Não sei quantas horas se passaram desde que deixamos México, não havíamos dito nada desde que saímos de lá e passar àquelas horas no avião estava me deixando entediada, afinal as coisas estavam indo rápido demais e eu estou um pouco insegura com tudo isso. Meus ferimentos se curaram num período de tempo muito curto, deve ser por causa da minha metade de Loriena, meu corpo estava completamente renovado em menos de uma semana, sem cicatrizes das queimaduras ou o buraco enorme que estava no meu braço esquerdo. Finalmente havia descoberto o nome do sujeito moreno, ele se chama Sharma e é general de um exercito lá na Índia, a ideia de poder contar com humanos parecia não ser tão ruim assim, nem todos eram fracotes como seres superiores achavam, na verdade, uns até me surpreendia, como Luke.

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– Hey sério que você é completamente Humano? – Finalmente quebrei o silêncio que ficara entre mim, Luke, Zeus e Sharma.

Luke olhou para mim timidamente, ele não conseguira olhar nos meus olhos por completo.

– Sim, por que a pergunta Senhorita?

Sorri.

– Não me chame assim, é estranho, prefiro apenas Eni, tá bom? – Ele apenas assentiu. – Bem é que você é muito forte e habilidoso, quem te treinou?

– Minha mãe. – Ele disse em seco.

– E na onde ela está? – Seus olhos fitaram os céus pela janela do avião.

– Morta, minha família toda está morta.

Tinha certeza que a mulher que eu o vi era a mãe dele, de algum modo me senti mais próxima, por ambos ter passado pela mesma situação. Sussurrei:

– Sinto muito... Também perdi meus pais... E entendo o que esteja passando. Não se preocupe, somos uma família agora. – Sorri generosamente para ele, notei que ele o retribuía da mesma forma.

– Sim somos uma família agora, sua baixinha.

Sharma pigarreou.

– Senhorita Eni, para uma jovem você é muito corajosa, olhe que na Índia não vejo muitas jovens como você!

Corei.

– Vai ver elas não tivera pais tão maravilhosos como os meus! Aliás, Zeus, eu esqueci de perguntar antes... Como Lydron conseguiu se transformar? Meu pai disse que ele era um clone perfeito de Chimaera, porém o seu problema era não poder se transformar em uma besta enorme, então como? – Olhei para ele, que estava no meu lado da poltrona.

– Lydron tomou o líquido que Machaon deixara, isso fez com que ele se transformasse e agora poderá se transformar sempre.

– Ah... Ele realmente é incrível. – Suspirei, ao lembrar-se de tudo que já fizera para mim, ele realmente era um ótimo bichinho de estimação.

***

Finalmente pousamos em Nova Dehli, Lydron não estava mais aguentando ficar preso dentro de uma caixa. Nunca tinha vindo para Índia, era de fato, realmente incrível, muitas pessoas ficavam na rua vendendo coisas, algumas bem exóticas, uns até chegavam a incomodar, pois só faltavam esfregar as coisas na sua cara para que você comprasse, não havia uma estrada ao certo, carros passavam desgovernados, parecia a rotina matinal de todos e não havia medo de ser atropelado. Algumas pessoas não estranharam Lydron no meu ombro, eles estavam acostumados, pensavam apenas que ele era mais um bicho exótico, outros com certeza ficaram interessados no valor dele, porém Lydron parecia estar adorando tudo, adorando o ar fresco.

Um carro vinha em nossa direção, parecia que ia nos atropelar, foi por pouco, o motorista abriu a porta e mandou que nós entrássemos, claro que eu não entendera nada, o nosso tradutor era Sharma; entramos, o carro foi tão rápido que tive que me segurar na porta com uma das mãos e a outra agarrei com força o braço de Luke, ouvi ele gemer e sussurrar palavras ofensivas, nem liguei, isso era pior do que enfrentar bestas Mogadorianos.

Chegamos ao local, havia vários homens armados, o ar estava pesado e em vários lugares se via o número “Oito”, com certeza era esse o Garde, “Número Oito”. Nunca havia me encontrado com algum Garde, não que eu lembre, meu pai sempre me contara que eles eram extremamente fortes e com Legados incríveis, queria muito ter algum, com certeza seria mais fácil usar Legados numa batalha contra Aliens do mal, minha mãe com certeza tinha, eu só queria saber quais, e será que eu poderia ter? Sei que minha outra metade é humana, mas minha mãe era parte da Garde... Meus pensamentos foram desfeitos, Luke me cutucava e sussurrava em meu ouvido.

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– Você já esteve aqui? Será que finalmente estaremos seguros?

– Não sei, mas esse cara deve ser realmente incrível, olha só para esse exercito.

Meus olhos e o de Luke brilhavam só de ver todo aquele armamento e aquele pessoal, todos pareciam bem treinados e dispostos para lutar. Queria que meu pai visse isso, queria que o Spanner também o visse... Mas onde ele está? Prometera me dar noticias e até agora nada.

– Senhorita Eni?

Sua voz era familiar, parecia com o cara que me ligara, o “Garde”, virei-me e lá estava ele, numa roupa típica da Índia, era moreno, com cabelos ondulados e seus olhos pareciam ter um tom de verde escuro, ou era um castanho claríssimo?

