Os Acordes Do Amor

When you tell me that you love me


“I'm shining like a candle in the dark

When you tell me that you love me”

Naquele dia Bianca chorou. Sozinha em seu quarto, deixou que aquele turbilhão de sentimentos a tomasse e era como vento que compunha o furação. Mas de certa forma as indomáveis lágrimas aliviaram sua confusão e talvez tenham sido as responsáveis por sua futura decisão. Nem sempre devemos confiar nas resoluções criadas pelo choro, elas normalmente nos levam por caminhos que têm uma tendência a nos fazer chorar ainda por muitas vezes, por tristezas e alegrias. Mas quem sabe no final seja possível encontrar sua recompensa...

A menina sentia-se afogar. O ar entrava, mas estava difícil respirar... Pensamentos opostos dividiam opiniões em sua mente e a maré a arrastava, para longe, para perto, para bem dentro de si.

Eu o amo, com todas as forças, mas... Minha família não espera e não deseja isso. Eles não aprovariam e eu não posso decepcioná-los. – pensava em meio a seu quase desespero - Chega! Não quero mais viver assim, ou melhor, não quero mais deixar de viver usando essa desculpa. Que se dane! Ele... ele me ama, é isso o que importa e mais, muito mais do que eu sonhei... Tenho que arriscar. Ficarei com ele, mesmo que seja em segredo...

E foi assim, resoluta e convicta, que ela encarou a escola no dia seguinte. Ainda tinha medo, mas estava decidida a conversar com ele. Porém, em mais uma manhã, ele passou mal e foi embora antes do horário normal, dessa vez garantindo que não teria jeito e procuraria um médico. Sentiu-se preocupada novamente, é claro, e talvez até um pouco decepcionada consigo mesma por não ter conseguido falar com ele, mas tudo bem. Tinha tempo e agora acreditava, que dia mais, dia menos, tudo terminaria bem...

Mais uma noite se foi e outra aurora chegou. Assim que chegou ao colégio Robin foi bombardeado de perguntas de seus colegas, indagando sobre seu mal-estar.

– Pois é gente, obrigado pela preocupação, mas agora está tudo bem. Parece que era emocional... – e Bianca podia jurar que ele dirigiu uma olhada um tanto envergonhada em sua direção antes de desviar o olhar.

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Sorte a seu favor ou não, seu grupo de sala era composto por ela; Elizabeth; Leo e; (obviamente, senhor destino), Robin. Aproveitando-se desse fato, Bianca sussurrou baixinho à sua amiga durante uma aula de produção de roteiros:

– Isa

– O que foi? – respondeu no mesmo tom baixo.

– Você pode dizer a ele.

– O quê? – perguntou sem entender.

– Será que você pode dizer... dizer a ele que é recíproco?

Ela deu um sorrisinho de canto, terminou de escrever sua última frase no caderno e sussurrou algo para Robin que ela não conseguiu ouvir. Mas ela pôde perceber o rosto dele se iluminar e recebeu com ternura o olhar apaixonado que ele lhe lançou.

Após aquele momento Elizabeth foi feita de “informante”, já que eles praticamente brincaram de telefone-sem-fio dizendo um ao outro, por meio da pobre garota, o quanto se amavam.

– Mas você já não gostou do Marcelo, Bia? – perguntou Isa, provavelmente já enjoada com todo aquele “açúcar”, referindo-se a outro menino que estudava com eles e que diziam que gostava dela, quando mais novos.

– É diferente. Nunca foi tão forte. Nunca. – dessa vez respondeu em voz alta e os dois puderam escutar.

O sinal para a saída logo tocou e ela teve seu nome chamado para ir embora sem demora. Havia acabado de dar seu famoso “tchau” geral e, inclusive, já estava praticamente com um pé para fora do colégio quando sentiu que alguém a chamava. Virou-se e deparou-se com Robin parado a sua frente, com o sorriso mais lindo que ela já tinha visto na vida e mal pode crer no que ouviu sair daqueles lábios:

– Eu te amo, Bia.

Sua boca escancarou-se em espanto que foi logo transformado em alegria. Foi chamada novamente e não teve escolha a não ser ir, mas no trajeto todo de volta para casa seus olhos brilhavam, e era como se iluminassem o caminho.