Redenção

Capítulo 8 - Iniciando uma guerra


Ao sair do carro de Nikko, Melanie ergueu o olhar para a casa percebendo algo singular. Cada vez mais que olhava para aquela fachada sentia-se incomodada e ao mesmo tempo intimida daquele lugar. Meneou a cabeça ao perceber o rumo que seus pensamentos estavam tomando e seguiu em direção a casa sem se dar conta da presença de Nikko logo atrás de si.

-Não desejo vê-la morrer de fome – Nikko disse alto assim que ela atravessou a porta indo em direção as escadas – Quer comer alguma coisa ou é do tipo que nunca come? – Melanie o encarou e assentiu – Esta concordando com o que?

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-Que quero comer – respondeu sem vontade ao encará-lo como se esperasse alguma ordem – eu não conheço esta casa, esqueceu?

Nikko assentiu ao indicar o caminho que ele tomou. Caminharam distantes com ela desconfiada e ele quieto. Assim que chegaram a cozinha, Melanie olhou em volta impressionada com a elegância do local. A cozinha era decorada em tons claros, não havia nada fora do lugar com exceção de algumas sacolas em cima do balcão. Indeciso sobre o que fazer, Nikko foi ate a geladeira e deparando-se com o vazio. Suspirou frustrado ao ir ate os armários, onde nada encontrou.

-Não temos comida – Nikko disse sem olhar para ela.

-O que há dentro dessas sacolas? – perguntou curiosa.

-Não é comida – disse simplesmente ao virar-se e a olhar – Vamos almoçar fora.

-Almoçar fora? Isso me surpreende – tornou sarcástica ao cruzar os braços em frente ao seu corpo – o que pretende fazer nesse almoço? Irá me deixar com fome enquanto o vejo comer? É essa a tortura que espera por mim?

-Estou sendo educado, apenas aceite e não me crie problemas – falou sério ao ir em direção a Melanie, ao passar por ela seguiu ate a porta – Se não vier ficará com fome.

-Que homem insuportável – murmurou ao segui-lo contra a sua vontade. O caminho transcorreu no silencio com o som apenas do vento contra os vidros entreabertos. Melanie não fazia questão de escutar a voz dele, enquanto Nikko sentia-se mal em olhar para ela. Permanecerem em silêncio após entrarem no restaurante escolhido por Nikko. Um restaurante especializado em comida grega. Sem que Melanie pudesse escolher o que comeria foi colocado diversos pratos em sua frente assim como em frente a Nikko. Ao olhar em sua volta descobriu que eles estavam tendo um atendimento diferenciado em demasiada. – Porque eles estão o tratando tão bem? – perguntou curiosa ao ver Nikko dispensar os garçons e se servir com o vinho.

-Por que? Acreditou que eu fosse alguém insignificante como você?

-Não, somente imaginei que fosse um idiota sem boas maneiras, mas percebi estar correta em meu pensamento.

-Sempre atrevida, mesmo quando está entre a cruz e a espada.

-E o que seria a cruz, já que a espada deve ser você.

-Petulante – murmurou ao depositar a taça em cima da mesa – a cruz seria o seu próprio orgulho em não admitir e se comportar como a culpada que é.

-Acredito que já paguei pelo tempo em que passei no reformatório – disse com o semblante sério ao olhar para a comida – Não acha um desperdício?

-Do que esta falando?

-Tanta comida aqui para comer e será aproveitado apenas um ou dois pratos.

-Faça como quiser. Se quiser comer todos, que assim o faça – deu de ombros intrigado com o comportamento dela. Observou o modo como ela olhava para todos os pratos e não tocava em nenhum – Imaginei que estivesse com fome. Não me diga que me fez perder o meu tempo vindo aqui?

-Se acha se alimentar uma perda de tempo, é uma opinião sua. Seu maior desejo no momento é me torturar, não é? Como pode fazer isso se não se alimenta direito? Comer nos dá forças para seguir em frente não importa o quão dolorosa seja a situação – seu olhar demonstrava que encontrava-se envolta em recordações.

