Lua Azul

VII. PLANOS (PoV: 3ª PESSOA)


VII. PLANOS


Ponto de vista: 3ª pessoa.


Aro estava sentado em sua cadeira-trono, pensando em algo que pudesse fazer quanto à situação de Marcus, que, nem de longe, pareceria animadora.

Esse era um de seus maiores focos nesse momento — conseguir salvar seu “irmão”. Aro precisava dele; seu talento de ler a intensidade dos laços, que uniam tanto humanos quanto vampiros, era muito útil para a organização do império que Aro coordenava. E ele, de maneira alguma, poderia se dar ao luxo de sequer imaginar perder um dom tão valioso.

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No entanto, se nada pudesse ser feito a respeito de tal situação, Aro poderia estar terrivelmente perto daquilo que, no momento, ele mais temia.

Não. Tinha de haver outra opção — ele estava obstinado em tentar qualquer coisa que lhe fosse possível. E isso não seria tarefa fácil, porque já o expusera ao talento incrivelmente singular e poderoso de Charmion quando percebeu que, há muito, ele vinha pensando em suicídio.

O talento de Charmion realçara seus laços com Aro, mas nem tanto a ponto de fazê-lo sentir interesse por algum aspecto de sua existência.

E Aro precisava tentar de tudo. Já havia descoberto uma vampira particularmente talentosa na esfera em que estava interessado — fazer Marcus sentir mais interesse pela vida com seu pequeno clã de defensores de lei. E então, agora, só precisava orquestrar um plano (que seria relativamente simples, dado o tamanho do clã ao qual a tal vampira talentosa fazia parte.) para conseguir aquele talento; talvez acusa-los de haver criado uma criança imortal, ou de chamar demais a atenção com seu clã relativamente numeroso.

Mas a importância dessa acusação ficaria para mais tarde, porque Aro sabia que, mesmo que conseguisse esse dom, não seria fácil expor seu irmão a ele.

Dydime estava morta e Marcus, como seu companheiro, não aceitava essa perda. E — Aro sabia — ter certeza de que ela havia sido morta só podia piorar sua frustração consigo mesmo.

Depois de alguns séculos procurando o culpado pela morte de sua queria Dydime, Marcus se tornara cada vez mais apático e desinteressado — por qualquer aspecto que fosse —, e o fato de Aro (que o ajudava a procurar pelo assassino de Dydime, que era sua irmã) tampouco fazer algum progresso nas investigações, só o deixava cada vez mais depressivo.

E Aro sabia que, se Marcus não conseguisse encontrar o assassino de Dydime, ele já teria arrumado alguma forma de suicídio — a forma com que Marcus pensava frequentemente em ir até Vladimir ou Stefan (os dois únicos remanescentes do clã que eles haviam dizimado há algum tempo) preocupava Aro.

Então Aro agradeceu aos deuses — os quais ele não acreditava, mas os velhos hábitos eram difíceis de ser combatidos — por, em algum tempo, haver encontrado Charmion, que fez Marcus, pelo menos, se sentir ligado à organização. Não mais do que isso, porque ele continuava eternamente desinteressado. E Aro sabia que Marcus não encontraria o assassino de sua irmã. E isso era mais do que um simples pressentimento. Era uma certeza.

Das muitas coisas que Aro pensava simultaneamente, essa era a que mais lhe prendia a atenção. No entanto, havia o caso daquelas duas crianças gêmeas no norte da Inglaterra.

Pensar nisso fez Aro sentir-se imediatamente melhor — livrar-se dos pensamentos e das deliberações sobre o futuro e o passado de Marcus e Dydime o deixava com remorso. Sim, Aro de sentia profundamente sujo — o que, na verdade, ele era — ao saber que enganava o irmão talentoso dizendo que não havia feito descobertas sobre o assassino (a) de Dydime. Mas Aro não tinha escolha a não ser omitir o que sabia. Porque, na verdade, o talento de Marcus era tremendamente útil para que ele deixasse-o ir embora com sua irmã enquanto os dois ainda “viviam”. Por isso, Aro teve de matar a irmã — É claro que ele a amava, mas o talento de Marcus era muito mais útil do que o amor que sentia pela irmã, por isso não se arrependera de tê-la executado.

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Mas agora ela estava morta e, se não fosse por Charmion, Marcus muito provavelmente já teria se suicidado. O desejo de se vingar de alguém que ele não conhecia o consumia a cada segundo, e Aro sabia disso. E também sabia que não podia dizer a Marcus que ele havia matado a própria irmã, porque corria o risco que os talentos de Marcus, de uma forma ou de outra, fossem destruídos. A cena de Aro lutando contra o irmão lampejou em sua mente, e ele tentou mudar a linha de pensamento.

Tentou pensar em como tivera sorte em encontrar dois irmãos tão talentosos como aqueles dois. O pensamento deu bastante certo, porque agora Aro estava ainda mais ansioso pela volta de Caius, que havia ido vigiar os gêmeos.

