Silêncio

Primeiros Sinais


Ela sentiu as pernas começarem a tremer ao mesmo tempo em que levou a mão à boca numa expressão totalmente chocada. Ainda não conseguia acreditar na besteira que tinha feito. Algumas pessoas ao redor perceberam que suas pernas bambeavam e a fizeram sentar-se em uma cadeira vazia ali perto. Em todo o refeitório se podia ouvir cochichos e comentários sobre a cena. Mas ela nem percebeu. Ela ainda não conseguia entender.

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-Como assim surdo? –perguntou Sakura à Kiba.

O garoto sabia que a rosada estava em choque e fez por onde ignorar a estupidez da pergunta.

-Surdo, surdo, Sakura. Ele não ouve nada, nos dois ouvidos.

-Mas uma vez eu perguntei a ele onde ficava o laboratório de informática e ele me levou até lá.

Kiba se assentou em uma cadeira em frente a Sakura pra ficar no mesmo nível do olhar dela.

-Sak... Muitos surdos conseguem fazer leitura labial. Sasuke, por exemplo, é quase um mestre nisso. Ele pode ter entendido suas falas, mas não, ele não ouviu uma palavra do que você disse.

A garota baixou os olhos do rosto de Kiba em direção ao chão enquanto se lembrava daquele dia.

-Então era por isso que ele sempre olhava direto pra minha boca quando eu falava... –Kiba anuiu lentamente. –Como é o nome dele?

-Sasuke. Uchiha Sasuke. –Kiba pôde ver como os olhos verdes de Sakura brilharam ao ouvir o nome. Não pôde deixar de sorrir. Parecia que tinha alguém apaixonada ali...

-De onde você o conhece, Kiba?

-Ele é meu melhor amigo, desde que éramos crianças. A gente morava na mesma rua.

Sakura quase sorriu, mas logo sua atual situação voltou à sua mente. Suspirou pesadamente e lágrimas lhe vieram ao s olhos.

-Como eu sou idiota! Agora ele vai me odiar!

-Calma... –disse Kiba. –Dificilmente surdos guardam rancor. –Sakura olhou pra ele esperançosa. –Mas se bem que é o Sasuke né... Ele já é meio antissocial, agora talvez ele... –Kiba falava mais pra si mesmo e nem percebeu que Sakura tinha recomeçado a chorar. Ele só parou de falar quando Ino arregalou os olhos para ele, obviamente pedindo pra ele tomar cuidado com o que estava dizendo. O garoto riu nervosamente. –Ah! Não se preocupe, Sakura-chan, eu vou falar com ele. Você vai ver que ele não vai nem ligar.

-Como pude não perceber? –Sakura praticamente falava sozinha.

-É, era meio óbvio né... –disse Kiba. No mesmo instante recebeu outro olhar de Ino. –Pensando bem, você nunca iria imaginar, né? –outra risdada nervosa. –Não se culpe tanto, Sakura-chan. Eu vou atrás dele. Depois te ligo, Ino! –e logo ele saiu do local.

Com isso a maioria dos expectadores começou a dispersar. Ino, Hinata e Tenten se aproximaram de Sakura. A loira pôs a mão nos ombros da amiga. Estavam chocadas demais com o que tinha acontecido para dizer qualquer coisa.

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Ainda era em torno de uma da tarde quando as meninas se preparavam para as aulas do segundo período. Sakura colocou sua apostila de "Estética e História da Arte" em sua bolsa e disse às amigas que sairia na frente. Quando já estava abrindo a porta, Ino gritou para que ela esperasse dizendo já estar quase pronta. A rosada estava afim de caminhar um pouco sozinha, mas sabia que sua amiga provavelmente não entenderia. Virou-se para dentro do quarto e murmurou um "tá" e logo saiu não prestando muita atenção no corredor. Justamente por isso acabou trombando com uma garota e derrubando em cima das duas, o café que a desconhecida levava em mãos. A primeira coisa que Sakura pensou é que estava quente.

-Ai... –começou Sakura. –Me descu...

