Invisível

Lágrimas e Sorrisos


A viagem havia sido longa e cansativa. Os três haviam dormido, conversado, assistido filme e mesmo assim os minutos não passaram mais rápido, porém, finalmente, estavam passando pela porta da nada humilde residência de Yamato. Dois criados se encarregaram de tirar as bagagens do táxi e, enquanto Ayame estava absolutamente à vontade no lugar, Itachi se sentia um peixe fora d’água. Uma mulher surgiu de alguma porta repentinamente. Ela tinha cabelos castanhos na altura dos ombros e um grande sorriso.

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-Ursinho! – gritou se atirando nos braços do empresário, quem a envolveu na mesma euforia. As sobrancelhas dos visitantes se arquearam.

-Vai com calma, Zoe! Não queremos perturbar o garoto! – o homem passou a mão na pequena barriga da esposa, sorrindo.

-Garota! – ela arrumou o óculo pequeno e delicado que havia ficado torto devido ao abraço caloroso. Então a mulher notou os dois jovens parados um pouco atrás, não querendo interromper o reencontro do casal. – E você deve ser a Ay-chan! – correu para cima de Ayame, apertando suas bochechas e quase a estrangulando com os braços. – Você é tão linda! Ursinho, porque não falou que ela é tão linda assim? – voltou-se ao marido, já a seu lado.

-Mas eu falei! – ele se defendeu.

-Estou tão feliz por te conhecer, querida! Vamos ser muito amigas, afinal eu ainda não estou assim tão velha! – Zoe riu sonoramente e abraçou mais uma vez Kurumizawa, quem estava um pouco abalada com a recepção fervorosa. A mais velha voltou os olhos para o alto moreno encabulado ao lado da jovem. – E este pedaço do pior dos caminhos é seu namorado? – indagou, sorrindo maliciosamente para a pequena. – Prazer, querido! Pode se sentir da família! – a mulher sorriu para Itachi, quem corou um pouco. Estava realmente perdido no que acontecia, isso sem contar o Jet Lag.

-Ei, Zoe, seu marido está presente, sabia? – Yamato cruzou os braços e lançou um olhar reprovador para cima da companheira. Eles não deixavam os visitantes se pronunciarem, pois não paravam de falar.

-O quê? Posso estar casada mais nem de longe estou morta! Quando você voltar a ter esse físico – gesticulou exageradamente para o corpo do Uchiha – nós discutimos. – o marido bateu a mão no rosto, revirando os olhos.

-Eu ainda dou extremamente bem para gasto! – rebateu, mas a mulher nem lhe deu ouvidos.

-Ver casais tão jovens e bonitos assim me faz lembrar os tempos de faculdade... Meu corpo conseguia fazer cada loucura... – o devaneio da morena fez os mais novos corarem dos pés a cabeça.

-Eu acho que você já os constrangeu de mais para os primeiros minutos, não acha, meu amor? – a grávida apenas deu de ombros e piscou para Ayame, caminhando em direção à cozinha enquanto ordenava que todos fossem comer alguma coisa. O empresário sorriu amarelo para os dois jovens envergonhados e perdidos a sua frente. – Desculpe-me por ela, mas a doença de falar a primeira coisa que surge na cabeça é mais intensa nela do que em mim. – gargalhou – Apenas relevem, depois de um tempo ela cresce em você...

-Eu a achei bem calorosa... – comentou a afilhada. – Definitivamente seu par perfeito. Não quero nem imaginar a personalidade do filho de vocês... – Yamato riu e bagunçou os cabelos da pequena.

-Boa, Ay-chan... – ele então olhou para o semblante de Itachi. – Aposto que o Itachi-san já está começando a se perguntar onde foi se meter! – o comentário despertou o Uchiha do choque inicial, fazendo-o chacoalhar a cabeça e voltar ao planeta Terra.

-Não! De jeito maneira... Sua esposa apenas sabe causar uma primeira impressão.

-Espera até ver as segundas, terceiras e quartas! – mais gargalhadas. Os mais jovens engoliram em seco. - Vamos logo comer, antes que ela volte aqui para nos arrastar.

O casal seguiu o dono da residência até a gigantesca cozinha. Zoe enlaçou o braço de Ayame e a arrastou para seu lado, começando a fazer uma série de perguntas constrangedoras, que fizeram a jovem corar e rir nervosamente, contudo a mesma soube lidar bem com a situação e sair ilesa do interrogatório. O namorado ficou deslocado nos primeiros minutos, mas com a facilidade para conversar dos outros não demorou muito para ele se soltar e acompanhar todos nas risadas e brincadeiras durante a refeição. Os mais velhos eram verdadeiramente barulhentos. Importunavam até mesmo as empregadas com piadas. Kurumizawa já estava tão à vontade que aquela parecia ser mesmo sua família.

