Virou Simplesmente Amor

Prefácio de Revelações


Jin observava que Elesis estava inquieta.

— Ronan acabou de sair e você já ficou assim...

Ela o encarou.

— Dá para ficar quieto, Jin.

— Ué, eu só estou ressaltando que ele acabou de sair daqui e você já está agoniada. Ele não te respondeu ainda? Isso é controle, hein.

— Cala a boca.

— Eu hein… Está muito nervosa só porque o namoradinho não te respondeu ainda.

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Elesis cerrou o punho. Respirou fundo e, quando Jin pensou que fosse receber um soco, só ouviu as pisadas fortes da ruiva na escada.

Elesis entrou no quarto e sentiu vontade de jogar seu celular longe. Olhou mais uma vez para a conversa. Nem ao menos Ronan havia visualizado. Aquele celular ruim ainda permanecia em seu peito.

—O que é isso…? – Fechou a mão em punho.

Olhou a lista de contatos no celular. Se fosse recorrer a alguém para perguntar sobre, por mais que confiasse e acreditasse em suas amigas, tinha alguém que, mesmo longe, ela poderia contar.

Focou o teto como se dali saísse a resposta: Ela está ou não está online?

Era tão raro…

Arriscou.

Apertou no contato e digitou:

Sdds…

Elesis ficou observando um tempo. Temeu que a mensagem não fosse chegar neste dia. Seu coração apertou. Era uma aflição indescritível. Respirou fundo, largou o celular na cama e foi ao banheiro para lavar o rosto.

Olhou-se no espelho. Como havia mudado… Seu semblante de antes sumira. Havia outra ruiva ali. Elesis só não sabia identificar ainda quem era.

Quando voltou, relutou um pouco, mas olhou o celular. Havia chegado pelo menos, era só uma questão de tempo para visualizar.

— Ronan deve ter ido se encontrar com os pais ou sei lá… - Passou a mão no cabelo, jogando-o para trás – Eu estou pirando com isso.

O celular vibrou em sua mão.

— Eu vou te matar, Ronan, por ter feito me esperar tanto tem… - Silenciou-se ao ver de quem realmente era a mensagem.

Oi filha!!! Também estou com saudades.

Foi inevitável o sorriso de criança. Tiveram uma conversa inesperada, mas de fortalecimento para a ruiva. Viver longe dos seus pais era uma dor que Elesis carregava sabendo bem o quão pesado era. Nunca entendera bem qual era o motivo de tanta ausência por parte dos pais. Não entendia também o porquê do pai do Ronan agir daquela forma com ela.

Confusão!

Mas Elesis se desligou disso, depois da conversa com a mãe, sentiu-se mais perto dela, pensou em perguntar quando ela voltava, mas receou e mostrou-se uma jovem, aparentemente, independente e forte, sem ligar para essas coisas. Mas ela sabia que era só “aparentemente”.

Seu celular tocou novamente, mas era Arme relembrando a todos do aniversário de Lire, que estava às portas.

***

Ronan chegou em casa. O que sentir depois de um assalto?

Ele tentou não sentir. Fracassou. Queria ajuda, mas de quem? Percorreu a sala com passos acelerado, subiu as escadas pulando mais de dois degraus e torceu para não encontrar ninguém, chegou ao seu quarto e bateu a porta ao entrar.

— O que foi isso? – Indagou Edel para si mesma. Ela estava em seu quarto e assustou-se com o estrondo. Curiosa, pausou a música do seu celular e soltou seu livro.

Levantou-se e foi para o corredor.

O céu escurecia aos poucos anunciando a noite. Todos já deveriam estar em casa. Edel caminhou em direção oposta ao quarto de Ronan, indo de encontro ao escritório do Sr. Erudon.

— Sua filha ainda acha que o irmão dela tem uma doença gravíssima e que meu filho pode ajuda-lo. Sua ideia foi fantástica.— Falava Sr. Erudon, provavelmente, pelo telefone.

Edel estranhou aquele diálogo. Aproximou-se mais.

Se continuar assim, meu amigo, tirarei meu filho deste lugar e o farei ter nome pelo mundo. Com a sua ajuda, conseguiremos... Sim, sim...— Ele dava umas pausas – Essas crianças não têm ideia de como é perigoso estar aqui. Farei isso para o bem do Ronan e com recompensas para mim, é claro, de bom pai.— E riu, quase de gargalhar.