Como fora oportuno que aquele nômade — quatro anos atrás — tivesse parado em Volterra depois de ver os gêmeos poderosos; Aro tivera a oportunidade de ler a mente dele e descobrira a garota e o garoto. Ambos tremendamente poderosos, até para dois humanos. — pensar nas possibilidades que Aro teria depois que eles estivessem transformados o fazia se deleitar com tanta alegria.

E então, depois que o nômade havia lhe informado da existência dos dois irmãos, Aro não teve escolha: Era seu dever, como uma forma de zelar pelo que queria, silenciar o nômade antes que ele pudesse espalhar a notícia. Aro não podia confiar em ninguém. É claro que Sulpicia lhe era Leal, mas qualquer desconhecido lhe era uma vulnerabilidade.

Aro havia decidido esperar que as crianças amadurecessem mentalmente para que as transformasse — oito anos de idade não seria tempo suficiente para que, da criança humana, se forjasse um vampiro estável.

Depois de algum tempo explorando as possibilidades que aquela notícia alegre lhe havia proporcionado, a porta da sala principal foi aberta, e por ela passou quem Aro estava mais ansioso para ver.

Caius certamente lhe traria notícias animadoras.

O manto completamente negro que o vampiro de cabelos brancos usava arrastava-se no chão e Aro podia ouvir o mínimo farfalhar do tecido nas pedras frias do torreão.

Caius fechou a porta para que eles pudessem conversar em silêncio, e quando ele chegou à sua cadeira Aro estendeu a mão para que o irmão pudesse compartilhar com ele as notícias.

A expressão de Caius ficou rígida com aquele gesto — não era novidade para Aro que Caius não gostasse de compartilhar o que pensava, mas este pensava que era um meio de comunicação mais eficaz do que falar em voz alta.

Aro franziu as sobrancelhas negras e sua pele de pedra parecia que, mesmo se ele relaxasse, ficaria vincada. Para sempre.

Illud molestum, si non habeas, frater? — disse Aro. Obviamente, era uma pergunta retórica porque estava claro, na expressão de Caius, que ele continuava se aborrecendo com a vontade de Aro em querer ler sua mente

Caius suspirou e depois revirou os olhos.

— Claro que sim — disse — Scitis equidem me faciat incommoda. Et ego quoque scio ut vos potest intelligi quod iustus planto me cogitare with'm terribiliter limitantur. (Você certamente sabe que isso me deixa pouco à vontade. E também sei que pode entender que só me faz pensar em com sou terrivelmente limitado.)

Aro sacudiu a cabeça como de estivesse se divertindo com uma piada triste.

Era por isso que sempre gostara de Caius — sua capacidade de ser manipulado o fascinava. Sua mistura de tremenda força física com uma mente incrivelmente limitada o deixava curioso. A importância que ele dava a coisas pequenas como ter um dom ou não era quase infantil. A situação era tão ridícula que chegava a ser engraçada.

Va bene. Soggetto. A proposito della sua spedizione ... — Disse Aro, mudando repentinamente do Latim para o italiano.

Caius pensou por um segundo, tentando processar a mudança de idioma. Ele sempre gostara mais do grego do que essas línguas latinas, mas o idioma estava em extinção, e Aro se obstinava a falar a língua da civilização que tinha mais poder. Os povos germânicos haviam conquistado o império romano, então logo eles teriam de falar inglês.

Aro queria saber sobre a expedição de Caius.

I ragazzi ci sono. Due fratelli realmente sono molto potenti. Dobbiamo stare attenti. — Disse Caius.

Sim, Aro já imaginava que as crianças seriam muito poderosas, com isso, têm-se o subentendido que eles deveriam tomar cuidado. Era como ele pensava... Duas crianças extremamente poderosas seriam um ótimo incremento à sua guarda subordinada. Na verdade, se Aro pensasse e soubesse de seus dons, agora como humanos, poderia estimar o que eles seriam capazes de fazer depois de transformados.

E, no entanto, ele não deveria confiar no julgamento de Caius, que, só por não ter dom algum, acreditava que todos eram tremendamente poderosos.

Come sono? — perguntou; Aro não podia conter sua curiosidade.

Bene... Entrambi hanno circa dodici anni. Sono bassi per la loro età e... disse Caius, começando a fazer uma descrição física, mas não era sobre isso que Aro perguntava.

Caius já deveria ter pressuposto que aparência física das crianças pouco importava. Se bem que a idade deles era um fato que deveria ser lavado em consideração.

Aro agitou as mãos para silenciá-lo.

Sono certo che l'aspetto fisico conta piccoli fratelli, mio ​​caro fratello. — disse aro a Caius; somente confirmando o que Caius havia suspeitado (Aro pouco se importava com o tamanho ou a aparência das crianças). — Tuttavia, ritengo conveniente per conoscere la loro età. Grazie.

