Ulquiorra Feels

Capítulo 1


Sentiu seu coração dar duas batidas em falso ao reconhecer a expressão melancólica acima de sua cabeça. Ele a encarava como se não tivesse passado nem um segundo que estava ali.

–Você está bem, mulher?


Orihime piscou uma vez para ter certeza de que ele estava ali realmente.

Ela vira Ulquiorra sendo morto por Kurosaki-kun. Ele perguntara se ela tinha medo dele, ela sofreu com a morte dele, como ele poderia estar na sua frente agora?

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Orihime se sentou na cama, levantando tão rápido que por pouco não batera testa com testa na dele. Continuou encarando seus olhos.

–Ulquiorra?

Ele permaneceu quieto.

Exasperada, sem acreditar no que seus próprios olhos viam. Era tão real, tão sólido... As marcas semelhantes à lágrimas, a pele clara e a expressão melancólica... Mas, como...?

–Você se transformou em pó na minha frente.

Ulquiorra se levantou e enfiou as mãos nos bolsos.

Aquelas dolorosas imagens lhe cortaram o coração como se estivessem acontecendo naquele exato momento. Seu olhar gélido e seu descaso por estar desintegrando lentamente à sua frente... Suas palavras... ‘Você está com medo de mim, mulher?’... Não, ela não estava, não, ela queria tocar-lhe a mão...

–C-Como?

–Não me convém explicar-lhe como estou vivo. Apenas acredite que eu estou aqui.

–Vivo...?

Ulquiorra assentiu em silencio. Alguns minutos se passaram, mas os olhos de Orihime estavam completamente congelados nele. Ficara dias lamentando sua morte... Agora ele estava a sua frente e não sabia o que fazer.

–E-E por que você está aqui?

Não queria parecer rude ou ignorante a ele; prezava acima de tudo a gentileza.

–Não quero ter que lutar desnecessariamente com Kurosaki Ichigo, mulher. Tenho que saber se você não pretende contar nada da minha existência ou minha passagem pela sua casa a ele antes de tudo.

A ruiva assentiu com a cabeça, apertando as mãos suadas atrás das costas, sem saber direito o que fazer, pensar ou sentir. Queria abraçá-lo ou simplesmente tocar seu rosto, sentia surpresa e uma inquietude dentro do peito que parecia inchar e fazê-lo explodir a qualquer momento, como nervosismo, mas de um jeito engraçado.

–Segui a reiatsu de um Espada que fugiu do Hueco Mundo até sua casa.

Orihime exibiu uma visível expressão conturbada misturada com choque. Um arrancar? Pior, um Espada?

E ela nem ao menos sentira o reiatsu?

–E-Eu não vi ninguém, nem nada...

–Como não? Sinto o reiatsu dele por toda a sua casa.

–O que ele poderia querer aqui?

–Se eu soubesse, não teria necessidade alguma de consultá-la. Já que não sabe de nada...

Ulquiorra se virou em direção da janela, enfiando as mãos nos bolsos, lentamente.

Orihime assistiu enquanto ele se ia mais uma vez em câmera lenta. Lá ia Ulquiorra mais uma vez, desaparecer novamente, e nunca mais voltar. Só conseguia pedir pra que ele não fosse mentalmente, esquecera totalmente de como se falava. Alem de tudo, como iria conseguir fazer com que ele ficasse?

Orihime abaixou a cabeça, falando em tom mais baixo que o necessário:

–Não pode ficar?

Orihime sentiu seu sangue subir todo para a cabeça e ruborizar ao perceber que tinha soado desesperada demais.

Ulquiorra parou de andar e se virou para a moça.

–Disse algo?

–Perguntei se... Hm, bem... Se você não poderia ficar.

O Espada continuava a encarar como se tivesse feito uma pergunta desconexa. Em vista do silencio do homem, Orihime se atrapalhou em bolar uma desculpa mais plausível.

