Capuz Vermelho

Capítulo 10


Logam acordou com o sol batendo no seu rosto, como se tentasse acorda-lo. Ele esfregou os olhos e sentou no sofá.

"Você estava dormindo tão bem, que nem quis te acordar." -Disse sua tia, quando o viu acordado.

"Que horas são?"

"Uma hora." -Ela disse- "Estou indo trabalhar, acho que o resto da semana vou voltar as nove."

Logam, ainda zonzo, olhou para a tia e bocejou.

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"Vai ficar aqui?"

Ele se levantou e passou a mão no cabelo.

"Acabou a energia ontem." -Ele disse indo até a cozinha.

"É, eu soube. Mas foi só na nossa rua, o resto estava normal."

Logam foi até a pia e encheu um copo com água.

"Por que não vai para sua avó? Na previsão do jornal diz que pode chover de novo hoje, e até nevar."

"O jornal as vezes erra." -Logam disse sorrindo.

"Eu sei, mas você ficará bem sozinho, caso a força acabe de novo?"

Logam pois o copo na pia e negou com a cabeça. Ele odiava ficar sozinho em casa, principalmente no escuro. E não queria passar pelo acontecimento do outro dia novamente.

"Vou lá." -Ele disse.

"Eu sei que sua avó não deixará, mas caso choca, fique por lá mesmo, querido."

Logam assentiu e foi até as escadas.

"Cuidado. Não fale com estranhos e não vá muito para dentro da floresta." -Sua tia disse da sala.

"Não se preocupe." -Logam respondeu do quarto.

Ele foi até o guarda-roupa e pegou uma nova camisa e uma outra blusa. Depois que se trocou, foi no banheiro e arrumou o cabelo.

Quando desceu as escadas para a sala, sua tia não estava mais em casa. Ele vestiu novamente seu casaco, pegou a chave de casa reserva e saiu.

O dia estava mais frio que o anterior, e uma fina camada de neblina cobria a cidade.

Logam pois as mãos no bolso e andou cabisbaixo pela rua. Ele desviava de algumas poças da água e, em outras, fazia questão de passar por cima.

Ele foi andando pela rua até que ouviu alguém assoviando, e teve a leve impressão de que era para ele. Quando se virou, viu o avô de Annita vindo até ele.

"Logam... não?" -O senhor van Zweg disse ofegante.

"Sim." -Logam respondeu.

"Você..." -Ele fez uma pausa e respirou fundo- "Você viu minha neta? Annita?"

"Não senhor. A vi ontem, mas só de manha."

O senhor van Zweg xingou baixo.

"Onde essa peste esta?" -Ele disse cuspindo, então deu as costas para Logam e voltou a andar.

Logam observou o senhor van Zweg se afastando e tentou pensar em qual lugar ele poderia procurar por Annita.

De repente veio a sua cabeça que talvez Annita pudesse ter ido a floresta sozinha e...

Logam sacudiu a cabeça para afastar esse pensamente de si.

"Ela deve estar com Thomas." -Ele disse para si mesmo e voltou a andar.

Ele entrou na floresta e continuou a andar em silêncio.

"Hey, meu jovem!"

Logam se virou sobressaltado e olhou para o homem a sua direita.

"O que faz aqui?" -O homem usava um uniforme camuflado e segurava um tipo de bastão.

"Eu...Vou para minha avó, do outro lado." -Logam apontou para onde a trilha levava.

"Quem permitiu isso?" -O homem perguntou.

Logam cerrou os olhos.

"Minha tia..." -Ele disse.

"Sua tia é louca? Não sabe que esta havendo ataques nessa região?"

"Eu sou cuidadoso." -Logam sorriu.

O home revirou os olhos.

"Estou falando serio, meu jovem. Floresta não é lugar de pessoas desarmadas."

"Seu guarda, eu só vou cruzar a trilha." -Logam disse, já sem paciência Estava frio e sua barriga roncava de fome, já que ele não havia comido nada.

"Eu só estou te avisando." -O homem disse cruzando os braços- "Quer que eu te acompanhe?"

Logam negou com a cabeça.

"Eu sei o caminho, e já andei por aqui milhares de fezes." -Logam deu de ombro.

O guada suspirou pensativo.

"Qual é o seu nome?"

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"Logam Musil Hench."

"Tudo bem, Logam. Escute, vou deixar você passar dessa vez, mas não quero vê-lo por aqui na próxima."

Logam assentiu e voltou a andar.

Por um lado, o guarda estava certo, a floresta não estava tão mais segura como antes, e ele estava apenas fazendo seu trabalho. Mas Logam achava idiotice proibir as pessoas de passar pela floresta. Do outro lado, ainda havia o resto da cidade.

"Grande prefeito." -Logam disse para si mesmo.

Ele tirou a chave do bolso e começou a roda-la no dedo pelo caminho. Mas acabou não vendo uma inclinação e escorregou, caindo sentado no chão.

"Droga." -Ele disse com uma careta.

"Por que toda vez que te vejo, você esta caindo?" -Alguém disse.

Logam levantou o olhar e viu a mão de Haskel na sua frente. Ele a segurou dessa vez, e se levantou com um impulso.

"Obrigado." -Ele disse.

"Disponha." -Haskel disse sorrindo.

Logam limpou a calça de grama e apalpou seu traseiro para ver se não tinha rasgado nada.

"Achei que o guarda tinha proibido a entrada de pessoas na floresta."

"Eu digo o mesmo." -Logam olhou para ele.

"Mas eu posso." -Haskel deu de ombros.

"Minha avó mora do outro lado, o caminho mais perto até ela é por aqui."

Haskel assentiu.

"Então, mesmo sabendo dessas mortes, você fica aqui?" -Logam perguntou.

"Eu tenho um machado." -Haskel disse apontando para o objeto fincado em um tronco a alguns metros.

"Engraçado" -Logam cruzou os braços- "Nunca o vi perto dos outros lenhadores... E, pelo que eu saiba, eles não ficam por essas regiões."

Haskel suspirou e passou a mão pelo cabelo.

"Eu não sou lenhador, disse que sou aprendiz."

"Aprendiz." -Logam assentiu- "Você é um mentiroso." -Ele riu.

"Posso te fazer uma pergunta, Logam? A primeira vez que você me viu, não sei por qual razão, foi ignorante comigo, e na igreja me seguiu até aqui. E agora, fala comigo como se tivéssemos anos de amizade e depois me chama de mentiroso? O que você quer?" -Haskel cerrou os olhos ameaçador.

Logam deu um passo para trás. Aquelas palavras tinham sido um pouco intimidadoras.

"Eu..."-Logam tentou explicar alguma coisa. Mas o que? O garoto estava certo. O que ele queria dele?

"Pareço uma ameaça para você?" -Haskel perguntou se aproximando.

"Só achei que..."

Haskel suspirou e deu as costas.

"Espera... Eu.. Não.. Olha, posso explicar..."

"Sai logo daqui." -Haskel disse indo até o seu machado.

Logam olhou para o outro se afastando e não achou motivos para continuar lá. Se virou e continuou a andar.

"Eu só quis ser uma pessoa legal. Apenas isso... Mas não, o senhor bravinho não gosta que pessoas tentem ser seu amigos." -Logam disse entredentes- "O problema é dele."

Ele avistou a casa da avó e correu até lá. Depois de tudo que passou, seu corpo estava quente e ele estava ofegante.

Bateu três vezes na porta e esperou impaciente do lado de fora.

"Logam, que surpresa." -Disse sua avó.

"Oi vó." -Ele sorriu e entrou- "Algum problema de eu ficar com a senhora?"

"Claro que não."