New Legends - Cavaleiros do Zodíaco

Um chamado urgente, parte 3


Enquanto ocorriam as batalhas no Santuário, nas terras geladas de Asgard e no Templo de Poseidon, Rudolf Fontes estava sentado em sua casa, em frente à tela do computador. Há tempos não tinha mais contato com Tatsumi ou com Bore, apesar de ocasionalmente receber uma ou outra notícia sobre as viagens do comentarista esportivo, seja como destinos de férias, seja para cobrir algum outro evento.

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O professor de história contemplava, por sinal, as notícias recentes dos últimos dias, navegando pelos mais diversos portais da mídia em busca de alguma notinha promissora. Sem contato com Tatsumi ou com a Fundação Graad, dependia de pistas e entrelinhas nas notícias do “mundo normal” para poder saber notícias dos Cavaleiros.

Na maior parte dos dias, as notícias corriqueiras não eram animadoras a respeito de fornecer indícios da atividade dos Cavaleiros. Na última semana, entretanto, o estranho aumento no nível do mar em diversos locais do mundo havia chamado não só a atenção de Rudolf, como também da imprensa internacional e da comunidade científica em vários países, que se debatiam e se viravam do avesso para tentar entender aqueles estranhos fenômenos.

Um mês antes, as fontes de Rudolf o haviam deixado a par de que Asgard fora visitada pelos Cavaleiros de Bronze e de que eles, quando estiveram lá, se digladiaram em combates contra os Guerreiros Deuses, os protetores locais daquela região. Rudolf não sabia ainda a fundo as razões para tal conflito, mas imaginava que as perturbações “cósmicas” de que ouvira falar, meses antes, no Japão, tivessem alguma relação com isso. Ele notara Tatsumi e Bore imensamente preocupados na ocasião, especialmente com a interrupção e encerramento abruptos do campeonato da Guerra Galáctica, como se aquilo fosse o prenúncio de que algo maior estaria para acontecer.

Em seu íntimo, o brasileiro imaginava que o “algo maior” já estava acontecendo, apesar de ainda não conseguir precisar do que isso se tratava. No mês anterior, coincidindo com a luta entre Cavaleiros e Guerreiros Deuses no Norte, as calotas polares haviam começado a derreter com uma velocidade maior do que o usual. Agora, em meio a rumores, semeados pelas informações advindas das fontes do professor, de que estaria ocorrendo uma batalha entre os mesmos cavaleiros jovens que Rudolf vislumbrara lutando, mais cedo, em abril de 2012 no torneio da Fundação, e os defensores do deus Poseidon no fundo do mar, Fontes só podia deduzir que o aumento no nível dos oceanos e a quantidade abissal de chuvas intensas e torrenciais em diversos locais do globo era um resultado direto da luta entre as forças de Atena e de Poseidon que ocorriam, naquele exato momento, no fundo do oceano.

Devia ser um simples recesso de meio de ano – Rudolf só voltaria a dar aulas no fim de agosto, dali a umas 3 semanas, após quase 1 mês de recesso universitário – mas as notícias que chegavam do resto do mundo se faziam sentir mesmo ali, na sua pequena cidade de origem. Natal, a capital do Rio Grande do Norte, era uma cidade relativamente pacata se comparada a outras grandes cidades brasileiras. Contando com cerca de algo em torno de entre 800 e 900 mil habitantes, não era exatamente um grande centro, mas a globalização que se fazia sentir na cidade fazia com que o noticiário mundial também fizesse sua influência ser sentida entre a população da cidade. Alguns dias antes muitos moradores e turistas haviam notado um aumento do avanço das ondas do mar sobre a orla da cidade, o que começara a danificar as calçadas da beira-mar, as fachadas de alguns hotéis e mesmo alguns pontos de comércio, levantando discussões e preocupações com a infraestrutura da cidade a respeito do estranho comportamento do oceano naquele momento. Rudolf sabia que isso devia ter algo a ver com a batalha contra Poseidon, mas seus conterrâneos não faziam ideia do que estava causando tudo isso. E mais ainda, a cidade em poucos meses viveria o período das eleições municipais, em outubro; quase todos os candidatos envolvidos na disputa pelo cargo de prefeito mencionavam em seus programas eleitorais e planos de governo, que tencionavam investir na melhoria das condições da orla da cidade em caso de vitória no pleito.

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Um tanto alheio às supostas preocupações dos políticos, Rudolf analisava minuciosamente cada reportagem. Um de seus amigos próximos havia recentemente conseguido um estágio na área de jornalismo, após ter começado a estudar o curso na UFRN um ano antes. Rudolf contava com ele para analisar mais rapidamente cada notícia, especialmente aquelas que pareciam mais estranhas e que podiam conter alguma referência ou informação velada a respeito das ações dos Cavaleiros. Mesmo algumas pessoas que não conheciam os cavaleiros já estavam se deixando levar pelos efeitos do noticiário intenso, especulando se isso não seria um prenúncio de um retorno da submersa cidade de Atlântica das antigas lendas, e que por isso o nível dos oceanos estaria aumentando. Estão quase certos, pensou Rudolf melancolicamente enquanto olhava em direção ao mar pela sua janela...

Mais impressionante do que o repentino avanço do oceano era o fato de que, ao longo daquele dia em particular, vários mares ao longo do globo haviam se acalmado, como se uma força maior os tivesse amaciado. Rudolf torcia para que isso fosse um indicativo de que o Time Bronze estivesse triunfando nos combates no fundo do mar.