–Quero dizer, tem um Espada na minha casa, não pode me deixar sozinha e desprotegida aqui... Certo?

Ele não tinha nem ao menos piscado quando ela terminou de falar.

Ulquiorra se aproximou da jovem, encarando as enormes órbitas da mesma.

–Onde estão seus companheiros?

–Não estão na cidade, todos viajaram.

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Ele pareceu pensar por um instante. Ulquiorra ficara tentado em aceitar?

–Eu não posso ficar, precisam de mim em Las Noches.

Orihime abaixou os olhos, assentindo. Bem, tinha ao menos tentado convencê-lo a ficar. Tinha feito o que estava ao seu alcance.

–Adeus, mulher.

Orihime piscou e ele não estava mais ali.

Ele ‘morreu’, reapareceu dizendo que estava vivo e se foi novamente. Tinha ficado triste, feliz, e triste de novo. Como tão rápido? Só algumas poucas palavras, e puf!; Ulquiorra tinha ido embora mais uma vez.

Sentou-se na cama e respirou fundo. Ficara realmente muito feliz por vê-lo vivo, e saber que continuava o mesmo de sempre, mesmo depois de tudo, a aliviou. Uma parte de si a assegurava de que o veria mais uma vez, algum dia, e isso já bastava.

Se levantou e dirigiu-se ao banheiro, decidindo tomar banho para esfriar a cabeça.

Fez tudo o que tinha que fazer no dia tentando não voltar seu pensamento ao ocorrido em seu quarto. Dormiu um pouco, e no momento acabara de cozinhar o jantar, mas não sentia tanta fome. Chegou à sala e se sentou no sofá, ligando a TV e deixando em um filme qualquer que passava em um canal qualquer. Olhava para a TV sem prestar atenção no filme. O barulho das cenas e diálogos do filme não a impediam de desviar seu pensamento para o que estivera evitando o dia todo, se enchendo de coisas desnecessárias pra fazer, tentando ocupar a mente.

Desviou seu pensamento de um Espada para outro. Como não conseguiu sentir a reiatsu do que esteve em sua própria casa? Ulquiorra não cogitara que ele poderia estar querendo fazer algum mal a ela? Não importa nada a ele se alguém fizer mal a mim, que pensamento idiota, Orihime. O que ele poderia querer na sua casa? Não achou motivo aparente algum.

Em poucos segundos, dormiu.


...


A garota se remexeu no sofá, se espreguiçando. Suspirou e abriu lentamente os olhos, focando em algo verde.

–AH MEU DEUS!

Pulou, assustada, sentando-se no sofá com uma rapidez que a deixou tonta. Ruborizou ao perceber que ele estava com o rosto realmente perto demais do dela, ficando mais vermelha que um tomate.

–Ulquiorra! Meu Deus, que susto...

Pousou a mão no coração, sentindo-o bater mais rápido que o normal. Respirou pausadamente e o encarou agachado apoiado no sofá, se acalmando. O homem se levantou, desviando o olhar e permanecendo em silencio.

Orihime percebeu que ele estava diferente.

Diferente até demais.

O que houve com a máscara hollow e as marcas debaixo dos olhos?

E ele estava usando roupas humanas?

–O que aconteceu com você?

–Gigai.

Gigai? Pra que Ulquiorra estava usando um gigai?

–Halibel me mandou pra cá para vigiar o Mundo Real.

O coração de Orihime acelerou novamente enquanto escutava atônita às palavras de Ulquiorra. Ele iria... ficar?

–Ela não quer que o Espada cause danos à Karakura.

Ulquiorra se virou e andou até o corredor que dava para os dois quartos da casa de Orihime.

–Portanto, ficarei na sua casa por tempo indeterminado, mulher.

A frase ecoou por todo o seu corpo. Ulquiorra ficaria em sua casa, em sua casa. Estava tão estática que nem se moveu para acompanhá-lo até o segundo quarto.

–Por tempo indeterminado...

Repetiu pra si mesma, em um sussurro.