-Minato, podemos conversar? – a ruiva perguntou ao entrar no escritório do loiro, recebendo uma afirmação silenciosa em resposta.

Quase três meses já haviam se passado e Naruto ainda não havia acordado. O inverno já estava para acabar e todos esperavam ansiosos pela primavera. Kushina ia visitar o filho no hospital sempre que podia, mas seu coração se partia todas as vezes que via a cria ainda desacordada. Seu relacionamento com o marido havia esfriado e os dois quase não conversavam direito. Trocavam algumas palavras diárias, porém cada um ficava no seu canto, trabalhando ou se distraindo com outras coisas. Jiraya e Tsunade visitavam sempre, as visitas da última sendo muito mais frequentes.

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-Eu quero mudar para outra casa. – disse de uma vez para capturar a atenção de Minato, quem ainda estava muito concentrado com papeladas. O homem ergueu os olhos para a esposa e arqueou uma sobrancelha.

-Por que quer se mudar? – indagou.

-Não vou conseguir criar uma criança nesta casa enorme cujo silêncio me sufoca. – o chefe de família encarou-a confuso, sem entender as explicações. A Uzumaki puxou uma grande quantidade de ar aos pulmões e a exalou devagar. – Eu estou grávida. – soltou sem delongas.

-Perdão? – o marido mal conseguiu falar. Seu queixo caiu e seus orbes se perderam na feição exausta e confusa da mulher.

-Eu descobri alguns dias depois do Naruto entrar em coma. Tsunade percebeu que tinha alguma coisa errada comigo e me forçou a fazer um teste. Ela vem cuidando de mim desde então. – a ruiva desviou o olhar – Desculpe-me por demorar tanto para contar, mas eu estava confusa... Não sabia se conseguiria amar devidamente uma criança depois do que aconteceu...

Minato sentiu o mundo girar. Iria ser pai pela segunda vez? Não sabia se estava feliz ou chocado. Parecia que a criança viera para substituir o filho perdido, porém ele se recusava a pensar desse jeito. Ainda não havia perdido as esperanças. Ele se levantou da cadeira e passou as mãos pelo rosto e cabelos, olhando então para mulher e depois para a barriga suavemente protuberante da mesma. Como não havia percebido? Os mal estares de Kushina, o olfato sensível, o ganho de peso, as visitas constantes de Tsunade... Havia ficado tão perdido com a ausência do barulhento herdeiro, quem coloria e dava vida a casa, que se fechara dentro de uma bolha.

-Eu vou ser pai pela segunda vez? – perguntou indignado, apoiando-se em uma prateleira da estante. – Devia ter me contado antes, eu poderia ter ficado mais ao seu lado... Droga! Como não fui perceber? Sou um péssimo marido... – resmungou mais para si do que para a companheira. A ruiva se levantou e foi até o amado, tocando-lhe delicadamente a bochecha.

-Você não é um péssimo marido. Nós ficamos perdidos sem o Naruto... Não se culpe, Minato. Eu não quis te contar para te poupar de mais preocupações. – sabia que deveria ter enfrentado a situação ao lado do conjugue, mas quando tivera certeza da gravidez havia ficado tão confusa a ponto de pensar em abortar. Estava tão abalada que não queria ser mãe de novo. Só conseguia pensar em como perderia futuramente o filho ainda no ventre. Não tinha forças para pensar em passar por tudo de novo, por todas as etapas da maternidade. Tsunade havia ajudado-a, com palavras duras e atitudes mais duras ainda, a loira conseguira aos poucos arrastá-la para longe do fundo do poço. Ela havia conseguido ficar feliz pela vida que crescia dentro dela com a ajuda da médica. Por saber das péssimas condições psicológicas de Minato preferiu não incluí-lo no estressante processo de sua recuperação. E ela explicou tudo isso com calma e detalhes para o marido ainda petrificado na mesma posição.

-Não devia ter me excluído assim... – ele resmungou quando ela terminou de falar e encarou-a com os intensos olhos azuis – O que aconteceu conosco nesses últimos meses? Nós costumávamos contar tudo um pro outro... – seus orbes se encheram de lágrimas e a esposa envolveu seu rosto com as duas mãos, olhando-o de forma carinhosa.

-Perdão, meu amor. Nós ficamos desestruturados e confusos, mas ganhamos uma chance de conseguir enfrentar tudo isso e voltarmos a ser pelo menos metade do que éramos antes... – as mãos da ruiva desceram ao ventre e, após alguns instantes, o loiro colocou as mãos sobre as dela. – Vamos nos mudar para um lugar menor, mais aconchegante... Vamos tentar recomeçar... Vamos nos concentrar em amar essa criança...

