— Danyel? Meu filho?

Berenice olhava para o rapaz parado à sua porta. Um rapaz com dezessete anos, cabelos azulados de tamanho médio, pele bronzeada devido ao sol, olhos azuis, vestia ainda uma roupa de treinamento e levava uma mala com rodinhas. Sua aparência era mais séria e madura. O treinamento na ilha de Milos talvez lhe serviu de alguma ajuda. Dan deixou de lado o jeito inseguro de ser para se tornar um verdadeiro cavaleiro de Atena. Agora o desafio era ver se mereceria vestir a armadura de ouro pela qual ele lutou muito.

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— Mãe — ele abraçou a mulher — senti saudades da senhora e de todos que são os meus amigos. Agora eu estou de volta para ficar de vez.

O rapaz entrou na casa e ela pegou sua mala. Ele se sentou no sofá da casa e olhou a decoração do ambiente. Estranhou um pouco o lugar, ficou diferente da última vez. E olha que Nice não era de ficar trocando de móveis e mandando pintar paredes, porém desta vez ela se superou.

— Mãe, agora que estou aqui de volta. Deve ter acontecido muitas mudanças na minha ausência de um ano. A decoração mudou radicalmente e olha a senhora com cabelos grandes bem mais bonita. O que houve?

Ela estremeceu um pouco, pois ainda não havia contado para Dan que estava casada com Mikenos.

— Mudou muita coisa sim. Será que eu preciso listar tudo? Não — ela sentou ao lado dele e lhe deu um copo com suco — Antes de falar de mim e daqui eu sou sua mãe e tenho o direito de saber primeiro o que aconteceu contigo nessa ausência.

— Senta que lá vem história — ele colocou o copo na mesa de centro e se virou pra ela — Eu sempre quis treinar onde o meu tio treinou. Quando cheguei à ilha fiquei apavorado. Queria voltar a qualquer custo. Lá em Milos moram aldeões que me deram abrigo enquanto o meu instrutor não chegava. Aprendi a viver na mais simplicidade. Ajudei por duas semanas os moradores a pescar, a trabalhar na lavoura. Enfim após essas semanas comecei a treinar com meu mestre nas montanhas da ilha. Ele é incrível. Muito forte por sinal e tinha um cosmo tão poderoso...

— Ai, eu não entendo nada de cosmo, mas tudo bem continua.

— Ele me ensinou muitas coisas, mas o mais importante de tudo é que ele me ensinou a duelar com cautela e ser justo com o inimigo. Por isso que eu tenho o direito de julgar as pessoas por seus atos. O resto eu não digo, pois a senhora não entenderia. E então o que vai falar pra mim?

— Sim filho. Eu... nessa sua ausência... mudei muito. E posso te dizer que estou bem melhor agora. Agora acho que nem todo mundo vai gostar de um dos aspectos dessa minha mudança — Danyel olhou pra ela e ficou com o semblante de curiosidade — Eu me casei.

— Caramba mãe. Nunca me contou quem era o pretendente? Chutou o Mikenos pra escanteio e ficou com alguém melhor!

— A verdade é que foi com ele que eu me casei — o rapaz se levantou e mudou a expressão — Okay eu sei que o odeia que tem ciúmes dele, que acha que ele seja canalha etc., contudo isso não lhe dá direito de decidir o que é o melhor pra mim.

— Eu só não vejo algo bom naquele cara. Olha que se fosse apenas ciúmes seria bom. Tem algo que vai além de um ciúme. — ele parou e virou o rosto.

— Meu filho. Disse que julga as pessoas. Não vejo que está sendo justo agora. Mikenos é um ótimo marido e uma ótima pessoa. Se pelo menos nesse exato momento colocasse em prática o que aprendeu no seu treino acho que o avaliaria melhor — ela saiu triste até a cozinha.

— Desculpa mãe. Estou tentando protegê-la. Não quero que esse dia seja estragado por causa disso. Eu confio na senhora.

— Obrigada filho. Isso significa muito pra mim. Bom, olha só o que eu preparei para o nosso almoço. Antes de ir ao santuário teremos um almoço especial de mãe e filho. O cozido de frutos do mar Mediterrâneo que tanto adora. Vai querer ou vai direto ao seu trabalho jovem cavaleiro de Atena?

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— Fiquei tentado. Ficarei sim. Não perderei a oportunidade de comer o melhor cardápio do mundo. Depois de todos esses meses comendo comidas simples e frutas eu tenho esse direito de me deleitar na sua comida — sentou-se a mesa e pegou os talheres.

— Mas depois desses meses — ela retira os talheres da mão dele — ainda não perdeu a mania feia de não lavar as mãos antes das refeições.