-ARGH! Sua Idiota! –berrou a outra garota. Sakura a olhou com os olhos arregalados. Olhando de volta para ela estava uma garota alta, de óculos, um corpo bem trabalhado e um cabelo vermelho berrante. –Me desculpe, o cacete, sua retardada! Não viu o que você fez? Por que não olha por onde anda?

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À essa altura do campeonato as outras garotas já estavam no corredor e algumas vizinhas de outros quartos também pararam pra ver o que acontecia.

-Retardada é você, sua mal-educada! Eu não vi, acontece, foi um acidente, oras...

A ruiva apertou os olhos.

-Você não é a garota que causou aquela confusão no almoço, agora há pouco? –Sakura nem teve tempo de pensar em responder. –É você mesma! Só você tem esse cabelo rosa-desinfetante por aqui. É, eu tava certa. Você é mesmo uma retardada! Falou com o garoto daquele jeito e nem percebeu que ele é surdo. Se eu fosse você, subiria no último andar do prédio A e me jogava! –A ruiva fez uma cara de nojo e quando já ia se virar para ir embora, voltou-se novamente. –Ah! Você me deve um café. –ela disse apontando o indicador para Sakura, então saiu, surpreendentemente entrando no quarto ao lado.

-Mas que vadia! –Sakura ouviu Ino dizer atrás de si.

-E a vadia ainda é nossa vizinha... –disse a rosada massageando as têmporas para afastar uma dor de cabeça que ameaçava aparecer.

-Desculpem por isso.

As quatro amigas se voltaram na direção da voz feminina que nunca tinham ouvido antes. Viram uma garota loira com o cabelo preso em vários pontos diferentes num penteado estranho, mas que combinava com ela.

-Ela não é assim sempre, só está meio zangada hoje... –a garota deu um passo à frente e estendeu a mão para Sakura. –Meu nome é Temari. Aquela é Karin, minha colega de quarto meio esquentada.

Sakura hesitou por um momento, mas apertou a mão da garota, sem sorrisos.

-Sakura. Estas são Hinata, Ino e Tenten.

As ditas garotas murmuraram seus cumprimentos e logo Ino pôs o grupo pra andar dizendo que elas iriam se atrasar se ficassem moscando ali. Saíram assim que Sakura trocou de blusa; a outra manchada de café.

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Ino e Sakura já estavam confortavelmente instaladas em suas carteiras de desenho. Sua professora, uma morena chamada Anko, já estava dando as orientações para a aula. Duas batidas na porta e a entrada de uma outra professora fizeram o coração de Sakura bater desregulado. Ainda mais quando a professora Anko se voltou para ela.

-Srta. Sakura, a professora Kurenai está solicitando a sua presença neste momento. Está dispensada para acompanhá-la. Peço que retorne à nossa aula se o assunto com ela terminar em tempo hábil, está certo?

A garota não prestou muita atenção ao que sua professora dizia, apesar de já ter se levantado e assentido ao que foi dito. Naquele momento ela tentava não entrar em pânico. Se bem se lembrava, a tal Kurenai era a coordenadora dos alunos surdos. Será que seu desentendimento com Sasuke lhe traria problemas sérios a ponto de ser chamada pela coordenação? Sentiu um suor frio escorrer nas laterais de seu rosto. Isso não poderia estar acontecendo...

A ida até a sala da coordenadora foi silenciosa. Kurenai se dirigiu à garota uma única vez no caminho.

-Não se preocupe tanto. Só quero conversar com você.

Sakura assentiu com a cabeça, entretanto, frase de Kurenai teve efeito contrário ao desejado: a garota se sentiu ainda mais nervosa. Geralmente quando as pessoas dizem pra você não se preocupar é porque a coisa é realmente séria...

A garota dos olhos verdes deus graças a Deus ao chegarem à sala de Kurenai. A morena abriu a porta e indicou que Sakura poderia entrar primeiro. E ela entrou, mas ao fazê-lo quase se arrependeu. Logo à frente dela, atrás da mesa de Kurenai e encostado na parede, estava Iruka. Porém o que fez Sakura querer desaparecer como uma ninja nas sombras foi a pessoa sentada em frente a mesa da coordenadora. Sasuke não olhou para trás e mal pareceu notar que a garota havia se sentado na cadeira ao seu lado.