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O rosto de Minato se contorceu e ele abraçou a mulher de forma necessitada. Kushina estava certa, eles precisavam voltar a ser uma família, voltar a morar em um lar. Eles precisavam tirar um pouco a cabeça da situação quase sem esperanças de Naruto para que pudessem voltar a viver. Obviamente os dois nunca seriam tão completos e felizes quanto antes, mas precisavam seguir em frente. Precisavam continuar caminhando enquanto esperavam o primogênito abrir os olhos. Do que iria adiantar desperdiçar anos de vida reciclando dor e sofrimento? Mas a ideia de voltar a ser feliz sem o Uzumaki mais novo era tão difícil de digerir.

-Não vamos esquecer o Naruto, Minato... Vamos continuar visitando-o e orando para que ele acorde e volte para nós, para o calor de nossos braços, mas não podemos mais continuar assim. Eu sinto sua falta e sei que você também sente a minha. – As lágrimas da ruiva molharam o ombro do chefe de família, que se afastou lentamente e recostou sua testa na dela, acariciando o rosto feminino delicadamente com o polegar.

-Eu sei... Você está certa... Eu só... Eu realmente queria ver meu filho bem sucedido, com esposa e filhos... – sussurrou, deixando que uma lágrima cheia de dor escorresse por seu rosto.

-Eu também, meu amor... Eu também... Mas nós temos outro filho para cuidar enquanto o Naruto descansa. Vamos dar o melhor de nós, porque imagina como ele vai ficar feliz quando descobrir que tem um irmãozinho ou irmãzinha! – ela sorriu enquanto chorava - Vamos dar a notícia para ele... Tenho certeza que ele vai acordar quando souber! Era tudo o que ele sempre quis!

Minato escorregou pelo corpo dela até se ajoelhar, abraçando-a e repousando a cabeça em seu ventre. Chorava tanto quanto a esposa ao imaginar a felicidade do primeiro filho no momento em que conhecesse o irmão ou irmã. Podia ver a cena tão nitidamente em sua cabeça que parecia ser uma revelação do futuro.

-Vamos fazer isso... – fungou, tentando ouvir algo vindo de dentro do ventre da Uzumaki. – Mas por que se mudar, Kushina? Naruto cresceu aqui... – enterrou o rosto na barriga da ruiva, que começou a acariciar seus cabelos ternamente.

-Tudo nessa casa nos entristece por lembrar o Naruto. Ela é muito grande e nos separa cada dia mais... Eu quero me mudar, mas não quero me desfazer desta casa, pois voltaremos para cá quando ele acordar... – ela limpou as lágrimas e sorriu sinceramente – Nunca pediria para você se desfazer de tantas memórias...

O homem se levantou e tomou os lábios da esposa, beijando-a demoradamente, como há tempos não fazia. Eles trancariam as memórias por um tempo para que pudessem continuar caminhando, então, quando o amado primogênito os alegrasse novamente com um sorriso caloroso, eles deixariam todas as lembranças voltarem com força total, vivendo completamente felizes do dia em diante.

-Tudo bem... Vamos alugar uma casa mais afastada da cidade e de um tamanho que nos permita se comunicar aos berros... – ambos riram, secando a água salgada do rosto. – Vamos ser felizes enquanto criamos essa criança. Vamos contar histórias sobre o irmão teimoso e hiperativo antes dela dormir e dizer que em breve ela irá conhecê-lo...

Os dois voltaram a se abraçar e a chorar, deixando que os mais variados sentimentos se misturassem. Levantar-se-iam do chão com ajuda do outro e enfrentariam a dor e o vazio que sentiam todos os dias com um sorriso no rosto até o dia em que esse sorriso pudesse retornar a sua essência sincera e completa.

------------***-----------

-Vadia! Corre aqui! Você está na televisão! – o berro do rapaz loiro e de cabelos na altura do ombro ecoou por todo o apartamento e Hanabi atravessou o lugar parecendo um furacão, atirando-se ao lado do amigo.

-Aumenta o volume, seu transexual estúpido! – gritou ao ver suas fotos aparecerem na televisão ao lado da apresentadora do programa de fofocas.

“Hanabi Hyuuga parece ser a revelação da nova temporada. A exótica beleza oriental da jovem em adição com as belas longas pernas já conseguiu a modelo iniciante um contrato com a Victoria’s Secret. Será que a morena vai fazer sucesso como uma Angel? O desfile de estreia dela será no próximo mês. Só nos resta aguardar para ver!”

