Vestigios Do Passado

Capítulo 1




- Bells isso está ficando sinistro já.



- Não sei Jacob o que você está querendo com isso.



- O cara está a duas semanas vindo aqui, sentando na mesma cadeira, pedindo a mesma coisa e fica de te olhando o tempo todo. Isso é sinistro Bells.



No fundo eu sabia que Jacob que tinha razão, mas afinal o que mais podia dar de errado na minha vida?

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- Jacob encarar os clientes é coisa feia. Para com isso.



- Vou encarar quantas vezes for necessário para ele ver que você não está sozinha! –ele disse cruzando os braços e encarando o cliente de olhos verdes. - Você nãovê jornal? Ele pode ser psicopata e até onde eu sei eles agem assim.



Me acabei de rir quando ele terminou aquela frase.Alguns clientes olhavam para nós atrás do balcão, esse cliente nunca deixou de nos olhar.



- Desde quando você é especialista nisso?



- Já vi a lista dos mais procurados essa semana Bella... não estou brincando.



- Jacob, preciso trabalhar tudo bem? Boa sorte aí com suas paranóias.



Voltei a servir café na pequena lanchonete de Sue, limpei algumas mesas e depois fui para o depósito ler “ Orgulho e Preconceito”, lá era tranqüilo e se o movimento aumentasse Jacob saberia onde me encontrar. Não consegui me concentrar muito na
leitura pensando no homem que a exatas duas semanas vinha na lanchonete no mesmo horário, sentava, pedia um café expresso e ficava exatas uma hora me encarando. Eu deveria achar aquilo bizarro como Jake, mas não. Não sentia medo ou insegurança com ele. Para falar a verdade eu sentia que ele nunca me faria mal. Loucura de minha mente recheada de romances.



A coisa mais estranha aconteceu uns dias depois. Ele não veio sozinho. Era mais um dia de chuva em Forks e a lanchonete estava lotada de estudantes que não podiam ficar no pátio da escola conversando. Eu estava servindo café para Leah e seu marido quando ele e essa mulher baixa de cabelos curtos e preto entraram. Eles acharam uma mesa no fundo, ele falou algo e apontou para mim. Nessa hora ela colocou a mão na boca como se fosse evitar um grito. Ele rapidamente segurou a outra mão dela que estava em cima da mesa e eu me senti um fantasma ou um bicho.



- Jacob vou lá fora... tomar um ar... já volto.



Disse e sai um pouco pelos fundos. Me olhei de novo pelo reflexo de um carro que estava parado na lateral da lanchonete. Eu tinha vinte dois anos, cabelos castanhos avermelhados, era magra e pálida. Minha cara era a de quem a dois meses atrás perdeu os pais num acidente, ficou sozinha com uma irmã de seis anos e estava prestes a perder a casa por falta de pagamento. Eu era um fantasma, Mal comia e dormia nos últimos meses. E apesar de todo o esforço de Jake e sua família, ninguém era rico e eu ia perder a casa.



Lembrei de minha mãe e suas risadas altas e lindas quando via os raios de sol fora de casa. Ela gritava e começava a nos chamar para brincar ou ler lá fora. Lily adorava quando ela estava feliz assim e sempre nos fazia rir com seus vestidos grandes e sua forma linda de girar no quintal de braços abertos para receber o sol.



Enxuguei minhas lágrimas e lembrei de meu pai, essa lembrança doeu ainda mais. Ele era o delegado de Forks e todos o respeitavam por seu caráter e sua honestidade mesmo com quem não tinha. Só que a vida em Forks era difícil, cidade pequena, poucos
recursos e ele não ganhava horrores. Vivíamos sempre no limite, mas éramos felizes. Éramos uma família feliz.



Olhei para o relógio. Eu precisava pegar Lily na escola. Entrei e não vi mais o cliente e sua companhia do dia. Respirei aliviada e deixei meu uniforme e fui pegar miunha velha caminhonete para mais um dia de mãe substituta. Era assim que Lily me chamava e eu morria de rir com a maneira dela encarar todas as mudanças que ocorreram.

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E toda a tarde eram assim, eu pegava Lily e ia pra casa. Ouvia ela o caminho todo tagarelar sobre os amigos e a escola. Ria muito com sua língua ferina que sempre mandava e desmandava na escola. Ela fazia o dever, eu a janta e depois jantávamos e víamos televisão. Ela dormia comigo desde que eles morreram. Mais outro dia se seguia da mesma forma.



- Bells não vai lá não? – disse Jacob olhando para minha carta de admissão da prestigiada faculdade de literatura e história de Seattle.



- Não tenho como pagar isso Jacob e além do mais o que vou fazer com Lily e a escola. Seattle não é tão perto assim. – disse olhando a carta e ignorando o cliente misterioso sentado a poucas mesas do balcão.



- Não acho que deveria desistir de seus sonhos tão fácil. – ele falou e eu me contorci dentro de mim eu não estava desistindo, só não havia a menor chance de ir para uma faculdade com dívidas e mais dívidas em cima de mim. Eu já tinha feito os cálculos e por mais que economizasse e trabalhasse não ia ter como. Lily ia sair prejudicada e isso não era opção.



- Vamos agir o que nos resta de vida Jacob. – disse saindo de trás do balcão e indo para uma mesa que tinha acabado de sentar o Sr. e Sra. Bauner. Um casal de idoso simpáticos que sempre viam as terças.



- Bom dia! – disse sorrindo. E os servi e depois olhei para o relógio. Uma hora para o fim do expediente. Nessa exato momento a acompanhante do cliente misterioso entrou e mais uma vez me olhou. Sentou do lado dele e eu fui atendê-los. Geralmente por pura preocupação, Jacob os atendia ou somente a ele. Porque ele estava certo que ele era problema e não me queria perto do tal psicopata. Não conseguia imaginar ele como uma psicopata, mas respeitava a visão de Jake,afinal eu vi o jornal outro dia e realmente, só dava maluco.



- Bom dia vão querer alguma coisa para comer ou beber?



A menina me olhou e respirou fundo.



- Precisamos conversar com você. Pode nos ceder alguns minutos de seu tempo? – ele disse com seus olhos verdes e lindos para mim. Naquela hora eu percebi uma coisa que antes meu instinto não tinha percebido, talvez devido a distancia saudável que eu mantinha. Ele não iria me fazer mal, mas ele era encrenca. Algo em mim me alertou, mas eu ignorei. O que ele poderia querer comigo?



- Eu não conheço vocês. – disse ainda e pé em frente a mesa.



- Nós sabemos. – ele continuou. – Mas olhe isso.



Ele tirou de seu grande casaco preto uma foto dele com uma moça. Meu Deus, eu poderia jurar que era eu vestida de noiva. Era eu, só que não exatamente eu.