PDV SOPHIE...

Acordei com um solavanco.

Ainda estava um pouco tonta, mas não o suficiente pra saber que eu não estava mais no jardim da escola ou em casa, e sim deitada num banco de trás de um carro.

Sento-me lentamente e vejo Jake me olhando curioso.

Porque estou no carro do Jake?

–Oque...? – Eu comecei a falar, mas o sinal, acho, abriu e ele voltou seu olhar pra estrada.

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–O que aconteceu? – Perguntei finalmente.

–Você desmaiou, eu entrei em desespero e resolvi de levar de volta pra casa, mas eu senti fome e mudei o caminho para um Subway aqui perto. Tem algum problema?

O jeito calmo quando ele falou me deixou surpresa.

–Tudo bem, eu estou com fome também. – Digo e depois mergulhamos num silencio até pararmos no Subway.

Jake desceu do carro rapidamente e antes que eu conseguisse abrir a porta, ela a abriu e me ajudou a descer como se eu não pudesse andar. Isso me irritou um pouco.

–Eu consigo andar sozinha, Jake.

–Você acabou de acordar de um desmaio, prefiro não arriscar.

–Idiota. – Retruco.

–De nada! – Ele diz um pouco irônico.

O lugar não estava cheio, mas tinha algumas mesas ocupadas e graças a Deus não tinha fila para pedir. Sentei-me em uma mesa qualquer e Jake foi pedir os nossos sanduiches.

Enquanto Jake não voltava, eu fui ao banheiro pra ver a minha situação.

Minha boca e bochecha estavam todas vermelhas e borradas com o batom, e eu ri disso. Meu rímel estava todo borrado e marcava ao redor dos meus olhos e em algumas partes da bochecha, tratei de limpar meu rosto todo, tirei toda a maquiagem que estava nele e passei um pouco de água no meu cabelo e fiz um coque no alto da cabeça e sai.

Jake me esperava na mesa com nossos sanduiches com uma cara um pouco preocupada.

–Onde você estava? –Ele perguntou assim que sentei a sua frente.

–Porque não me disse que eu estava parecendo um coringa antes de eu entrar num lugar com pessoas? – Eu perguntei também.

Ele riu pelo nariz e avaliou meu rosto.

– Eu gosto do seu rosto sem maquiagem. – Ele disse me surpreendendo e me fazendo corar.

Ok. Cadê o Jake chato e irritante? Porque ele tá me elogiando?

– Idiota. Você não respondeu minha pergunta. – Insisto.

– Porque estava engraçado. Você estava parecendo o coringa. – Ele ri.

– Pensei o mesmo quando vi, mas você podia ter avisado né. Por isso as pessoas ficaram olhando pra mim quando eu cheguei. – Eu disse sorrindo.

–Foi engraçado. –Ele riu.

Ok. Que clima estranho.

É como se não era isso que devíamos estar discutindo, é como se ele queria falar algo, mas não conseguia. E fora esses elogios.

Resolvi não falar nada e deixar que o silêncio ficasse entre nós. E foi assim que foi todos os minutos que comemos e até sairmos do lugar.

Caminhei em direção ao carro, mas Jake me surpreendeu puxando meu braço para direção da rua.

–Vem, vamos andar um pouco.

Calada eu o segui.

– Você disse ao seu pai? Sobre o que está acontecendo? – Ele perguntou depois de um tempo de caminhada.

Eu o olhei.

–Não.

Ele suspirou.

–Você devia, Sophie. Se você já teve isso antes e conseguiu fazer parar. Você está desmaiando, Sophie, você fica pálida e vomita assim que acorda. E você parece que está em um tipo de coma, onde você só faz chorar e chorar. Você sente que está chorando?

Eu paro de andar e olho pro chão. Sentia seu olhar sobre mim.

–Não. – Eu digo.

–Não o que?

–Não vai parar, ela sempre estará lá, e sabe por quê? Porque eu não posso perdoa-la. Ela está lá por minha causa, por minha culpa. Porque eu sou fraca, inútil e amarga. Não vai parar porque ela vai morrer me odiando, porque tudo sempre é culpa minha! – Eu explodo. Jake me olha um pouco assustado.

–Não tem como parar, ela disse pra mim. Disse pra mim que vai me atormentar pra sempre. Ela tem razão, eu mereço sabe. Tudo é culpa minha. – Eu o olhei. – Eu nem consigo perdoa-la por algo que eu mesma fiz! Que tipo de pessoa eu sou? Eu afasto as pessoas de mim e Jade é a prova viva disso. Conviver ao meu redor é frustrante, chato. Porque eu sempre afasto as pessoas de mim. Meu pai me odeia, meu irmão me odeia, a Harper tem pena de mim e você... Eu nem sei que porra você quer me ajudando assim.

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Eu já não aguentava mais. Eu tinha que colocar aquilo para fora e coloquei. Eu me sentia um pouco leve por ter colocado aquilo pra fora. Mas também me senti ainda mais deprimida. Eu admiti em voz alta o quanto eu sou fraca e amarga.

–Eu só... Não aguento mais. – Eu digo com a voz embargada. – Não aguento.

Jake me puxa para um abraço tão rápido que eu nem percebo. Eu apenas correspondo aquele abraço tão forte quanto ele está me abraçando.