Dois gritos histéricos se sobrepuseram ao barulho do aparelho.

-Eu sabia que depois do ensaio que você fez com a minha nova coleção, que convenhamos é um pedaço de arte, você seria um estouro, hn!

-Pare de dar todo o crédito as suas roupas, Deidara! Eu também sou uma ótima modelo, ok? – a morena puxou o cabelo loiro do outro, fazendo-o morder seu braço. – Ai, seu veado! – ela esfregou o local avermelhado da mordida, encarando de olhos cerrados a feição debochada do estilista.

-Não sou veado. Sou bissexual, algum problema? – ele se aproximou da jovem, encurralando-a no sofá com os braços. A Hyuuga devolveu o sorriso de canto malicioso que ele demonstrava.

-Não, nenhum. Até já te tracei. – disse para então roubar um selinho estalado do homem, quem revirou os olhos e se levantou, rumando para a cozinha.

-Você realmente tem que cuidar dessa boca quando for dar entrevistas. – gritou – Na verdade, acho que você já está famosa o suficiente para sair do meu apartamento. Estou com saudade das minhas orgias, hn. – Deidara abriu a geladeira e pegou um saco cheio de pedaços de cenoura.

-Que isso, transexual! Você fazia orgias e ainda não me chamou para uma? Pois agora que não saio mesmo daqui! – a morena disse de forma indignada, cruzando os braços.

-Pensei que você estava abandonando sua vida de vadia. – o loiro voltou a se sentar no sofá e teve um pedaço de cenoura roubado pela amiga. – Por falar nisso, você não era louca pelo tal do seu primo?

-Segui em frente, meu bem! Aquele lá é passado. – Hanabi mordeu furiosamente mais um pedaço do legume, fazendo o outro arquear uma sobrancelha para ela. Ela estava chateada com todos os membros de sua família. Hinata havia contado que Neji assumira Ten Ten como namorada e que eles estavam bem firmes no relacionamento, o que a deixou possessa, contudo o fato da irmã pedir ajuda financeira ao pai também irritou a mais nova profundamente. Tanto que fazia quase um mês que não falava com a mais velha. Qual era o problema da azulada? Indagava-se. Não conseguia entender por que ela havia sacrificado tudo o que já havia conseguido só por estar passando por uma fase ruim. – E não é porque eu saí mais de uma vez com o Chico que eu deixei de ser vadia. – deu de ombros e tentou pegar outra cenoura, mas foi impedida, pois o amigo afastou o saco para bem longe dela.

-Isso é verdade. Uma vez vadia sempre vadia, hn. – Deidara deu um beijo na bochecha da morena, recebendo um tapa como resposta. – Mas eu sei que você ainda gosta do seu primo, está escrito na sua cara.

-Isso não faz diferença. – E realmente não fazia. Ela havia decidido deixá-lo, não podia nem mesmo se dar ao luxo de ficar brava por ele ter a superado e ter feito o que ela mandara. Sua vida estava se resolvendo, por isso não havia motivo para ficar chorando águas passadas. A cada dia que passava ao lado do misterioso maquiador um pouco da marca de Neji em seu coração era apagada. – Agora, eu tenho que me arrumar, pois Chico vai passar aqui.

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-Você sabe que ele chama Shino, não sabe? - Hanabi mostrou a língua e piscou para Deidara, que começou a rir. – Você é um estouro, mulher! Por falar nisso, acho que vou ligar pro Sasori...

-Sabia que você estava na fase cor de rosa! – a Hyuuga berrou do quarto, caindo em uma gargalhada descontrolada.

-Olha que eu te expulso de casa, sua mal agradecida!

A jovem ignorou o último do grito do amigo e fechou a porta do quarto. Tinha dó dos vizinhos que tinham que aguentar aquela gritaria vinte e quatro horas por dia. Ela e o estilista brigavam mais que gato e rato, porém se amavam e se entendiam perfeitamente. Havia conhecido o loiro europeu em um bar, quando ele estava em uma viagem turística pelo Japão para se inspirar para uma nova coleção de roupas. Os dois foram parar na cama depois de uma hora de conversa e, após o sexo, divertiram-se absurdos conversando sobre outros milhares de coisas. Acabaram virando amigos de um dia para outro e nunca mais perderam contato. A morena nunca falou para ninguém sobre ele, nem mesmo para irmã. Hinata já havia se preocupado e feito intermináveis perguntas por telefone para ter certeza que a caçula estava segura e não na casa de um psicopata. Hanabi evitava pensar na família, eles estavam em uma frequência totalmente diferente da sua e a tristeza da primogênita durante conversas desanimava completamente a mais nova. Ela estava no momento alto de sua vida.