– S-sim... – Minha voz saiu tremula, rapidamente corei, ele era muito bonito, sem contar com o seu peitoral que ficara amostra, era bem musculoso.

– Fico feliz que tenha vindo, vamos, deixei suas malas aí, receio que todos vocês estejam com fome. – Ele entrelaçou seu braço no meu, me fazendo corar ainda mais, nunca estivera tão perto de um garoto assim, a não ser de Spanner. Fitei-o.

– Aqui realmente é muito bonito, digo, seu exercito é bem bacana.

Ele sorriu.

– Seu gosto é bem estranho.

– Adoro esse tipo de armamento simples, melhor que de alienígena.

Sorri, ele também sorria, o que era algo de tirar o fôlego.

Caminhamos assim até sua tenda, o tecido parecia ser bordado a ouro, Lydron havia ido passear pelas redondezas, enquanto Luke, Zeus e Sharma nos acompanhavam até a tenda.

– Podem se servir a vontade. – Disse Oito sentando-se na almofada.

A mesa realmente tinha muita coisa, coisas que nunca pensei que existissem, uns com cara bonita, outros com uma cara nenhum pouco amigável. Todos nós nos sentamos. Zeus, porém, só aproveitava a vista, ele não comera nada, apenas bebera do seu líquido misterioso, Oito e Sharma pareceram não se importar com isso. Olhei para Luke e reparei que estava com a mesma cara que a minha, não sabia o que comer, com medo de que algo fosse tão exótico e “nojento”. Enfim me servi, peguei ao que parecia ser batata bem temperada, notei que Oito me olhava atentamente.

– Isso se chama Aloo Moon Phali Chaat.

Olhei confusa para ele.

– Como?!?

– É batata cozida com amendoins e variáveis temperos indianos, é uma delicia quando se come junto com o Tandoori Roti. - Ele notara o ponto de interrogação que surgia na minha cabeça, rindo de mim. – Mas conhecido como pão.

Eu sorri para ele.

– Séria mais fácil ter dito pão.

– E o que é isso? – Perguntou Luke apontando para uma panela, curioso.

– Isso é Murgh Muntaz, cubos de frangos. Prove-o.

Todos nós estávamos realmente satisfeito, mesmo muita coisa ali não me agradando, e creio que nem ao Luke. Oito olhava para mim, com seus olhos profundos, parecia tentar ver algo em minha mente.

– O que está fazendo? – Tentei ser rígida.

– Nada... Eni sabe eu vi que você iria ser ferida, Spanner já fez algumas armas para Sharma e me contara um pouco sobre você. Não achei que pra uma garota se sairia tão bem.

Ao ouvir aquilo fiquei furiosa, já me levantando. – Ao que pareci vocês duvidam muito do que uma garota é capaz e vejam só, estão todos se enganando!

Zeus me segurou pelo braço.

– Calma Eni...

Oito apenas sorria descaradamente. – E devo dizer que também é muito brava. - Revirei os olhos, voltando a sentar. – Eu ajudei e a chamei aqui porque preciso muito da ajuda de vocês, tive uma visão de um laboratório e Mogadorianos estavam trabalhando nele, juntos com humanos, porém eu não sei ainda a localização exata, então peço para que fiquem mais um pouco, e quando descobrir; vamos todos juntos para lá, tudo bem para vocês? Saibam que podem negar este pedido a qualquer momento.

Por um instante alternei olhares entre Luke e Zeus, eu não tinha duvida do que queria, creio que Zeus faria tudo o que eu mandasse, mas e Luke?

– E então, você topa Luke? – Disse sorrindo para ele. – Olha que vamos mostrar para eles do que somos capazes, e veja as armas maravilhosas que tem aqui, é nossa chance de provar que não precisamos de Legados.

Luke pareceu não gostar muito, demorou um pouco para responder.

– Eu topo, mesmo não gostando muito da ideia.

– Ainda bem que não me sinto ofendido com isso Eni. – Oito ainda estava sorrindo, retribui-o com um sorriso cínico.

Eu já estava exausta, toda aquela mudança de país e o fuso horário estavam me deixando louca. Oito levou cada um para sua respectiva tenda, assim pude descansar, mesmo não tendo minha privacidade, já que Lydron ficara comigo na tenda.

Coloquei uma simples regata branca e um short verde de seda, me deitei; logo em seguida senti algo pesado subindo pelo meu corpo, entrando nas cobertas, e colocando a cabeça gelada bem nos meus ombros, era Lydron. – Pensei.

“Eni isso aqui é bem legal né? Oito é muito burro por achar que você é forte e vai conseguir fazer algo, mas ainda bem que eu estou aqui, vou te proteger.” – E mais uma vez Lydron falava na minha cabeça, não me senti ofendida com o que dissera, apenas sorri torto.

– Ainda bem que tenho você, estou muito feliz, já que você é todo poderoso. – Ri baixinho.

“Eni idiota, até que você cheira bem....” – Vi ele adormecer, Lydron parecia uma criança e eu não contara a ninguém que nos comunicamos por telepatia, parecia que ele só falara comigo, não sabia o motivo, mas estava feliz, finalmente a gente estava se dando bem, ou pelo menos estávamos chegando lá. No fim acabei adormecendo também, pelo cansaço.