Hesthia, Ainda Há Esperança

Estas feridas jamais serão esquecidas


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Wrath se levantou da pedra e começou a andar em direção à lagoa, eu andava a seu lado. Já estávamos no início da floresta fechada e eu disse.

-Você não acha que vai demorar demais para chegar lá?

-Sim, e vai. Mas podemos conversar, certo? –Ele me respondeu com outra pergunta.

-Claro. Então, você quer contar sua história enquanto andamos? –Sugeri.

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-Tudo bem. –Ele disse. –Bom, eu fui deixado pelos meus pais em uma tribo de índios, estava acontecendo uma briga entre minha família, e aquilo não acabaria bem, foi o que meu “pai” da tribo me contava, então o chefe da tribo prometeu cuidar de mim e me fazer um homem forte, assim feito, fui dominando minha capacidade com armas indígenas, como o arco e flecha, e outras armas, mas o que era de meu melhor domínio era, realmente, o arco e flecha. Ao longo dos dias, eu treinava com os meus amigos a pontaria, e fui adquirindo experiência, e comecei a perceber que minhas flechas estavam criando poderes sozinhas. Até que com muito treino, consegui dominar a habilidade. Assim, o chefe da tribo me convocou para caçar comida para a tribo, e para protegê-la, no fundo eu não queria estabelecer a tal proposta, mas eu queria impressionar uma índia, Anne Spowa, ela era magnífica, uma mística, a única de nossa tribo, e então resolvi aceitar, ela começou a gostar de mim, depois de um tempo, já estávamos noivos. Mas havia um problema, um homem chamado Sorak West era cego de paixão por Anne, ele fazia tudo por ela, a razão da vida dele, era ela, até ele saber que nós havíamos ficados noivos. Sorak, ficou com tanta raiva, que se deixou levar pela fúria, e sem pensar, colocou fogo em nossa aldeia; nesta hora, eu estava caçando a comida de nossa tribo, e não teve como salvar ninguém, vagando pela floresta, chorando, sem rumo, jurando que não iria amar mais ninguém a partir daquele dia, Adella me encontrou, e me propôs entrar para Hesthia, e eu achei que não havia nada mais a perder, e aceitei. Mas agora eu estou confuso sobre meu juramento... –Ele terminou.

-Eu sinto muito pela Anne... –Disse ainda caminhando, e lamentando.

-Eu já estou deixando o passado de lado, porque se eu ficar remoendo isso para a vida toda, eu não terei aproveitado nada. –Wrath respondeu.

-Está certo. –Eu disse.

-Já estamos chegando. Enquanto isso, conte-me a sua história. –Ele disse caminhando e olhando para mim.

-Olha, minha história não é cheia de dramas familiares, o perdas. Perto de sua, de Sebastian, e de Antonella, a minha não é nada. –Avisei.

-Mas todas as histórias, e fatos que já vivemos nos fazem únicos, e pelo o que eu sei de você até agora, é que você é corajosa. Não se acha uma sereia que pediu pernas para sempre em qualquer lugar. –Ele disse.

-Para falar a verdade, nunca ouvi falar de uma sereia que pediu pernas para sempre. –Eu disse o olhando e sorrindo. –Então, vou lhe contar minha pequena história.

E contei tudo, desde quando eu era pequena até quando Adella me achou.

-Fascinante. –Ele comentou após a história. –Já estamos chegando, falta só um pouco. –Avisou.

-Que bom, quero entrar na água agora! Estou morta de cansada de tanto andar. –Eu disse.

-Quero ver seus poderes. Parecem ser interessantes.

-Quando chegarmos lá eu te mostro.

Caminhando mais um pouco, chegamos ao lago. Estava lindo como de manhã. Fui correndo e mergulhei naquela água azul, era tão bom. Retornei com minha cabeça para fora da água, e eu disse.

-Wrath, olhe.

Ele olhou e eu nadei até o fundo no lago, e dei um impulso, com os pés e com as mãos, neste momento, fiz um gesto com as mãos, e quando sai da água, flutuei no ar, pois a água estava me sustentando. Os olhos de Wrath ficaram deslumbrados, e ele disse.

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-Nossa! Você controla a água muito bem Selene! –Disse sorrindo.