Terminou de passar a maquiagem e a campanhia tocou. Correu entre pulos para colocar o sapato e atendeu a porta antes que Deidara falasse alguma besteira. Captou um olhar malicioso vindo do sofá e mostrou o dedo do meio para o amigo.

-E aí, Chico. Você é pontual. – ela sorriu abertamente e o rapaz suspirou completamente exausto de corrigi-la quanto a seu nome.

-Está pronta?

-Estou. O que achou da minha maquiagem? Já posso virar profissional, não acha? – ela rodopiou e enlaçou o pescoço dele, rindo descaradamente.

-Continue praticando. Vamos. – respondeu sem se abalar com a proximidade.

-Agora entendi porque você ainda está saindo com ele, vadia. Ele é duro na queda, hn! – o dono do apartamento começou a rir e se debater no sofá. A Hyuuga revirou os olhos e empurrou Shino para fora, fechando a porta enquanto proferia palavras do mais baixo calão destinadas ao estilista.

Já tinha um homem para pagá-la o jantar, um amigo louco para fazê-la companhia e um contrato com a Victoria’s Secret. Se pudesse voltar no tempo, continuaria tomando a atitude de sair de casa e se arriscar, afinal havia sido a melhor coisa que ela havia feito. Estava livre. Completamente livre.

-------------***-------------

Já era noite e tanto o céu quanto a lua estavam muito bonitos. O clima estava ameno, deixando o apartamento alugado provisoriamente com uma temperatura agradável. Ayame acabara de lavar a louça do jantar e sentava ao lado do namorado na cama, ouvindo-o despedir-se de alguma pessoa com quem falava no telefone.

-Quem era? – perguntou quando ele finalmente desligou o aparelho. O moreno olhou-a e deu um sorriso.

-Era Minato. Ele vai ser pai mais uma vez... – Itachi ainda não acreditava que realmente havia ouvido a notícia do amigo. Soube pela voz do loiro como a situação havia o pego desprevenido, porém que, mesmo abalado, ele estava feliz. Achava que o filho havia vindo em ótima hora, pois estava começando a se preocupar de verdade com o estado mental de Minato. Sempre que podia ligava para o homem e ele nunca parecia estar bem ou melhorando. Pelo menos agora o chefe de família teria algo para dedicar os pensamentos.

-Sério? Nossa, Kushina-san grávida pela segunda vez... Realmente nunca é tarde de mais, não é? – a pequena sorriu e deu um selinho no amado. Admirava como o Uchiha, ainda que longe, continuava zelando pelos amigos e família. Já o pegara diversas vezes quase dormindo ao telefone, porém oferecendo toda a atenção possível a pessoa com quem conversava.

-Verdade. Pelo menos agora o vazio que o Naruto deixou não vai ficar tão perceptível assim...

Um silêncio se fez presente. Kurumizawa havia fechado os olhos e balançava as pernas para fora da cama. O jovem encarou a namorada pelo canto do olho e repensou mais uma vez em fazer o que estava pensando em fazer. Sua parceria com Yamato estava indo cada vez melhor e os dias ao lado da pequena ficavam sempre mais agradáveis. Compassou a respiração e pegou em uma das mãos femininas, decidido a tentar.

-Ayame... – ela o olhou. Os cabelos, os quais ele pedira para que ela deixasse compridos mais uma vez, já haviam crescido um pouco e quase alcançavam o cotovelo. A luz da lua que entreva pela janela era a única fonte de iluminação do quarto. Ele só conseguia achá-la ainda mais linda do que sempre achava. A morena riu da feição admirada dele.

-O que foi?

-Eu pensei em fazer isso de muitos outros jeitos, mas não queria que você se sentisse forçada a aceitar... Então, se você quiser esperar mais um tempo, fique a vontade para dizer não... – o olhar da companheira ficou confuso até Itachi se ajoelhar a sua frente e tirar uma caixinha de veludo de dentro do bolso da calça. Ayame tampou a boca com a mão livre e sentiu o coração acelerar absurdamente. – Você me daria a honra de se tornar minha esposa?

Os olhos da jovem se encheram de lágrimas e ela ficou sem ação, admirando o delicado anel de ouro branco com uma pedra alexandrita de tamanho razoável. O Uchiha a olhava ansioso por uma resposta e ela, sem conseguir falar, apenas estendeu a mão para que ele colocasse o anel de compromisso. Não achava que o amado fosse pedi-la em casamento tão cedo, contudo ficara estupidamente feliz. A raridade da pedra preciosa escolhida confessava o tanto que o homem estava a sério sobre seus sentimentos. Ele sorriu e colocou a joia no dedo fino da agora noiva.