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Edel deu uns passos para trás. Ouviu um soco na porta e se virou.

— Ronan? – Indagou baixo, dirigindo-se para a porta do quarto do menino. Olhava para o escritório do Sr. Erudon, aquilo estava estranho demais – Ronan? – Bateu na porta.

Nada.

Insistiu.

Ronan abriu, mas se afastou.

— O que houve, está tudo bem? – Indagou Edel antes de entrar no cômodo.

— Eu não sei... – Murmurou Ronan – Acabei de ser assaltado.

—Ah! – A menina levou as mãos à boca, assustada – Mas você está bem?

— Sim, ele só levou celular e relógio. – Ronan estava sentado na cama e abaixou o rosto, cobrindo-o com as mãos.

— Nossa! Pelo menos ele não te feriu. – Edel entrou no quarto e sentou ao lado de Ronan, com o intuito de abraça-lo. E foi o que fez.

— Eu nem sei como cheguei em casa, saí correndo e...

Ronan estava vermelho e suado.

—Está tudo bem, você está vivo, isso que importa! – Tentou animá-lo, a menina.

Ronan não sorriu. Edel percebeu que era melhor deixa-lo só. Mas, ao se levantou, foi surpreendida.

—Fica. – Pediu o menino, olhando-a, com o cabelo molhado colado no rosto.

Ela assentiu e voltou a sentar ao lado dele, ficaram um tempo em silêncio, até que Ronan comentou do aniversário de Lire, contando para Edel o que estava por vir, foi o que animou o ambiente. Ronan ainda ousou em convidá-la, fazendo com que Edel mostrasse timidez e assim se seguiu a conversa entre eles.

O Sr. Erudon passou pelo quarto do filho e ouviu algumas gargalhadas de Edel e Ronan. Sorriu.

— Isso irá perdurar quando eu conseguir de tirar daqui e, principalmente, de perto dos Sieghart. – E desceu as escadas, estava arrumado para sair. A Sra. Erudon o esperava na sala, também arrumada.

—Prometa que será rápido para que venhamos ter um jantar entre nós?

—Por que acha que vivo em prol dos meus objetivos e não vivo pelo nosso objetivo?

—Suas atitudes me mostram que está mais preocupado consigo e seus interesses do que com os que estão a sua volta e dependem de ti. – Ela pegou sua bolsa no sofá – Não sei até quando suportarei isso.

— E se não suportar, o que fará? – Ele perguntou ainda no último degrau da escada.

— Terei que providenciar um advogado.

Sr. Erudon entendia do que se tratava.

— Suas palavras foram as mesmas há 19 anos e você está aqui ainda. É sinal que me ama.

— Sim, eu te amo, e eu disse isso, quando nos casamos, porque temia que se tornasse o homem o qual eu não queria ter ao meu lado: arrogante, ambicioso e rancoroso. Parece que eu já pressentia que isso aconteceria. Mas veio o nosso filho... E você prometeu mudar.

— E eu mudei! Faço tudo por ele!

— Por ele?

— Não quero perde-lo como quase te perdi.

— Isso já passou. O que aconteceu no passado, que fique no passado. E isso não te permite interferir na vida de Ronan, principalmente no futuro dele e isso inclui a menina que ele gosta.

— Você sabe de quem ela é filha. Isso é um desaforo!

— Fale baixo. – Pediu a Sra. Erudon, se dirigindo para a porta principal – Eles não sabem do passado e que permaneça assim. – E saiu.

O Sr. Erudon murmurou para si que “não”. A mágoa ainda penetrava nele. E saiu logo em seguida.

***

Rey sentiu uma forte dor de cabeça enquanto ia para a festa com suas amigas. Mas ignorou.

***

— Dio?

O menino olhou para trás.

— Sinto-o distante, não para mais em casa.

— Essa não é a minha casa, Von Crimson.

— Você tem um acordo comigo. No passado... Lembra?

— Infelizmente, é algo que me persegue dia após dia.

— Minha filha está te olhando com outros olhos, prezo que seja mais cauteloso e seja o irmão que ela pensa que é.

— Por que a preocupação.

— Dois nomes para refrescar sua memória: Duel e Edna.

— Tudo seria mais fácil se ambos tivessem morrido.

— É, mas não foi assim. Rey está viva graças à Edna e isso precisa permanecer assim, proteja a minha princesa do Duel e te darei a chave que precisa, ouviu bem?