-Bom, é o seguinte. –assim que Kurenai começou a falar, Iruka se moveu de seu lugar para ficar de frente para Sasuke e começou a interpretar o que ela dizia. –O motivo de vocês estarem aqui é que eu ouvi algo sobre um incidente envolvendo vocês dois durante o almoço e eu quero saber o que foi que aconteceu. Quem vai começar?

Sakura olhou hesitantemente pra Sasuke; este apenas a olhou rapidamente com o canto do olho e nada fez. A garota achou melhor falar primeiro, então...

-Bom, professora Kurenai... –começou ela, percebendo que Iruka a estava interpretando. Ficou ainda mais nervosa quando concluiu que Sasuke saberia o que ela estava dizendo. –Eu o encontrei algumas vezes, mas não sabia que ele era surdo; não percebi... Eu acabei interpretando errado. Foi minha frustração por ele não falar comigo e eu queria falar com ele... –a garota acabou desabafando. –Acho que fiquei brava por não conseguir a atenção dele e falhei em perceber que ele era diferente... Eu só queria pedir desculpas, eu não sabia, eu não queria ter causado tudo aquilo, eu... Eu... –Sakura não aguentou mais e começou a chorar.

-Ei, calma... –disse Kurenai. –Não precisa disso. Ninguém está bravo com você, nem te acusando de nada.

Sasuke se voltou para a garota quando Iruka terminou de interpretar o que Kurenai dizia e viu que ela realmente estava chorando. Ergueu uma sobrancelha e ficou sem saber o que fazer. Ela parecia bem sincera no que dissera há pouco, mas não precisava chorar. No fundo, Sasuke se sentiu um pouco culpado. Talvez se ele tivesse sido um pouco mais legal com ela, os dois não estariam ali e ela não estaria chorando. O moreno deu um suspiro pesado enquanto torcia pra não se arrepender do que faria a seguir. O garoto se inclinou em direção a ela e levantou seu rosto com uma das mãos, fazendo-a olhar pra ele. Assim que os olhos dela o estavam fitando, ele balançou a cabeça num gesto que Sakura entendeu.

Não chore.

Os verdes olhos da garota se arregalaram um pouco. Ela não sabia se estava mais chocada pelo gesto dele ou por ela ter entendido o que ele queria dizer. Ele ainda a olhava, sério, meio carrancudo até, mas usou um dedo indicador para secar uma lágrima dela que ainda insistia em rolar. Em seguida ele fez três sinais, calmamente. Sakura entendeu dois deles, mas ainda fez cara de interrogação. Kurenai interveio:

-Ele disse que não precisa chorar.

Então o sinal que ela não tinha entendido era "precisar"; a garota começou a considerar se não poderia aprender...

Ao ver que Kurenai o tinha interpretado, Sasuke falou um pouco mais. Sakura o observou falando. Ele fazia todos os sinais de um jeito calmo e continuava sério. A coordenadora balançava a cabeça conforme ele falava e Iruka começou a interpretar em voz alta para que Sakura pudesse entender.

-Eu não estou bravo com o que aconteceu. –disse o intérprete, sendo a voz de Sasuke. –Foi só um mal-entendido. Eu sei que Sakura não sabia. Eu não estou bravo com Sakura. Não quero que Sakura chore. Não precisa chorar.

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A dita garota limpou as lágrimas que ainda restavam e pensou que tinha sido boa coisa ter usado um rímel à prova d'água naquele dia. Conseguiu dar um sorriso.

-Que legal, Sasuke! –disse Iruka em sinais e em voz alta. –Você até já tem um sinal pra ela.

Sakura arregalou novamente os olhos, sem entender muito bem o que aquilo queria dizer.

-Ah! –disse Kurenai. –Qual é o sinal dela?

Sasuke suspirou contrariado, mas fez o gesto novamente. Kurenai e Iruka repetiram.

-Como assim ele tem um sinal pra mim?

