Esquecendo você

Capítulo 2 - Sonho ou Pesadelo?


Magnus’ POV

Eu gostava daquele instituto. Sempre colaborei com os shadowhunters e aquela grande construção me trazia boas lembranças. Mas desde que terminara com Alexander, aquele havia se tornado o último lugar onde gostaria de estar.

- Vamos – falou Isabelle, abrindo as grandes portas do instituto. Ela foi na frente e eu a segui. Seguimos por um corredor até chegarmos em uma porta, aparentemente trancada.

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- É aqui? – Perguntei, nervoso. Ela assentiu.

- Aqui – ela me entregou uma chave. – Não quis usá-la antes para respeitar a privacidade do meu irmão, mas é a chave do quarto dele.

Peguei a chave da mão dela, sem saber se realmente devia, e a vi se afastar. Abri a porta lentamente.

Alec estava deitado na cama. Vi sua respiração lenta e percebi que dormia. Lembrei do que Isabelle disse, que ele raramente dormia, e fechei a porta com cuidado para não fazer barulho. Então me sentei ao lado dele, vendo seu rosto sereno e suas feições calmas. Como eu sentia falta dele.

- Ah Alexander... – Murmurei baixo, acariciando seus cabelos. Então me abaixei, selando de leve nossos lábios.

Alec’s POV

Estava finalmente dormindo. No sonho, Magnus estava lá. E estava me perdoando, dizendo que voltaria para mim. Murmurava baixo meu nome, repetidamente, enquanto me abraçava. De repente, senti um toque em meus lábios, e abri os olhos. Magnus estava ali, me beijando, acariciando meus cabelos lentamente. Seus olhos estavam sem brilho e seu rosto sem maquiagem. Era lindo, encantador.

- Magnus – murmurei, os olhos quase se fechando novamente. Ele me olhou, quase que espantado, mas com um sorriso no rosto. – É um sonho, não é? Você não viria até aqui... é tão orgulhoso quanto eu...

Ele sorriu, acariciando meu rosto.

- Se eu disser que é um sonho...

- Vou saber que é real... Mas se não disser nada... – Eu não tinha certeza. Ele parecia tão sólido, mas seu orgulho não o permitiria... Ou permitiria?

Então ele me beijou. Um beijo calmo, mostrando claramente que não me diria nada. Apertei-o contra mim, puxando-o em um abraço. As lágrimas escorriam novamente, molhando sua camisa brilhante.

- Me desculpe... Eu sou um idiota, me desculpe – sussurrei em seu ouvido -, eu te amo, por favor... não vá embora outra vez. Eu não consigo dormir, portanto não consigo sonhar. Faz tanto tempo que não tenho você...

Ele me apertou, me segurando no colo como uma criança. Não reclamei, eu estava perto dele e era tudo que me importava.

- Não posso ficar, Alexander... – falou ele, e eu senti que meus ombros também estava molhados – Não vou aguentar...

- Eu não vou conseguir ficar sem você! – gritei, desesperado. – Eu não tenho vontade de comer, de sair de casa, de lutar, não quero fazer nada, quero estar com você!

- Shh... – ele falou, me acalmando, as lágrimas caindo de meus olhos. – Vai ficar tudo bem, Alexander querido... Você só não está totalmente são. Está há dias sem comer, quase não dorme, nem treinar você treina! Quando se superar, vai perceber que eu não fui a coisa mais importante da sua vida. Vai perceber que ainda é apaixonado por seu parabatai e que nunca foi a uma festa de Magnus Bane. Vai perceber que nunca falei nada sobre seus olhos azuis, nunca usei sua força, nunca nos beijamos na frente da Clave, eu nunca me declarei a você. Portanto nunca terminamos. Você nunca me amou, Alexander Lightwood.

Fechei os olhos, soluçando.

- Mas vou saber que é mentira? Vou saber que na verdade tudo isso aconteceu, você apenas foi embora?

Vi Magnus negar com a cabeça.

- Não. Apenas Clary, Jace, Simon e Isabelle foram me conhecer. Você ficou no Instituto. Foi Isabelle quem ficou no lugar de Jace quando precisavam visitar a Corte Seelie, eu nunca te conheci. Eu jamais estive em Idris para ajudar na guerra contra Valentim. Foi para Jace que você emprestou forças, não para mim. Você nunca me conheceu, Alexander. E chegou a hora de acordar desse sonho.