— Por que está tão preocupado? Hein? – Dio sentou no sofá – Ele, por acaso te encontrou?

— Não só me encontrou, ele encontrou a todos.

— Isso que dá destruir uma vida, mudar de endereço e achar que as consequências não virão.

— Você não entende o que foi sacrificado para vivermos numa sociedade harmônica, com tantas diferenças.

— Isso não convém a mim. Estou aqui para proteger a Rey e não os demais, isso inclui o senhor. Quanto aos olhares de Rey, ignore, ela é uma menina, está confusa, foi largada pelo namorado. Infantil.

Sr. Von Crimson se calou.

— Não pense que tem controle sobre mim, eu sei bem o que se passa por aqui, o passado, o presente...

— E o futuro?

— O futuro, Von Crimson, serei eu livre de vocês. E vejo que já se prepara para isso, convocando o rapaz de cabelo branco, que lutou no campeonato.

— Você sabe muito, Dio, muito...

Sr. Von Crimson passou pelo rapaz com tom de ameaça. Dio foi para o seu quarto. Abriu a gaveta e moveu um fundo falso. Retirou dali uma imagem e um documento registrando uma determinada data.

— Desde a morte de Edna, não imaginava que Duel voltaria... Isso é estranho... O voto de paz entre os que têm poder e os mortais não podia ser quebrado... Mas Edna estava descontrolada demais... – Dio pensou – Parece que o lugar onde vivemos poderá virar um campo de batalha, a menos que... É por isso que Von Crimson está desesperado! - Entendeu – Duel quererá Rey para si, mas ele não a conhece ainda... Terei que tirar Rey daqui, mas para isso... Contarei a verdade.

Dio guardou a caixa e foi deitar. James estava à espreita da porta.

— Isso está cada vez mais interessante... Minha dona precisa saber disso... – E sumiu.

***

Bateram na porta.

Lupus atendeu.

— E aí, rapaz! – Entrou aquele que havia assaltado Ronan – Fiz como o combinado.

— Isso é bom, assustou o garoto?

— O quê?! Quase o fiz mijar de tanto medo. – Ele riu – Agora falta você cumprir com o combinado.

— Calma, ainda preciso fazer umas coisas.

— Tem garota no meio, é?

Lupus se calou.

— Cara, sou teu amigo, desde quando chegou aqui. Te apresentei a Rey... Não precisa esconder nada de mim.

— Talvez seja. Esses sentimentos mundanos são complicados. Preferiria ser rejeitado por vocês por ser diferente.

— Ah, cara, fala isso não, eu me sinto no filme “X-MEN” ou “Os Vingadores”, é surreal, cara. – O assaltante se sentou.

Lupus não entendeu as referências.

— Sabe, quando nos conhecemos, você tinha um camaradinha contigo, ele morreu?

— Deveria ter morrido, mas não.

— Ele é dessa vida, igual a gente?

— Não e é isso que o mantém vivo. Ele tem uma vida “normal”. – Usou os dedos para figurar as aspas.

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— Eu te admiro, cara, você passou por tantas coisas.

— É melhor não nos lembrarmos dessas coisas.

— Cara, lembra-se daquela delegada que te seguiu e te deixou fugir, podendo ter te matado?! – O assaltante estava esbaforido.

— Qual foi a parte do “não vamos lembrar” você não entendeu? – Lupus pegou seu celular. Lin lhe mandara uma mensagem. Ele sorriu.

— É a Rey? Deixa eu ver. – O rapaz se levantou e foi até Lupus.

— Não, eu não estou mais com a Rey.

— Então está deixando-a livre para mim?! Você é o melhor, cara.

— Ela tem o cachorrinho dela, cara, esquece.

— A Mary? – Ele não entendeu.

— O Dio, idiota. – Antes de o rapaz voltar a conversa, Lupus a encerrou – Preciso sair e você vai embora.

— Sensível como sempre. – Retirou os objetos de Ronan do bolso – Fica com eles, eu já tenho um monte.

Lupus os pegou e os jogou no sofá. Saíram logo em seguida.

***

Já era tarde da noite, quando Lothos recebeu uma ligação. Era de um diretor de um Colégio que também unia jovens com poderes e humanos. Eles conversaram e Lothos estava preocupada por um nome citado na conversa: Duel.