Born To Die - Clato

Capítulo 39


A minha primeira reação não existe. Apenas absorvo o grito de socorro de Ally enquanto estou na beirada da escada. Acordo do meu transe por causa de Cato, que chega do meu lado e pergunta por que Ally estava gritando. Ele então olha para a porta aberta, ouço outro grito e olho perplexa para ele. Cato sacode os meus ombros para eu voltar à realidade.

– Ela foi pega. - sussurro. Ouço outro grito, solto meus ombros das mãos de Cato e desço as escadas correndo. Vou até a cozinha, abro a gaveta, que sempre ficara trancada, e vejo meu estojo de facas intacto. Pego as duas maiores facas, e sem me importar que estou descalça, saio correndo e vou para fora de casa.

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Vou em direção aos gritos de Ally, e a vejo sentada e encostada em uma árvore. Os seus joelhos estavam dobrados, a cabeça neles e ela estava encolhida.

– Ally! – digo, enquanto chego perto dela. Ela olha para mim com um olhar assustado. – O que houve?

Ela levanta a mão e aponta entre as árvores. Então, consigo ver claramente quando eles saem em meio ás árvores: o cara doido que me ameaça e tentou me matar e um bestante enorme, pêlo preto, mas nas patas branco, dentes afiados... como se fosse um lobo.

– Parece que você não morreu da ultima vez. É teimosa mesmo. – o cara diz.

– Você realmente acha que vai matar uma vencedora dos Jogos? Poupe-me. – digo, entrando na frente de Ally para protegê-la. O bestante rosna, mostrando seus dentes.

– Vencedora? – Ally dá um sussurro quase que inaudível. É, Ally não sabe que eu e Cato fomos vitoriosos.

– Não diretamente. Podemos começar por esse seu filhote aí.

– Não ouse tocar na minha filha! – grito. O cara dá um riso sarcástico, e como se fosse um sinal, o bestante corre em nossa direção. Mas então, vejo uma espada cortando a cabeça do monstro. Olho para o lado e vejo que Cato nos achou.

– Ainda não sabe se defender? – o cara ri. Ele estala os dedos e dois bestantes surgem da terra. O cara adentra pela floresta.

– Vai. – Cato diz. – Eu consigo.

Agradeço-o mentalmente, porque eu quero matar aquele cara.

Corro em meio aos bestantes, que me olham como se fosse para correr atrás de mim, mas depois eles raciocinam que não vale a pena.

– Vai tentar me matar? – ouço a voz do cara e ele começa a rir. – Idiota!

Consigo alcançá-lo e agora o estou vendo. Como faz muito tempo que não atiro facas, resolvo ir na sorte: pego a minha faca e jogo uma em sua direção. Bem, acho que não estou tão ruim. A faca se cravou na árvore da esquerda dele. Ele solta uma gargalhada, e paramos num circulo sem árvores, mas cercada de árvores em sua volta.

Pulo sobre ele e caímos no chão. Acabamos rolando pelo chão de terra, e então me vejo por cima dele com a minha faca em seu pescoço.

– Anda. Mata-me. – ele diz. – Perdeu a coragem é?

– Coragem eu tenho – aperto a minha faca ainda mais. – só não sou injusta.

– Que pena – ele segura minha mão e tira da direção do seu pescoço. – Porque eu sou. – ele sorri, me joga para o seu lado, me dá um chute e levanta. A dor é enorme e parece ser infinita.

O cara se afasta um pouco e tira algo da bolsa que ele carregava. Eu não reparei que ele estava com uma bolsa. Então consigo ver: uma arma de fogo. Ele a recarrega e aponta para mim.

– Antes de te matar, me deixe me apresentar... – ele diz. – meu nome é Caleb e trabalho para a Capital. Eles querem que você e sua família morram e eu não poderia estar te falando essas informações, mas como você vai morrer mesmo, não importa. Agora, diga sua ultimas palavras.

Consigo levantar do chão e ergo minha faca, me preparando para jogá-la.

– Você não tem mira. – Caleb começa a falar.

– E você nem para saber matar uma pessoa. – respondo. Preparo a faca e jogo na direção de sua cabeça. E foi quando ouço um tiro e sinto algo entrando em minha pele, perfurando e queimando. Meu ombro começa a ficar com algo quente e úmido, e vejo que é sangue.

Caio no chão por causa da força do impacto, e agora não tenho mais forças para levantar.

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Reúno todas as minhas forças e consigo ver o corpo de Caleb no chão, caído em sua própria poça de sangue. Pelo menos eu o matei, e vou poder morrer sabendo que minha família está mais segura agora.

Repouso minha cabeça na grama verde e macia e fico esperando a minha morte chegar. Provavelmente, morrerei de tanto perder sangue. Não consigo levantar, e voltar para casa com uma bala no ombro daria muito trabalho e eu provavelmente morreria de dor no meio do caminho. Então, só me resta esperar.

Viro minha cabeça para o lado e fecho meus olhos quando ouço passos. Talvez sejam os aliados de Caleb querendo ver o porquê que ele não voltou.

Mas então, ouço um grito abafado que conheço muito bem.

Mesmo sem abrir os olhos, consigo perceber que é Cato.

– Clove! – ele diz. Acho que se estivéssemos na arena, a bala teria veneno, e então meu canhão teria soado há muito.

Não quero abrir os meus olhos, estou muito cansada, então só solto um grunhido para confirmar que ainda estou viva.

– Maldito seja Caleb. – sussurro. – Como está Ally?

– Em casa. A casa está toda trancada, não se preocupe. – ele sussurra de volta.

– Dê uma bronca nela por ter fugido. Não quero que ela pense que só porque a mãe está morrendo que vai se safar dessa sem uma bronca. – sorrio.

– Você não vai morrer, ouviu? Não vai! – Cato segura minha mão, e viro minha cabeça para ele. Suspiro.

– Talvez – sussurro cansada. – Talvez não hoje. Talvez amanhã. Ou talvez quando eu estiver velhinha. Mas é mais provável que seja hoje, então se acostume.

Sinto as lágrimas de Cato cair em minha mão.

– Vou te levar para o hospital. – Cato coloca uma mão sua por baixo de mim e outra em minhas pernas.

– Não quero. Está doendo muito. – sussurro, encostando a minha cabeça em seu peito e fechando os meus olhos. Talvez eu estou com sono. Eu não estou com sono. Eu perdi muito sangue. Talvez eu esteja morrendo. Ou desmaiando. Ou cansada. Mas acredito que eu esteja morrendo.

Então, tudo fica preto e perco os sentidos.