O Atlântico Sul, que banhava Natal e a maior parte do território brasileiro, havia sido justamente o mais recente a se acalmar, fazendo com que algumas pessoas presumissem que o litoral da cidade não seria mais afetado por aquele estranho fenômeno. Porém, o litoral do Atlântico Norte continuava revolto; alguns poucos estados da Região Norte que eram por ele banhados continuavam a experienciar os efeitos do mar revolto, bem como alguns países vizinhos, como por exemplo: as Guianas, a Venezuela e a Colômbia.

Rudolf tentava raciocinar. Ele havia lido muito tempo antes em um livro antigo de que a lenda contava que o Santuário de Poseidon era permeado por sete pilares, cada um representando um dos sete oceanos do mundo, e mais um grande pilar central que servia como o principal sustentáculo do templo do deus marítimo. Talvez os Cavaleiros de Bronze estivessem triunfando, um a um, em cada um desses pilares iniciais, e teriam a batalha final quando chegassem ao pilar central. As vitórias deles nos pilares anteriores poderia explicar o porquê de o mar estar retrocedendo em diversos pontos do globo; o Atlântico Norte ainda estar tempestuoso devia indicar que os Cavaleiros de Bronze ainda não haviam obtido vitória naquele pilar em específico, e que era isso o que os separava do último pilar.

Torcendo para que estivesse certo, o professor continuou a percorrer as notícias em busca de novas informações relevantes. A lenda anterior que havia lido dizia que Poseidon contava com pelo menos três santuários conhecidos: um no Mar Mediterrâneo, um no Oceano Atlântico e um no Oceano Índico. Tentando raciocinar qual deles estaria sendo o palco da atual batalha, lembrou-se de que, de acordo com suas fontes, o templo do Mediterrâneo havia sido destruído quando Seiya e seus amigos da geração anterior dos cavaleiros haviam enfrentado os guerreiros de Poseidon, lá entre o fim dos anos 1980 e início dos anos 1990. Dado que Poseidon costumava “hibernar” no período entre guerras santas distintas, o templo do Mediterrâneo provavelmente não havia sido reerguido e nem estaria então em uso naquele momento. O templo do Oceano Índico era uma incógnita, mas, por se encontrar naturalmente distante da localização do Santuário, na Grécia, ser o palco de uma batalha contra os Cavaleiros de Atena naquele momento parecia improvável.

Com isso, restava apenas o templo do Oceano Atlântico, coincidentemente ou não, o único dos oceanos que ainda se encontrava anormalmente revolto naquele período.

Rudolf não dispunha de nenhum contato no Santuário, nem muito menos na Fundação Graad, com quem pudesse compartilhar suas impressões a fim de se certificar se suas divagações estavam corretas ou não. Gostaria de poder ajudar ou contribuir com a missão dos Cavaleiros de Bronze de alguma maneira. Sentia-se de mãos atadas. O que poderia fazer?

Estava preste a entregar os pontos, sem saber como proceder. Então, relanceando pelos portais de notícias, deparou-se com o nome de seu velho conhecido comentarista esportivo japonês.

Bore, que correra para Cingapura após o desfecho do torneio da Fundação, sob o pretexto de tirar férias após muitos anos e eventos por ele cobertos in loco, e que de acordo com ele resultaram em uma baita dose de estresse e de ansiedade para lidar, passeara de resort em resort pela região do Sudeste Asiático e da Oceania até, enfim, regressar ao Japão. Mas um detalhe aparentemente inócuo na notícia foi o que chamou a atenção de Rudolf.

O corpulento locutor de meia-idade iria em breve deixar novamente o Japão para fazer a transmissão de um torneio de tênis na Espanha. Se os palpites de Rudolf estivessem certos, os Cavaleiros de Bronze estariam em algum ponto no fundo do Oceano Atlântico, próximos de onde as lendas antigas conclamavam ser a localização perdida de Atlântida. As ilhas de Açores, pertencentes a Portugal, ficavam próximas dali, bem como relativamente perto do estreito de Gibraltar, na costa espanhola. As lendas antigas também indicavam que os Açores eram as ilhas restantes do continente de Atlântida, e que, enquanto a maior parte do continente havia submergido, Açores havia sobrevivido e se mantido na superfície desde então. Se os Cavaleiros de Bronze estivessem, então, em um ponto próximo de Açores...

O professor pegou seu celular. Precisava fazer várias ligações, especialmente se quisesse atrair a atenção de Bore o mais cedo possível ao passo em que o comentarista esportivo se dirigia para a Espanha.

Podia não ter contatos com ninguém diretamente ligado com a Fundação ou com o Santuário, mas podia ainda contactar-se com Bore. Se a sorte estivesse a seu favor, ou melhor, a favor dos Cavaleiros de Bronze, talvez aquele esforço aparentemente pequeno pudesse resultar em uma ajuda mais concreta e substancial ao empenho dos jovens cavaleiros de Atena.

Os cavaleiros de Atena sequer o conheciam, mas haviam ganho sua admiração durante o torneio galáctico. Faria de tudo para conseguir ajuda-los nem que da forma mais mínima que encontrasse. Aguentem firme, pessoal. Se tudo der certo, a ajuda estará a caminho, logo, logo...

Ainda possuía o número pessoal de Bore, mas imaginou que algum dos assessores do comentarista receberia a mensagem primeiro. Começou também a digitar um e-mail para o endereço eletrônico do velho locutor. Algum dos seus esforços tinha que alcança-lo de alguma forma. Rezando e torcendo para que Bore atendesse ao invés de algum dos assessores, e para que ele olhasse a caixa de entrada dos e-mails a tempo, Rudolf começou a discar nervosamente os números em seu telefone...

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