A coordenadora começou a explicar.

-Surdos "batizam" as pessoas com sinais. É o seu "nome" em gestos. Eles procuram uma característica sua – nem sempre a que você mais gosta – e fazem disso seu sinal. Toda vez que ele usar esse sinal, estará falando o seu nome. Entendeu?

Sakura anuiu.

-Como é meu sinal?

A professora mostrou para ela novamente.

-Cruze os dedos indicador e médio. Isso. Esse é o sinal da letra R. O sinal de rosa seria esse R na bochecha, mas Sasuke fez aqui do lado, no cabelo. Provavelmente, ele está te chamando de "garota do cabelo rosa". Vou perguntar pra ele.

Kurenai precisou balançar uma das mãos pra chamar a atenção de Sasuke que fitava o teto. Assim que o garoto, baixou o olhar em direção a ela, a professora fez a pergunta em voz alta e em sinais.

-O sinal dela é por causa do cabelo rosa?

Sasuke apenas fez que sim balançando a cabeça.

-É isso mesmo. –disse Kurenai logo se voltando novamente para Sasuke, pois este começara a falar de novo.

-Ah, tá. –disse ela se voltando para Sakura. –Ele quer saber se essa cor é natural.

Sakura corou um pouco, mas voltou seu olhar em direção a ele, que a fitava, e disse sim também balançando a cabeça. O gesto da garota fez os dois professores sorrirem; ela parecia já estar se acostumando com a surdez dele. Sasuke, por sua vez, não esboçou reação alguma. Apenas virou-se para a frente e fez um simples sinal com uma mão ao lado do rosto.

-"Legal". –interpretou Iruka.

-Bom, -disse Kurenai. –Vocês dois sabem que eu sou a coordenadora dos alunos surdos aqui. Quando um inspetor me informou do que havia acontecido no almoço, eu fiquei preocupada e resolvi trazê-los aqui para uma conversa. A universidade se preocupa com a aceitação e inclusão dos surdos no convívio com os ouvintes, por isso estamos sempre nos certificando de que eles não estão sofrendo preconceito ou qualquer tipo de problema dessa natureza. Aqui, no caso, está claro que foi apenas um mal-entendido mesmo. Haruno Sakura, certo? Vou te matricular em uma das monitorias de LJS. Acho que depois de hoje é melhor que você aprenda a língua, não é? Estou certa de que Sasuke poderá te ajudar a aprender.

O moreno desviou o olhar de Iruka, que interpretava Kurenai, e fitou a coordenadora. Ambos sérios, se encararam por alguns segundos, até Sasuke revirar os olhos ao perceber que ela não iria retirar o que tinha dito. Voltou a fitar Iruka num claro sinal de que ela poderia continuar. Sakura não entendeu muito bem a cena, mas podia jurar ter sentido uma aura de hostilidade emanar do garoto ao seu lado. Voltou a se sentir mal. Kurenai terminou o que tinha a dizer.

-Passe na secretaria no fim da tarde e escolha o melhor horário pra você; já vou encaminhar sua ficha. Quanto a vocês dois, eu não quero mais problemas envolvendo vocês, está certo? Não precisam ser os melhores amigos do mundo, mas, por favor, não protagonizem mais cenas de novela das oito publicamente, ok?

Enquanto Sakura murmurava um "okay, me desculpe." , Sasuke pôs a mão no queixo num sinal parecido com um hang loose. Kurenai respondeu.

-Desculpas aceitas. Estão dispensados.

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Garoto e garota saíram da sala de Kurenai e ao alcançarem o corredor se depararam com Kiba que logo se aproximou dos dois.

-O que houve, Sakura? Por que vocês foram chamados aqui?

Sakura hesitou por um momento.

-Nada demais, na verdade. Ela só queria saber o motivo da "discussão" no almoço e se certificar que Sasuke não tinha sofrido discriminação da minha parte...

-Ah! –disse Kiba. –E o que ela disse? Ela entendeu o que aconteceu?

