Após alguns dias de extrema tensão em minha mente e coração, podia dizer que já sabia a minha tão esperada resposta.

Foram dias de uma constante batalha na tentativa falha de renegar a verdade que havia descoberto contra a felicidade que parte de mim se encontrava. Minha mente foi mais fraca do que acreditava

Comprovei que minha mente era fraca demais para manter seus conceitos de pé e que meu coração era mais forte do que o imaginado. Entretanto, não acreditava que meu coração seria forte o suficiente para suportar mais uma futura decepção. Pois isso estava evidente.

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No final das contas, acreditei em meu coração, pois nada do que fizesse iria mudar meus sentimentos. Quanto mais mentisse, mais seria sufocada pela minha própria mente que, com toda certeza, conspiraria a favor dessa decepção.

Segunda feira chegou junto de sua exaustiva rotina escolar. E, para variar, eu era uma das primeiras a estar na escola. Quem, no mundo, iria tão cedo para a escola em uma segunda feira senão eu?

Esperava a chegada de Alice e Vitor, quando decidi contar as novidades a Sophia que parecia despercebida, sentada em uma cadeira afastada no refeitório.

–Oi Sophia.

–Oi. – Respondeu saindo de seus devaneios.

–Tenho uma novidade que você vai gostar – Disse contendo o excesso de animação.

–O que, ganhou na loteria? –Ironizou. É claro que ela sempre fazia isso, pois além de saber que eu não jogava – obvio – ela já deveria saber dos meus sentimentos, afinal, não conseguia esconder o brilho de meus olhos ao vê-lo.

–Não, eu acho... – Disse meio pensativa colocando minhas mãos nos bolsos, pegando um papelzinho amassado, onde Alice havia escrito um aviso, fingindo ser o papel de uma lotérica. Sophia arregalou os olhos no mesmo instante, quase pulando em cima de mim para ver se aquilo era verdade. – Eu estou gostando de uma pessoa – Revirei os olhos, rindo de sua criancice.

– Ah garota, não me assusta mais desse jeito não! – Resmungou empurrando meu ombro. – Quem é, posso saber? – Indagou com as sobrancelhas arqueadas.

–Chuta.
–Hm... Deixe-me ver... – Fez uma cara pensativa, colocando a mão no queixo, antes de dizer - É o Raul!

– Não! – Respondi rapidamente. – É do Vitor – Revirei os olhos assim como Sophia. É, ela já imaginava que fosse isso e chutou o Raul apenas para me provocar, uma vez que já havia contado sobre a minha amizade com o garoto.

– Você e o Raul hein Isabella? To sabendo – Sophia provocou no momento em que Vitor cruzou o nosso caminho dizendo um oi baixo, como sempre.

–Oi? - Indaguei confusa por um momento. - É claro que não, ele é só meu amigo.

–E eu nasci ontem. – Vitor se intrometeu, provocando-me também.

– Ah, é assim? – Encarei-o com um olhar de quem iria revidar com tudo, e iria. – Como esta sua namorada, Jessica? – Disse alto o suficiente para que ela, ou qualquer amiga dela, ouvisse. Mas acho que seria muito provável que o alvo ouvisse, porque ela e suas amigas viviam nos rondando e isso irritava muito.

–Jéssica? Eu não namoro com a Jéssica, só sou amigo dela. – Respondeu da mesma maneira que eu. Vitor, tão lento.
–Mas ela gosta de você, a escola inteirinha sabe disso. – Acho que ela tinha desenhado isso nas lousas de todas as salas, porque todo mundo sabia disso. Depois, veio na mente que Michelle era sua amiga e que ela, quando provocava alguém, ia além dos limites. Isso me levou a conclusão obvia de que foi ela quem espalhou para todos.

–É, mas isso não significa que eu gosto dela. –

–É só que você sempre olha para o lugar em que ela está e pensativo demais para o meu gosto.

– Humpf – Deu de ombros e resmungou algumas outras coisas incompreensíveis, mudando de assunto.

Sempre provoquei Vitor com essa historia entre ele e a Jessica, mesmo sabendo que era mentira, entretanto, eles eram muito amigos e a maneira como ela agia com ele e ele retribuía me enlouquecia, porque fazia parecer que ele sentia algo a mais por ela.

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Piorava quando Michelle aparecia e jogava Jessica para cima de Vitor. Ah, por favor, eu adorava quando ela acabava com Jessica da maneira que nunca tive coragem pra fazer, mas ela precisava acabar comigo desse jeito também? Talvez, no fundo soubesse que ela sabia que eu também gostava de Vitor e, talvez, ela fizesse aquilo para me provocar – algo que ela fazia com muita frequência com todos que conhecia -, mas largava esse pensamento de lado, afinal, essa garota quase nunca falava comigo. Como ela saberia algo assim?

Porém, depois tudo isso passava e eu acabava o “perdoando” no momento em que voltava a conversar com ele. Meu mundo, sem ele, ultimamente estava parecendo um inferno onde eu era dominava por raiva, angustia e medo, mas quando ele estava ali, não sentia nada além de um amor capaz de suprir meu corpo por completo.

Era tão estranho, o conhecia há pouco tempo e agíamos como se nos conhecêssemos a muito mais. Se eu acreditasse muito em reencarnações, diria que nos conhecemos em outra vida.

