Esquecendo você

Capítulo 1 - Mágoa


Magnus POV

Já faziam duas semanas. Duas semanas que eu havia terminado com Alec, duas semanas que ele não me procurara e duas semanas que eu não o procurava.

– Pare de andar pela sala – reclamou Mystia, revirando os olhos. – Me incomoda.

Me sentei no sofá da sala, tentando manter a calma.

Mystia era uma velha amiga, uma warlock acostumada a se excluir da sociedade. Sua pele era arroxeada e suas orelhas eram pontudas como as de um morcego. Quando terminei com Alec, esperei uma semana em casa, esperando que ele viesse me procurar. Quando vi que não viria, não me senti confortável e pedi que Mystia me abrigasse. Ela o fez, porém consequentemente precisei contar sobre Alec e os shadowhunters.

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– Se quer tanto, vá falar com ele – disse a garota, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Como se estivesse anunciando o tempo ou como se sentia. Suspirei.

– Não posso – respondi, a cabeça nas mãos. Ela meneou a cabeça, virando sua cadeira para me olhar nos olhos. Os olhos escuros me olhavam com severidade.

– E posso saber por que? – perguntou ela.

– Porque se eu for, ele vai achar que estava certo e não vou lhe dar o luxo de pensar que pode fazer o que fez novamente – Mystia suspirou.

– Então por que terminou com ele? – Falou ela, levantando os braços em impaciência.

– Porque ele errou Mystia! E precisa saber disso. Não só por ter procurado Camille, mas por não ter me contado! Confiança é a base de uma relação, não que você saiba disso. – comentei. Ela meneou a cabeça em negação.

– Ah Magnus... – ela começou, porém parou.

Havia alguém tocando a campainha.

Isabelle POV

Eu realmente não aguentava mais. Há duas semanas, Alec saiu de casa e, quando voltou, estava calado e o rosto escondido. Não nos contou o que havia acontecido, mas não foi difícil perceber a verdade. Não víamos mais o Magnus perto do Instituto, Alec raramente saía do quarto. Meu irmão começou a se isolar, e isso começou a preocupar Jace – mais do que os outros. Levávamos comida para Alec em seu quarto, mas no dia seguinte o prato continuava intacto. Nas poucas vezes em que o vi, estava magro e com olheiras.

Só consegui fazê-lo falar uma vez, quando praticamente o obriguei a falar comigo.

Flashback On

– Alec! – gritei, batendo com força na porta do quarto dele. Ele não me respondeu. Não demorei um segundo para me decidir e abrir a porta. Alec estava encolhido no quarto, no canto da cama, e virou para me ver.

– Sai daqui Izzy – murmurou, sua voz rouca e seus olhos vermelhos. Fui até a cama e me sentei ao seu lado.

– Não vou sair, Alec. Já passou da hora de me contar o que aconteceu – ele virou a cabeça, me evitando – e eu sei que tem a ver com o Magnus, e você vai falar.

Ele me olhou, seus olhos marejados. Abracei-o, e ele começou a falar.

– Ele terminou comigo – falou ele, meus ombros se molhando com suas lágrimas – Por causa de Camille, porque não confiei nele o suficiente, ah Izzy, eu sei que errei, mas...

Ele parou de falar, soluços tomando seu lugar. Fazia muito tempo que eu não via meu irmão assim, então apenas o abracei, esperando ele se acalmar. Quando enfim ouvi seus soluços diminuírem, soltei o abraço e limpei suas lágrimas. Ele riu fraco.

– Isso parece tão errado – disse ele. Olhei-o, confusa.

– Por que? – Ele sorriu.

– Porque como irmão mais velho, era eu quem devia consolar minha irmãzinha sofrendo por um coração partido, não o contrário – dei risada.

– Sempre fui eu que cuidei de você Alec, e não é agora que vou deixar de fazê-lo – falei séria. Ele deu um pequeno sorriso.

– Eu sei. Obrigado Izzy. Mas eu realmente não quero sair – falou ele, voltando a seriedade. Suspirei.

