Entre Otakus
Rony
Equipado de sua blusa moletom e gorro de lã, Rony foi até a garagem e pegou a bicicleta. Já tinha pedalado um quarteirão quando se deu conta de que não poderia levar Hermione (do qual o sobrenome era fato obscuro) para nenhum lugar no seu meio de transporte predileto.
Voltou para casa, ligou para um táxi e afundou-se na monotonia no veículo enquanto o carregava até o destino. Pelo percurso ficou fuçando no celular em busca de qualquer coisa que pudesse lhe distrair e diminuir seu nervosismo. Quase dois anos lhe separavam desde o último dia em que teve um encontro com uma garota.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!E aquilo nem contava necessariamente como um.
O táxi parou próximo na praça Greyhound e ele abaixou o vidro à procura dela. Foi fácil reconhecê-la num jeans claro e jaqueta azul marinho. Calçava tênis esportes e uma bolsa transversal em tonalidade de bege. Toda menina. Ele gostava disso.
Noiva! Não se esqueça dessa condição, seu pirado! Era como se a vozinha toda responsável de Harry viesse lhe dizer isso na consciência.
—Vou chamar minha colega e já venho. — anunciou ao taxista.
E saiu do carro, desajeitado, dando um pequeno tropeço na sarjeta, mas seguindo em frente feliz por ela não tê-lo visto tão patético.
Aproximou-se com as mãos soterradas nos bolsos, os ombros curvados, e o modesto “oi” que a fez virar-se na sua direção.
— E aí? Como vai? — ela ficou um pouco acanhada por ele aparecer daquela forma quieta e repentina, tão desastrado quanto um predador inexperiente. Ao menos fora a impressão que Rony tomou de sua expressão.
— Tudo beleza.
Ficaram se encarando num duelo esquisito de olhos e mãos atordoadas, que foi cessado somente quando a garota puxou-o para um estralar de beijos no ar e encontrões de bochechas ruborizadas de frio.
— O táxi tá esperando, vamos nessa?
— Ah! Claro!
***
O veículo ia deslizando pelo trânsito tranquilamente. Ele pensou em quinhentos assuntos sobre animes e mangás para travar com ela durante o pequeno trânsito no centro da cidade, porém foi atropelado por uma pergunta pessoal.
— Seu nome é Rony mesmo? Ou tratasse de algum apelido?
— Humm... Então você quer falar sobre meu nome... — fez uma expressão teatral de analista.
— Se não for muito desrespeitoso ou vergonhoso para sua pessoa, gostaria.
— Se eu te contar você promete nunca me chamar por ele?
— Então é um apelido mesmo. Estou pensando agora em nomes realmente embaraçosos.
Rony sorriu e balançou a cabeça.
— Não é nada esdrúxulo ao algo do tipo, só acho que não combina comigo. Você sabe, normalmente as pessoas sempre combinam com os nomes que recebem...
— Ou talvez por elas ganharem um determinado nome acabam ficando com a cara dele à medida que crescem. — ela completou.
— Nunca tinha pensado por esse ângulo, quem sabe.
— Vai logo, me diz seu nome!
— Ok... Ele vem do meu avô, uma coisa de família e tal.
— Diga! — Hermione exclamou docemente impaciente.
— Ronald.
Ela não disse nada mediante a revelação. Apenas ficou a fitá-lo com olhos incógnitos. Finalmente soltou:
— Como Ronald McDonalds?
— Me chamando de palhaço na cara dura?!Eu vou te abandonar naquela feira ao lado do primeiro cosplay desequilibrado, Srta Hermione engraçadinha.
— Granger. Hermione Granger. — replicou provocativa.
— Quer meu sobrenome também? É pra procurar fotos ridiculamente causais minhas nas redes sociais? — ergueu as sobrancelhas e passou língua pelos lábios.
— Já sei seu sobrenome. — a jovem devolveu com muita seriedade.
— Sério? Quem te contou? — ele caiu facilmente na brincadeira dela.
— Está em todo lugar. Nos comerciais, dentro da lanchonete.
— Motorista! Vamos mudar o percurso! Vá para casa de espetáculos humorístico mais próxima. Temos uma profissional aqui.
O motorista do táxi, que escutava toda a conversa deles, sorriu pelo retrovisor. Hermione ficou vermelha de vergonha com a vingança bem aplicada do rapaz.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Jogo baixo. — sussurrou somente para ele escutar.
Rony sorriu vitorioso, e ainda esquadrinhou os lábios delas com atenção enquanto lhe murmurava. Eram cheios e salpicados num gloss discreto.
— Eu sou Weasley, Srta. Granger. — finalmente apresentou-se.
Passaram o percurso até a feira numa saudável provocação sobre a origem de seus nomes e sobrenomes. O nervosismo pelo encontro evaporou-se do ambiente. O que Rony foi notar apenas mais tarde, muito depois de ter se despedido dela naquele dia, era como estar ao lado dela parecia natural e descomplicado. Natural como pedir fritas com hambúrguer no McDonalds.
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