Redenção

Enfim a verdade


A cabeça de Nikko latejava constantemente. Desde que saira do hospital não conseguiu concentrar-se em nada. Algo em seu intimo lhe dizia o quão tolo e precipitado havia sido, mas não queria acreditar nisso. Ele não queria acreditar que havia se enganado e feito uma inocente sofrer. Ele não conseguiria viver com isso. Não após escutar Melanie e seu irmão conversarem.

Ele havia sido um tolo.

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Um burro que precipitou-se.

O seu olhar fixou-se na casa a sua frente. Andou ate a entrada decidido a descobrir toda a verdade. Ele não poderia se deixar atormentar daquela forma. Não mais. Ele precisava saber o que era mentira e verdade naquela história. Bateu na porta com o semblante fechado e não demorou para a porta ser aberta pela pessoa que havia ido procurar.

―O que faz aqui? – Christopher indagou pasmo ao olhar para o estado largado e desleixado do homem a sua frente.

―Você sempre foi o culpado, não foi? – disse sério ao observar as reações do jovem a sua frente. Christopher empalideceu. Sentiu suas pernas fraquejarem e por fim suas mãos tremulas. Seu nervosismo era tamanho que qualquer um poderia perceber a verdade. Ele havia sido descoberto.

―Sobre...o que..está falando? – gaguejou tentando segurar-se para não fugir.

―Então foi você – percebeu confuso e desolado – como alguém poderia fazer tudo isso? – se indagou ao encarar o jovem – como alguém poderia deixar a sua irmã ser culpada de algo assim? Como você pôde fazer isso?

Christopher sentiu-se encurralado. Nem em seus pesadelos uma cena daquela seria possível. Ele sabia que Melanie jamais iria trai-lo. Nisso era em que ele queria acreditar. Sua irmã não seria capaz de trai-lo de forma leviana.

Ele não poderia cair em uma armadilha como aquela.

―Não sei sobre o que está falando, Senhor Nicolai – Christopher disse mantendo o seu nervosismo em seu interior – Minha irmã não está se veio procurar por ela.

―E ainda continua mentindo e a fazendo passar por tudo isso – se deu conta. Olhou o irmão de Melanie por alguns segundos antes de fechar suas mãos e bater na face do jovem, o qual cambaleou e tombou para trás – É realmente um cretino.

Chirstopher olhou para o homem amedrontado.

―Ela não pode ter falado nada – murmurou para si mesmo – ela não faria isso.

―Saiba que acabarei com a sua vida lentamente – anunciou com a voz tão fria quanto o inverno mais rigoroso – Eu farei com queira a morte. Está me ouvindo?

―Eu sou inocente – gritou assustado – inocente. A culpa foi dela. Não minha.

Nikko olhou para o homem com desprezo.

―Não entendo o motivo dela ter feito isso. Se entregou a policia para você não ser culpado por tudo, e olhe como está. Amedrontado e indefeso, e ainda coloca toda a culpa nela. Não sente remorso pelo o que ela passou? Sua irmã foi machucada de diversas formas naquele lugar e a única coisa que consegue fazer é pensar em si mesmo – desolado sorriu com o que acontecera – Eu sou pior que você. Nunca percebi o que estava diante dos meus olhos, mas vou compensá-la, lhe matando. Isso eu garanto – falou antes de dar as costas e ir embora.

Christopher permaneceu no chão tremendo.

―Preciso fugir – disse assustado e paralisado pelo que acontecerá – mas aquela...vadia irá me pagar.

***
O barulho da televisão era o único no quarto do hospital em que Melanie se encontrara. Ela não conseguia pensar em nada que não fosse em seu irmão e em Nikko. Ela jamais poderia contar a verdade, não depois que se responsabilizou por tudo. Aquele era o seu destino. A sua dor e ninguém poderia lhe tirar isso. Recostou-se na cama pensativa sem se dar conta da presença na porta de seu quarto.