Eu apenas sorri, e mergulhei de volta na água. Nadei até a parte mais rasa, e comecei a brincar com a água, fazendo acrobacias. Nós trocávamos olhares e sorrisos enquanto eu brincava com a mesma. Wrath estava me conquistando com cada olhar dele, seu sorriso era algo que me deixava feliz.

Terminando o “show” com a água que eu estava fazendo, ele me chamou, e eu fui até Wrath.

-Quero lhe ensinar como se usa um arco e flecha. –Disse sorrindo.

-Tudo bem, mas qual será o alvo? –Perguntei.

-Estas árvores.

-Ok então. –Eu disse sorrindo.

Nós caminhamos até o lago, e ficamos de costas para ele, e de frente para as árvores. Wrath me entregou o arco, e pegou uma flecha aleatória em sua mochila. Me entregou a flecha, e se posicionou atrás de mim, mas não atrás com distância, Wrath estava meio que me abraçando, um de seus braços seguravam os meus, que estavam segurando o arco, e o seu outro braço estava em minha mão, que segurava a flecha. Em movimentos lentos, ele posicionou a flecha no arco, e disse em meu ouvido.

-Segure firme o arco, respire fundo, puxe a flecha, mire, e solte. –O que me deu um leve arrepio. Fiz o que ele mandou, e ele se afastou um pouco. Segurei o arco firme, respirei fundo, puxei a flecha, mirei na árvore, e soltei. Sucesso. A flecha atingiu a árvore em cheio. Ele começou a me aplaudir e a sorrir, e disse.

-A Princesa dos Mares também sabe atirar com o arco e flecha.

-Sorte de principiante. –Eu disse rindo.

-Não existe isso de sorte de principiante. –Wrath disse me olhando fixamente.

Meu coração disparou, por algum motivo, quando eu ficava perto dele, ele disparava, respirei fundo, sorri, ainda o olhando, nós fomos chegando perto um do outro, ele colocou suas mãos em minha cintura, eu fechei meus olhos lentamente, e quando íamos nos beijar, ele me jogou no chão, e disse.

-O que você pensa que está fazendo? –Wrath disse com raiva.

-Não toca nela! –Sebastian apareceu da floresta e se transformou em lobo.

-Ela tentou me beijar! –Wrath gritou.

-Mas você estava com suas mãos em minha cintura. –Eu disse gritando.

Nesta hora, Sebastian rosnou, e deu uma patada na cara de Wrath, ficou uma marca de garra em sua cara, então, o arqueiro subiu correndo em um lugar que Sebastian não teria como alcança-lo, pegou uma de suas flechas e atirou na pata do lobo.

-Some daqui! Idiota! –Eu disse gritando com Wrath.

Wrath sumiu na escuridão da floresta, me levantei e fui correndo ajudar Sebastian, ele estava deitado no chão, com a flecha agarrada em sua pata, se debatia de dor. Até que eu falei.

-Sebastian, fica tenta ficar calmo, eu sei que isso é inútil, mas preciso que se esforce para chegar até a água.

Sebastian fazia força para se levantar, sua pata sangrava muito, seus olhos não brilhavam, e minha agonia aumentava cada vez mais. Tentei empurrá-lo para ficar de pé, e com muito custo, consegui, ele foi caminhando mancando, evitava encostar sua pata ferida na areia, mas havia momentos que ele desequilibrava e colocava-a, o que me fazia sentir dor por ele. Chegando à beira do lago, ele deitou na água mesmo, e eu cheguei a sua frente e disse.

-Vai doer, mas é para seu próprio bem. –Eu disse enxugando uma lágrima que escorreu pelo seu olho e foi para seu focinho.

Sentei na água, perto de sua pata ferida, e avisei.

-Será bem rápido.

Coloquei a mão na flecha, e Sebastian já grunhiu, respirei fundo, e disse.

-Desculpa Sebastian.

E coloquei toda a minha força para retirar a flecha, funcionou, mas Sebastian fez um som no qual dava a entender que estava tentando suportar algo impossível. Quando a flecha saiu de sua pata, a água, naquela região que se encontrava deitado, mudou de azul para vermelho sangue, a cor vermelha se espalhava mais rápido, e quanto mais rápido se espalhava, mas sangue Sebastian perdia. A flecha que ainda estava com sangue em sua ponta, foi jogada para longe na areia por mim. Então, sem pensar duas vezes, lancei o meu poder, Zona de Cura, no qual Sebastian se encontrava nos limites dela, ele foi curado imediatamente. E como mágica Sebastian se transformou novamente em humano. Em suas pernas dava para perceber que a flecha deixou marcas, sua respiração estava acelerada.

