Capítulo 2 Coisa de novela

Depois de olhar bem a foto eu precisei sentar. Sem cerimônia eu sentei na mesa e fiquei olhando a foto. Eu sabia que não era eu, minha mente e minhas lembranças diziam isso, mas na foto era eu de branco dançando com ele. O homem misterioso que estava a duas semanas e alguns dias me olhando.

- Não sou eu aqui.

- Eu sei, essa é minha falecida esposa Isabel.

- Isabel? – Perguntei incrédula. Quantas pessoas idênticas a nós pode haver nesse mundo? Porque ela era eu. Uma versão muito mais bonita, mas mesmo assim era eu.

- Sim. – respondeu a acompanhante dele. – Me chamo Alice. Prazer.

- Hum... Isabella... Bella, só Bella por favor.

Eles não pareceram surpresos com meu nome como eu pareci ao ouvir o nome da mulher na foto. Tudo bem, só eu estava achando aquilo muito estranho. Depois eu pensei que eles tinham tido dias para absorver a informação, eu tinha minutos com ela.

- Sua esposa? – Perguntei.

- Sim , ela morreu a mais ou menos alguns meses no sul da França numa viagem. Acidente de carro. Dirigia bêbada a infeliz.

O desprezo na voz dele me fez estremecer. Alice olhou de cara feia para ele e ele fez um gesto com as mãos como se dissesse para ela parar de encher o saco dele.

- O meu nome é Edward. Edward Cullen. E essa é Alice Cullen minha irmã.

- Hum... prazer. – disse não sabendo a mínima do que falar com eles.

- É simples o motivo de minha vinda. Preciso que você se passe por ela.

Arregalei os olhos quando ele disse aquilo. O que aquele maluco estava querendo falar? Se passar pela morta? Meu Deus Jacob tinha razão. Me levantei num pulo e Jacob ficou alerta.

- Você é maluco. Sua esposa morreu. Eu sinto muito.

- Eu não sinto. – ele disse com total desprezo.

- Pois deveria seu idiota! – joguei na cara dele as palavras e sai da loja com Jacob atrás de mim.

- O QUE ELE TE FEZ BELLS?

Eu estava em estado de choque. Não conseguia respirar direito e foi nessa hora que ele tomou a foto de minhas mãos sem cerimônia. Jacob ficou no mesmo estado que eu. Parado olhando a foto e eu.

- Quando casou e não me avisou?

- Não casei seu imbecil!

- Mas a foto diz que sim. Por isso eles estão aqui?

- Ela morreu. – ele ficou surpreso – Eles querem que eu me passe por ela.

- Cacete Bells que história fudida é essa?

-Não fiquei para ouvir Jake. Não vou me passar pela morta. – olhei meu relógio de pulso – Lily... eu vou buscá-la.

Olhei pata os lados e não os vi. Entrei na caminhonete depois de pegar minha bolsa e chave no depósito e fui pegar Lily mais cedo. Eu estava atordoada, o que eles poderiam ganhar comigo se passando por ela? Eles eram ricos. Um sábado esse tal de Edward chegou com uma calça jeans, tênis e uma blusa esportiva. Jacob procurou na internet o tênis que ele estava calçando, uma brincadeira que resultou num assombro de mil e quinhentos dólares. Era um modelo exclusivo da Nike, só tinha mais ou menos vinte exemplares no mundo. Ele era rico. Não podiam querer dinheiro de mim, eu não tinha.

- Vamos Bells! – disse Lily e eu me dei conta de que já estava em casa com ela sentada no sofá.

- Para onde querida? – perguntei com ela me puxando.

- Atender a porta! – ela falou rindo. – Não ouviu baterem? Vamos!

Eu levantei do sofá e fui ver. Talvez fosse Jake querendo ver como eu estava depois daquilo tudo. Abri sem cerimônias e lá estava ele de novo com seus olhos verdes perigosos na minha porta.