É claro. Aro não havia esquecido sobre o tema delicado que era a idade de certos candidatos a vampiros — principalmente se eles estivessem na pré-adolescência; idade em que, segundo os estudos minuciosos de Aro, era mais difícil tomar uma decisão sobre quando a pessoa já havia amadurecido o suficiente para que não chagasse à designação de criança imortal.

A lei já havia sido imposta; era terminantemente proibido criar um vampiro a partir de uma criança. Todos os outros vampiros no mundo já sabiam disso, e, portanto, não havia muitas ocorrências. De vez em quando, alguém bancava o sabidinho e criva uma criança imortal, mas isso era bem raro, e Aro estava satisfeito com essa situação.

Portanto, não lhe agradaria nada ter de violar a própria lei a fim de ter essas duas crianças.

Aro lembrava-se nitidamente sobre o dia em que resolvera fazer algumas experiências com uma criança imortal. Na verdade, eram várias crianças imortais.


Ele havia transformado 30 pessoas — 15 do sexo masculino e mais 15 do feminino. Sim, porque se têm de levar em considerarão a diferença de maturidade entre garotos e garotas — entre 0 e 15 anos, um menino e uma menina em faixas etárias iguais.

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Aro, é claro, já sabia que os recém-nascidos transformados não poderiam de controlar, mas fez tudo como o protocolo lhe exigia.

Resultado: A capacidade de controle havia variado muito.

Aro observou que as capacidade de controle podiam ser dispostas em três observações:

1ª Observação: Todas as crianças transformadas de 0 até os 5 anos deviam ser executadas, independentemente do gênero.

2ª Observação: Dos 6 até os 10 anos de idade, o número variava muito, e, embora as garotas fossem um pouco mais passíveis de disciplinar, isso não podia acontecer por muito tempo, e, quase sempre, deviam ser executadas.

Aro havia ficado satisfeito ao concluir que 3 das 10 crianças analisadas puderam continuar vivas. 2 garotas e 1 garoto.

3ª Observação: Dos 11 até os 15 anos, a maioria dos analisados puderam continuar vivos, mas, diferente da faixa anterior, a variação quanto ao gênero era significativa — Aro não havia podido fazer essa verificação na pesquisa anterior porque, das 3 crianças vivas (sendo 2 garotas), o número de garotas e garotos poderia ser mero acaso. —, porque, dos 7 que permaneceram vivos nesse grupo, era evidente que as garotas tinham vantagem — o grupo de sete pessoas se dividia em 5 garotas e 2 rapazes. Só uma garota de 15 anos — Sasha — possuíra controle de forma invariável, e, então, pode ficar viva e seguir seu caminho, agora como uma imortal.

Do grupo das 10 crianças remanescentes, somente 1 conseguiu um lugar em sua guarda de subordinados. Felix era extremamente forte fisicamente, Aro o convidara a ficar. Ele aceitara

O que ele havia concluído, é claro, não seria regra para ninguém. Mas, pelo menos, serviria para dar a ele uma estimativa para e, assim, saber a idade em que seria mais propício e conveniente transformar um humano jovem.


Caius ainda falava alguma coisa, mas Aro não prestava muita atenção às suas deliberações amarguradas. Sabia que, de alguma forma, Caius não queria sua opinião, e sabia, também, que poderia voltar ao assunto dos gêmeos mais tarde.

Ele teria de ouvir tudo o que Caius presenciara sobre as crianças: Quais eram os dons que aquelas crianças possuíam. Qual a intensidade desses dons. E, o mais importante, se corriam algum risco imediato. Parecia uma ideia ridícula, mas Aro tinha a sensação — mesmo que Caius ainda não tivesse dito nada, e, pelo contrário, enchia sua mente com suas ruminações amarguradas — de que essas crianças eram poderosas demais para existirem em algum lugar sem chamar a atenção da população humana.

E então, depois de algum tempo — o Sol já havia se poste e levantado novamente —, Aro quebrou o silêncio das deliberações e retirou Caius de suas ruminações amarguradas e sem motivo algum para serem assim.

Molto bene, fratello... Quello che hai visto sui doni dei bambini? — Perguntou Aro, querendo, obviamente, saber o que Caius havia visto sobre os supostos dons das crianças. Principalmente se elas eram tão talentosas como o nômade o havia informado.

Caius revirou os olhos para a impaciência do irmão; na verdade, Caius pensava sobre algo que deveria ter feito, mas que, por algum motivo óbvio, não fez. Isso já o estava incomodando imensamente, e justamente quando tentava explicar a si mesmo o motivo pelo qual não havia agido, Aro o interrompera. O que só o fez se lembrar de como havia sido... digamos... Um pouco tolo — pelo menos em sua concepção.