– Jace está enlouquecendo. Ele é seu parabatai, Alec. Sabe que tem algo errado. – ele suspirou.

– Seu tempo esgotou Izzy. Vai. – falou ele, voltando a se virar de costas para mim.

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– Não. – respondi, negando – você vai sair Alec.

– Isabelle – começou ele, sua voz fria e cortante. – Saia.

Sem reação, levantei da cama. Aos poucos fui me afastando, como se Alec pudesse me atacar. Quando sai do quarto, Jace me esperava.

– O Chupa-sangue está lá na porta – ele falou com diversão, até ver que eu havia falado com Alec – O que foi? Como ele está?

Tentei recobrar a consciência, mas ainda estava assustada. Coloquei as duas mãos sobre a boca em espanto e sai correndo.

Flashback off

Tentei ir algumas vezes mais, porém agora Alec havia passado a trancar a porta. E por isso, tomei uma decisão que, se não funcionasse, Alec iria ficar daquele jeito até morrer.

Pedi a Simon que não fosse comigo. Expliquei rapidamente a história e a situação de Alec, e ele apenas concordou. Então fui até a casa de Magnus.

Quando cheguei, logo percebi que ele não estava. Já havia imaginado, afinal não era apenas Alec que havia se magoado. Estava indo embora quando ouvi um miado. Me virei, encontrando o gato do feiticeiro na porta.

– Ah, olá Chairman Meow. Magnus saiu? – O gato miou, como se concordando. – Pode me levar até ele?

O gato me encarou por um tempo, até decidir se virar e sair andando. Encarei como um bom sinal e o segui.

Ele me levou até uma casa um pouco menos e menos excêntrica do que a de Magnus, estrategicamente escondida, e se virou para me olhar. Miou baixo e foi embora.

“Bom”, pensei, “se Magnus não estiver aqui, é só pedir desculpas e ir embora”.

Respirei fundo e toquei a campainha. Após um tempo esperando, apareceu na porta uma garota que não aparentava mais do que 20 anos, com pele arroxeada e orelhas pontudas. Warlock.

– Quem é você? – Perguntou, me encarando. Não hostil, mas confusa. Suspirei.

– Sou Isabelle Lightwood, eu... – A warlock me interrompeu.

– Ah, Lightwood né? – Ela sorriu maliciosamente, se virando para dentro da casa. – MAGNUS! SUA EX-CUNHADA ESTÁ AQUI!

Suspirei em negação, feliz que Chairman Meow não me enganara. Logo, o rosto colorido e glitterizado de Magnus apareceu na porta.

– Se Alexander quer falar comigo, diga que venha pessoalmente. – falou entediado.

– Não vim a pedido do Alec. Vim por causa dele. – Falei, impassível. Magnus suspirou.

– Não tenho muito interesse no que tem como assunto seu irmão, então acho que pode ir embora – ele começou a se virar, mas a warlock pegou seu pulso.

– Nananinanão. Você vai ouvir o que a garota tem a dizer queira você ou não – falou, com uma seriedade de mãe. Então se virou para mim, sorrindo. – Entre, Isabelle Lightwood.

Ela se voltou para o interior da casa, com um Magnus indignado atrás dela. Hesitante, entrei na casa e fechei a porta. Segui até uma pequenas e modesta sala, onde ela estava sentada numa cadeira giratória e Magnus num sofá para três. Procurei outro lugar para sentar e encontrei uma pequena poltrona onde me sentei.

– Fale o que quer, shadowhunter, e gaste menos do meu tempo com você – disse Magnus, entediado.

– Não trate isso como uma coisa que não te importa, warlock – falei, séria. – Porque sei que importa.

Magnus POV

Quando soube que Isabelle Lightwood estava na porta, não sei o que senti. Ao mesmo tempo em que queria saber como Alec estava, não queria ter notícias dele. Não queria ouvir que havia seguido em frente, deixado de lado o que tivemos. Mas, com Isabelle na sala, séria e preocupada, talvez as coisas fossem piores do que pareciam.