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Itachi e a amada estavam cansados, mas acabaram se esquecendo disso quando sentaram na cadeira. O primeiro ainda estava um pouco baqueado de tantas despedidas diferentes. Mikoto havia se debulhado em lágrimas e por pouco não o deixara sair de casa, pendurando-se em seu pescoço. Fugaku apenas desejou “boa sorte” todo seco e grosso e sumiu das vistas. Minato o deu um abraço caloroso e disse “até mais”, como se os dois fossem se encontrar dentro de alguns dias. Por coincidência, encontrou o irmão no aeroporto, quem foi muito gentil com sua namorada, assim como Sakura. As mulheres pareceram se entender e nenhum clima tenso foi formado. Os dois jovens deram um abraço rápido, o mais velho se despediu dizendo “fique rico” e o mais novo dizendo “aproveite a vida”, então eles seguiram para portões diferentes sem nenhum drama, afinal irmão será para sempre irmão.

O moreno estava tão longe de casa e, apesar do início de saudade, ele se sentia bem. Podia se acostumar facilmente com as duas agradáveis e divertidas pessoas tão importantes para Ayame. Sua perspectiva de futuro não estava mais tão ruim, na verdade, ele sorria para o que estava por vir. Era óbvio que sentiria uma falta absurda da tão querida mãe, quem havia o deixado ir com o coração apertado. Apenas se lembrar da senhora Uchiha desejando sinceramente para que ele fosse feliz fazia lágrimas começarem a se acumular nos olhos negros. Quem sabe um dia a raptasse do pai.

A conversa se estendeu por horas e Yamato quase teve que amordaçar a esposa para que ela deixasse os visitantes irem descansar. O casal subiu para um quarto nem de longe simples e desmaiaram na cama macia. Ambos dormiram com um sorriso em face, mas Itachi também tinha lágrimas de saudades nos orbes.

-------------***-----------

-Finalmente acabamos! – jogaram-se no novo sofá e respiraram cansados.

O novo apartamento era espaçoso. Tinha dois quartos, um escritório, cozinha, sala de jantar, sala de TV e dois banheiros. Sem contar a grande sacada com uma vista maravilhosa para a movimentada Tóquio. O casal havia chego pela manhã e deixado a arrumação esperando para conhecer todos os cantos possíveis da cidade. Tiveram dificuldade em decidir onde almoçar devido às inúmeras opções. Voltaram para casa no final de tarde e ficaram quase duas horas arrumando caixas e mais caixas.

-Isso porque eram apenas os pertences pessoais, imagine se tivéssemos que arrumar os móveis também... – comentou Sasuke enquanto abria uma garrafa de cerveja.

-Nem fale isso! Mudar para lugares mobilhados é a glória! – Sakura riu, mas não foi acompanhada, pois o namorado tinha o olhar perdido na nova residência. Ela levou os dedos aos cabelos negros e fez uma carícia. – Você está preocupado com a Hinata-chan, não é?

O moreno se lembrou de ir se despedir de Hinata e ela nem olhá-lo direito. Um abraço e um desejo de boa viagem foram as únicas coisas que ela o oferecera. Havia ficado irritado com o drama exagerado da amiga. Ela estava aumentando exponencialmente a própria condição de vítima. Por que não podia se despedir e obrigá-lo a prometer ligar todos os dias? Por que ela tinha que culpá-lo com os olhos? Ele ainda se importava de forma estúpida com ela.

-É... – ele suspirou pesadamente e tomou um longo gole da bebida. Em uma hora daquelas estaria importunando a pequena à procura de algo para comer. Sentiria falta de todos os momentos descontraídos ao lado da jovem, todavia nunca foi de remoer um assunto por muito tempo. O que está feito está feito e cabe a ele se acostumar com as novas circunstâncias. – É estranho saber que não é ela morando no apartamento vizinho...

-Você disse para ela que eu não me importava se ela viesse junto?

-Nem ia adiantar, afinal ela está se sentindo abandonada e trocada. Provavelmente imaginou que seria um peso caso viesse conosco... – a rosada desviou o olhar e se encolheu um pouco. O Uchiha percebeu e a abraçou, roubando-lhe um selinho. – Ei, não é sua culpa. Eu ia mudar de qualquer jeito.