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Então ele estalou os dedos, e meus olhos se fecharam.

Magnus’ POV

Meu coração se quebrou com aquela cena. Vi Alec fechar os olhos e beijei seus lábios uma última vez, guardando na memória aquele toque.

- Aku Cinta Kamu, Alexander – sussurrei, as lágrimas saindo brevemente de meus olhos -, mas não posso mais estragar sua vida.

Sai de seu quarto, vendo Isabelle, Jace, Clarissa e o Diurno na parede oposta.

- Nós... ouvimos Alec gritar – falou Clary sem graça, já que os outros dois shadowhunters me encaravam desafiadoramente – E viemos ver se podíamos ajudar quando os gritos cessaram.

Olhei para a ruiva, apenas para confirmar que a ouvi, e me virei para Isabelle.

- Quando Alexander acordar, quero que digam a ele que eu jamais o conheci. Quero que modifiquem todos os momentos que passei com ele, e o que não souberem digam que foi um sonho. Se ele me descrever, quero que descrevam Mystia. Isabelle a conhece – a shadowhunter assentiu. – Se ele reclamar que Magnus é um feiticeiro masculino, digam que é um pseudônimo de Mystia. Se possível avisem a Clave ou alguém do Conselho. Mas Alec não pode saber que eu sequer existi em sua vida.

Simon e Clary me olharam, curiosos, mas não disseram nada. Jace murmurou algo como “finalmente”, mas Isabelle me olhou preocupada.

- Você tem certeza, Magnus? Não vai ser difícil de suportar? – Afastei sua preocupação com a mão.

- Alexander vai ficar bem – Ela riu baixo, mas ainda com seriedade em seu olhar.

- Não digo Alec. Perguntei de você – olhei-a, curioso.

- Eu já vivi oitocentos anos, Isabelle, e já tive muitas decepções nessa vida. Posso aguentar mais uma.

Ela me olhou com seriedade. Então pediu que os outros três saíssem de onde estávamos e novamente se voltou para mim.

- Você tem certeza? Porque já vi o jeito como olha para Alec. Você não consegue largá-lo, Magnus. Não vai viver.

- Claro que vou – rebati –, vou viver eternamente.

- Não, não vai – repetiu ela. – Vai sobreviver. Vai faltar algo, Magnus, você sabe disso.

Suspirei, cansado de discutir.

- Isabelle, acha que não sei disso? Acha que não vou estar pensando no seu irmão a cada segundo da minha vida? Mas pense nele, Isabelle. Pense em como ele vai ficar se discutirmos, se ocorrer algum problema e tivermos que nos separar. Não vou fazer este mal a ele.

Ela parou, cansada.

- Tudo bem... Me desculpe. Mas sabe que pode sempre vê-lo de novo, não é? – Falou ela, me incentivando. Sorri fraco.

- Prefiro não me torturar. Já tenho muito com o que me preocupar, não preciso me preocupar com Alexander de novo. Mas se precisarem, me avisem. Estarei nas sombras ajudando.

Ela sorriu.

- Obrigada Magnus.

Devolvi o sorriso.

- Agradeça ao seu irmão pelo bom coração.

Olhando uma última vez, dei as costas ao Instituto.

Alec’s POV

- MAGNUS!

Acordei gritando, chamando pelo warlock. Lembrei-me do sonho – fora um sonho? – com ele, onde ele dizia que era apenas uma ilusão minha. Sem acreditar nisso, corri pra fora do quarto e fui até a biblioteca, onde encontrei Jace, Clary e minha mãe.

- JACE! – chamei. Ele me olhou e abriu um grande sorriso.

- ALEC! – Ele gritou, vindo me abraçar. Ele me apertou forte, para logo me soltar. – Você melhorou?

- Cadê o Magnus? – Perguntei sério. Ele me olhou confuso.

- Que Magnus? – Perguntou ele, curioso. Comecei a entrar em pânico.

- Magnus Bane, o warlock! The High Warlock of the Brooklyn, o ser glitterizado, purpurinado e excêntrico!

Jace olhou Clary e os dois deram altas risadas.

- Alec, você nunca viu Magnus Bane ao vivo, e com toda certeza este não é glitterizado ou excêntrico.

- Bem, talvez um pouco excêntrico sim – falou Izzy, entrando na biblioteca. – Mas ele odeia glitter.

