Eu tenho as minhas feridas, você as suas. Não escapamos, não se pega um barco ou avião para bem longe delas. Não se encontra muita saída a não ser conviver. Eu escrevo. Nem todas as vezes alivia, às vezes é fazer doer mais ainda, são flores que também correm o risco de morrer, entende? Mas quando escrevo, quando a tinta toca o papel, quando as teclas são digitadas, é como se a ferida fosse vista de outro ângulo, mais ou menos prazeroso. Pode ser que seja assim. O que quero dizer é que as feridas mais expostas precisam ser distraídas, gritadas, seja como for. Conheço pessoas que amassam e desamassam a mesma folha por minutos e minutos até se distraírem e se acalmarem. Digo, cada um com a sua “técnica”, é isso. O que as palavras me ensinaram, porém, é que nós daremos voltas demais e, inevitavelmente, sempre precisaremos de uma técnica a mais para esquecer. Para conviver. E os meus textos andam cada vez mais longos e pausados… Há quem diga que eu escondo as feridas.

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  • Entrou em 14 de nov. de 2010 22:15
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