Eu imaginava se no mundo existia uma pessoa tão bela por dentro quanto é por fora. Perguntava-me se na face da Terra existia tal brilho no olhar, capaz de me fazer desejar até a morte só para vê-lo. A resposta sempre vinha em seguida com o rosto de Vitor estampado nela.

Um dia, estávamos no pátio da escola. Algo inédito e milagroso, porque foi a primeira vez que Sophia e eu conseguimos arrastar os irmãos para fora do refeitório.

Lá, encontramos Ariel, uma amiga nossa que não conversávamos há algum tempo, pois não estudávamos mais juntas e ela se afastou de nós como se nunca tivéssemos conversado na vida.

Mas algo que não mudou nesse tempo todo, foi seu cabelo encaracolado e escuro pouco acima da cintura, cheio de tranças e toda animada com o novo ano escolar que havia começado há algum tempo.

–Ariel?! Oi! – Disse quando a vi.

–Oi Isa! Quanto tempo! – Respondeu me dando um breve abraço.

– Quase uma eternidade.

–Nem me fale, mas como está a sua avó? E as aula como estão? – Mesmo tanto tempo sem conversarmos e com ela, normalmente, passando reto pelo corredor, quando começávamos a conversar, fazia parecer que nossa amizade nunca foi interrompida.

– Minha avó está bem e as aulas estão indo uma maravilha... – Suspirei profundamente antes de completar – Também estou me acostumando com o fato de estar em turmas separadas.

– Isso é muito chato, mas você se acostuma. – Sorriu torto.

–Eu espero...

–Sophia e Alice, outras desaparecidas! – Ariel disse abraçando-as.

As três começaram a conversar entre si, até que puxei Alice de lado para fazer algumas perguntas sobre a prova que teríamos mais tarde. Também aproveitei para pedir sua ajuda para me ensinar algumas coisas que não havia entendido.

Estava de frente para o Vitor e de lado para Alice, enquanto Sophia continuava cochichando com Ariel. De repente, a garota foi para trás de Vitor e Sophia parou em minhas costas. As duas trocaram um olhar que não consegui compreender, até ser jogada contra o corpo de Vitor.

Elas, provavelmente, esperaram que ele tivesse alguma atitude diferente e, milagrosamente, me beijasse na frente de todo mundo. Mas, obviamente, não foi o que aconteceu, sendo assim, as duas fecharam a cara e resmungaram coisas incompreensíveis para ele que ficou sem entender nada.

Dei de ombros com a brincadeira sem graça delas, voltando a me lembrar das provas e assustada com a nota vermelha que tiraria muito em breve. Momentos como esse me tornavam uma total nerd.

Em uma segunda-feira, logo após eu ficar um final de semana inteira com minha amiga Sarah, falando tudo que eu sentia e pensava, ela me aconselhou a esperar para falar com ele, para ver se eu não iria me decepcionar. Além do mais, ainda procurava uma forma de contar isso para Alice que soou meio estranho em minha mente.

"Oi Alice, tudo bem? Adorei sua maquiagem! Alias, amo o seu irmão."

No intervalo desse mesmo dia, Pamela veio falar conosco, coisa que eu estranhei já que ela nunca fazia isso, mas não recuei dela, como a maioria fazia. Ela era uma ótima pessoa e eu não via motivos de afasta-la.

–Oi gente!-Ela disse já rindo, pois Pamela, não conseguia nem ao menos respirar sem rir.

Eu gostava daquela alegria dela, ela jorrava essa animação para qualquer um que estivesse perto dela. Entretanto, nesse meio todo, existia uma alma que parecia não se alegrar com Pamela e esse monstro sempre fazia com que ela surtasse e sentisse um desejo incrível de mata-la. Claro que, uma alma tão fria como essa só poderia ser Michelle que conhecia Pamela há muito tempo e surtava quando a garota ia de abraços para cima dela, gritando e esperneando. Até onde ouvi falar, Pamela provocava Michelle com Vitor, acusando-a de irritar Jéssica para esconder o que sentia por ele. Mas, isso nunca foi confirmado.

–Oi Pamy.- Eu, Sophia e Alice dissemos ,é claro eu disse com mais alegria porque adorava conversar.

–Oi Isa! Senti tanto a sua falta! A sala não é a mesma coisa sem a sua inteligência!
–É, as coisas estão difíceis por lá – Jaciara disse. Ela estava ao lado de Pamela e era uma de suas grandes amigas. Jaciara era a garota mais encrenqueira da escola, mas, diferente de Michelle, sabia tratar seus amigos com carinho, algo surpreendente vindo dela.

–É, lá o povo é muito burro. Igual a Jacy. -Disse a Pamela começando a rir de novo, arrastando nossas gargalhadas junto.

–Você não fala não? - Perguntou Pamela a Vitor, notando que ele não abria a boca para pronunciar uma palavra sequer.

–Falo. – Deu de ombros.

–Então porque você tá ai se excluindo?

–Porque eu não me dou bem com loucas.

"Se dá mais bem do que imaginam, é o rei dos loucos" pensei e ri muda.
–Então é melhor você se acostumar, porque o povo aqui tem parafuso a menos.
–E eu tenho a mais.

–Vish... Exibido...Tchau a gente se vê Bella...

–Tchau Pamy...