-Pode fala o que quiser – sua voz fria apenas fez Melanie assentir – Não sabe o que é nada disso, não é? – demorou alguns segundos ate vê-la assentir em concordância – Esta carne do lado esquerdo próxima a salada – apontou para um prato – é cordeiro. Aquele outro é porco. Essas duas carnes são as que mais aparecem na culinária grega. – a cada palavra que Nikko pronunciava, Melanie se via fascinada, não por ele, mas pela forma com que demonstrava a sua paixão pela culinária e em contrapartida pela Grécia – “Ele deve ter sido assim com sua esposa” pensou ao escutá-lo com atenção - Se gosta de salada pode provar – pensou alguns segundos ate indicar um prato – Aquela salada – apontou para o prato próximo a carne de cordeiro leva tomate, cebola, pepino,azeite de oliva, azeitona negra, pimenta, orégano e queijo feta. E..

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-Terá sobremesa? – Melanie se viu perguntando ao perceber a quantidade de pratos que estava em sua frente.

-Sim – assentiu confuso – Por quê?

-Então devo começar a comer logo – falou determinada ao escolher os pratos que ele havia indicado. A cada mordida era inevitável não alguns segundos para apreciar o sabor. Um sabor novo e espetacular que preenchia cada parte de suas papilas gustativa – Isso é.. muito bom – murmurou impressionada ao levar a boca mais um pedaço da carne de cordeiro. – Sem que percebesse o que estava fazendo, a atenção de Nikko foi roubada pela expressão de deslumbramento de Melanie. A cada mordida que ela dava um sorriso esboçava em seu rosto, os seus olhos brilhavam e por alguns segundos, ele viu apenas uma jovem apreciando uma boa comida. Não havia vitima ou culpado apenas duas pessoas inebriadas pela culinária grega. – Deveria estar comendo – Melanie disse sem encará-lo ao sentir os olhos dele em si – sei que não estou muito comportada comendo, mas não me deu nada para comer desde que me prendeu, lembra-se?

-Não estou lhe olhando – Nikko mentiu ao voltar a atenção para a sua comida.

-Está bem, vamos fingir que esta falando a verdade – murmurou ao continuar a comer sem perceber que alguém estava fotografando eles. A tarde passou rápida considerando o silencio que habitou entre as duas pessoas. Eles apenas comeram em silêncio ate Melanie se dar por satisfeita, o que aconteceu após a sobremesa. Nikko cumprimentou os empregados educadamente e logo saiu do restaurante, mas antes que pudesse entrar no carro um dos garçons foi ate ele segurando uma sacola. –Obrigada – Melanie agradeceu ao pegar a sacola – O que foi? – perguntou diante do olhar de Nikko.

-Se atreveu a pedir para que lhe entregassem as sobras? – perguntou ultrajado sem acreditar no que estava vendo – Tem noção do que fez?

-Tenho ao contrario de você. – olhou em volta e sorriu ao caminhar ate um homem que estava sentado no chão. Todos que passavam por ele o olhavam com nojo ou apenas o ignorava. Melanie estendeu a sacola para ele com um sorriso na face – Está com fome? – perguntou gentil e o viu assentir – É para você. Espero que goste – entregou a sacola na mão do homem e retornou para o carro tentando compreender o motivo da surpresa de Nikko – O que foi? Achou que eu ia comer?

-Achei – confessou surpreso – porque fez isso?

-Não são todos que possuem a sorte de almoçar em um restaurante como esse sem precisar pagar. Não vai destravar o carro? – indagou ao olhar para ele com firmeza – Não me ache uma santa só por isso, se lembre que sou uma cadela má. Nunca se esqueça disso.

-Nunca lhe chamei por este nome – soou calmo e controlado ao olhar para o rosto dela – Alguém a chamou desta forma?

-Esta agindo como se você se importasse comigo e ambos sabemos que não é assim. Vamos nos ater a realidade, certo?

-Quem escutar vai achar que eu sou o culpado e você a vitima – resmungou ao destravar o carro.

-Toda a história a duas versões – respondeu percebendo o seu erro em seguida.

-Não vai me dizer que irá contar a sua agora? – perguntou assim que ela se sentou ao seu lado – vai negar que a culpada foi você?