-Meu Deus, Itachi... Quanto você gastou nesse anel? – perguntou, admirando a mão tão bem adornada.

-Isso não faz diferença... Você merece. – o noivo pegou o rosto da pequena nas mãos e a beijou apaixonadamente. Quando se separaram, ele secou as lágrimas de felicidade dela. Ambos riram com suavidade, mantendo a proximidade dos rostos. – Essa pedra muda de cor sabe... Achei que combinaria com você, pois a cada dia eu consigo me apaixonar mais por você, como se você estivesse sempre mudando para uma cor ainda mais bonita...

Ayame apertou as mãos do amado em seu rosto e lutou para conter o turbilhão de água salgada cheia dos melhores sentimentos de escorrer por suas bochechas. Depositou diversos selinhos seguidos nos lábios de Itachi, quem tinha a certeza de que seria o homem mais feliz do mundo. Comprara o anel há uma semana e tivera um trabalho monstruoso para achá-lo. Teve dificuldade em se decidir como faria o pedido, imaginando que se fosse simples e sincero seria o suficiente para a namorada.

-Itachi... Tome banho comigo. – a fala de Kurumizawa pegou o Uchiha de surpresa. Ele olhou-a confuso, observando o rubor de suas bochechas. Por acaso ela estaria se sentindo pronta? Perguntou-se.

-Você... – confundiu-se com as próprias palavras, precisando chacoalhar a cabeça para retomar a concentração. – Você sabe que eu posso esperar... Não é porque te pedi em casamento que você...

-Eu quero. – interrompeu-o, encarando-o nos olhos com intensidade e firmeza. A decisão havia aflorado repentinamente dentro de si e ela não queria perder a coragem. – A água, o ambiente, você... Isso vai me ajudar a controlar o rumo dos meus pensamentos... Eu estou pronta. Quero ser sua. – o jovem paralisou e ficou sem atitude. Estava tão pronto para ser paciente que nem podia acreditar na própria audição.

A pequena chegava a tremer por dentro. Já conseguira vencer muitas barreiras internas e, se Itachi estava pronto para formar uma família, ela estava pronta para terminar de destruir todas as restantes de uma vez por todas. Estava na hora e ela sabia que desejava a intimidade tanto quanto o moreno. Pegou delicadamente nas mãos dele e o guiou para o banheiro, onde nenhuma luz foi acesa. De costas, deixou que a camisola de cetim escorregasse pelo seu corpo até o chão. Envergonhada, ansiosa e com medo, ela ligou a água do chuveiro e entrou debaixo, deixando a pele ser aquecida pelo líquido.

O Uchiha acalmou a respiração e, após alguns momentos para processar a situação, despiu-se e entrou no boxe de vidro. Correu os olhos por toda a silueta miúda da noiva. As costas esguias, a cintura fina e as pernas torneadas. Ela encolhia-se, preparando-se para receber o toque que viria dentro de alguns segundos. Repetia em sua mente como o amava e era amada por ele. Como havia sido corajosa. Como havia superado os sofrimentos. Como desejava substituir as lembranças ruins e purificar seu corpo. Sentiu a aproximação do companheiro e respirou fundo. Itachi tocou suavemente seus braços e deslizou as mãos com lentidão até que as dele encontrassem as dela e se entrelaçassem. Os lábios dele tocaram com ternura a pele de sua nuca e fizeram um caminho vagaroso até seu ombro.

De início, Ayame sentiu o tão incômodo choque e teve a vontade de se afastar, mas, acumulando toda sua força de vontade, manteve-se firme. Após algum tempo, o choque não era mais tão ruim e sim agradável, havia se transformado em uma eletricidade que a arrepiava deliciosamente e fazia seu corpo relaxar. Ela só conseguia pensar no amor que sentia por Itachi e em como estava feliz, sentimento impossível de esquecer graças ao anel que envolvia seu dedo anelar. As mãos grandes apertaram sua cintura e ela arfou involuntariamente. Em seguida, já possuía o tronco envolvido pelos fortes braços do homem, que pegava possessivamente em seus seios. Conseguia sentir o roçar da excitação dele, o que descompassava sua respiração. O toque do moreno em lugares tão íntimos e pessoais de seu corpo cada vez mais a fazia se esquecer de tudo que a cercava, inclusive de seu passado.