- O que faz aqui? – Perguntei.

- Posso entrar?

Nessa hora Lily apareceu atrás de mim.

- Seu namorado Bells? Jacob sabe disso? – ela disse cruzando os braços.

- Não é da sua conta tampinha!

- Vou falar com o Jake! – ela falou batendo o pé.

- Vamos fazer o seguinte, vai lá e liga para o Jake. Depois peça para ele vir aqui que a Bella quer falar com ele.

- Ele vai bater em você! – disse Lily para Edward e saiu correndo para a cozinha.

- Posso entrar? – ele disse mais uma vez.

- Agora pode. – apontei o caminho para a sala. Ele avaliou a casa, andou por algumas partes. – Já inspecionou a casa?

- Preciso conversar com você.

- Sobre a morta?

- Olha eu e Isabel nos casamos por contrato, não houve amor como nos seus livros – ele sabia que eu lia. Ele deveria saber até o que eu lia. – Era preciso ficar casado pelo menos dois anos para ela e eu recebermos a herança que nos cabia da família dela. Entende isso?

- Não, isso parece novela.

- Isso é a minha vida. – ele falou com desgosto.

- Sei. Sinto muito.

Olhei e vi Lily sentada vendo televisão.

- Conseguimos cumprir um ano, falta mais um. Preciso que fique um ano comigo.

- Você tem problemas sabia? Como vou entrar na sua casa e me fazer passar por ela?

- VocÊ é ela não percebeu?

- Não sou e você é um lunático maluco.

-Não sou, e outra coisa. Eu queria fazer isso de uma forma que fosse bom para você também.

- Nada disso vai ser bom. Você é uma chave de cadeia dourada. Falsidade ideológica é crime e eu já tenho meus próprios problemas.

- Eu sei. Mas me diga o que vai acontecer daqui a um mês quando o banco tomar sua casa e sua irmã ficar num orfanato por falta de alguém que legalmente se responsabilize por ela?

Congelei em pé em frente a ele. Ele sabia da merda toda.

- Não pode fazer isso comigo...

Ele mexeu nos cabelos freneticamente.

- Não estou fazendo nada. Só estou enumerando o que vai acontecer se não aceitar minha ajuda.

- Ajuda? Quantos milhões vai receber? Isso parece mais troca de favores não acha? Pensa que sou idiota? Está tão desesperado quanto eu!

- É verdade, mas ninguém precisa sair perdendo.

Nessa hora Jake entrou de uma vez pela porta com um taco de na mão. Em fiquei na frente de Edward porque ele ia apanhar sem dó se eu não o fizesse.

- Jake pára com isso!

- Lily me ligou.

- Eu pedi para ela ligar.

- E por que não correu? Ele ainda está aqui.

- Não é nada disso. Ele veio conversar eu chamei você para só... sei lá Jake! – falei nervosa.

- Jake bate nele! Ele veio roubar a Bells! – Lily disse abraçando Jake com carinho.

- Eu sei meu anjo. Vamos para a sala tudo bem? – ele largou o taco em cima da mesa e foi guiando ela para a sala perguntando se não era hora de princesa ir tirar seu sono de BELEZA. Ri com aquilo. Eles foram para o quarto que era agora nosso.

- Onde paramos? – Perguntei a ele.

- Na parte em que ninguém precisa sair perdendo.

Naquela hora eu vi que eu poderia perder mais do que ganhar. Eu sentia que Edward era um perigo iminente e que ao aceitar sua proposta minha vida iria mudar, mas era uma linha fina de sofrimento e felicidade. Eu precisava pensar. Naquilo tudo.

- Me dois dias. Não posso pensar nisso assim. Você me observa dias, me dê um tempo.

- Tudo bem. Me ligue quando estiver pronta para ir. – ele me entregou o cartão com o nome e telefone. Guardei ele foi embora.

No fundo eu sabia que eu já tinha aceito e ele pareceu perceber isso.