Eu estava sentindo o meu corpo leve, e o frio me cercava. Abri meus olhos, mas imediatamente tive vontade de fechá-los de novo, apenas por pura reação. Ao perceber que não doía, eu os abri novamente. Minha visão era turva, e tudo que eu enxergava a frente era escuridão. Movi minha mão em frente ao rosto e bolhas se formaram no movimento.

Não. Não era possível.

Eu estava novamente de baixo d’água?!?

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Eu conseguia respirar sem problema algum, então comecei a nadar para o lado que imaginava ser em cima. Mas, quanto mais eu nadava, mais pressão eu sentia. Tentei mudar a direção diversas vezes, mas sempre resultava no mesmo. Comecei a entrar em pânico.

Então uma sombra apareceu na minha frente. A mesma sombra que eu já vira tantas vezes antes, mas que nunca consegui reconhecê-la.

O pânico começou a me tomar conta. “É apenas um sonho! Um sonho!!” – pensei, desesperada.

Salve-as... – murmurou a sombra.

Quando eu ouvi a sombra falar, perdi todo o fôlego, e pareceu que estava me afogando de verdade. Respirei fundo algumas vezes, lembrando-me o tempo todo que isso não era real. Então eu respirei fundo novamente, tomando coragem para respondê-la.

Mas, antes que eu pudesse respondê-la, ela começou a vir na minha direção.

Eu gritei, mas obviamente só saiu bolhas de minha boca. Comecei a nadar na direção oposta, mas antes que eu conseguisse me afastar, aquela sombra agarrou meu ombro. Então eu me virei na sua direção, tentando reconhecê-la. Mas tudo o que eu vi foi... escuridão.

Suspirei, aliviada. Mas, ao me virar, deparei-me novamente com a sombra, desta vez mais distante.

O que você quer de mim?! Já as salvei! Não posso fazer mais nada!

Rin...

“Aquela coisa sabe o meu nome!” – pensei, assustada.

Rin... acorde...

“Acorde?!?”

ANDA YAMA MONKEY, ACORDE!

Sentei num susto, batendo minha cabeça na cabeça do Seitaro, que estava até aquele momento me sacudindo, tentando me acordar. Ambos seguramos a nossas respectivas cabeças, murmurando alguns poucos xingamentos.

– Ahhh, você é uma desgraçada mesmo! Não sei por que ainda perco o meu tempo vindo te acord... – ele começou a dizer, mas se calou quando me viu.

Eu havia me agachado pro lado, tentando fingir que era por causa da batida da cabeça, mas ele deve ter visto o meu corpo tremendo. Por alguns segundos ele ficou em pé, sem graça, e então sentou na ponta da cama e encostou a mão na minha perna, ainda sem jeito.

– Huh, Rin, o que foi? Foi a batida de cabeça? Sabe, já vai passar...

– Claro que não seu idiota! Ah, vai embora Seitaro...

– Não, espera, é sério. Eu realmente estou preocupado, por mais surpreendente que possa ser. Quer conversar sobre isso?

– Não... quer dizer, não sei. Você sabe que eu não sou disso...

– É claro que eu sei, por isso estou estranhando. Mas não se preocupe, não contarei pra ninguém, pelo menos não dessa vez – disse ele, sorrindo – e então, o que foi que aconteceu?

Eu fiquei vermelha, com um pouco de vergonha de contar. Mas então, engolindo em seco, eu contei sobre o sonho para ele.

– Você sonhou que estava em baixo d’água? Igual de quando estávamos lá, huh, você sabe...

Eu sabia exatamente. Não tinha como me esquecer daquele lugar.

– Eu nunca mais tive esse sonho desde que saímos de lá, mas agora eu tive de novo. Eu... eu... – engoli em seco novamente – eu estou com medo Seitaro...

– Ei, se lembra do que você disse? Você nunca foi dessas. Foi só um sonho, Rin. Tente não pensar mais nisso, okay?

Eu não respondi.

“Como se fosse fácil esquecer aquilo” – pensei, fazendo uma careta.

– Então, que tal já se levantar? Yuuta e o Yuka estão nos esperando.

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Suspirei. Yuuta estava querendo fazer trilha. Parece que nunca aprende.

– Bem, pelo menos agora ele tem um GPS. Acho que posso me sentir um pouco mais segura.

– Exatamente! Além disso, vamos apenas escolher o local da trilha, então não precisa se preocupar por pelo menos um mês.

– Hã? Eu achei que íamos semana que vem...

– Pois é, mas eu só consegui férias pra daqui um mês. Eu não tinha te contado?

– Não...

– Mas enfim, levante-se e se troque para que possamos ir! Anda Yama Monkey, ou vamos nos atrasar.

Então ele saiu do quarto, fechando a porta para que eu pudesse me arrumar. Continuei sentada na cama, olhando para o teto. Mas então eu me levantei.

Afinal, era apenas um sonho...

Ou pelo menos era o que eu esperava.