Danyel começou a rir e foi lavar as mãos. Mostrou-se ansioso para rever os cavaleiros, Atena e seu mestre Seiya. Agora, no momento, é hora de passar a tarde com a mãe e matar a saudade de um ano fora.

Enquanto isso Seiya e os outros encontraram o jovem Hathor. O menino os seguia, pois queria a ajuda da deusa para salvar a sua irmã e para revelar algumas coisas mais importantes. É claro que ele sabia de informações essenciais a respeito do deus Anúbis.

— Ajuda da Saori? Como um garotinho conseguiu chegar até aqui? Pelas suas roupas deve ter vindo do Egito — falou Seiya olhando para a criança a sua frente.

— Contarei tudo para vocês e peço que me ajudem, por favor...

Eles ficaram numa lanchonete, numa mesa os três. O estabelecimento era bem discreto no centro da capital grega. Local ideal para ter uma boa conversa com alguém que dizia conhecer Nefertiti.

— Primeiramente eu peço desculpas pela confusão que a minha irmã causou a todos. Eu não queria que isso tivesse acontecido nem que incomodasse a sua deusa. Minha irmã nunca foi assim, ela era gentil e uma pessoa carismática. Porém depois que usou aquele colar ela ficou diferente. Nunca mais a reconheci. Foi para as ruínas de Hamul e batizou aquilo de Hamunaptra. Depois recrutou pessoas de várias nacionalidades para fazer parte do exército do deus da morte egípcia. A cada dia que se passava ficavam mais e mais fortes até controlarem completamente seus poderes.

— Como saberemos que está falando a verdade? Como podemos confiar em ti? — perguntou Filipe.

— Por favor, têm que acreditar. Outra coisa importante é que hoje é o último dia em que o deus da morte dorme. Segundo a lenda a cada ciclo de dois mil anos ele acorda e amanhã completa dois milênios exatos. Todo, eu digo todo o exército dele virá atacar Atena. Por isso e por salvar a minha irmã que resolvi vir pra tentar alertá-los e pedir ajuda a sua deusa. Precisam acreditar em mim.

Seiya se levantou, pegou um celular e ligou.

— Alô poderia nos buscar numa lanchonete aqui de Atenas? É só ver um grande hambúrguer no letreiro da fachada. Nós chegamos hoje pela manhã — ele desligou. Ficou disposto a ajudar o garoto.

Numa vila Darkyan passava em frente a um barbeiro. Olhou o lugar. Uma casa simples com paredes de cimento batido. Dentro havia um senhor com bigode imenso e barrigudo. Ele entrou.

— Bom dia senhor — falou ele batendo na porta já aberta.

— Olá meu rapaz como vai? Então vai querer um corte?

— Meus cabelos estão muito grandes. Quero mudar o meu visual radicalmente. Eu quero que o senhor corte e o deixe curto, não tanto.

— Entendi. Cabelo de médio para pequeno. Olha o seu tipo de visual é meio anos oitenta. Garoto eu vou te deixar com uma cara ótima quando cortar o seu cabelo — o homem já preparava a cadeira.

Darkyan sentou e se viu num espelho quadrado na parede. O barbeiro começou a cantarolar e pegar a tesoura. Cortou mecha por mecha das madeixas do moreno.

Ao final do corte o garoto se olhou. Gostou do que viu. Um corte bastante moderno, não tanto curto, porém não muito grande. Ele se levantou e retirou o resto de cabelo que insistia em ficar ao seu corpo. Pegou o dinheiro do bolso e deu ao cabeleireiro. Saiu com a mão no bolso. Sentiu o corpo mais leve com a falta da cabeleira.

— Eu só quero viver uma vida nova. Amigo Danyel quando vai chegar? — ele olhou para o céu azul com algumas nuvens passando. Em seguida continuou andando.

Seiya, Sereia, Filipe e Hathor chegaram ao santuário por volta das 13 horas. Alguns cavaleiros esperavam a chegada deles em frente as escadarias. Kiki era o único dourado que recepcionou os outros. Alguns discípulos corriam atrás do carro que continuava andando até chegar ao coliseu. Dali saiu os quatro e foram recepcionados tanto pelos cavaleiros de bronze como pelos discípulos. Hathor ficou praticamente escondido atrás do Sagitário.

— Seiya que bom tê-lo de volta mesmo que tenha sido apenas por um dia — Kiki olhou para o jovem que se escondia — Quem é o garoto?

— Esse aqui se chama Hathor. Nós o conhecemos e está decidido a nos ajudar — falou o cavaleiro. O jovem ficou vermelho de tamanha vergonha.