Caius duvidava que Aro fosse concordar com ele — ele não recriminaria o irmão por não te agido.

Dal momento che si rifiuta di condividere i tuoi pensieri, fratello, si potrebbe anche dirmi, non credi? — É claro que Caius, já que se recusava a tocar Aro (e assim compartilhar seus pensamentos), poderia lhe contar o que ele havia descoberto na Inglaterra. No entanto, Aro não havia notado as deliberações da Caius — para ele, seria apenas o normal (ficar parado igual a uma estátua quando não se tem nada para fazer).

Se volete sapere è, il nomade non esagerava, Aro — disse Caius.

Era o que Aro imaginava então. O nômade prestativo não havia exagerado em seus relatos, e as crianças, pelo que Aro podia imaginar, eram mesmo poderosas. Poderosas a um ponto de serem extremamente raras.

Aro relutou em perguntar, mas sabia que, se aquilo fosse verdade — algo que ele só poderia comprovar se ele mesmo visse as crianças. Algo que, no momento, ele não podia fazer, pois estava pensando (a curto prazo) em uma maneira de fazer com que Marcus tivesse mais interesse pela organização —, as crianças corriam um risco iminente.

Aro estendeu a mão para que Caius o tocasse por um breve segundo.

Seu irmão de cabelos brancos o olhou interrogativamente, mas algo na expressão furiosamente curiosa de Aro havia lhe dado a impressão de que ele não aceitaria um “não” como resposta.

Obstinadamente determinado. Assim se podia definir Aro em uma palavra; Caius estendeu a ponta do polegar e tocou a palma de mão esquerda de Aro.

Então, por um momento ao toque perfeitamente liso e morno da pele de Caius, Aro pode ver as lembranças dele; Era interessante. E era entediante também.

Aro com certeza não estava interessado em todos os séculos de amargura por causa de nada que Caius havia vivido.

Depois do breve toque de Caius, Aro ficou com suas lembranças e pensamentos — Somente as mais recentes interessavam a ele.

Na mente de Aro, agora giravam as imagens de tudo o que Caius havia presenciado nas últimas semanas: Duas crianças ­— um menino e uma menina — de cabelos claros conversando, sentados em um tronco tombado encostado à sombra de uma enorme árvore que não interessava a Aro.

A garota, chamada Jane, não acreditava em alguma coisa que seu irmão, Alec, tentava dizer a ela; os dois viviam um impasse.

E, depois, alguns flashes de lembranças rápidas da mente de Caius: A garota, Jane, vociferava para outra garota que corria de costas para os dois irmãos. Jane havia dito que queria que a garota morresse — coisa de criança. E então, supreendentemente, alguns dias depois, havia acontecido exatamente isso. A garota havia morrido.

Alguns desses incidentes se repetiam. Não só com Jane, mas o garoto também podia fazer coisas assim. No entanto, ele era mais discreto do que a irmã.

Aro ainda analisava os pensamentos de Caius.

Depois de algum tempo, percebeu que o irmão o mirava de uma forma interrogativa e até um pouco exasperada.

Che cosa è successo ora, Caius? — perguntou Aro que, mesmo sabendo que poderia ignorá-lo totalmente enquanto deliberava sobre o que poderia fazer, ficara incomodado com o olhar interrogativo do irmão.

Aro até poderia imaginar o que Caius tinha em mente, mas ficou curioso e com uma tremenda vontade de vê-lo pronunciar em voz alta.

Caius o mirou daquela forma interrogativa de nova, mas, depois de algum tempo, disse:

— I gemelli... — Começou Caius. — Voglio dire... Che cosa hai pensato? — perguntou. Sem dúvida para ver se Aro pensava o mesmo que ele.

O que ele pensava sobre isso? Ainda não decidira.

Aro pensou um pouco mais no assunto: Estava claro que esses irmãos tinham dons extraordinários, até para dois humanos — e crianças. — Sem dúvida serviriam muito bem para os propósitos de sua organização. Se como humanos, os irmãos já eram assombrosamente poderosos, Aro nem podia imaginar o que seriam capazes de fazer como imortais.

Ele inspirou — sentiu o cheiro de lugar fechado que impregnava todos os cantos do torreão do castelo — e depois soltou o ar pesadamente.

Bene, certo che è molto assorbente, mio caro fratello. — disse Aro, declarando o óbvio; com certeza, para qualquer um, era muito para absorver. Até porque, duas crianças com esse tipo de dom, não são a coisa mais comum do mundo. — Ma vi posso assicurare che anche io sono rimasto colpito. Lo non sono notizie così piacevole da quando abbiamo trovato Charmion. — Qualquer um ficaria impressionado com os dons desses gêmeos. Isso era óbvio. No entanto, Caius não concordava que Charmion fosse tão talentosa quanto os irmãos — Ele não pensava da mesma forma que Aro, e, para Caius, um como o de Charmion jamais seria comparável àqueles que ele acabara de descobrir. Ele não via grande utilidade nos dons de Charmion. Mas Aro dependia dela mais do que de qualquer um. Mais de que dependia d Sulpicia, sua esposa. Caius não via sentido nessa dependência.