O vapor da água quente deixara o banheiro todo embaçado e uma névoa envolvia sensualmente os dois corpos desnudos. Virando-se de frente para o Uchiha, Kurumizawa teve os lábios tomados em um beijo cálido e urgente. As pequenas mãos dela desbravaram o peito definido dele, acariciando sua cicatriz como se pudesse apagá-la. Suas costas foram de encontro à parede ainda gelada e seu corpo foi maravilhosamente esmagado pelo do noivo. Ele começou a marcar a pele de seu pescoço, colo e seios com beijos e mordidas que aos poucos a levaram à loucura. Suas unhas avermelharam as costas largas de Itachi, quem estava hipnotizado por sentir Ayame por completo.

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O jovem queria aproveitar cada contato, por isso não tinha pressa nenhuma. Que acabasse com toda a água da cidade, isso não o incomodava. Apertou com luxúria as coxas da amada, deslizando então uma das mãos para seu íntimo. Deliciou-se com os gemidos provocados. Beijou cada pequena cicatriz branca do corpo miúdo e por tanto tempo mal tratado, limpando-as com todo o amor que podia oferecer. A respiração da pequena não tinha mais ritmo e o líquido que escorria do chuveiro parecia conectá-los mais profundamente. Erguendo-a, fez com que ela envolvesse sua cintura com pernas, dominando em suas mãos o traseiro pequeno e volumoso. Uma mão da mulher apoiou-se no vidro do boxe por alguns instantes, deixando marcado no lugar a única evidência daquela relação.

Outro beijo cheio de lascívia se iniciou e Ayame enterrou os dedos na cabeleira negra do amado, puxando os fios de forma provocadora e estimulante. Sem mais conseguir prolongar, Itachi invadiu-a, causando duas respirações pesadas, que escaparam por entre os lábios colados. Os corpos trocavam calor, misturando água com suor. Todas as lembranças traumáticas foram lavadas de Kurumizawa e, quando o casal atingiu o ápice, ela não possuía mais em seu ser qualquer medo ou receio. O Uchiha havia a dominado, preenchido-a, amado-a. Havia vencido todos os seus monstros por causa do amor recebido de forma tão verdadeira.

Ambos estavam felizes. Ambos estavam completos.

------------------***---------------

O som alto fazia as paredes tremerem. Seus corpos se colidiam e pareciam se moverem em frames graças aos jogos de luzes. Já estavam suados, mas isso não os impediam de continuar trocando beijos e dançando extremamente colados. Os cabelos róseos eras lançados de um lado para o outro enquanto os negros eram emaranhados por duas mãos finas. Os beijos trocados eram sensuais. Sasuke mordia o lábio inferior da namorada e então se movia para o pescoço, sentindo o gosto salgado adquirido por ambas as peles.

A música estupidamente intensa bloqueava qualquer pensamento. Sakura encarou os lábios do amado e sorriu abertamente ao notá-lo sibilar um “eu te amo”. Os dois teriam que trabalhar cedo no dia seguinte, mas para quê se preocupar com tais detalhes antes da hora? Ninguém merece sofrer por antecipação. Conheceram todos os pontos quentes de Tóquio nos meses que passaram e sempre estavam dispostos a descobrir um novo lugar com potencial para fazer adrenalina ser bombeada por suas veias, nem que fosse necessário ir para alguma cidade vizinha, afinal correr de moto pelas estradas também era libertador.

Após pularem ao som de dezenas de melodias, tomarem algumas doses razoáveis de álcool e trocarem o máximo de saliva possível, desabaram no banco de um táxi e voltaram exaustos para o apartamento. Sasuke, antes que a rosada entrasse pela porta principal, laçou sua cintura e arrastou-a para os fundos do prédio, parando ao chegar ao lado da grande piscina. Ele lançou um olhar sugestivo para ela, quem mordeu o lábio e investigou todos os cantos possíveis do lugar.

-Se o sindico nos pegar estamos ferrados! Aquele cara implica conosco quase toda semana! – sussurrou, dando alguns passos para trás como se dissesse que eles deveriam ir.

-Quando foi que você começou a ficar medrosa? Nós vamos mergulhar! – o Uchiha correu até a companheira, que até tentou correr sem muita utilidade, agarrando-a pela cintura e jogando-a em seu ombro feito um saco de batata.

-Ficou maluco, Sasuke? Está todo mundo dormindo! Nós vamos acordar alguém! – resmungou enquanto o jovem a carregava para cima de um amontoado de pedras que ficava em um dos lados da piscina. Ele subiu no lugar com cuidado, só colocando-a no chão quando chegou ao ponto mais alto.