-Mas eu fiz você deixá-la mais rápido... Ela deve estar pensando que eu sou a pessoa mais egoísta do mundo. – apertou o abraço em volta da cintura do amado. Ela não era insensível, havia se preocupado com a azulada, por isso mandara o namorado avisar a amiga que ela poderia ir junto. Sabia que se estava sofrendo pela condição do melhor amigo, Hinata estaria sofrendo ainda mais, porém o que poderia fazer? Sasuke podia fazê-la se esquecer de tudo, mas ele não conseguiria o mesmo efeito na vizinha.

-Não se preocupe com isso. Eu ainda estou de olho nela, se notar alguma coisa errada eu pegarei um avião. Além disso, ela querer o consolo diário do melhor amigo também não é egoísmo? Tire isso da cabeça, Sakura. – Ele entendia o lado da melhor amiga e o da namorada, por isso se pudesse se dividiria em dois. Terminou a cerveja e apoiou os pés na mesa de centro. Viu dois olhos verdes fuzilarem o ato e esperou uma bronca que não veio. Arqueou uma sobrancelha e olhou-a com um sorriso de canto divertido. – O quê? Não vai brigar comigo por colocar os pés na mesa de centro?

-O apartamento é seu. – ela respondeu fazendo bico e se levantando do sofá para jogar a garrafa de cerveja no lixo. O Uchiha revirou os olhos em uma quase risada e correu atrás da Haruno, agarrando-a pela cintura.

-O apartamento é nosso, ser irritante. – começou a depositar beijos no pescoço exposto da jovem, fazendo-a se arrepiar e rir.

-Então posso brigar com você quando deixar a cerveja gelada no móvel, colocar os pés na mesa de centro, deixar a toalha molhada em cima da cama... – iniciou a enumerar uma série de coisas e o moreno parou as carícias para interrompê-la.

-Poder até pode, mas eu preferiria que você voltasse sua energia para outras coisas. – ela virou de frente para ele, enlaçando seu pescoço. Ele a olhou malicioso, fazendo-a morder o lábio inferior.

-Ah é? Tipo o quê?

-Bem... No momento existe uma cama que ainda não foi estreada ou amaciada... – sussurrou roucamente no ouvido de Sakura, provocando-a uma onda de arrepios.

-Vamos fazer nosso melhor então...

A rosada pulou e envolveu a cintura do namorado com as pernas, sendo guiada até a cama enquanto se preocupava apenas em beijá-lo. Ambos sentiriam saudades de certas coisas, mas não estavam dispostos a aumentar a gravidade da situação. Quando o sentimento fosse muito grande e avassalador, eles pegariam um trem, um carro, um ônibus ou um avião e extinguiriam a saudade. Não podiam se dar ao luxo de ficar acumulando tristezas se quisessem viver intensamente. Chorariam quando tivessem que chorar e sorririam quando tivessem que sorrir. Tudo é simples se a pessoa não complica.

-----------***----------

Passava pelas fotos que havia salvado no novo celular. Ela fazia careta e abraçava a irmã, que estava gargalhando em quase todas as imagens. Um sorriso se formou em seus lábios. Já estava com saudade de Hinata. Quando ligara durante a semana, a mais velha contara sobre o acidente de Naruto e Hanabi quase pediu dinheiro emprestado para voltar correndo para o Japão. Pôde ouvir o sofrimento sufocante da outra Hyuuga, o que a fez amaldiçoar os quatro ventos. Como iria adivinhar que tamanha tragédia ia acontecer justo no dia que resolveu desbravar o mundo? A morena ficou mal e somente conseguiu decidir fazer o possível para ajudar a azulada. Mas era sempre igual, toda vez que a irmã estava sofrendo as duas conversavam muito pouco. Isso porque a mais nova não levava o menor jeito com pessoas tristes e ficava sem saber o que fazer.

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Uma foto dela com Neji apareceu no visor do aparelho e mudou bruscamente a direção de seus pensamentos. Algo apertou em seu coração e uma lágrima indesejada rolou por sua bochecha, sendo imediatamente limpa pelo homem com ar misterioso que fazia sua maquiagem para um ensaio fotográfico teste.

-Sem chorar ou vai estragar meu trabalho árduo. – o maquiador disse com sua voz de toque um tanto cavernoso.