Aro não estava tocando o irmão, mas, se soubesse o que ele pensava, era óbvio o que ele diria; Para Aro, Caius não tinha inteligência suficiente para compreender os laços que unem as pessoas e sua força, e isso era o que fazia Caius o mais fraco dos anciãos — não compreender a força de laços sentimentais verdadeiros. — Não o fato de ele ser o único líder Volturi sem algum dom especial.

Caius só assentiu.

E, então, Aro percebeu o que Caius esperava, mas não queria acreditar que um líder Volturi fosse assim tão... Idiota. Como era possível que ele pensasse que Aro transformaria essas crianças tão cedo? Eles tinham o que... Treze anos agora? Nem isso.

Fratello... — começou Aro — Ascolta... Aro hesitou por um momento, e depois passou do idioma italiano para o espanhol; algo que ele sempre fazia quanto estava irritado. (mudava de idioma para que pudesse expressar sua irritação com palavras melhores). Infelizmente, ele, na maioria das vezes, ficava frustrado, porque nunca conseguia expressar, em palavras, o que sentia. — Voy a fingir que no tengo idea de lo que quieres decirme, ¿sí? — disse Aro, exasperado.

Caius o fitou. Também irritado. Depois, mudando de idioma também, tentou argumentar:

Aro, ¿no te dás cuenta de que ese tipo de regalo no puedes tener delante de ti más de una vez? Yo creo que no debemos esperar más. — disse ele, expondo suas opiniões de uma vez, mesmo que Aro não quisesse saber de tudo o que Caius pensava; não poderia se dar ao luxo de perder uma oportunidade daquela. No entanto, mesmo sabendo que, de alguma forma, ele tinha certa razão, sabia que Aro não se deixaria convencer.

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Aro o fitou de novo, por um tempo maior, dessa vez. Depois sacudiu a cabeça, fazendo que não.

Yo estoy perfectamente consciente de todo lo que me has dicho. Sin embargo, no creo que convertirlos ahora pueda ser un buen plan. — Disse ele, e esperava que o que havia dito não fosse tão complicado. Para que Caius pudesse entender rápido, porque, ao que parecia, Caius não estava pensando no que poderia acontecer se aquilo, de alguma forma, não acabasse como o planejado.

Caius o olhou confuso.

Ahora dijiste algo que no pudo comprender.

Obviamente, ele não entendeu. Aro pensava que jamais, em todo o restante de sua existência, poderia ver outro vampiro tão... Tão... Tão lento. Lento, sim. Porque era a única explicação para o que Aro estava presenciando; era impossível, pelo menos para ele, que alguém não notasse algo tão óbvio, e lhe pareceu ridícula a ideia de ter que explicar em voz alto o risco que eles correriam se transformassem as crianças agora.

Transformar as crianças. Era como se Caius não tivesse posto essas palavras na mesma sentença. Seria a única explicação para que ele ainda quisesse mudar dois pré-adolescentes.

Mi querido hermano... Tú no puedes estar hablando sobre convertir esos niños ahora. Con esa edad. Cambiarlos en este nivel de desarrollo puede no ser bueno. — disse Aro, esperando que Caius caísse em si e percebesse, depois de muito tempo, que essa ideia era absurda.

Caius riu um pouco ruidosamente demais. Aro ficou olhando o irmão se divertir — por algum motivo, o que Aro dissera havia sido muito engraçado.

Aro o fitou interrogativamente, querendo saber por que ele ria; Caius percebeu. Recuperou sua expressão que dava a impressão de que ele era inteligente, e depois disse:

Aro, no estoy... No necesitas cambiarlos tan pronto… lo que digo es… Puedes esperar un tiempo, por supuesto. Es que... Creo que ellos tendrían un poco más de seguridad, ¿no?; sabes que, en algún momento, tendrán más atención de los humanos. E eso no será bueno para lo que queremos. — Ele disse, e depois revirou os olhos, como se aquilo fosse tão óbvio que não enxergaria a possibilidade de Aro não haver pensado nisso antes.

Aro assentiu, e teve de se contar para que ele não revirasse os olhos. Depois, imperceptivelmente, abafou uma risada ruidosa, como a que Caius havia dado.

Para Aro era óbvio que, para Caius, raciocinar era uma atividade que ele não conseguia realizar com muitos êxitos; Como era possível que seu irmão subestimasse sua inteligência dessa forma? Estava evidente — pelo menos deveria estar — que Aro já havia pensado sobre tirar os dois irmãos do convívio de seu minúsculo povoado e cria-los ali, em Volterra. Contudo, Aro desistira da ideia assim que ela passara por sua cabeça; Era arriscado demais fazer algo assim. Principalmente com crianças tão poderosas como os gêmeos.