-Que se dane! Para que a gente paga condomínio? Eu não me importo se precisar pagar uma multa insignificante. – o moreno deu de ombros e começou a tirar as roupas, parando ao chegar à peça íntima. Ele encarou a Haruno, ainda vestida, e mandou-a andar logo com um gesto de cabeça.

-Não sei não... – os olhos verdes receosos fitaram a queda considerável e Sakura se encolheu. Sasuke revirou os olhos e pegou em uma das mãos da jovem, que arqueou confusa uma sobrancelha.

-Ser irritante... – ele se agachou e a rosada adquiriu uma feição divertida, quase se partindo a rir.

-Pelo amor de Deus, Sasuke, você não vai me pedir em casamento, não é? Acho que você bebeu de mais... – ela debochou e recebeu um puxão irritado, que a fez cair um pouco para frente, estabelecendo contato visual com dois intensos ônix.

-Deixa eu terminar, inferno! – após pigarrear, retomou o discurso interrompido. – Ser irritante, aceita fazer as loucuras mais inimagináveis ao meu lado até que dores nas costas nos impeçam? – A namorada soltou uma gargalhada e roubou um beijo cálido dele.

-Aceito! – ela tirou as roupas em fração de segundo.

O casal deu as mãos e se entreolhou, compartilhando uma feição que dizia “dane-se”. Eles fecharam os olhos e pularam, espirrando água para tudo quanto é lado e quebrando o silêncio com o barulho nada sutil do mergulho. A água gelada deu um choque térmico nos corpos quentes dos dois e eles subiram à superfície já não contendo as risadas. A rosada enlaçou o pescoço do companheiro e o trouxe para extremamente perto com as pernas.

-Você sabe que a multa vai ser quatro vezes maior dessa vez, não sabe? – perguntou rindo.

-Deixa eu compartilhar meu lema de vida. Foda-se. – o moreno beijou a de cabelos róseos apaixonadamente, distraindo-a para dar o bote e afundá-la novamente na água gelada. A mulher voltou à superfície furiosa, atirando água no namorado, iniciando uma guerra, seguida de um pega-pega. Ambos sempre acabavam em beijos.

No fim, ficaram na piscina até o sol raiar, só saindo para tomar banho e comer antes de terem que ir trabalhar. O sindico os recebeu com uma cara amarrada e braços cruzados, porém Sasuke deu um tapinha descontraído em seu ombro e Sakura um beijo estalado em sua bochecha. O velho ficou tão perdido que esqueceu o motivo de irritação.

---------------***------------

Voltava de uma de suas visitas diárias a Naruto. Andava desanimadamente pelas ruas, pois começara a tentar encontrar um emprego e só recebia respostas negativas, jogadas grossamente em seu rosto. Havia implorado mais de uma vez para Chiyo devolver seu cargo, mas a velha a odiava. Suspirou cansada e seus pés pararam de se mover quase que involuntariamente.

O loiro que amava não acordava, Hanabi estava brava com ela por voltar a depender do pai, Neji estava preocupado com outras coisas e pouco se importava com a prima mais velha, Sasuke ligava sempre e fazia o que podia, mas não adiantava muita coisa e a mãe definitivamente não a compreendia. A única coisa que salvava eram suas visitas a Kushina, pois as duas acabaram se tornando grandes amigas. A ruiva até mesmo havia lhe pedido para ser madrinha de seu segundo filho, algo que a emocionara de mais. Ficara muito feliz por ainda fazer parte daquela família tão calorosa que passava por um momento tão delicado.

Passou as mãos pelos cabelos e virou distraidamente a cabeça para o lado, só então percebendo que parara em frente a uma escola de teatro. Não soube dizer por quanto tempo encarou a placa do lugar até que decidisse entrar. Sua vida estava tão desandada e sem rumo que ela não via qualquer impedimento para tentar, pelo menos uma vez, seguir seu verdadeiro sonho. O Uzumaki a ensinara a ser mais forte e, sem ele, ela havia percebido que tinha que ficar ainda mais forte para enfrentar a dura realidade. Durante aos meses que passou quase completamente sozinha, foi aos poucos se levantando e decidindo parar de chorar. Havia decidido parar de criar motivos que a impediam de tentar. Até quando seria uma pessoa covarde, fraca e dependente dos outros? Perguntava-se todos os dias.

Parou em frente ao balcão do lugar e esperou alguém vir atendê-la. Uma bela mulher de cabelos negros e ondulados saiu de trás de uma cortina com um belo sorriso no rosto, forçando-a a corresponder o ato gentil.