-Trabalho árduo teu ânus. Nem precisou fazer quase nada na minha pele perfeita! – a jovem apagou a tela do celular e o jogou sem cuidado na penteadeira a sua frente. – Cuidado com que fala, mistura de MIB com Matrix. – arqueou uma sobrancelha, encarando as vestimentas do rapaz. A gola da blusa sem mangas era tão alta que chegava a boca e os óculos escuros eram desnecessários no ambiente em que se encontravam, contudo os braços fortes e a altura dele fizeram Hanabi o achar até que atraente.

-Eu tenho um nome sabia. – passou o pincel para blush sem muita delicadeza no nariz da modelo.

-Foi mal... Não costumo lembrar o nome de homens com quem ainda não transei. – ela deu de ombros e cruzou as pernas só para provocar. O maquiador ajeitou o óculo e pareceu olhá-la com intensidade. Qual era a dele? Indagou-se.

-É Shino... Por acaso aquele da foto era seu namorado? – ela não conseguiu identificar o que o tom dele significava, porém definitivamente sentiu um clima pairar entre os dois.

-Ele é só um babaca. – resmungou, esfregando os lábios em seguida para fixar o batom laranja que acabara de ser aplicado em sua boca. – Por que se interessa? Sabia que você parece um stalker, Chico?

-Meu nome é Shino e eu não me interesso. Só não volte a olhar as fotos e arruíne a maquiagem. – ele arrumou o óculo mais uma vez e a Hyuuga imaginou se aquele movimento possuía mensagens subliminares ou segundas interpretações. – Seu ensaio começa em dez minutos.

-Ok, Chico. Obrigada. Alguma dica para eu arrasar ainda mais? – o rapaz pareceu revirar os olhos e ajeitou a faixa que impedia os volumosos cabelos castanhos de cair em seus olhos.

-Só mantenha essa atitude e vai se sair bem. Até mais.

Hanabi observou o maquiador deixar seu camarim, sorrindo de forma travessa. Havia o achado interessante e acabara de se dar conta que adorava um homem misterioso. Riu sozinha e se esparramou na cadeira. Pensou em ligar para Hinata e contar que estava prestes a ficar horas fazendo caras, bocas e poses, mas acabou desistindo. Por um segundo se perguntou o que o amado primo estaria fazendo naquele exato momento, contudo se recusou a continuar nessa linha de pensamento. Neji era passado e ela faria questão de provar isso a ele.

------------***----------

A mão fria de Naruto já havia se aquecido devido a seu toque constante nela durante várias horas. Estava visitando o namorado pela primeira vez desde o início da semana. Somente depois de Sasuke ir embora que alguma coragem se formara no corpo de Hinata. O vizinho havia feito de tudo para ajudá-la nos últimos dias, mas nenhum esforço dele fora suficiente para que ela deixasse de chorar e tivesse vontade de levantar da cama. A gripe não havia melhorado quase nada, porém estava controlada. Até seu sistema imunológico havia ficado abalado. Tinha certeza que nem mesmo teria comido se não fosse pelo amigo, que agora estava muito distante para cuidar desse tipo de coisa para ela.

-O Sasuke-kun se mudou hoje para Tóquio, Neko-chan... – disse, contendo o choro e fungando. – E minha irmã está na Europa...

Nenhuma resposta veio e o barulho dos aparelhos hospitalares voltou a tomar conta do ambiente. O loiro dormia com um semblante sereno. A namorada deitou a cabeça em seu peito e fechou os olhos com força, rogando a qualquer força maior para que, quando voltasse a levantar as pálpebras, o amado a recebesse com um sorriso gigantesco e a fizesse se perder mais uma vez na imensidão azuis de seus orbes. Contudo isso não aconteceu. Ela abriu os olhos e ele continuava imutável, dormindo tranquilamente, como se estivesse tendo o melhor dos sonhos.

-Você não acha que já descansou o suficiente, Neko-chan? Não acha que já está na hora de voltar para mim? Eu preciso de você... – a voz saía sofrida e a Hyuuga apertou ainda mais a mão sem movimentos do paciente. – Eu preciso de você...

E realmente precisava. Estava desempregada, pois faltar tantos dias no serviço, mesmo estando doente e passando por um momento difícil, havia sido motivo suficiente para Chiyo substituí-la no mesmo instante. Por causa disso tivera que pedir ajuda financeira ao pai, quem concordara em sustentá-la por alguns meses. Hinata sentiu a humilhação por ter recorrido a tal medida, todavia estava tão perdida que achou bem-vindo alguns meses de férias.