Aro já havia visto o suficiente para saber que tudo o que aquelas crianças desejavam acontecia — desde coisas ruins até uma tremenda sorte —, e não queira arriscar ficar no alvo delas; as crianças pareciam fazer as coisas acontecerem aos outros sem o menor esforço. Era desejar a ter seu desejo atendido. Simples assim. Eles podiam ficar chateados, e então algo muito ruim poderia acontecer.

Não. Aquela ideia ridícula estava fora de cogitação; somente Caius pensaria nisso. Era algo típico dele — não pensar realmente em nada e só se dar conta de besteira depois que já havia acontecido. — Algo que Aro nunca faria, porque os planos, na concepção de dele, eram mais importantes do, que de fato, a ação. Sem um bom planejamento, nada sairia como o esperado. Nada daria certo. Aro sabia disso, e, exatamente por isso, ele planejava as coisas com tano cuidado, levando cada detalhe em consideração. Algumas vezes, é claro, ele tinha de improvisar, mas na maioria das vezes, seu planejamento era essencial.

E o planejamento não era exatamente o ponto forte de Caius.

Aro percebeu que Caius ainda esperava uma resposta dele para o que ele acabara de dizer. O vampiro de cabelos negros pensou um pouco sobre o que o irmão lhe dissera e concluiu que não responderia; não por ter se sentido ofendido, mas porque aquela ideia — de sequestras os irmãos e cria-los ali — era ridícula.

— Não vai me responder, Aro? — perguntou Caius, mudando novamente de idioma.

Aro suspirou, resignado; tinha de responder à idiotice que Caius havia dito a ele. E, ao fazer isso, de sentiria extremamente tapado.

— Eu já pensei nisso, irmão. — disse ele, revirando os olhos. — Obviamente, não podemos retirar essas crianças de sua família... Não pensou que, se eles são assim tão poderosos, poderia acontecer também com quem tentar reptá-los, sequestrá-los ou qualquer outra palavra que você queira escolher para designar “sacar alguém de algum lugar à força”? — disse ele, é claro, se sentindo terrivelmente idiota por ter de explicar algo assim a Caius.

Caius assentiu, absorvendo o que Aro havia dito.

Pelo que Aro sabia, Caius estava tentando encontrar uma maneira de fazer com que titubeasse no momento de tomar as decisões. No entanto, ele não conseguia encontrar uma maneira de prender Aro em uma armadilha eficaz, e, assim, tomar uma decisão sozinho, pelo menos uma vez em toda sua existência.

Aro até havia tentado deixar que Caius se sentisse um pouco mais confiante com relação a ele mesmo, deixando que expusesse seus pontos de vista. Era lamentável a capacidade — ou incapacidade (ambos queriam expressar a mesma coisa) — que Caius tinha (ou não) de não conseguir raciocinar objetivamente, e esse era justamente o impasse existente entre Aro e ele; Caius jamais conseguia ver algo em perspectiva. Jamais havia sido imparcial para julgar ou dar uma opinião, e se agarrava a elas como se suas opiniões fossem as mais importantes. Ele podia, inclusive, tentar passar sobre a própria lei para fazer valer sua opinião. Mas era exatamente por esse motivo que Aro gostava de Caius: havia ali uma enorme capacidade de manipulação, e ele já havia comprovado a tese. Caius era facilmente manipulável.

É claro que Aro também contornava a própria lei em detrimento de seus interesses, mas sabia fazê-lo de uma forma muito menos evidente do que Caius, que deixava vestígios enormes.

— Mas e se os perdermos? — perguntou ele — E se eles se tornarem evidentes demais para serem tolerados? Obviamente aqueles humanos não são tão indulgentes com o desconhecido. Eu vi, Aro. Estive lá e sei que as pessoas já começas a olhar de maneira diferente para aquelas crianças... E o boato sobre o avô dos gêmeo... Eu sei que, provavelmente, é incrivelmente idiota, mas muitos por lá parecem acreditar plenamente sobre a descendência das crianças. Na verdade, é um povo muito supersticioso. — disse ele, terminando seu pequeno discurso.

— São. E nós somos a prova de que suas superstições estão corretas. — disse Aro. Não numa tentativa de argumentar com Caius, mas parecendo refletir consigo mesmo.

— Corretas! — zombou Caius. — Esse povo ignorante pensa que podemos ser mortos com uma simples estaca de madeira cravada no coração. Existe coisa mais ridícula? Pensar nisso até me dá nojo. Se, na verdade, fôssemos assim, eu preferiria continuar humano. Esse tipo de vulnerabilidade é ridícula! Sem falar, é claro, na luz do Sol. — Terminou ele, sussurrando consigo mesmo; Aro parecia não ouvi-lo. Caius riu.