―O que você fez ? – a voz embolada de Nikko, a assustou. Melanie demorou para o reconhecer devido a pouca iluminação no quarto – O que fez? – voltou a perguntar com a voz chorosa. Melanie o encarou sem compreender aquela situação. A medida que a olhava, ele se aproximava dela ate parar ao seu lado na cama. Apertou os seus ombros com força, enquanto olhava em seus olhos – Quão tola alguém pode ser para mentir dessa forma?

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Melanie nada disse. Permaneceu calada tentando compreender o que ele dizia. E rogando aos céus para que ele não tivesse descoberto tudo.

―Sobre o que está falando? – ela perguntou com a voz baixa – a hora de visitas já acabou – o lembrou como se aquilo pudesse afetá-lo.

―Se tivesse me contado desde o inicio nada disso teria acontecido – disse ao olhar para os seus pulsos – Eu.. como você... porque fez isso? Se não era a culpada bastava falar.

Melanie enfim percebera a temida verdade. Nikko havia descoberto tudo.

―Eu sou culpada. Pode continuar direcionando a sua raiva para mim – pediu encarando-o – meu irmão..nao teve culpa.

―Eu já sei de tudo – disse antes de abraça-la – És realmente uma tola. Uma idiota por achar que isso seria suficiente. Achar que ser culpado no lugar dele mudou algo? Acha mesmo que o salvou de alguma coisa?

―Eu queria salvá-lo – admitiu chorosa – mas..você...acabou com todas as chances. Ele poderia ter ficado em paz para sempre.

―E era isso mesmo que queria?

―Sim – chorou ao perceber que mentira. Ela já havia se cansado de culpar-se por aquele crime. Um crime que havia sido culpa de seu irmão, mas ela assumira por achar que era o certo e por não querer perde-lo. – Por favor, o deixe livre. É somente isso que lhe peço.

Nikko a soltou desolado.

―Não posso fazer isso. Eu irei cuidar de você, mas faço questão de vê-lo pagar por tudo.

―A culpa foi minha – gritou – ele só dirigiu por minha culpa. Ele foi me buscar tarde da noite. Eu não poderia perde-lo. Você não poderia entender, não sabe o que é ter uma mãe que lhe detesta. Ela me odeia, eu não conseguiria viver sem ele, Nikko. Chris é a única pessoa que me fez continuar viva quando meu pai morreu. Eu não poderia perder ele também.

Nikko se afastou, virou-se e por fim disse.

―Não posso prometer que não irei me vingar, mas tentarei compensá-la pela dor. Não sou o tipo de homem que consegue machucar as pessoas sem motivo.

Vou reparar o que fiz com você.

Prometeu a si mesmo antes de deixa-la sozinha. Ele precisava ir atrás da única pessoa que havia percebido a verdade desde o inicio. Alessandro.

***
Alessandro olhou surpreso para o seu irmão parado em frente a porta de seu apartamento.

―O que faz aqui, Nikko? – Alessandro indagou frio.

―Sempre soube, não foi? – falou distante – que ela era inocente, então porque não me disse? Porque deixou tudo chegar a esse ponto?

Alessandro suspirou ao dar espaço para seu irmão passar, e em seguida fechou a porta.

―O único que nunca queria escutar era você – deu de ombros tentando não sentir compaixão da expressão de seu irmão – como descobriu tudo?

―Escutei vocês falando – confessou.

―E ainda diziam que eu era o fofoqueiro – brincou, mas ao ver o olhar de Nikko parou – Deve estar sendo difícil saber que fez tanto mal a uma criança inocente.

―Se eu soubesse..

―Não deveria ter começado essa vingança sem sentido desde o inicio. Nós dois sabemos que o seu casamento não estava indo bem. Todos sabem na verdade. Sua esposa estava prestes a deixa-lo, mas você continua se pegando aos poucos e bons momentos que passou com ela para se vingar de si mesmo. A vingança que tanto deseja é contra si mesmo, Nikko. O único culpado por ela ter saído naquela noite foi você. Não adianta culpar a Melanie ou o irmão dela. Não está na hora de assumir a sua própria culpa e se libertar disso tudo?

Nikko nada disse apenas permaneceu olhando para o nada.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.