Reprise Sa Chanson...

Cap. 18: Escape


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Uma intensa claridade pairava no quarto quando eu acordei naquela manhã. Nem ousei abrir meus olhos, pelo sentimento mais imundo e perseguidor do mundo: preguiça. Virei-me para o lado, espreguiçando-me e finalmente abrindo os olhos. Sorri instantaneamente, ao ver Jon dormindo.

Não vá pensando que ele ficava muito fofo dormindo. De certa forma, sim. Mas acho que ele era muito "homem" para dormir assim. Logo, ele dormia tranquilamente, mas como uma pessoa normal... Decepcionei-me com isso.

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Resolvi preparar o café da manhã. Levantei-me, sem fazer o mínimo barulho. Era muito boa nisso, visto que tinha de andar pelos corredores da casa de minha tia sem acordar ninguém, em plena 6:30. Se acordasse,... Balancei a cabeça, procurando esquecer aqueles pensamentos. Andei vagarosamente pelo corredor, sonolenta. A mania de "acordar cedo" do Jon realmente me afetara...

Antes de chegar na cozinha, notei que estava de pijama. Graças que eu exclui baby doll da minha lista de "pijamas perfeitos". Hoje, estava usando um short não muito curto e uma blusa de mangas compridas que cobria quase todo ele. Resolvi trocar de roupa, indo para meu apartamento. Destranquei-o, e segui para meu quarto. Coloquei uma blusa de mangas compridas (estava um pouco frio) vermelha e meio colada, uma calça jeans e meu all star preto. Isso deve soar estranho, mas é porque provavelmente aquele individuo iria me arrastar para qualquer lugar. Logo, já me arrumei para isso.

Quando fui procurar minha jaqueta de couro no armário, notei minha "bolsa salva vidas". Sorri imediatamente ao vê-la.

Bom, vamos explicar: o que eu costumo chamar de "bolsa salva vidas" é uma mochila, com vários dos meus pertences lá dentro (desde mudas de roupas até um fino cobertor). Eu a tinha desde que minha vida cheia de "vai e volta"começou. Afinal, nunca se sabe quando é preciso fugir as pressas... Logo, tê-la junto comigo já havia se tornado um hábito.

Puxei a mochila do guarda roupa e segui para a sala, jogando no sofá, a fim de lembrar de ver a data de validade das barrinhas de cereal que lá dentro estavam (sou bastante prevenida).

Sai do apartamento, e segui para o de Jon. Adentrei o local, já sentindo cheiro de pão quente.

–Ah! - choraminguei, seguindo para a cozinha. - Não podia ter dormido mais um pouco? Eu ia preparar o café!

Jon sorrio, como sempre fazia. Ele estava super fofo com os cabelos bagunçados, o que o deixava com um ar mais juvenil ainda.

–Foi mal. Acordei com fome.

–Estou vendo. Isso tudo é pra você? - perguntei, em tom de brincadeira, ao ver a quantidade de pães que ele passava na frigideira.

–Não. É para gente. E para quem quiser. Espero que goste de pão de três dias mergulhado na manteiga e passado na frigideira.

Dei uma gargalhada e fui pegar os copos para tomarmos o suco que ali estava. Esperei, sentada na bancada, que Jon terminasse os pães.

–Então, onde iremos hoje?

–Acho que vou estudar. Se não, danço em Geografia. - ele disse, aproximando-se com uma prato cheio de pães quentes. Peguei o primeiro que vi.

–No meu caso, é Inglês.

–Não gosta da matéria?

–Adoro Inglês! O problema é a gramática. Acho um pouco complicada...

Peguei o suco e servi para mim e Jon.

–Eu sou até bom em Inglês... Vivi um tempo em Nova York.

Encarei-o.

–Jura?

–Hu-hun. Não é tão bom depois de um tempo... Por isso, decidi voltar. Por esse e outros motivos...

–Que motivos? - perguntei, indiferente.

–Nenhum em especial... Mas não vamos pensar sobre estudos agora. Acho que que deveriamos falar sobre aquele assunto de ontem...

Dei um longo suspiro.

–Ok, ok. Sabia que você ia tocar nesse assunto. E você está certíssimo... - pousei o copo na mesa. Depois de uma pausa, continuei. - Só o que sabemos é que ela está aqui, atrás de mim e da minha herança.

–E... que ela pode fazer qualquer coisa para obtê-la.

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–Isso.

–Será que você conseguiria pegar mais informações com seu primo?

–Eu não tenho o telefone dele. E, além disso, não quero metê-lo nisso. Já me basta você!

–Em primeiro lugar: de nada. - ele jogou um pedaço de pão em mim. Dei língua pra ele, enquanto ele continuava: - Em segundo: eu acho que ele já está metido...

–Se está, não quero pensar nisso. Não agora... Ele deve estar escondido também. Sempre morreu de medo da minha tia. - tomei o último gole do meu suco. - Bom, acho que não temos nada a fazer...

