Os Acordes Do Amor

Sick of love


“Sick of love

My heart is sick of love”

Bianca teve uma vida normal, sem altos e baixos, depois daquele dia. O assunto morreu quando sua amiga de longa data, Marina, chegou e sentou-se ao lado delas, e ele nunca mais surgiu em outras ocasiões. O sentimento adormeceu um pouco após entrar na rotina, embora ainda desse claros sinais de vida em alguns momentos. E, com isso, nossa protagonista já estava vivendo o final do primeiro semestre letivo do ano. Era começo de junho, e a proximidade com o dia dos namorados trazia um clima de romance no ar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Esse amor tangente e tão presente nessa época era enlouquecedor de tão inebriante. Era possível ouvir o nome de seu amado ecoando em todos os lugares. Uma provocação para seu coração, que insistia em sair do compasso, só de lembrar daquele sorriso. Isso sem contar a deliciosa tortura que era vê-lo quase todos os dias.

Bem, como dito anteriormente, aquela segunda-feira tinha tudo para ser mais um simples dia comum. Talvez se a gente desse mais importância e atenção àqueles conselhos de vó que dizem que as aparências enganam, teriam sido percebidos pequenos gestos e olhares ansiosos. Mas nada foi notado até, vejam só se não é mesmo um horário propicio para acontecimentos importantes, o intervalo entre as aulas.

As duas amigas, Bianca e Elizabeth, conversavam sobre amenidades quando esta última aproveitou a deixa e lançou sua pergunta:

– Mas e ai, Bia, ainda gosta do Robin?

Bum! Como uma bomba a pergunta caiu nas mãos da loira, e como água a resposta lhe escorria pelos dedos. Algum impulso meio irracional dentro dela levou-a a tentar esconder a verdade.

– Quem? Eu? Não. Claro que não. – e embora tenha desviado o rosto para não revelar a expressão que denunciava sua mentira, sabia que não tinha sido convincente o suficiente para enganar sua colega perspicaz.

– Ah, é? Pois não é o que parece...

– Por que quer saber? – disse, se levantando para jogar o lixo fora. Porém sua tentativa de esquivar-se da pergunta (e da amiga) foi falha, já que a mesma a seguiu até a área das lixeiras.

– Vai, responde logo! Gosta ou não? – insistiu, incisiva, na pergunta.

– Tudo bem – suspirou derrotada – eu gosto sim, mas isso não faz diferença e – não pode continuar a frase, pois a outra já estava dando pequenos pulinhos animados.

– Ai, isso é tão perfeito! Eu tive que esperar todo o final de semana pra te falar, mas agora – e foi sua vez de ter a fala interrompida.

– Me falar o quê?

– Escuta só. – falou com o rosto iluminado de agitação – na sexta-feira eu fiquei aqui até tarde com o Robin, e perguntei na brincadeira se ele gostava de você, mas ele fez uma carinha toda fofa e disse que era verdade! – o rosto de Bianca foi perdendo a cor e uma enxurrada de pensamentos e sentimentos invadiram sua mente, como se estivessem ouvindo tudo atrás da porta e tivessem resolvido que era hora de entrar na festa de penetras, todos de uma vez. Mas Isa continuava contando sua história e ela parou pra ouvir – Daí, eu não tinha como te falar, mas agora você sabe e vocês podem ficar juntos e é....

– Terrível!

– É o quê??!!

– Terrível! Ai Deus! E agora?

– Você tem problemas? Eu acabei de dizer que ele te ama! Te AMA! E você me diz que isso é ruim?!

Bia dava um pequeno surto desesperado, andando de um lado para o outro, enquanto respondia a pergunta, mas era como se falasse com si mesma em voz alta.

– Ele me ama? Como isso é possível? Ele é maravilhoso e eu sou só... eu! E, arg! Que grande droga! Por que agora?

– Mas qual é o raio do problema, menina?

– Minha mãe jamais vai me deixar namorar com doze anos! Jamais! É capaz de ela me mudar de escola se eu cogitar a ideia! Ela vai me odiar! Ele vai me odiar! Eu me odeio! – finalizou a frase de um jeito meio dramático, jogando as mãos para o céu, enquanto se sentava no banco.

Um sentimento de compreensão passou pelo rosto de Elizabeth e quando toda aquela alegria presente ali segundos antes desapareceu, Bianca soube que estava ferrada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Ah! Mas vocês podem... vocês podem... Não faço ideia, conversa com ele! E até tudo se resolver vocês podem, sei lá, namorar escondido? – era pra ser uma afirmação, mas saiu mais como uma pergunta.

– Não sei, Isa. Preciso pensar... É muita coisa de uma vez só... Nem consigo raciocinar direito...

O sinal para voltar às aulas tocou e elas foram subindo as escadas em silêncio até chegar e sentarem-se em suas carteiras. Quando Robin entrou na sala e viu as expressões das duas houve uma mudança em seu rosto e foi possível identificar uma tonalidade esverdeada no mesmo. Não algo tão vívido como se ele estivesse se transformando no Hulk. Não. Era mais como se...

– Professora – pôs a mão em frente a boca e emitiu um grunhido estranho – posso ir ao banheiro? Acho que tô passando mal.... – sua voz tremeu na última palavra.

– Claro, claro. – respondeu ela, e ele disparou porta a fora – Gabriel, vá ver como ele está e avise a secretaria.

Bianca virou-se, preocupada, em direção a Elizabeth.

– O que ele tem?!

– Não sei! Eu nunca vi ele passando mal antes...

De olhos ligeiramente arregalados a garota assentiu, concordando.

– Só espero que ele fique bem... – falou olhando para a janela. Tinha costume de olhar o céu e o horizonte quando estava inquieta ou ansiosa.

– Bom, vamos começar a aula? Abram seus livro na página vinte e três e tentem resolver as equações para que depois possamos corrigi-las em grupo e – ouviu-se uma batida na porta – Sim?

– Licença, professora. – disse Gabriel ao entrar – Vim buscar as coisas do Robin. Ele vai embora...

– Claro, claro. Pegue logo e deseje melhoras a ele...

– Pode deixar...

A garota apaixonada sentia uma dor no peito, como se houvessem levado um pedaço dela mesma. E talvez tivessem mesmo... Suspirou resignada, e continuou olhando as nuvens.