– Tudo bem - falei, ainda no tom entediado. – Diga.

Ela suspirou.

– Magnus, não faça isso, só torna tudo mais complicado. – Ela me encarou, começando a contar. – Alec quase não sai do quarto desde que vocês terminaram, não quer comer e não consegue dormir. Só consegui vê-lo uma vez nessas duas semanas, com olheiras e extremamente magro. Ele tentou nos primeiros dias, passava horas olhando o telefone até Jace quebrá-lo. – Ela me olhou, os olhos marejados. – Ele vai morrer se continuar desse jeito. Não o vi nem treinando Ele precisa de você, Magnus. Por favor.

Observei-a, um pouco espantado. Nunca vi um Lightwood chorar – apenas Alec, e em raras ocasiões – e Isabele sempre aparentara ser forte e confiante. Meu Alec estava tão mal assim?

– Eu vou com você Isabelle. Mas não me peça para voltar com Alec. Não fui eu quem errei.

Ela meneou a cabeça em negação.

– Séculos de idade e você ainda não percebe que o orgulho não leva a nada. Vamos.

Ela olhou para Mystia e segui seu olhar. Claro.

– Ah sim. Esta é Mystia, uma warlock amiga de muitos anos. Estou me hospedando na casa dela por motivos óbvios.

Ela olhou Mystia, que sorria. Aquela louca claramente achava graça na conversa.

– Você nunca falou dela – comentou Isabelle. Revirei os olhos.

– Ela não é algo que eu chamaria de melhor amiga. Ela é mais como aqueles brinquedinhos irritantes de criança que não largam do seu pé.

Mystia deu uma alta gargalhada.

– Alguém precisa pegar no seu pé, Magnus, e Chairman Meow definitivamente não pega. Ele apenas demonstra insatisfação.

Isabelle olhava descrente para a cena. Talvez pelo fato de que eu raramente perdia a calma – e o brilho -, mas Mystia com aquele sorriso me tirava do sério.

– E é por isso que prefiro o gato – me virei para a shadowhunter – Vamos, Isabelle. Pode estar se divertindo, mas que eu saiba Alexander está em estado crítico.

Eu estava preocupado, não podia negar. Eu não havia superado Alec, e eu sabia por que. Eu amava Alec mais do que já havia amado Camille, Will ou qualquer outro namorado ou namorada que já tive.

– Ah sim – falou ela, um tom de indignação na voz.

Sem esperar mais palavras, sai pela porta. Ouvi Isabelle gritar um tchau para Mystia e correr atrás de mim.

– O que você tem com ela? – Perguntou Isabelle.

– Por quê? – Perguntei de volta. Ela suspirou.

– Porque a discussão de vocês me lembrou... – ela se calou, mas eu concluí a frase.

– Suas brigas com Alexander? Conheci Mystia quando ela ainda era uma criança, antes mesmo de parecer que se tornaria imortal. Ela crescia e envelhecia. Com 25 anos ela parou de envelhecer e passou a se cansar de sempre fazer a mesma coisa. Por fim ela decidiu que sua vida seria dedicada a infernizar a minha vida como se eu fosse seu irmão mais velho. Ela não é muito social e seus trabalhos são feitos por intermédio de conhecidos confiáveis, portanto ela fica bem assim.

Ouvi Isabelle suspirar ao meu lado. Então notei que a garota estava estranhamente sozinha.

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– Onde está o diurno ou Jace? – Perguntei. Sabia que tanto Jace Herondale quanto Simon Lewis se importavam com Alec.

– Clary está com Jace. Acho que prefiro deixá-lo de fora para não sentir tanta dor. Ele já está sofrendo demais pelo laço parabatai. E eu pedi para que Simon não viesse. Achei que seria mais fácil falar com você sem ele por perto.

Bem, nisso ela estava certa. Apenas assenti e continuei andando, e ficamos calado até chegarmos ao Instituto.