

De repente ela pula e pega o buque, o arrancando da mão dele.

– Qual é o seu problema?! – ela berra, tirando papel por papel dali e lendo. A letra dele era apertada e fina. – Amo o jeito como o seu cabelo balança, amo quando você cozinha para mim mesmo odiando cozinhar, amo quando vemos TV no sofá, o que significa tudo isso?

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Ela joga todos os papéis para cima, fazendo uma explosão de diferentes perfumes cair sobre nós.

– Eu sei como você ama quando alguém diz que te ama – ele responde. – Então fiz isso de todas as formas que consegui.

– Mentiras!

– Eu amo quando você grita comigo – ele diz, se levantando e se aproximando dela. – Eu amo quando você xinga todos e como não se importa com o que eles vão pensar de você – ele pega a mão dela e a encaixa na sua. – Eu amo quando você diz que me odeia, e amo ainda mais saber que você não pode me odiar. Porque na verdade você me...

Ele se cala quando a mão dela faz um estalo ao bater em seu rosto.

– Cale a boca – ela diz, em voz baixa. Olha para o marido e coloca a mão sobre o seu rosto, encaixando cada um de seus dedos nas marcas que ela mesma tinha feito. – Só eu posso dizer que te amo.

E ela o puxa para um beijo. Gaara e Naruto são os primeiros a pular gritando coisas como “até que enfim!” e “se ela não beijasse eu beijava!”. Quem falou essa ultima foi o Gaara. Logo eu e Ino também estávamos pulando e gritando enquanto Temari ria, escondendo o rosto no pescoço de Shikamaru.

– Parem com isso! – ela diz, sem graça, mas ainda assim rindo.

– Espera, ela tem razão! – eu digo e pego meu travesseiro. – Isso é uma festa do pijama, garotos são proibidos. Saiam logo ou eu tenho um travesseiro e não tenho medo de usar.

– Ah, nem vem, finalmente eles fizeram as pazes, agora vão completar o trabalho no quarto, não é? – Naruto fala, cutucando Shikamaru.

– Espera aí, ela é minha irmã, não vai fazer isso debaixo do mesmo teto que eu – Gaara fala, fechando a cara.

– Já passou da hora de você ir dormir, não acha, maninho? – ela observa.

– Depois que o loiro maravilha ali deu a ideia de vocês fazerem as pazes, é agora mesmo que eu não vou dormir!

– Se não vai dormir, vai fazer outra coisa, mas fora daqui! – eu digo, o ameaçando com o travesseiro. – Ino, dá pra ajudar aqui?

– Calma, estou indo – ela fala, se atrapalhando ao pegar um travesseiro e tropeça na pilha de almofadas. – Foi mal Shikamaru, guarde suas desculpas para amanhã.

– Certo certo, mas abaixe esse travesseiro – ele diz, levantando as mãos. Pega o buque que tinha caído perto da parede e o devolve à Temari. – Me espere amanhã antes do amanhecer.

– Isso só é fofo nos filmes – ela responde. – Amanhã antes do amanhecer eu estarei dormindo.

– Até amanhã, doçura – ele diz, saindo do quarto.

Gaara sai do quarto com Ino atrás dele, batendo com o travesseiro em suas costas. Procuro Naruto para expulsá-lo, mas ele está abraçado à minha cintura outra vez.

– O que acha de nos vermos antes do amanhecer? – ele propõe, mordendo minha orelha.

– Não vai dar, eu tenho um encontro com a minha cama e um pote de sorvete – respondo. – Não é algo negociável.

– Que tal dividirmos, então?

– A cama ou o pote de sorvete?

– Os dois.

Rio com suas palavras, e ainda mais com o fato de eu estar quase aceitando.

– Posso vir aqui te buscar?

– Só se quiser apanhar – Ino responde, o ameaçando com um travesseiro. – Solte a garota e afaste-se dela bem lentamente. Isso, agora saia daqui o mais rápido que puder se não quiser levar uma travesseirada.

– Não se assustem se alguém entrar no quarto no meio da noite – ele diz, caminhando para a saída.

– Você não vai entrar aqui se tiver amor à vida – Ino fala.

– Vou estar te esperando – respondo.

Ino joga o travesseiro em Naruto justo na hora que ele passa pela porta, rindo. Ino olha para mim como se dissesse “você poderia pelo menos tê-lo segurado até que eu tivesse acertado minha travesseirada nele!”.

– De onde você tirou a palavra travesseirada? – pergunto.

– Quer descobrir? – ela ameaça.

– Estou cansada demais para isso – bocejo falsamente, indo até minha cama improvisada no chão e me deitando ali. – Nos falamos amanhã, que tal?

– Amanhã ou hoje de madrugada? Eu vou estar acordada quando ele vier te procurar!

– Certo, como quiser Ino, boa noite.

Eu pensei que não estivesse com sono, mas dormi assim que fechei os olhos.

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Sinto alguém me balançar e acordo no mesmo instante, um sorriso no rosto. Ele realmente veio!

– Cuidado com Ino, se ela te ver, não será uma coisa muito legal de se assistir – eu digo, me espreguiçando, ainda de olhos fechados.

– Não vim aqui por causa dela, vim por sua causa – ele responde. Mas não é Naruto. A voz que ouço é grave e firme demais para ser dele. – E se você tivesse ficado no seu lugar, eu não precisaria ter vindo.

Sinto um calafrio e me sento rapidamente, encontrando escondido na escuridão a ultima pessoa que eu queria ver naquele momento.

Sasuke estava ali, me oferecendo uma mão.

Vamos.