– Você não é fraca Sophie. Seja lá o que está na sua mente te diga, é mentira. – Jake diz ainda me abraçando. – Seu pai não te odeia nem seu irmão, e a Harper, Deus... ela faz de tudo pra você gostar dela, e a Jade, bem, talvez seja um pouquinho frustrante ser sua amiga, porque você é um pouco chata as vezes – Ele faz uma careta. – Bem... não tããão pouco e não tão as vezes, talvez na maioria das vezes, mas dá pra aguentar, e eu tenho certeza que a Jade gosta de você assim, e bem, eu... Você é irritantemente chata e grossa, mas suportável, eu gosto de te irritar.

Ele ri e depois fica sério.

– E eu tenho certeza que você pode perdoa-la, você não pode se culpar assim, se isso diz que você não pode, então você pode.

Eu o olho por um tempo, acho que ele não entendeu a gravidade da coisa, ou ele está tentando me fazer ficar melhor, mas, eu não posso perdoa-la. Ele não sabe.

Então, para que tudo acabe eu dou um sorriso.

–Certo, eu sou a maior chata e irritante, mas a Jade gosta de mim assim, e Harper quer ser minha amiga, devo explorar isso. E você disse que eu sou irritantemente chata e grossa, mas suportável... Devia levar isso como um elogio? – Ele ri e eu também.

–Talvez. – Ele sorri.

– Vamos embora, estou cansada. – digo e ele assentiu e voltamos pro carro.

(...)

O caminho do Subway até nossas casas não era tão longe, então não demorou muito pra chegarmos.

Jake estacionou o carro na frente da sua casa e deu a chave para um cara que estava no portão, logo ele entrou no carro e adentrou o portão com o carro.

–Nós não temos manobristas particulares! – Reclamei.

–Ah, ele é o motorista do meu pai, mas ele serve de manobrista também. – Jake diz enquanto atravessávamos a rua para a minha casa.

–Quantos motoristas vocês têm?

–Apenas um, eu não preciso de um e a mamãe não gosta de motoristas, ela tem o próprio carro.

Paramos em frente para o portão um de frente para o outro e ficamos nos olhando em silencio.

Uma cena bem esquisita, devo dizer.

–Certo, ãn obrigada? – Falo um pouco envergonhada.

Jake sorri.

–Oh meu Deus, eu vivi pra ver a Sophie pedir obrigado!

–Idiota! – Sorrio também.

E aconteceu de novo, ficamos parados nos olhando em silencio sorrindo de novo.

–Eu vou entrar. – Digo por fim.

–Tudo bem. – Jake sorri.

–Espero que no caminho de volta você tropece na calçada e bata a cabeça. – Digo antes de me virar e andar em direção ao portão. Esperei o porteiro abrir o portão pra mim e logo ele abriu.

Antes que eu entrasse em casa ouvi Jake chamar meu nome.

–O que foi? – Pergunto.

–Por um acaso, você teria algo pra fazer amanhã? – Ele pergunta com uma expressão um pouco confusa, mas com um sorrisinho nos lábios.

–Por um acaso você está me chamando pra sair? – Sorri brincalhona.

Ele riu.

–Eu sei que a minha companhia é ótima Sophie, mas eu não disse nada sobre sair. – Ele sorriu vitorioso.

Eu o encarei.

– Ótimo! Porque se estivesse, a resposta seria não. – Abri um sorriso.

– Ótimo, mas eu não perguntei. – Jake me olhou com as sobrancelhas erguidas.

–Ótimo então.

Nós nos escaramos.

Ele sorriu malicioso.

–Você não respondeu minha pergunta. – Ele disse. Arquei as sobrancelhas e sorri maliciosa também.

–Até amanhã. – Eu disse e entrei pelo portão.

–De manhã então! – Ouvi ele gritar e rir.

Certo, que merda foi essa? A gente flertou e acabou de marcar pra sair?

Ai meus Deus, como eu sou idiota!

Andei pelo jardim até a porta de casa onde imediatamente ela se abriu e eu me deparei com a Harper com uma cara de preocupação.

Desmanchei meu sorriso.

–Onde você estava? – Ela me abraçou. Não retribui. – Eu fiquei preocupada Sophie, a Jade me ligou maluca perguntando se você estava em casa, mas você não estava.

–Eu estou bem! – Digo me soltando do abraço dela.

–Eu fiquei tão preocupada! – Ela exclamou.

–Eu estou viva, Harper.

Ela estava com um olhar tão preocupado e acolhedor ao mesmo tempo. Lembrei o que Jake disse sobre ela fazer de tudo pra que eu goste dele. E agora, olhando como ela estava eu percebi que ela realmente gostava de mim, não só pelo meu pai.

– Onde você estava? – Ela perguntou agora mais calma.

–Eu não gosto de bailes, dai eu resolvi sair. – disse.

–Sozinha? – Ela arqueou as sobrancelhas.

–Claro. – Se eu contasse a Harper que eu estava com o Jake ela ia ficar achando coisas demais, mais do que ela já acha.

E lembrar que, de uma forma esquisita, eu tinha marcado de sair com ele amanhã me fez corar.

–Tem certeza? – Ela insistiu. – Porque... A Jade disse que o...

Não deixei que ela continuasse.

–Cala a boca! – resmunguei. Ela sorriu.

–Adolescentes! – Ela riu.

–Boa noite Harper. – Digo mal humorada e subo as escadas.

–Boa noite Sophie. – Escuto ela dizer ainda com a voz risonha.

Assim que entro no meu quarto vou logo tomar um banho, depois fiz minha higiene, colocou uma roupa confortável e me joguei na cama, logo eu peguei no sono, e dessa vez sem pesadelos.