–Não seria bom você se esconder? Já sabemos que ela já está aqui.

–Mas eu acho que ela não sabe onde eu moro. Quem diria a ela?

Jon ficou um tempo pensativo e depois deu um longo suspiro.

–Bom, então, aonde vamos hoje? - ele sorrio.

–Queria voltar naquela loja, do piano...

–Vai tocar?

–Não sei ao certo. Mas quando eu o toquei, me fez tão bem. - disse, levantando-me e seguindo para a cozinha.

–Tudo bem então. A gente vai lá. - ele disse, ao chegar na cozinha.

Rapidamente eu lavei os pratos e copos, enquanto ele ia trocar de roupa.

Ready or not

Here I come
I like your face
Do you like my song?
Just sing it
La la la...
La la la...
And I will find you
Ready or not
Ready or not

Cantarolava enquanto lavava a louça. Ao terminar, sequei minhas mãos e segui para a sala, encontrando Jon mexendo no celular.

–Pronto? - ele me perguntou.

–Sim, eu só vou pegar minha bolsa. - falei, seguindo para a porta do apartamento.

Girei a maçaneta e assim que a porta abriu, olhei diretamente para meu apartamento. Meu coração quase saiu pela boca.


Pov. Jon:


Definitivamente, odeio SMSs com a finalidade de fazer propaganda sobre algo estúpido. Deletei logo que a vi. Não demorou até Melanie brotar da cozinha.

-Pronto? - perguntei a ela.

-Sim, eu só vou pegar minha bolsa. - ela respondeu, seguindo para a porta.

Acenei com a cabeça e peguei meu celular a fim de fazer algo enquanto a esperava. Ia seguindo tranquilamente para o sofá quando ouvi a porta se fechar brutalmente. Virei-me, e vi a morena, parada, virada para porta e de costas para mim.

–Mel...? - comecei, até ela vir correndo para cima de mim e tapar a minha boca.

–Shh! - ela sussurrou, tirando a mão e seguindo novamente para porta, só que sem fazer nenhum ruído.

Ela se encostou na porta, provavelmente a fim de olhar pelo olho mágico. Aproximei-me dela, sem fazer barulho também. Não estava entendo patavinas...

–O que foi? -sussurrei, um pouco receoso se ela iria ou não tapar minha boca novamente.

–Tem alguém no meu apartamento...

Fitei-a. Sutilmente, a afastei da porta, querendo olhar pelo olho mágico. De fato, a porta estava aberta. E havia movimentação lá dentro...

–Quem você acha que é? - perguntei.

–Quem você acha!

–Tá, calma. Vem, vamos pelo terraço.

Segurei-a pelo braço e a guiei até o mesmo. Subimos a pequena escadinha que perto dali ficava e seguimos, sem fazer barulho, para a "portinha" do terraço do apartamento dela. Graças que essas "portinhas" eram de vidro. Espiei lá dentro, e particularmente não vi nada demais.

–Deixa eu ver. - Melanie sussurrou, obrigando-me a dar passagem.

E lá estávamos nós, espiando, esperando que alguém desse sinal de vida.

–Eu acho que eles... - ela começou, mas eu a interrompi bruscamente, visto que havia um par de olhos que nos observava lá embaixo. Um par de olhos, armado...


Pov. Melanie:


Tudo que se seguiu sucedeu-se rapidamente. Jon havia me puxado bruscamente para trás, ao mesmo tempo que um som chamava-me a atenção. Um som agudo, mas pesado. Que fica de certa forma marcado na memória. Um som de um tiro...

–Eles tem armas... - murmurei, assustada.

–E nós temos pernas... Corra!

Ergui-me rapidamente do chão, seguindo Jon, que incrivelmente não usou a escadinha para chegar ao seu apartamento. Ele pulou! Fiz o mesmo que ele, o que, por pura sorte, deu certo.

–Vem! - ele me apressava.

–Pra onde vamos?!

–Não sei!

Neste ponto, já estávamos na escada. Os caras que minha tia (sim, eu tinha certeza que havia sido ela) contratará não eram lá muito espertos... Porém, estavam armados. O que nos deixava em desvantagem.

Agora que corríamos dele, lembrei do que Jon havia me questionado.

Sim, agora eu tinha certeza que ela chegaria. Não havia mandando homens armados para tomarmos um chá!

–Pra onde? - perguntei.

Nem me dei o trabalho de virar para ver quem disse aquilo. Ainda mais depois do que aconteceu em sequência daquilo...

Várias pessoas começaram a correr e gritar. Tudo o que eu queria era ter mais pessoas envolvidas nisso! E mais tarde, adivinha: a polícia!

–Eles não param! - ele gritou.

–Eu sei!

–Vai!Vai!Vai! - Jon gritou ao motorista do táxi, quando entrou nele também.

O carro saiu cantando pneus, enquanto, ao longe, ouvíamos ainda alguns disparos.