Eternally Forbidden

7. Evan conhece pessoas muito suspeitas


Evan releu as palavras escritas em letra de forma no papel. E ainda não pôde acreditar.
Descobriram onde ele estava. Mesmo com todos os recursos de sua avó, toda a proteção, ele fora descoberto.
Ele tinha que fugir.
Releu o abuso escrito no papel.
"EU SEI O QUE VOCÊ FEZ."
Parecia mais uma ameaça. Era uma ameaça. E uma pessoa precisava saber daquilo.
Então ele dobrou o papel e o colocou no bolso da calça. Pegou as chaves do carro e saiu de casa, ligando para o enviado de sua avó.
Ele precisava saber da ameaça.

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Enid ainda não acreditava no que tinha feito.
Àquela hora Evan já tinha lido o bilhete. Era tarde demais para voltar atrás. E naquele momento ela estava comemorando com Gabe no Dooh-Wah-Wah.
- E aí, vão querer o quê? - Perguntou o garçom jovem, tirando Enid dos seus pensamentos.
- Duas porções de batata-frita, queijo nacho e dois hambúrgueres sem cheddar. - Gabe tomou o lugar de Enid pedindo a comida. - E duas Coca-Colas.
O rapaz anotou rapidamente e saiu.
Enid olhou pela janela ao seu lado. O chão estava branco de neve. O estacionamento estava um pouco vazio - o quê não era comum.
- Não acha?
Enid olhou para frente. Gabe esperava que Enid respondesse alguma coisa.
- Desculpa, o que disse? - Enid perguntou.
- Alô, você tá aí? - Gabe estalou os dedos perto dos olhos de Enid. Uma tentativa de fazê-la acordar para a vida. - Eu disse que o garçom é um gato. Não acha?
Enid deu de ombros. Ela mal sabia qual era a cor do cabelo dele. Gabe estava reparando demais. Ou Enid estava meio lerda.
- Sei lá, deve ser. - Enid respondeu.
Gabe estalou os dedos outra vez.
- O. Quê. Há. De. Errado. Com. Você? - Gabe perguntou devagar, como se Enid fosse uma espécie de retardada que não conseguia entender o que ela dizia.
- Tô preocupada. Não devíamos ter feito aquele bilhete pro...
- Xiu! - Gabe tapou a boca de Enid. - As paredes têm ouvidos.
Enid revirou os olhos.
- Ah, qual é! Vai ser divertido ver o Evan tremendo de medo, achando que alguém está o vigiando. - Gabe argumentou.
- Pra mim isso não tem a menor graça. E se ele nos denunciar?
- Ô Enid, ele não sabe que somos nós. Na verdade ele não faz ideia de quem seja! - Gabe riu.
- Ele deve estar desesperado! - Enid pensou em voz alta.
- Isso é ótimo!
Enid revirou os olhos outra vez. A comida chegou e ela precisou assistir Gabe seduzir o garçom. Era demais para ela. Então ela virou a cabeça para o lado de novo. E sobressaltou-se com o que vou.
Era ele. O cara de terno daquela manhã. E ele estava conversando com... Evan! Evan Wondervill!
- Meu Deus... - Sussurrou exasperada.
Evan falava com o homem com autoridade. E o homem também argumentava, mal mexendo as articulações.
- Ele é bonito sim. De um jeito exótico. E ele me deu mole! - Gabe disse e seguiu o olhar de Enid. - Uh, safadinha, você achou um melhor!
Enid encarou Gabe. Ela não estava falando de Evan.
- Urgh! - Enid estremeceu. - Ele é... velho.
- Deve ter no máximo um 30 anos. - E os olhos de Gabe arregalaram. - Aquele é o... Evan!
- Xiiiu! - Foi a vez de Enid tapar a boca de Gabe. - Não grita, sua maluca!
Gabe se recompôs com a mão dela na sua boca. Enquanto isso Enid observou o homem e Evan.
O homem era realmente lindo. Não mais que Evan, mas ele tem uma beleza clássica. Muito mais... masculina. Enquanto Evan é lindo, mas é apenas um garoto.
Ele vestia o mesmo terno daquela manhã, mas usava um chapéu preto meio tombado na cabeça. Parte do cabelo ficava para fora do chapéu, fazendo-o parecer ainda mais sexy.
Enid tirou a mão da boca de Gabe.
- Eu vou lá - anunciou, observando o homem. - Você fica aqui. Pra vigiar a mesa e nossas coisas. Já volto.
Enid deixou a mesa e caminhou para fora da lanchonete. Gabe viria, e ela sabia. Mas ela precisava de dois minutos com o estranho. Era o suficiente para ella. E, enquanto caminhava pelo estacionamento ela inventava uma desculpa para chegar até Evan.
Quando faltam apenas alguns metros de distância entre Enid e o estranho ela ouviu Evan dizendo sobre um "problema". Evan notou a presença dela. E seus olhos se arregalaram um pouco. Ele se calou a observando. E o estranho seguiu o olhar dele.
O reconhecimento foi quase imediato. Às grossas sobrancelhas do homem se levantaram e uma sombra de um sorriso apareceu em seus lábios.
- Evan? - Enid fingiu surpresa. - Oi.
- Enid - a voz de Evan estava trêmula. - O que faz aqui?
- Estava comendo ali com a Gabe - ela apontou inocentemente para a lanchonete. - E você?
- Não faço nada de especial - respondeu ele rapidamente.
Não é o que parece, Enid pensou. Ela olhou o homem, e ele a olhou. E se sentiu nua novamente.
- Quem é seu amigo? - Perguntou.
Evan olhou para o estranho e deu de ombros.
- Ele não é um amigo...
- Sou Vine - disse o estranho, interrompendo Evan. - Vine Cipriano. É um prazer conhecê-la, senhorita...
- Enid. Enid Arrow.
O estranho segurou a mão de Enid e levou-a até os lábios e a beijou. Enid sentiu o sangue ferver e o rosto corar. Evan observou parecendo entediado.
- Hum... - Enid murmurou, voltando ao normal. - Vocês estavam falando que algo ia ser um problema. O quê vai ser um problema?
Evan foi pego desprevenido. Enid sentiu ele se agitar internamente, parecendo inseguro. Ah-rá, Enid pensou, aquele era o ponto! O Cipriano manteve-se na mesma posição e mal moveu um músculo para respirar.
- Assuntos de negócios. Nada que vá lhe interessar, srta. Arrow.
Enid hesitou. Errado; ela queria saber.
- Você estava na rua principal esta manhã, no acidente. - Enid observou. Ela precisava prolongar a conversa. - Você sabe o que houve?
- Um acidente - a voz de Cipriano tornou-se dramática. - Eu não vi o pobre homem atravessando a estrada. Sinto tanto...
Enid inspirou. Ela estava certa - ele havia atropelado o homem. Evan revirou os olhos. E isso lembrou Enid de algo que precisava perguntar.
- Você conhece o Evan? - Perguntou ao Cipriano. - Quero dizer, eu nunca o vi na cidade, senhor.
- Evan é meu cliente. Eu vim à Brookhaven para resolver algumas coisas com ele - respondeu.
- Hum.
Mais perguntar vieram à cabeça de Enid. Tantas coisas que ela queria saber. Que precisava saber.
- Enid, você estava demorando.
Ela olhou para trás ao reconhecer a voz. Gabe sorria olhando em volta e demorando-se ao olhar para o Cipriano.
- Ei, Evan - ela disse atuando melhor que Enid. - Oi senhor.
Enid riu. Gabe sempre sabia como se virar em qualquer situação. Sempre sabia.
- Esse é o senhor Cipriano. - Enid disse.
- Vine. Chame-me de Vine. - Ele beijou a mão de Gabe também.
Enquanto Gabe se apresentava à Vine, Enid aproveitou o tempo observando Evan. Ele a encarava também.
Havia uma forte conexão entre eles; Enid não podia negar. Quando estava perto de Evan ela sentia-se mais segura... e em perigo também. As duas coisas igualmente. Confuso era mas fazia um certo sentido. Eles são o oposto um do outro.
Evan é um delinquente, bebe, fuma, joga e faz outras coisas piores. Enid é estudiosa, não bebe, abomina cigarro e jogos ilegais e têm planos para o futuro.
Mas de um jeito torto Enid sentia uma atração por ele. Não por causa da beleza; a alma de Evan a chamava.
- Enid? - Gabe chamou. - Eu abandonei nossa mesa.
Enid deu um passo na direção da lanchonete, mas Gabe não se moveu.
- Oh, que falta de educação a minha! Vine, não gostaria de se juntar a nós? - Gabe perguntou.
Vine olhou para o relógio de ouro que carregava no pulso casualmente e hesitou.
- Sinto muito mas tenho um compromisso agora - ele sorriu. Deus, que sorriso! - Deixamos para a próxima ocasião.
- Sim. - Gabe assentiu. - Com certeza. Tchau Vine. Tchau Evan.
- Tchau. - Enid disse já andando para a lanchonete.
E sentiu um aperto no braço. O hálito frio de Evan arrepiou sua nuca e a voz dele soou calma e desafiadora ao falar:
- Achei que você não quisesse falar comigo.
Enid tremeu e suas pernas vacilaram. Ela virou-se lentamente como um robô. Evan a observava com um sorriso debochado de satisfação.
- Nos vemos depois - ele disse.
A distância entre eles ficou maior e maior até ele entrar no Porsche de Vine.
Gabe puxou o braço de Enid, a carregando até a lanchonete. Ela dizia alguma coisa, mas a mente de Enid não conseguia compreender. Ela estava ocupada demais pensando em Evan e no modo como ele disse aquelas palavras.
Era como se ele tivesse certeza de que Enid ia procurá-lo depois. E estava certo.