- IZZY! – gritei, correndo até ela. – Você sabe, não sabe?

Ela ergueu uma sobrancelha e olhou Clary e Jace. Então voltou a me olhar.

- Sei o que? Que sua doença te atingiu e que, apesar de ter saído da cama, ainda está mal? Que um dos efeitos da doença é a alucinação, algo que claramente está acontecendo com você?

Ela me olhava séria e preocupada, e me exaltei.

- Não estou alucinando! E afinal, que doença é essa?

Dessa vez, foi Clary quem me respondeu.

- Fomos atrás de um demônio outro dia, lembra? Há duas semanas. Ele ia atacar Isabelle, mas você entrou na frente e se machucou. Os Irmãos do Silêncio cuidaram de você até agora – concluiu ela.

- Isso aconteceu uma vez, certo? Na casa de Clary – falei, tentando voltar a Magnus. Jace concordou.

- Sim, por...? – Perguntou ele. Sorri.

- Foi Magnus quem me curou. Ele veio me ajudar, aqui no Instituto.

- Foram os Irmãos do Silêncio, Alec – disse Jace, meneando a cabeça negativamente.

- Quando fomos a Corte Seelie, fiquei com Magnus no lugar de Jace – insisti, exasperado.

- Não Alec, foi a Izzy que ficou. Você foi conosco – falou Clary, gentilmente.

- E quando lutamos contra Valentim no navio? Eu dei minhas forças para Magnus – continuei.

- Não Alec – disse Jace -, foi pra mim que você emprestou forças. O warlock no navio era Ragnor Fell.

- E quando beijei Magnus em frente à Clave? Quando sai escondido para visitá-lo, quando mentia sobre para onde iria para visitá-lo? – Perguntei, sentindo lágrimas se formarem.

- Foi um sonho – respondeu Izzy, me abraçando. - Não precisa ficar assim Alec. Vai passar. Um dia você vai esquecer essas alucinações.

Fechei os olhos. O rosto sorridente e malicioso de Magnus vinha claramente em minha mente, seus olhos me analisando.

- Volte para a cama Alec – falou minha mãe pela primeira vez. – Descanse mais um pouco. Vou chamar o Irmão Zachariah para vê-lo.

Sem dar resposta, apenas assenti e fui para o quarto. Izzy me acompanhou, me deitando na cama e sentando-se ao meu lado. Fechei os olhos, mas ela não saiu.

- Izzy – sussurrei.

- Diga Alec – respondeu ela, suavemente.

- O que tive com Magnus foi um sonho, ou o que estou vivendo agora é o pesadelo? – murmurei, as lágrimas se formando. Abri os olhos e vi que Izzy também parecia prestes a chorar.

- Não sei Alec – sussurrou ela -, mas o brilho em seus olhos me faz desejar que este seja o sonho.

Ela me beijou de leve na testa, como minha mãe costumava fazer, e saiu do quarto. Fechei novamente os olhos, e ouvindo a voz suave de Magnus que começou a aparecer em meus sonhos, adormeci.

Magnus’ POV

Cheguei à casa de Mystia pouco tempo depois. Entrei na casa e a encontrei dormindo no sofá.

- Tsc... Ela realmente devia parar de trabalhar tanto – murmure, pegando-a no colo e levando a garota para o quarto.

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De certo modo, era melhor para mim que Mystia estivesse dormindo. Não seria enchido de perguntas e não teria que ouvi-la reclamar sobre minha “relação perfeita que nunca deveria ter acabado”. Mas eu me sentia estranhamente solitário.

- Purr.

Olhei para o lado, encontrando Chairman Meow me encarando fixamente. Ele pulou em meu colo e acariciei seu pelo, feliz ao ver que sua mágoa havia passado.

- Ele não vai voltar – comentei -, não posso fazer isso e deixar que ele desperdice a vida que pode ter.

Ele miou em indignação, como se dissesse que ninguém estava pensando nele, mas continuou em meu colo.

- Vamos ser só nós dois agora – murmurei para ele. – Eu, você e Mystia, porque duvido que vamos sair daqui tão cedo. E se sairmos, duvido que ela vai ficar para trás...

Tive uma ideia de repente. Olhei Chairman Meow, que ainda tinha uma expressão de indignação.

- Vamos viajar. E se Mystia reclamar, vai com a gente.