-Entendeu sim. E me matriculou em uma monitoria de LJS. Acho que ela quer evitar que eu cause mais problemas. Ela também disse que era pra Sasuke me ajudar a aprender, mas... Acho que ele não tá muito afim... –disse ela olhando para Sasuke que, abstraído, olhava pela janela mais próxima enquanto esperava seu amigo terminar a conversa com ela. Kiba também olhou para Sasuke e com um pesado suspiro, achou que era hora de conversar com ela sobre isso.

-Olha, Sakura... –ela voltou seu olhar para o garoto à sua frente. –Eu acho uma boa coisa que você aprenda a linguagem dos sinais. Acho que você deveria fazer amizade com os surdos daqui e... –Kiba abriu um largo sorriso. –Eu tenho certeza que você vai gostar muito deles. Uma vez que você entra no mundo deles, já era, você não volta mais! –Sakura também sorriu. –Eu tenho certeza que você é o tipo de pessoa que vai lidar bem com eles, mas quanto ao Sasuke... –Kiba hesitou, ainda mais quando viu o sorriso dela desaparecer. –Eu, sinceramente, ainda não sei se é uma boa ideia você chegar perto dele. O que eu quero dizer é... Bom... Está escrito na sua testa que você ficou afim dele. –Sakura desviou o olhar para o chão e corou violentamente, apenas confirmando o que Kiba dissera. –Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, e eu sinto muito se estiver invadindo a sua privacidade, mas é que Sasuke é uma pessoa meio difícil de lidar, ainda mais você sendo ouvinte e não sabendo falar a língua dele. Sasuke é uma boa pessoa, calmo e gentil, mas não tem muita paciência com ouvintes; na sua situação então, piora. Eu já gosto de você, Sak, o suficiente pra não querer ver você sofrer e eu não quero te dar falsas esperanças. Ele não é do tipo que fica atrás de garotas, mas sabe quando alguém está afim dele e não consegue lidar muito bem com esse tipo de atenção. É melhor... Deixá-lo na dele... Pelo menos por enquanto. Talvez mais tarde... Quem sabe...

Sakura assentiu a tudo o que Kiba dissera sem saber se tinha mesmo entendido tudo. A única coisa sobre a qual conseguia pensar era em como tinha sido boba por achar que poderia ter uma chance com ele quando este havia enxugado suas lágrimas e lhe pedido pra não chorar. Ele parecia terno apesar de sério. Mas agora, tinha certeza, não havia significado nada.

-Se quiser conversar um pouco melhor depois, pede pra Ino me mandar uma mensagem. É melhor eu ir agora, antes que Sasuke fique irritado com a demora. –Kiba deu um beijo na bochecha de Sakura e sorriu pra ela tentando animá-la. Em seguida foi até seu amigo. Sasuke disse "tchau" pra garota com uma das mãos. Ela também acenou dizendo o mesmo. Se virou rapidamente pra não deixá-lo ver que ela não conseguia mais segurar as lágrimas.

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Iruka coçou a parte de trás da cabeça enquanto Kurenai tamborilava os dedos em sua mesa e fitava o nada, pensativa.

-O que você achou disso? –perguntou ele.

-Não gostei muito, se é o que quer saber... –respondeu ela.

-Como assim?

-Bom, está óbvio que ela tem uma queda por ele, mas ele não aprece ter gostado muito da ideia; embora eu arrisque dizer que é questão de tempo.

-Ele não aguentou vê-la chorar...

-Isso também. –Kurenai era coordenadora de surdos na área de educação há três anos, mas trabalhava com eles há mais de dez. Ela sabia reconhecer traços das emoções deles com certa facilidade. Iruka, por sua vez, era intérprete profissional há seis anos e ainda era homem; naturalmente desprovido do sexto sentido feminino.

-Se ele já tinha um sinal pra ela, quer dizer que ele já a estava observando e já tinha decidido chamá-la assim.

Iruka deu um pequeno sorriso ao entender o que Kurenai queria dizer.

-Eu nunca vi isso acontecer... –disse ele.

-Eu já. –ela disse. –É meio complicado, mas não é impossível. Vamos ver até onde ela estará disposta a ir por isto.