-Em que posso ajudá-la, querida? – perguntou com a voz melodiosa. Mais simpática impossível.

-Eu queria saber se você sabe se tem alguma audição aberta para o público... Não importa para o que seja, pode ser até para figurante... – disse timidamente, colocando o cabelo azulado atrás da orelha. A recepcionista olhou-a dos pés a cabeça e abriu um sorriso ainda mais largo.

-Eu sou Kurenai. Professora de teatro e caça talentos nas horas vagas... – ela riu, apoiando-se no balcão – E parece que você escolheu a hora certa para aparecer. Um diretor amigo meu, Asuma-san, está procurando uma bela jovem de traços delicados para interpretar uma princesa no mais novo filme de romance dele... Ele adora revelar novas atrizes e, se você tiver talento, creio que tem grandes chances de conseguir o papel...

Os olhos de Hinata se iluminaram e ela entrou em choque. Estava mesmo ouvindo aquilo? Indagou-se. Por acaso seus pés haviam guiado-a para uma oportunidade? Seria aquela uma chance de ter a vida que sempre quis? Chacoalhou a cabeça para afastar a confusão mental. Estava decidida. Não ficaria mais se perguntando se devia ou não. Não ficaria mais indecisa. Naruto acreditava nela. Sasuke sempre tentou convencê-la da força que ela escondia no interior. Deixaria de ser uma garotinha medrosa que chorava pelos cantos.

-Sério, Kurenai-san? Isso é tão maravilhoso! – juntou as mãos em frente ao corpo, empolgando-se. Kurenai riu suavemente e pegou nas mãos dela.

-Sério, querida. Vai ter uma audição fechada para os alunos da escola na semana que vem, mas abrirei uma exceção para você. – ela se abaixou atrás da bancada e tirou um encadernado de umas vinte folhas, entregando-o para a Hyuuga. – essa é a cena que precisa saber. O horário e o dia do teste estão marcados aqui na frente. Espero te ver aqui e boa sorte!

A pequena agradeceu à mulher um milhão de vezes antes de finalmente conseguir colocar os pés para fora do lugar. Guardou os papéis na bolsa e colocou um sorriso esperançoso em face. Andou até o parque onde tivera o primeiro encontro com o namorado e sentou em um banco, deixando as memórias felizes invadirem-na. Lágrimas silenciosas começaram a escorrer pela bochecha corada.

-Eu vou seguir meu sonho, Neko-chan... Graças a você...

Murmurou, deixando o vento fresco carregar suas palavras para longe. Alguns minutos depois, uma chuva fina começou a cair, mas ela não tinha guarda-chuva, muito menos queria sair do lugar. Pensou que se encharcaria, contudo a água parou de molhá-la subitamente, fazendo-a notar o homem portador de um sorriso brilhante que havia se sentado ao seu lado.

-Vai pegar um resfriado se ficar molhada... – por um momento o sorriso dele, os cabelos e a atitude despojada fizeram a imagem de Naruto tomar forma por cima do jovem desconhecido. Limpando as lágrimas rapidamente e fungando, a morena desviou o olhar assustado e se encolheu um pouco.

-Obrigada por se preocupar... – comentou.

-Dia ruim? – ele se acomodou no banco. Os braços dos dois estavam colados devido ao compartilhamento do guarda-chuva. Hinata não se sentiu incomodada com a proximidade, o que a deixou confusa.

-Estão mais para meses ruins...

-Você está com cara de quem precisa desabafar... Já sei. Meu restaurante favorito não fica muito longe daqui. Podemos jantar enquanto esperamos essa chuva passar. O que acha? Eu pago. – sugeriu tranquila e animadamente. Sem vergonha ou receios.

A azulada olhou para desconhecido de pele morena, cabelos curtos e castanhos, que parecia ser uma pessoa incrivelmente fácil para conversar. Ele era caloroso e sua presença lembrava a do jovem Uzumaki, mesmo que a do loiro fosse mil vezes mais intensa. Um sorriso fraco se formou nos lábios da Hyuuga. Realmente precisava desabafar e deixar de ser invisível. Qual era o problema em conhecer uma pessoa nova? Formar uma nova amizade? Ela não via nenhum. Na verdade, precisava desesperadamente de companhia.

-Acho que pode ser uma boa ideia. – respondeu por fim.

-Ótimo! – ele riu. – Ah! E que mal educado eu sou! Meu nome é Kiba, é um prazer! – disse animadamente e um pouco da tristeza de Hinata se dissipou. Já se sentia incrivelmente à vontade ao lado daquele total desconhecido.

-Eu sou Hinata.