É claro que ele sabia sobre os mitos idiotas. Ele mesmo criara alguns deles a fim de que um humano não pudesse perceber as verdadeiras características de um vampiro.

Aro ainda parecia pensativo.

Na verdade, ele tentava encontrar uma forma de agir corretamente caso algo saísse errado. Já que ele dependia da sorte nesse caso em particular, era bom estar preparado para agira rapidamente e ter um plano em mente.

— E então? — perguntou Caius, agora um pouco impaciente com a forma que Aro havia se calado de repente.

Aro levantou a cabeça devagar, parecendo deslocado e um pouco irritado por ter sido arrancado de suas deliberações importantes. Principalmente porque sabia que Caius lhe perguntaria algo que já havia ficado subentendido.

— Se é o que quer saber, meu caro irmão, nós não os traremos até aqui. Não vamos aprisioná-los até que tenham idade suficiente e depois transformá-los. Não. Acredito que o melhor para essas crianças seja que as deixemos crescer no âmbito de seu lar e com sua família. Não vejo perigos imediatos vindos deles ou de que convive junto às crianças. Portanto, é irrelevante... Pelo menos no momento — acrescentou Aro, para dar a ideia de que estaria aberto a novas discussões sobre o assunto. —... Se eles crescerão aqui ou em seu legítimo lar. E, por favor, não me faça pensar em transformá-los agora, sim? Se o fizermos, seria muito provável que tivéssemos de destrui-los depois. Pelo menos a garota, já que, em seus pensamentos, pude observar que o garoto é bem mais racional, apesar de ser alguns segundos mais jovem. — disse Aro, e, pelo modo como colocou suas alegações, parecia que aquela última frase viera, literalmente, com um ponto final. Ou seja, encerrando as deliberações sobre os gêmeos e o momento em que eles seriam transformados.

Caius olhou para Aro com a cara amarrada. Sua expressão era exasperada.

— Essa é sua última palavra? — Perguntou o ancião de cabelos brancos; Sua fúria transparecia.

— Por enquanto, sim. — disse Aro, assentindo.

Caius o mirou novamente. Mais enfurecido do que antes.

— Eu não acredito. Porque é sempre você quem toma as decisões importantes? — perguntou Caius, com raiva.

Porque você é muito burro, pensou. Mas não disse em voz alta.

Aro teve de conter um riso alto; ele não podia acreditar que Caius estava perguntando isso. Era ridículo. Teve de fazer um tremendo esforço para não responder à pergunta que, obviamente era retórica, e para não gargalhar. Isso era o que ele mais queria — rir da cara de Caius. No entanto, por um lado, teve de fazer um enorme esforço para acreditar que o ancião de cabelos brancos à sua esquerda falava a sério.

Ele não podia acreditar que Caius fosse tão infantil... Não, na verdade, ele sabia que Caius era infantil, mas estava em negação. Recusava-se a acreditar que um vampiro, transformado com 50 anos de idade, pudesse ser tão... Tão... — ele não conseguia encontrar, em seu vocabulário, uma palavra a não ser: — Infantil. Infantil e obtuso; Essa era a única palavra para descrever Caius nesse momento, então, na mente de Aro ela se repetira várias vezes.

Por fim, Aro não aguentou e explodiu em uma gargalhada. Uma gargalhada estranha, aguda e contínua.

— Rááááááááááááááááááááááá — gargalhou ele daquela forma esquisita.

Caius tomou um susto e caiu de sua cadeira-trono. Ele se levantou do chão enquanto, agora, Aro ria silenciosamente por não ter mais ar para formar algum som. Se sua barriga pudesse dor, já estaria doendo, por conta das risadas que não acabavam. Na verdade, uma risada só.

— Posso saber qual é a graça? — perguntou Caius, limpando seu manto escuro com algumas batidas.

Aro ainda ria, e Caius estava ficando com raiva pela falta de respostas.

— Des... — conseguiu dizer entre o riso — Desculpe, Meu caro I... — outra pausa para a gargalhada — Irmão... Mas o que você disse foi tremendamente engraçado. Soou como uma criança de 3 anos.

Caius o olhou confuso.

— Do que exatamente está falando? — perguntou ele, indignado — eu lhe disse que misturar aquele AB positivo com o O positivo não lhe faria bem.

— “Porque é sempre você quem toma as decisões importantes?” — citou Aro — Ficou parecendo uma criança mimada.

— Eu não estava brincando. — disse ele — Realmente gostaria de saber o porquê.

Aro parou de rir imediatamente, embora ele achasse aquilo mais engraçado ainda.

— Simplesmente porque você é incapaz de ser impessoal quanto a algum assunto, meu caro Caius. Alguém assim deveria ser declarado mentalmente incapaz de tomar qualquer tipo de decisão. Entenda... Não é nada pessoal, mas nós dois sabemos que você não tem condições de julgar objetivamente o que quer que seja. — disse Aro, erguendo uma sobrancelha escura, como se desafiasse o irmão a não concordar com ele.

