Agatus - A Descoberta

Espaço Pessoal


Acordei com os braços de Raj em torno de mim. Em minha cabeça, uma pressão importuna predominava. Não me lembrava do que teria sonhado, apenas sombras.

Raj ainda dormia. Fiquei ali. Parada, apenas o observando. Dormia como um anjo. Sua respiração era calma e pausada. Seus cabelos estavam desconsertados, totalmente rebeldes. Ri com a ideia.

Seu perfume de Lótus permanecia intenso. Analisei sua respiração equilibrada. Seu abdômen moreno subia e descia. Desta vez, não tive medo de tocá-lo. Deslizei os dedos em seu tórax, sentindo seus músculos se contraírem.

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Passeei os dedos em meus cabelos, me lembrando da flor de Lótus que havia colocado ali. Olhei a cômoda. Ela permanecia ao lado de minha escova.

Raj murmurou algo. Mexi lentamente em seu cabelo, fazendo-o sorrir.

Minha Priya– sussurrou. - Dormiu bem?

Sorri ao fitar seus olhos, embora a dor de cabeça me dominasse.

– Melhor do que nunca - beijei-lhe delicadamente.

– Me sinto estranho - riu ele.

Me apoiei nos cotovelos.

– Por quê? – brinquei.

– Eu nunca estive tão perto de uma pessoa - esfregou as mãos no rosto e fitou-me com cara de sono, ainda sim, lindo.

– Nem eu - sussurrei para mim, mas acho que ele ouviu.

Seus braços envolveram minha cintura, arrepiando-me quando Raj iniciou uma sequência de beijos em meu pescoço.

Meus pensamentos vinham como uma chuva de lava. À media em que refletia, uma dor intensa conquistava minha mente. Havia um determinado tempo em que esses pesadelos sombrios não me atormentavam. Uma náusea dolorosa subia por meu estômago. Raj parou ao perceber minha indisposição.

– Está tudo bem? – perguntou, docilmente.

– Só estou um pouco... Enjoada – olhei-o nos olhos. – Desculpe.

Raj entregou-me um sorriso meigo e me beijou. Me senti aliviada.

– Então vamos – ele beijou minha testa e se ergueu. Observei-o enquanto vestia a bata. – Está com fome?

Assenti, ainda o admirando.

– Eu gostaria de batatas grelhadas e um copo gigante de Milk-Shake. – massageei as têmporas, resmungado.

Raj ergueu as sobrancelhas.

– O que?

Apanhei minha camiseta, vestindo-a.

Nada – revirei os olhos enquanto passava a roupa pela cabeça. Parece que na Índia não existe Milk-shake. – O que será que Christine nos preparou hoje?

– Não sei – deu de ombros. – Precisamos treinar.

Deixei os tênis de lado para o encarar.

– Está brincando comigo?

– Estou falando a verdade – pegou o tênis do pé esquerdo e me ajudou a calçá-lo. – Só alcançaremos se praticarmos.

Concordei mentalmente com seu argumento.

– Tem razão – fiz uma careta quando Raj amarrou o segundo tênis. Ele tinha uma força incrível, os cadarços nunca se soltariam. – Ainda estou com fome.

Raj riu distraidamente.

– Eu também.

...

Quando adentramos a sala de treinamento, Jake treinava com Diana. Parecia impaciente com a irmã. Ela usava seu traje de batalha negro, assim como Jake. Não usava seu arco e flecha dourado. Seus cabelos dourados estavam perfeitamente penteados, apesar de estar suado.

Quando notaram nossa presença, pararam. Diana cruzou os braços.

– Espaço pessoal – disse ela entredentes.

– É uma sala de treinamentos – argumentou Raj. – Convém para treinarmos.

Diana abandonou sua espada no chão, revirando os olhos à cada palavra de Raj.

– A competição acontecerá em alguns dias – anunciou Jake, com um sorriso torto. – Devem se preparar.

Mas é claro que devemos nos preparar! Richard pretende nos massacrar, e eu não quero morrer. Era um assunto que eu deveria me preocupar. O que Richard nos preparava? Talvez, eu estivesse preparada. Raj disse que me saí muito bem nas últimas batalhas. Ainda me pergunto como destruí o exército de Edra com apenas uma palavra. Quem sabe meu poder principal seja isto: destruir exércitos de areia. Não me animei muito com o conceito, pois, em comparação, o poder de Raj era incrível. Poder visitar o passado, o presente e o futuro... Completamente inexplicável.

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O sorriso malicioso de Jake se expandiu.

– Possuímos o direito de treinar também – rosnou Raj.

Jake permaneceu tranquilo, mesmo com a intimidação no olhar de Raj.

– A sua hora chegará, Indiano – sussurrou Jake. Considerei isto como uma ameaça.

Raj cerrou os punhos, mas o impedi.

– Raj, brigar com Jake não vai resolver nada – falei baixinho em seu ouvido. – É perda de tempo.

Brigar não iria decidir nada. Seria como da última vez, em que Yann e Raj tentaram se matar, por mim. Dois feiticeiros lutando por uma sala de treinamento, ou melhor, espaço pessoal, seria terrivelmente patético. Apenas ao imaginar a confusão, estremeci.

Raj assentiu, e suspirei quando seu olhar se voltou a porta. Segurei sua mão firmemente e notei quando Diana fechou a cara. Estremeci outra vez, meus dentes trincavam. Raj não olhou para Jake quando murmurou algo em híndi.

– Respeitaremos seu espaço – resmungou, por fim.