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Enid acordou soando frio. O coração estava acelerado, sua pele pegajosa, a respiração irregular.
Aquele pesadelo a perturbou outra vez. O mesmo da noite passada" começou do mesmo jeito, acabou do mesmo jeito. Mas desta vez ela não caiu da cama.
A imagem do olhar feroz de Evan a assustava, e não saia de sua mente. Estava colada lá. E nada podia tirá-la.
Enid se levantou, vendo a hora no rádio-relógio no criado-mudo ao seu lado. Era madrugada, 3h. Ela decidiu que precisava de um copo de leite para se acalmar.
Desceu as escadas de meias mesmo, abriu a geladeira e encheu um copo de leite. O pôs no micro-ondas e se sentou no banco de frente para a janela da cozinha.
A noite estava fria, escura, ruidosa. Grilos e corujas cantavam criando uma melodia infernal. Um cachorro latiu ali perto, e um outro, em resposta uivou.
A pele de Enid eriçou. Tudo ali a apavorava. A sua única segurança era que estava em casa. E o leite quente a esperava.
Ela o tirou do micro-ondas e deu um gole. O frio da sua pele deu lugar a um calor confortável.
Os olhos de Evan saíram de sua mente, e deu lugar a um olhar mais tranquilo, mas que de alguma forma a assustava.
O olhar de Vine Cipriano.
Enid estava decidida a descobrir quem ele realmente é, por que conhece Evan, qual é a relação deles, que negócios eles tinham que resolver.
E ela ia descobrir, mesmo que isso demorasse a se revelar - ou pior, que pusesse sua vida em risco.