-Não – negou ao suspirar fechando os olhos em seguida. –“Quanto menos falar, melhor” pensou ao sentir o carro acelerar.

**
Melanie olhou perplexa para o homem parado em frente a ela na porta da casa. Ela sabia que Nikko estava atrás de si, mas não se importou em continuar a olhar para o homem.

-Ele é..

-O meu segurança e a partir de hoje irá te buscar no colégio – esclareceu ao afastá-la de seu caminho para entrar em casa.

-Porque alguém de.. 2 metros de altura precisa ir me pegar? Já disse que não vou fugir – Melanie falou ao segui-lo – isso é.. ridículo.

-Acho que esse almoço distorceu a sua posição na minha vida – Nikko disse ao encará-la no meio do saguão – Eu sou..

-Um homem que deseja ver meu sofrimento, mas não acha que esta indo longe demais?

-Melanie, lembra-se da outra noite em seu quarto? – perguntou sombrio e logo a viu levar a mão ao pescoço – Toda a vez que vier em sua mente me enfrentar desta forma, lembre-se daquela noite. Eu não tenho nada a perder, enquanto você tem a sua vida e o seu irmão.

-Eu irei me lembrar – sem olhar para ele deu as costas e seguiu para o seu quarto – de volta a prisão – murmurou ao deitar-se na cama.

**
A cabeça de Nikko latejava pela manhã ao sentar-se em seu escritório na empresa. Por mais que bebesse café ainda se sentia incomodo. Pegou a aspirina em cima de sua mesa levando duas a boca. As engoliu e quando estava iniciando o seu trabalho viu a porta de sua sala abrir.

-Fabriccio, o que faz aqui? – perguntou sério ao ver o semblante preocupado de seu irmão – O que houve? - Fabriccio suspirou antes de iniciar a conversa. Olhou em volta e em seguida para o seu irmão percebendo o cansaço em seu olhar.

-Está comendo direito?

-Parece ate a mamãe, eu estou bem. O que veio fazer aqui?

-Não adianta prolongar isso de qualquer forma – suspirou ao sentar-se – Os diretores andam me ligando. Me fazendo propostas para que eu fique contra você. Não desejo a sua posição na empresa, espero que saiba disso.

-Eu sei disso, assim como sei do plano que estão tramando.

-Porque não esta fazendo algo?

-Eu estou – garantiu com o olhar determinado – apenas continue fazendo o que estava com eles.

-Criará uma armadilha.

-Sim, irei devolver na mesma moeda.

-É bom estar preparado, pois acredito que irá usar isso contra você – ergueu uma revista em direção a Nikko. A cada linha que Nikko lia o sangue sumia de sua face. – Não tinha visto, não é? O que estava fazendo com ela? Sabe o quão difícil ficará?

-Droga – disse furioso ao jogar a revista no chão – vou processar essa revista.

-Isso aumentará a atenção da mídia.

-E o que me resta fazer? Vou aceitar e esperar que comecem a me chamar de pedófilo, louco, bastardo?

-Vamos ter calma – Fabriccio tornou calmo – Soube que marcou uma coletiva. Basta desmentir.

-Não é tão fácil.

-E por qual motivo?

-Os repórteres são como ratos atrás de queijo. Irão descobrir quem é ela e que esta morando em minha casa. Tem ideia do quão perigoso seria para mim?

-Não tinha pensado nisso – murmurou pensativo. – Então o que fará?

-Eu tenho que pensar – disse ao olhar para a revista no chão. – “Presidente da empresa K’angus é visto com um, possível affair logo após a morte de sua esposa. Seu luto foi rápido demais? Quem é a jovem que o conquistou?” relembrou as palavras ditas na manchete – Essa garota só trás consigo o azar.

-Talvez você seja o azar dela – Fabriccio murmurou fingindo inocência ao ver o semblante de seu irmão – brincando – piscou divertido ao se levantar – estou indo.

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-Vai ao coquetel dos...

-Cerqueiras? – indagou o interrompendo – é claro, já sabe quem vai levar?

-Não – negou pensativo.

-Posso levar alguém para você, o que acha?

-Dispenso.

-Sem problemas – disse antes de acenar e sair deixando Nikko sozinho com seus pensamentos.