Caius levantou-se da cadeira, e Aro pode ver que ele havia ficado ofendido; podia até conjecturar o que seu irmão faria agora. O de sempre, é claro.

Caius começou a andar vagarosamente, com a cabaça baixa, até a porta que ficava atrás das cadeiras e dava acesso aos corredores do castelo e à torre mais alta. Aro virou-se em sua cadeira para acompanha-lo com o olhar.

— Aonde vai, Caius — perguntou Aro, tentando, com algum esforço, ocultar o tom de diversão em sua voz. Era óbvio que ele já sabia a resposta, mas se deixasse de perguntar estaria perdendo uma boa oportunidade de diversão.

Caius parou deliberadamente na frente da porta, a mão na maçaneta enferrujada, e virou a cabeça na direção de Aro; Caius o mirou, com o canto do olho, estudando-o por um momento.

Era o que Aro imaginava. O show alà Caius iria começar.

— Ao que parece, Aro, nossa organização já não tem muita importância, não é? — perguntou ele retoricamente, dramatizando a situação. Aro imaginou que se um vampiro pudesse chorar, Caius já estaria com uma lágrima solitária no canto do rosto. Algo extremamente dramático e digno de pessoas que não sabem atuar com sutileza. — Eu vou embora. Athenodora e eu partiremos esta noite.

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Aro quase gargalhou de novo.

— Ah, se é o que quer, está tudo bem. Boa sorte — disse ele. Era exatamente o que se fazia com uma criança mimada. Ele não deu importância à patética ameaça de Caius.

Caius grunhiu de frustração e abriu a porta sem se importar com a maçaneta, que poderia ser usada para isso. Ele deu um murro, e a porta, quebrada, foi parar do outro lado do corredor escuro e deserto.

Aro, que já havia percebido a birra do vampiro de mil anos, virou-se vagarosamente na direção do estrondo. Ele fitou a cena com raiva. Aquela porta era uma antiguidade; havia pertencido a Júlio Cesar e fora dado a Aro pelo próprio Imperador alguns minutos antes de Brutus o assassinar.

Sim, era estranho alguém dar uma porta a alguém de presente. No entanto, Aro tinha algumas manias. Como, por exemplo, querer coisas estranhas, tipo uma porta.

— O que você fez? — perguntou Aro a Caius em um tom ameaçador.

— Desculpe. — disse ele, arrependido. — eu estava com raiva.

Aro o mirou incredulamente. Depois suspirou e voltou para sua cadeira.

— Francamente, Caius, você é tão infantil que eu ainda não sei como não o executamos. Seu comportamento é menos maduro do que uma criança de 2 anos...

Caius o fitou de volta. Sim, ele talvez merecesse isso. Seu comportamento estava sendo lastimável. Mas ele, de certa forma, não pudera evitar; a frustração o dominara por inteiro ao saber que, talvez, as crianças poderosas estivessem em perigo. Eles precisavam daqueles gêmeos, e a atitude despreocupada de Aro não estava ajudando em nada.

Era constrangedor demais explicar o ataque de infantilidade a Aro, então ele foi até o irmão, que já se recompunha, e tocou deu indicador em sua palma esquerda.

Aro estudou os pensamentos de Caius por um segundo, e então concluiu que era melhor deixar o assunto para lá.

— Tudo bem. — disse ele em um tom apaziguador e tranquilo. — deixemos esse assunto de lado. Mas você terá de comprar uma porta nova.

Caius revirou os olhos e assentiu.

— Desculpe, Caius. Eu também não me sinto confortável com isso. Mas é necessário. Vamos deixar que as crianças cresçam. Sei que nada de tão grave vai acontecer. E, se, de alguma forma isso ocorrer, podemos retardar a ação dos intolerantes. — disse Aro, esclarecendo, mesmo que minimamente, seu plano para os gêmeos caso algo desse errado.

— Temos de pensar em um plano bom. — disse Caius, enfurecido pela ideia de ter os dons de Jane e Alec brevemente.

Aro revirou os olhos.

— Sério? — disse ele, sarcástico — Achei que íamos pensar em um plano ruim.

Caius o fitou, confuso e com uma chama de raiva brilhando em seus olhos de um tom escuro de encarnado.

Aro ergueu a mão para ele, num gesto de quem pede desculpas.

— Desculpe. São os reflexos.

No fundo, Aro sabia que Caius tinha razão em ficar preocupado com esses dons preciosos. Ele sabia que as crianças tinham de ser protegidas a qualquer custo. E então, se as pessoas já estavam começando a notar os dons de Jane e Alec — que eram alarmantemente desenvolvidos —, ele deveria pensar em um plano bom.

E teria de fazer isso rapidamente, porque, se esperasse muito, poderia ser tarde demais.