-Sebastian, está melhor? –Perguntei.

-Ainda dói um pouco. Como você fez isso? –Perguntou ainda deitado na água.

-Se esqueceu que eu tenho poderes?

-Não, mas, eu não sabia que tinha um de cura. –Ele disse se sentando.

-Mas agora sabe. –Eu disse tentando sorrir para acabar como clima de tensão.

-Ele ainda está aqui?

-Não, ele já foi.

-Ele é um idiota. E eu quero saber o que aconteceu para você preferir sair com ele, do que comigo... Nos já havíamos combinado.

-Mas não combinamos... –Eu disse.

-Combinamos s... Espere, você esteve com Antonella, antes de sair com Wrath? –Sebastian o interrompeu e perguntou.

-Sim, mas ela só estava me ajudando.

-Ela olhou fixamente em seus olhos, ou algo do tipo?

-Sim...

-Foi isso então... Antonella não queria que você saísse comigo por algum motivo, então controlou sua mente, e logo depois controlou a mente de Wrath para querer sair com você. Você teve sorte de eu ter seguido vocês...

-Então estava me vigiando... –Eu disse sorrindo e desconfiada.

-Sim, você não quis que eu te vigiasse até conseguir controlar seus poderes? Foi o que eu fiz. –Sebastian respondeu sorrindo.

-É, você está certo... Mas não acredito que Antonella fez isso comigo e com Wrath...

-Antonella é perigosa, precisa tomar cautela com ela... -Sebastian avisou.

-Ela parecia tão legal...

-Às vezes as pessoas não parecem nada com o que você imagina... –Sebastian disse.

Quando Sebastian disse a última frase, lembrei-me de Wrath, aquilo que ele havia feito, nunca iria sair da minha cabeça, me senti mal, e sentei mais ao fundo da lagoa, fiquei observando a água cair da cachoeira, eu queria chorar mas me segurei. Wrath conseguiu acabar comigo, era como se ele espremesse meu coração, apenas para eu sentir dor, parecia ele brincava com o mesmo quando foi me beijar... Sebastian sentou ao meu lado, e ficamos apenas com a perna dentro d’água.

-Você gosta mesmo dele? –Perguntou.

-De Wrath?

-Sim...

-Pensei que gostava até ele me jogar no chão e te dar uma flechada. –Eu disse olhando para o céu azul que nos rodeava, fechando meus olhos.

-Quer um abraço? –Sebastian disse.

-Quero. –Eu disse me aproximando dele. Sebastian me envolveu com seus braços em meus ombros, e eu envolvi meus braços em sua cintura. Minha cabeça estava apoiada em seu peitoral. Seu abraço era quente e confortável, aconchegante seria a palavra certa. Chegou certa hora do abraço que eu estava com um nó na garganta, eu queria chorar, mas também queria mostrar que não me importava com Wrath. O choro venceu, não consegui me conter. Escorreram de meus olhos duas lágrimas. Tentei segurá-las, mas era mais forte que eu. Escorreram mais algumas e Sebastian disse ainda abraçado a mim.

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-Hey, pare de chorar, não vou deixar ninguém mais te machucar.

-Eu fui uma idiota de ter aceitado o convite de Wrath... –Disse ainda chorando.

-Não é sua culpa, e sim de Antonella. Agora olhe para mim. –Ele pediu, e eu levantei e o olhei, ainda abraçando-o.

-Agora você está comigo. –Sebastian disse me olhando.

Seus olhos castanhos escuros brilhavam agora, e creio que os meus também, ele sorriu e eu o retribui com outro, ainda havia uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, Sebastian, com uma de suas mãos, a enxugou, e com a mesma colocou em meu rosto, ele estava me guiando mais perto de seus lábios, seus olhos se fecharam, igualmente aos meus, nossos corpos já estavam juntos, e nossos lábios, quase. Tomando a iniciativa de me aproximar, meus lábios, se tocaram nos lábios de Sebastian.