Acordo com o barulho de uma porta abrindo. De súbito, tomo um susto, e acabo levando minha mão á frente do meu corpo, e ouço o barulho de metal encostando em metal.

- Sou eu - ouço a voz de Cato. - Está tudo bem.

Arregalo meus olhos e olho para o meu lado. Vejo o causador do barulho: o "gancho" que segurava a minha bolsinha de sangue havia esbarrado na minha cama do hospital.

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- Como se sente? - ele pergunta, enquanto senta na poltrona e liga a televisão.

- Com dor.

- Onde? Aqui? - ele levanta e encosta delicadamente sua mão no meu ombro. Confirmo com a cabeça.

- Por favor, não fique com gastura, mas... - ele afasta minha camisola de hospital do meu ombro e vejo. Cerro meus dentes e acabo mordendo meu lábio inferior.

- Era o único jeito. O tiro se alojou no seu ombro. - Cato responde. Os quatro pontos que recebi no local onde levei o tiro ainda estavam no meu ombro, e Cato sabe que tenho gastura e detesto essas coisas. Olho para ele, que me devolve um olhar compreensivo.

- Obrigada - coloco meu braço no braço da cama, e apoio a minha cabeça na minha mão. - E Ally? Ela se machucou?

- Não. A propósito... - Cato começa a falar, mas é interrompido.

- Mãe, você me deve explicações - Ally entra no quarto e fala. - Como assim você sabe atirar facas, papai sabe lutar com espada e vocês foram vencedores? Vencedores do quê?!

- Você não disse para ela? - repreendo Cato. Ele encara o chão. - Não queríamos falar que fomos vencedores porque estávamos correndo risco de vida. Mas agora está tudo bem.

- Mas, vencedores do quê? - Ally pergunta, já se estressando.

- Dos Jogos Vorazes. Na edição setenta e quatro, seu pai se ofereceu para me proteger - começo. No momento em que falo "se ofereceu para me proteger" ela faz uma cara de que vai vomitar. - e a partir do momento em que pisamos na Capital, seu pai jurou que iria me proteger e confessou que me amava. E aí... - eu iria continuar, mas não vou falar aquela parte para Ally. É ruim, hein! - entramos na arena - continuo rapidamente. - e as regras que só um poderia sair vivo foi revogada, e no final, a regra de um sair vivo voltou e nós dois fomos enganados.

- Mas sua mãe, muito esperta, queria se suicidar junto comigo, e aí ninguém vencia os Jogos. E aí a capital estava atrás de nós desde então.

- Não fique assustada só porque tivemos que matar para sair da arena. Se você for sorteada, terá de fazer o mesmo e... - começo a falar rapidamente, mas ela levanta a cabeça e abre um sorriso.

- Que legal! Meus pais foram vitoriosos dos Jogos! Há! Agora vou poder esfregar na cara da minha amiga que sempre disse que os pais dela eram melhores e blá blá blá - ela fazia o gesto de blá blá blá com a mão e revirava os olhos - e agora ela vai tomar na cara! Ahahaha! Eu quero aprender tudo com vocês! Prometam! Vocês vão me ensinar, não vão? - Ally dizia tudo animadamente e rapidamente.

- Ally, não é assim... - Cato começa, mas Ally sai do quarto de hospital saltitado de felicidade e Cato tem que ir atrás dela.

Minha cabeça começa a doer, doer demais até, e aperto um botãozinho que estava na cabeceira da minha cama. Após alguns minutos, uma enfermeira chega.

- Novamente aqui, Sra. Evans? - ela pergunta sorridente. É a mesma enfermeira que cuidou de mim quando eu fui espancada. É, Evans é o meu sobrenome, no princípio, achei esquisito "Clove Evans Egnon" mas acabei me acostumando.

A enfermeira coloca na cabeceira uma bandeja de prata com uma embalagem de remédio e um copo d'água. Tomo o remédio, que era para dor de cabeça, e a enfermeira agora cuida do meu ombro.

- Dói? - ela pergunta.

- Um pouco.

Depois de alguns minutos ela acaba de cuidar do meu ombro e sai do quarto.

Fico vendo televisão até o sono chegar, e então me lembro: minha família finalmente está em segurança, pelo menos por um tempo. Mas a liberdade custa um preço. Um preço muito alto.

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