Eu simplesmente odiava ficar no escuro.

Bom, não é que eu tenha medo de escuro. Mas ficar sem enxergar nada é algo absolutamente irritante. Bom, estou exagerando. Eu conseguia sim enxergar algumas coisas, mas nada que me interessasse. Tínhamos duas lanternas que mais pareciam holofotes, para conseguirmos ver os degraus e nossas armas de bronze celestial. Mas aquela escuridão interminável já estava me cansando.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Todos os aparelhos eletrônicos que o grupo possuía, inclusive relógios, haviam parado de funcionar. Então eu não sabia há quanto tempo estávamos descendo. De repente, a luz da minha lanterna reflete em algo e eu olho de relance para ver do que se tratava, e me deparo com um diamante do tamanho do meu punho.

- Gente – chamei – isso é normal por aqui?

Todos se agruparam para ver o que era.

- Ah, isso é ótimo Stef! E ao mesmo tempo, ruim. – disse Haley.

- Explique direito, estou na mesma – pedi.

- Bom, as histórias dizem que quanto mais uma pessoa se aproxima do mundo inferior, mais pedras preciosas vão aparecendo em seu caminho. Então isso é um bom sinal. Ou nem tanto, pois estamos chegando perto do mundo inferior, e não sabemos o que Hades tem guardado pra nós.

Tive vontade de sentar em um dos degraus e chorar. Por que eu havia ganhado a missão? Por que não Annabeth? Ou Percy? Ou qualquer outro semideus mais experiente do que eu?

Bom, não adiantaria chorar agora. Eu estava quase lá, e não podia desistir agora, ou o mundo todo sofreria pela minha incapacidade. Ergui a cabeça, apontei minha lanterna para os degraus e prossegui, sem deixar que ninguém me visse abatida como estava.

A dor que atravessava meus pés indicava que estávamos andando há horas. E a única coisa que era possível ver naquela escuridão eram as pedras preciosas de meu tio. Elas estavam ficando mais abundantes agora, o que indicava que se não estávamos no Mundo Inferior, estávamos muito perto. Finalmente, após muito caminhar, vimos uma luz alaranjada ao longe.

- Aquilo é...? – Perguntou Peter em uma pergunta inacabada.

- Só pode ser – respondi.

Aceleramos o passo e logo podíamos ver as luzes refletindo no rio Estige, e ouvir os gritos de tortura que vinham dos Campos da Punição. E então Caronte apareceu, com sua canoa e seu manto preto.

- Vão embora! – disse Caronte. – Semideuses vivos não podem passar daqui.

Aproximei-me.

- Mas nós temos como pagar por nossa passagem – disse.

Caronte cheirou o ar.

- Filha de Poseidon, hein? – perguntou ele. – Seu irmão esteve aqui há alguns anos e pagou por sua travessia no Estige. Sabe quantos problemas isso me rendeu? Hades descobriu o pagamento e tirou de mim cada dracma, meus ternos italianos e metade do meu mísero salário! Não vou cometer esse erro outra vez.

- Mas Caronte, se não nos deixar passar, o mundo todo vai acabar! Temos que pegar o pergaminho de Apolo que está em algum lugar no Hades e devolver ao seu dono, antes que ele acabe com o mundo. Isso significaria milhares de mortes. Pense nisso: sete bilhões de mortos esperando para serem carregados, testando sua paciência, trocando a sua estação de rádio... – respondi.

Ele pensou por um momento.

- Tudo bem, três dracmas cada um e vocês estarão no Hades.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Sorri satisfeita. Arrecadei os dracmas e paguei Caronte. Subimos em seu barco e nos sentamos.

- Tudo bem, agora prestem atenção: se movam o mínimo possível enquanto estiverem aqui. Não liguem aparelhos eletrônicos. Se vocês enjoarem facilmente, não fiquem olhando para o rio Estige. Não mergulhem a mão no rio em hipótese nenhuma. Não empurrem seus amigos nem tentem balançar o barco. Comportem-se e chegarão lá vivos.

Assentimos. Haley segurou minha mão, era uma medrosa. Bom, eu não podia negar que também estava assustada. Charlie e Peter estavam no banco de trás do barco, mas pareciam se comportar. Ninguém ousava dizer uma só palavra.

Até que surgiu uma pequena fenda no barco.