-Sabe, dizem que um paciente em coma tem mais chances de acordar se possuir alguém que venha sempre conversar com ele... – murmurou, enrolando os dedos nos fios loiros despenteados. – Se eu vir todo dia, você promete acordar rápido?

Mais lágrimas voltaram a cair, mas a pequena as limpou rapidamente. Então ela saiu de sua posição sentada e se aninhou no pequeno espaço vazio da cama onde o namorado descansava. O sol já estava se pondo e a temperatura começava a cair cada vez mais. Os meses mais gelados do ano já estavam começando. Imaginou se Sasuke estaria se divertindo na nova cidade e se sentiu um pouco mal por ter sido tão fria na hora de se despedir do amigo. Estava tudo tão bagunçado dentro de si.

-Eu pensei que você ia cumprir sua promessa de nunca me abandonar, Neko-chan...

A azulada ficou deitada ao lado do amado até o horário de visitas acabar. Antes de ir embora, beijou os lábios sem vida que costumavam serem extremamente quentes. Uma lágrima caiu de seus olhos na bochecha de Naruto e escorreu pela pele pálida.

-Até amanhã...

Deixando as mãos perdurarem no rosto do loiro, a pequena foi se afastando lentamente até que a separação fosse inevitável. Em passos lentos voltou para casa, onde comeu qualquer coisa e se afundou no vazio da cama. Quase ligou para o antigo vizinho, mas faltou força de vontade. Adormeceu no meio de uma prece silenciosa e agradeceu por não sonhar, sendo apenas envolvida pela escuridão silenciosa.

------------***-----------

-Kushina, vamos dar uma volta. Você precisa respirar ar puro. – Tsunade tentava pela enésima vez fazer a ruiva sair de baixo dos cobertores.

-Não quero. Não me sinto bem. – ela resmungou contra o travesseiro.

A loira revirou os olhos e respirou. Precisava ter paciência, algo que lhe faltava. Estava com vontade de pegar a mulher pelos cabelos e arrastar para fora, obrigando-a a andar e admirar um pouco a natureza. Se a Uzumaki continuasse no estado em que estava prejudicaria a própria saúde.

-É claro que não se sente bem. Está triste, abalada, mas isso não é motivo para até mesmo mandar seu marido dormir em outro quarto. Minato não tem culpa, Kushina! – elevou um pouco o tom de voz, sentando-se desanimadamente na cama de casal. Kushina estava lidando de forma péssima com a situação. O pobre loiro ficava sofrendo sozinho pelos cantos, sentindo-se culpado e preocupando-se com a esposa. No momento deveria estar no quarto do filho, chorando escondido.

-O cheiro dele me incomoda. – enterrou-se ainda mais no meio das cobertas, mas a médica as puxou bruscamente, fazendo a outra encará-la. – Estou com frio e devastada, Tsunade. Deixe-me sozinha.

-Não. Você já parou para pensar que talvez Minato esteja sofrendo tanto quanto você? Seja mulher e encare a situação. – o rosto da ruiva se contorceu e parecia que ela queria voltar a chorar incansavelmente.

A mais nova sabia que estava sendo injusta com o marido, porém falava a verdade quando dizia que o cheiro dele começara a incomodá-la de um jeito estranho. Quando dormiu com ele, seu estômago pareceu revirar a noite inteira. Sentia-se péssima. Os médicos não davam nenhuma notícia boa e a casa estava tão silenciosa que chegava a esmagá-la. Poderia estar transferindo todo seu sofrimento para Minato, usando-o como um espelho ou algo do tipo, contudo não sabia o que fazer a respeito. Olhar fotos do filho provocava nela uma explosão de lágrimas e o chefe de família era tão parecido com o herdeiro que seu efeito era bem parecido.

-Eu sei disso, Tsunade! Mas estou sendo sincera quando digo que não me sinto nada bem! Essa tragédia provavelmente aumentou meu estresse para um nível extremo.

Tsunade encarou a ruiva se cobrindo e algo começou a incomodá-la. Rogava para que Jiraya não demorasse a chegar, caso contrário o sobrinho poderia ir parar no hospital. Ela tinha que dedicar sua total atenção para Kushina.

-Kushina, nós precisamos ter uma conversa séria. – disse em tom firme com os olhos fixos no amontoado no meio da cama. Tiraria a história a limpo de uma vez por todas.

-Deixe-me sozinha... – resmungou a ruiva, lotada de mau humor.

-Quando foi sua última menstruação?