The Princess And The Thief

Sharing Her Plans


Depois de aprender a usar o arco e observar Finnick e Gale fazendo armadilhas, uma sensação de confiança me dominou. Naquele momento, parecia que eu poderia ganhar aquela guerra sozinha.

Narrow tinha me deixado sozinha no campo de treinamento e foi se encontrar com minha mãe, alguma coisa sobre estratégia. Fiquei praticando com o arco, concentrada no alvo.

Um guarda me chamou depois de algum tempo e me alertou sobre o jantar. Olhei ao redor: Finnick e Gale já tinham deixado o campo e já tinha escurecido.

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Agradeci e voltei para meus aposentos, deixando o arco e a aljava com o guarda. Chamei Annie e pedi que ela me preparasse um banho. Em poucos instantes, eu estava na banheira de água morna.

Annie tinha escolhido um vestido verde para mim. Vesti-o e fui até o salão, para o jantar. Annie me acompanhou, calada, porém sorridente. Entranhei aquilo, mas não fiz comentários.

Entrei no salão e parei, surpresa demais para me mover. Narrow, que se sentava meio torta e caída na cadeira da ponta oposta da minha mãe, usava um vestido meu.

Um azul escuro, que deixava sua pele ainda mais clara. Ela encarava a mesa, com o olhar distante. Ela ainda usava suas botas, o bracelete e o colar com o pingente de coração, que ela segurava, girando-o.

– Katniss, que bom que chegou. – Narrow ergueu um pouco o olhar, mas nada demais. Percebi que ela tinha recuperado a espada e o punhal.

– Perdoe-me qualquer atraso, minha mãe. – Ela apenas sorriu e me indicou meu lugar à mesa. Me sentei, ainda olhando Narrow.

– Você simplesmente não serve para esconder surpresa. – Ela riu, finalmente erguendo os olhos pra mim. Ela era bonita, com o cabelo preso para trás e o rosto limpo, a mostra.

– Tem que concordar que eu não esperaria vê-la de vestido.

– Eu pedi para lavarem minhas outras roupas. Por mais que eu não me importe muito com isso, melhorias não devem ser dispensadas.

– Entendo. Ainda assim, é surpreendente. – Ela sorriu.

O jantar foi servido e, como sempre, minha mãe nos deixou comer depois de provar um pouco. Narrow não comeu muito, só um pouco de carne de cordeiro e um pouco de sopa com pão.

Comemos rapidamente, em silêncio. Narrow terminou e empurrou o prato, se afastando um pouco da mesa, ainda mais torta na cadeira. Acho que ela ia colocar os pés sobre a mesa, mas pensou bem e desistiu.

Quando Prim, Hazelle e os irmãos mais novos de Gale foram para seus quartos, a rainha nos pediu para ficar. Respirei fundo e permaneci sentada, observando-a.

Mas quem falou foi Narrow. Ela se endireitou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito. Ela não falava muito alto, mas o som parecia ecoar pelo salão.

– Snow tem uma grande vantagem sobre nós em número. Também temos nossos aliados, mas nem de perto superaremos o número do exército dele.

Ela avaliou cada um de nós por um instante, antes de se levantar e continuar.

– Ele já está em marcha, trazendo seu exército até o castelo e as redondezas do distrito carvoeiro, onde estamos. – Ela tamborilava os dedos no botão da espada. – Mas sei que eles não têm planos. Ao menos, não ainda.

– Como pode saber disso? – Gale estava tenso.

– Amigos, companheiros, irmãos...Sempre mantendo um olho nas coisas. – Ela sorriu, calma, e continuou. – Eles vão acampar próximos às muralhas e, como em toda guerra...

– Tentarão um acordo. – Minha mãe completou, se recostando na cadeira de espaldar alto.

– O que faremos, então? – Finnick estava calmo, tranquilo.

– Atacaremos antes deles. Destruiremos a vantagem deles antes que eles possam nos atacar. E então, a rainha terá todo direito sobre Snow e minha Irmandade será esquecida, por um tempo.

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– Você está louca? – Perguntei do nada, quase num berro. – Nunca conseguiremos derrotar o exército dele em uma briga, seremos massacrados por todos eles antes de pedirmos misericórdia.

– Alteza, me perdoe a indelicadeza, mas realmente acha que entende mais que eu sobre estratégias? – Não respondi, apenas a encarei. – Eu tenho plena consciência de que um ataque aberto seria um suicídio. Mas não se preocupe, eu e os meus iguais cuidaremos disso.

– E qual é seu plano?

– Finnick e Gale me acompanharão. Do restante, não preciso informar agora. – Cerrei meus punhos sob a mesa, quase tremendo. Os nós entre meus dedos estavam brancos.

– Muito bem, apesar não entender o intuito disso. – Gale concordou, um pouco mais relaxado.

– Katniss, confie em mim. Sei quão horrível é ser mantido no silêncio, mas se assim é melhor, deve se contentar. – Ela falava como Annie teria dito. Talvez Peeta.

– Por enquanto, é isso. – Minha mãe se levantou devagar. – Mantenham suas lâminas afiadas e a pontaria certeira. – Uma antiga despedida de soldados em campo de batalha. – Estão dispensados.

– Que as estrelas os guiem. – Narrow respondeu, saindo do salão acompanhada do guarda. Só quando todos saíram e Annie veio me encontrar é que parei de cerrar os punhos.

– Katniss, está tudo bem? – Ela perguntou, preocupada.

– Sim, sim. Annie, pode ir. Eu preciso de um tempo sozinha. – Ela concordou e saiu, me deixando ali, encarando a mesa.

Por mais que eu detestasse a ideia, eu não conseguia desconfiar de Narrow. Eu sabia que ela tinha um plano, e que se esse falhasse, ela já teria outro.

Mas o jeito dela me incomodava. A frieza e o sarcasmo evidente me irritavam, e de certa forma me enchiam de raiva. Me levantei e sai do salão, colocando uma mão na nuca.

– Alteza, está tudo bem? – Olhei pelo salão e encontrei Peeta, me encarando com uma expressão preocupada.

– Sim, Peeta. Só um pouco confusa, afinal, nunca estive no meio de uma guerra.

– As coisas vão se acertar, logo. NightHunter vai conseguir executar seus planos e consertar as coisas. E vamos ajuda-la.

– Eu sei, mas não facilita muito. – Respirei fundo, enquanto ele se aproximava.

– Então, talvez, se expressar de alguma forma, ajude. – Ele me encarou por um instante.

– Talvez. Obrigada, Peeta. Boa noite. – Sai do salão, pensando no que ele tinha dito. Fui direto para meu quarto e para a escrivaninha. Peguei um pergaminho e uma pena, e sem pensar, comecei a escrever.

Não li quando terminei. Apenas guardei o pergaminho, troquei de roupa e fui para a cama. Dormi, pensando nas palavras de Narrow.