— Legal garoto. Quem sabe fica por aqui e se torna um dos discípulos — o ariano se aproximou do menino. Este não falava nada com medo.

— Depois dessa eu mereço um belo banho na banheira com espuma e pétalas de rosas vermelhas — falou Sereia saindo na direção do santuário.

Todos foram subir a escadaria para chegar ao santuário de Atena. Era necessário que o garoto conte tudo o que sabe para ela.

Helena vestiu a sua armadura depois de anos sem fazer isso. A armadura de Gêmeos foi adaptada depois que ela reconheceu o cosmo de sua dona. A armadura continua com ombreiras, no busto formato de seios femininos, uma longa capa branca e um elmo com duas faces. Ela não gostava de usar o elmo. Soltou os longos cabelos brancos da sua velhice. Cruzou os braços e ficou esperando alguém na frente da sua casa.

— Parece durona nessa armadura — falou sua filha.

— Preciso parecer durona. Eu não gosto de injustiças, de violência nem de maldades. Entretanto isso não é empecilho para se vestir uma armadura de ouro. A verdade é que fiz isso pelo meu querido Dan que chegará hoje. Da última vez que ele me viu acho que estava vestindo um dos meus vestidos.

— Mamãe não sei como consegue aguentar essa armadura. Deve ser muito pesada por sinal — ela tocou na ombreira — é feita de ouro mesmo?

— Uma liga maleável de ouro. Olha só eu fiquei anos sem vesti-la, contudo apesar de incomodar um pouco não é tão pesada. Numa luta até que fica confortável — Helena olhou para um papel na mão da outra — Já percebi que a notícia que tem não me agradará muito.

— Marquei uma consulta para a senhora. Não ficarei de baços cruzados enquanto vejo a minha mãe desmaiar por aí sem nenhuma explicação.

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Helena suspirou e pegou o papel. Havia um número com o endereço. Olhou para a filha que logo deu as costas e saiu pra dentro da casa. Bufou. Ela não queria se tornar um estorvo para ninguém. A amazona de ouro era o que era, porém uma doença não fazia jus ao nome.

Myhara soube da fuga do jovem Hathor. O líder dos cavaleiros de Anúbis juntou alguns soldados menores e alguns de categoria um pouco superior. O cavaleiro queria o irmão de Nefertiti de volta a pedido dela própria. O garoto deixaria escapar muitas informações essenciais e precisava ser capturado.

A realidade é que o próprio Myhara tinha uma raiva do menino. Sempre que ele chegava ao palácio da mulher o garoto o olhava com reprovação. Toda a vez era assim.

Flash Back

— Olá garoto. Ei eu sou o novo empregado da senhora Nefertiti e...

— Ah a minha irmã. Sim ela está juntando indigentes pra fazer o trabalho sujo dela — falou o menino brincando no de bola no chão do pátio do palácio.

— Vai com calma. Não sou indigente. Que é isso? Eu só vim aqui porque ela me deu uma nova chance. Eu era um mendigo e graças a ela me concedeu poderes tremendos...

— Escuta aqui a minha irmã deu esmola pra mendigo. Quer saber de uma coisa: você é uma peça dela. Quando não for útil então será esquecido como uma pessoa leprosa. Às vezes eu me pergunto até que nível o ser humano se rebaixa para conseguir o que quer — ele sai e deixa o homem para trás.

Flashback off

— Chegou o momento de eu dar uma lição naquele pirralho imbecil.

♥ ♦ ♣ ♠

A limusine parou na porta da escola. O motorista abriu a porta e Dan saiu. Ele respirou o ar da sua terra. Estava no seu território. Ficou admirado com a escola nova fundada por Saori Kido. Quis conhecê-la, entretanto o momento não era ideal. Helena aproximou-se dele. O jovem não a reconheceu de longe até achou que seria outra amazona. Sua ficha caiu quando ela ficou mais perto.

— E então. Não vai dar um abraço em mim garoto? — ela usava a armadura e com os cabelos soltos pra ele no mínimo irreconhecível.

— Dona Helena... Caraca! Como a senhora mudou. Será que todos mudaram nesse ano que fiquei fora? — ele larga a bagagem e dá um abraço nela — está usando a sua armadura. Linda.

— A sua também é linda. Tenho certeza de que ficou qualificado para vesti-la. Passou um ano treinando pela sua cara atrevo-me dizer que sétimo sentido não será problema.

— Valeu pela confiança dona Helena. Agora vamos?

— Uma aquariana te espera e uma deusa também. Sem contar num sagitariano linha dura — os dois saíram para o carro a caminho do santuário de Atena.