Real Or Unreal ?

Perguntas sem respostas


São precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência.

Milan Kundera

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E assim foi. A escola correu bem dando a sensação que os minutos corriam e as horas voavam. E quando dei por mim, já era de novo hora de voltar para casa.

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Junto com minhas amigas retornei a casa.

A primeira coisa que fiz mal cheguei, foi correr para o meu quarto, olhei todos os cantos do mesmo na tentativa de encontrar algo remexido ou fora de sitio como sinal dele ter estado ali.

Mas tudo estava exatamente como eu havia deixado. Isso me deixou triste, mas, não havia nada que eu pudesse fazer.

Minha mãe estava fazendo o jantar e eu aproveitei para fazer os deveres da escola enquanto Kakashi não dava sinal.

Assim as horas que faltavam para escurecer passaram, e já estávamos jantando num total silencio. Meu pai e minha mãe olhavam-me perplexos e eu sabia o motivo, pois durante minha inteira e tenra vida eu chorava, gritava e esperneava mal chegava a casa apenas para não ter que dormir no escuro, apesar de sempre ser um fracasso minhas birras. E agora ali estava eu, calma e tranquila quando já estava praticamente na hora de ir deitar, já era de noite e eu permanecia calma, apenas ansiosa de voltar a estar com Kakashi.

– Será que ela esta bem? – Minha mãe questionava meu pai num pequeno sussurro recheado de receio.

– Talvez tenha sido a surra de ontem que surgiu efeito nessa garota mimada. – Meu pai retrucou seriamente enquanto levava uma colher cheia de feijão á boca.

Eu apenas me limitei a dar um breve sorriso, enquanto eles pensassem que minha mudança estava relacionada com a surra estaria tudo bem.

Após o jantar como era habitual lavei meu prato e talher. Passei por meus pais que ainda estavam na mesa conversando sobre banalidades, e me despedi deles indo para o quarto. Sem birras, gritos ou choros. Isso os deixou completamente surpreendidos.

Subi as escadas alegre e ansiosa, parei antes de abrir a porta do quarto, tinha medo de Kakashi me ter abandonado. Suspirei e apenas abri com receio a mesma, e após alguns segundos de dúvida e medo, muito medo. Decidi-me e entrei sem acender a luz fechando a porta atrás de mim. Fui Tacteando as coisas na escuridão ate chegar á cama, vesti então o meu pijama que sempre ficava arrumado debaixo do travesseiro e me deitei debaixo dos cobertores.

Já estava aconchegada, agora era a hora da verdade. Respirei fundo e o chamei.

– Kakashi? – Sussurrei o nome dele, mas não obtive resposta. - Você esta ai? Kakashi? – Voltei a insistir, e nada. Apenas o silencio. Talvez eu o estivesse chamando baixo de mais e ele não me ouvisse.

Respirei fundo, a ideia de estar sozinha não era boa.

– Kakashi? – Voltei a tentar mais uma vez. Desta vez mais alto, deixando transparecer um pouco de receio na voz. E em resposta obtive aquela brisa, misteriosa e gostosa.

– Com medo, minha pequena? – A voz rouca e gentil que fazia todos os meus medos sumirem se fez ouvir.

– Agora já não. – Simplesmente respondi no tom mais feliz que uma criança poderia ter.

Em resposta obtive uma risada baixa e divertida e logo o senti sentar-se na beira da cama bem perto de mim, e o que reconheci como sendo sua mão, acariciou meu rosto. Automaticamente fechei os olhos e suspirei. Apesar de muito pequena eu sabia. Sabia que viria o dia. Mas enquanto esse dia não chegava limitei-me a deixar minha curiosidade trabalhar.

– Kakashi, porque eu não te posso ver? Porque não aparece de dia, ou porque não acende uma luz para eu te ver? – Arremessei um enxame de perguntas, as quais eu duvidava que tivesse resposta.

Uma gargalhada se fez ouvir, apesar de eu não ter achado nem um pouco de graça.

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– Se você me ver eu perco o jogo, pequena Jun, então encare isto como um jogo, nós vamos ser amigos, vamos nos falar e tocar sem que você me veja. Vai ver que será um jogo bastante divertido. – Obviamente Kakashi estava tentando me convencer e na realidade com muito sucesso, afinal o que uma criança adora mais do que doces? Jogos, claro.

Sem dar uma resposta, levei a minha mão, até ao meu rosto em procura da dele, achando-a segurei-a firme, e a puxei para perto do meu coração, aconchegando-me na cama para dormir. E ainda antes de fechar os olhos sussurrei.

– Obrigado por aparecer na minha vidinha, Kakashi. – E fui levada para o mundo dos sonhos onde imaginaria mil e um rostos para o meu príncipe.



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Com Kakashi na minha vida tudo se tornou mais fácil. Ele foi uma espécie de anjo que surgiu.

Com o passar dos dias, veio os meses que deram lugar aos anos e com o passar desses anos o meu medo do escuro desapareceu, pois sabia que Kakashi sempre estava perto e não deixaria nada me acontecer, nunca.

Meus pais acharam muito estranha essa minha mudança sem um motivo aparente, mas ambos se convenceram que minha mudança era devido às surras que meu pai me dava dia sim, dia não. Mas eles pensarem assim era bom, porque eles não iam achar muita graça, em saber, que apareceu um estranho no meu quarto, um estranho que praticamente vivia lá, e que eu por mais estranho que fosse nunca o vi. Por isso melhor eles pensarem assim. Por vezes a ignorância é uma benção.

E assim minha infância foi passando, levando juntamente os meus medos.

Nesta altura já estava com dezoito anos. Com Kakashi por perto o tempo corria mais rápido do que devia, pois eu sempre queria que as noites fossem eternas.

Juntamente com a idade, vieram às mudanças no meu corpo e cérebro. Eu já não era aquela menina pequenina que engolia tudo e nunca questionava uma segunda vez. Não, essa garotinha tinha sido deixada para trás, agora a nova Jun, era curiosa, teimosa, insistente. Esta era a nova eu que pelos vistos. Estava dando algumas dores de cabeça a meu amiguinho Kakashi.



Continua...