Real Or Unreal ?

Primeiro contato


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas

Que o vento não conseguiu levar:

Um estribilho antigo

Um carinho no momento preciso

O folhear de um livro de poemas

O cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Mario Quintana

– Kakashi, como você vai me proteger como mesmo disse. – Questionei me embrulhando mais nos cobertores

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Ouvi um pequeno suspiro seguido de um murmuro indecifrável e por fim a voz dele. A voz suave e carinhosa, recheada de emoções e algo mais, algo misterioso.

– Minha pequena Jun, para começar terei que retirar todo esse seu medo do escuro e não deixarei mais ninguém te magoar. – Kakashi murmurou suavemente. - E como eu vou fazer isso? – Uma pequena pausa. - Não posso dizer ou vai perder a graça mocinha. – Brincou e senti uma de suas mãos acariciarem o meu rosto juntamente com a estranha brisa, e finalmente eu percebi. Percebi que aquele vento frio e bom vinha dele era Kakashi a origem da leve e estranha brisa. Qualquer outra pessoa ou criança teria querido saber como ele fazia aquilo, seria truque ou mágica de verdade? Mas eu com minha terna ingenuidade limitei-me a esticar os braços em busca de algum contacto. Precisava senti-lo e ter certeza que não estava alucinando.

E encontrei o que procurava. A prova que não estava ficando louca.

Estiquei os meus longos dedos e pela primeira tive contacto com Kakashi, apesar de não o ver devido ao escuro, consegui sentir a sua fisionomia. Era forte, o corpo duro, e parecia estar de joelhos à cabeceira da cama.

Continuei tacteando seu corpo até que cheguei onde entendi ser o rosto. Com a mão que o tocava passeei por todo seu rosto, senti-o fechar os olhos quando passei com a mão por cima deles. Não me contive em achar isso divertido e um pequeno sorriso brotou nos meus pequenos lábios. Sua pele era um misto. Um misto confuso, não era fria nem quente, ficava num meio termo completamente difícil de determinar.

Chegando à cabeça senti o que presumi ser cabelo, era algo macio e fofo além de eriçado, como se Kakashi não soubesse o significava a palavra “pentear”.

Não me contive e comecei a brincar com os fios de cabelo dele, realmente algo muito macio e agradável de sentir. Era realmente divertido.

Um suspiro longo e pesado saiu dos lábios do meu mais novo e invisível amigo, ouvi-o balbuciar algo bem baixo, algo como:

“Creche rapidamente minha Jun

Na verdade, não liguei muito ao que Kakashi disse a verdadeira ingenuidade de que era portadora não me permitia olhar as coisas de forma suspeita.

– Vá Jun é melhor você dormir, amanhã vai parecer um pequeno zumbi, e não queremos isso. Pois não? – A voz de Kakashi que deixava de me parecer estranha para começar a se tornar assustadoramente familiar aconselhou-me a dormir, a ideia não era das mais agradáveis. Dormir significava deixa-lo partir.

– Mas antes de dormir, me diz como eu faço para volta a estar com você, se eu não sei de onde você vem, nem para onde vai. – Embirrenta questionei, se tinha que dormir ao menos tinha que saber como voltar a ouvi-lo.

Uma pequena gargalhada quase inaudível se fez ouvir. Kakashi estava se divertindo comigo.

– Não se preocupe minha pequena, eu virei mal escureça, estarei aqui te esperando é só vir para o seu quarto quando escurecer que aqui estarei. – Carinhosamente informou fazendo meu coraçãozinho relaxar.

Senti-o em seguida acariciar meus longos cabelos, como se me embalasse numa silenciosa musica de embalar, e realmente estava funcionando. Mas o que foi mais estranho, é que desde que percebi que não estava sozinha no quarto deixei de ter medo. Quer dizer, eu continuava no escuro, mas com Kakashi ao meu lado mesmo não o vendo eu o ouvia, o sentia e tocava, e isso foi o suficiente para inexplicavelmente mandar meu medo embora.

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E sem pensar em mais nada, deixe levar-me pelas caricias de Kakashi ouvindo apenas nossas respirações na vazia e silenciosa escuridão do meu quarto. Antes de adormecer ouvi-o murmurar quase inaudivelmente.

Amo-te minha Jun.

.................................

No dia seguinte acordei com a minha querida e doce mãe abanando-me de um lado para o outro ferozmente.

Com dificuldade e atordoada por cauda dos abanões abri os olhos ensonada e sem noção questionei.

– Kakashi é você?

– Está louca garota?! – Um grito estridente da minha progenitora se fez ouvir. - A surra do seu pai ontem lhe deixou maluquinha foi? Quem é esse Kakashi garota medrosa? – Novamente um grito. Realmente uma menina ensonada só diz asneira. Os cobertores que me cobriam foram puxados me incentivando a levantar de uma vez.

– Há desculpe mãe. – Tentei remediar o que tinha dito. – Kakashi era o nome do meu ursinho no sonho que estava tendo. – Disfarcei o melhor que consegui.

Recebi um raro sorriso de minha mãe que se sentou ao meu lado, e me ajudou a mudar a roupa sem mais palavra alguma.

– Agora trate de se calçar e venha tomar o café da manhã. – Minha mãe ordenou após me deixar pronta para mais um dia e se retirou do quarto.

Soltei um suspiro após ficar sozinha. Realmente chamar minha mãe de Kakashi não tinha sido uma jogada de mestre.

Com um sorriso calcei os meus tênis azuis e com alguma esperança tentei chamar por ele.

– Kakashi você esta ai? – Sem muita esperança o chamei, e só depois me lembrei de que tinha sido avisada que só o poderia encontrar de noite.

Um pouco desiludida, mas conformada levantei da cama.

– Ta então até logo amiguinho. – Me despedi como se ele realmente ali estivesse, eu queria acreditar com todas as minhas forças que sim.

Já saindo do quarto senti-me ser envolvida pela mesma brisa de ontem, o vento que me fazia sorrir e sonhar. Ele estava comigo.

Com um enorme e doce sorriso sai do quarto deixando a porta fechada.

E assim pronta para mais um dia, pedi a todos os santinhos, anjinhos e qualquer outra força que o dia passasse rápido para voltar a estar com Kakashi. Meu mais novo e precioso amigo.