happily ever after. (primeira versão)

Capítulo 31 - Amarrados na armadilha


Cap. 31 – Amarrados na armadilha

Três semanas depois

Acordei animada enquanto Bella ia reclamando até a cômoda e Rose ria se preparando para dormir com a babá eletrônica em mãos, ela arrumou no criado mudo e deitou-se embaixo dos cobertores.

–Desculpe gente, mas eu não queria mesmo estar na pele de vocês nesse momento. Tá muito frio – ela disse sorrindo enquanto se ajeitava na cama quentinha.

–Vaca – murmurou Bella com os olhos em fendas enquanto Rose gargalhava.

Fui para o banheiro fazer minha higiene matinal e em dez minutos voltava para o quarto e qual, não foi, a minha surpresa ao encontrar Bella deitada com Rosalie na cama coberta enquanto as duas conversavam.

–Vamos nos atrasar – falei rindo

–Já me troquei, vou só escovar os dentes – ela disse fechando os olhos.

Dei de ombros achando graça da manha dela, não acredito que mesmo depois de tudo ela ainda faz isso. Vesti a roupa que tinha sido pré-selecionada no dia anterior e depois de devidamente pronta, ouvi batidas na porta e Bella reclamou, ela levantou e começou a me encarar como se eu fosse um allien.

(Bella: http://weheartit.com/entry/46612586/via/Gi2)

(Alice: http://weheartit.com/entry/25993142/via/Gi2)

–O que? – perguntei sorrindo

–Lice, vamos para a faculdade, não para um desfile... É sério, pode ir com roupa de pessoas normais – ela disse gargalhando.

–Eu faço faculdade do que? – perguntei

–Moda, mas...

–Shiu! Venci – eu ri indo abrir a porta

Ela revirou os olhos e seguiu para o banheiro ainda de meia, apenas. Abri as portas e cumprimentei os dois que logo seguiram para o quarto de Henri que dormia quietinho como um anjo, a cada dia que passava ele ficava mais e mais lindo e com menos cara de joelho. Ele havia crescido visivelmente nesses últimos tempos.

–Rose já dormiu? – perguntou Emm bobamente acariciando levemente o cabelo de seu filho.

–Ainda pergunta? Ela sempre te espera – sorri

Ele assentiu e seguiu para o quarto enquanto eu e Edward íamos para a sala em meio a conversas bobas e risadas ocasionais. Bella apareceu com a mochila caindo do ombro e calçando o vans, ela mais parecia uma bola humana de tanta roupa que usava.

–Cólicas amor? – perguntou Edward docemente se levantando para dar-lhe um selinho inocente.

–Uhum... – ela fez beicinho e rimos.

Ele a abraçou e logo depois chamamos Emmett seguindo em disparada para a faculdade, chegamos no momento exato do início das aulas.

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–Estou assustado – comentou Emmett enquanto voltávamos para casa

–Por...? – perguntei curiosa

–Faltam menos de cinco dias para o seu aniversário e você ainda não entrou em faniquito... – riu

–Não vou comemorar em grande estilo, apenas nós seis – falei contando com Henri e um pequeno sorriso no rosto.

–Sete – disse Edward me olhando com um sorriso

Olhei com uma interrogação no rosto e ele apenas deu de ombros quando Bella perguntou.

–Algo me diz que alguém especial vem ver Lice... – sorriu Edward de uma forma doce.

Fiquei sem entender e não perguntei de novo como faria em outros tempos, nada me deixava tão curiosa mais. Ele sempre dizia que eu tinha que aprender o significado de “surpresa”, talvez eu tenha finalmente entendido.

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PDV EDWARD

Cinco dias depois

Sentei no banco o esperando e estava feliz por poder encontra-lo novamente. Bobby realmente fazia falta e sorri ao lembrar de Bella prometendo que seríamos ótimos amigos.

–Parece uma garota, sentado desse jeito... Vira homem Edward – ele gargalhou dando um tapa na minha nuca

–Nossa Bobby, que saudade – ironizei

Ele gargalhou e demos um abraço rápido, ele trazia apenas uma mochila com ele.

–Quanto tempo? – perguntei me referindo a estadia dele aqui

–Três meses, dá para perceber? – perguntou afinando a voz enquanto acariciava sua barriga de forma terna

Comecei a gargalhar sem me aguentar e pedi para ele esquecer enquanto seguíamos para onde as meninas trabalhavam, esperava que elas gostassem da surpresa.

–Nossa, esse aeroporto é dez vezes maior do que o de Pizzi – falou olhando ao redor maravilhado

–Nossa Bobby, me sinto espantado. Pizzighetone é quase tão grande quanto o meu banheiro... Como é que o aeroporto pode ser menor que esse? – falei o zoando ainda mais e ele apenas me mandou o dedo do meio enquanto sentávamos quase que na frente da loja das meninas. Emmett havia ido ao banheiro e acho que foi com a descarga.

–Mas se não é o italiano... – disse Emm aparecendo do chão

–Hehe, e ai americano? – disse se levantando e cumprimentando Emm

–Estava cagando? – perguntei rindo

–Tava mano, aquele taco depois do almoço não me fez bem – falou acariciando a barriga com uma careta e eu e Bobby caímos na gargalhada – Riem porque não foram vocês que quase ficaram assados de tanto que cagaram – ele reclamava

–Sem detalhes sórdidos – ria Bobby

Emmett deu de ombros e cinco minutos depois Alice e Bella saiam distraídas da loja até que nos enxergaram.

–Não creio nos meus olhos – comentou Bella

–Bobby – vibrou Alice parecendo feliz.

Ele a abraçou girando-a e desejando todas as coisas boas que desejam em aniversários e tudo mais e depois deu um beijo e um abraço em Bella. Alice abraçou a cintura dele de forma terna e seguimos para o carro indo rapidamente para casa.

Rosalie nos recepcionou com Henri no colo e Nathan, Nora, Charlie, Anthony e Greg atrás dela enquanto Tony estava com o bolo no colo. Alice pulava animada e foi lá assoprar as velhinhas sendo abraçada e beijada por todos que estavam aqui enquanto parecia a mulher mais feliz do mundo por uma festa tão não-Alice e, por isso, me senti ótimo pela a minha irmã.

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PDV ALICE

Naquela noite me deitei na cama mais do que animada e satisfeita. Julia, Jess e Nick chegaram um pouco depois de eu ter cortado o bolo e tudo mais, mas pelo menos vieram e fiquei muito feliz por isso, minha grande surpresa foi Bobby que voltaria para a Itália comigo e me senti muito mais segura com essa informação, ele dormiria na casa dos meninos e então eu e as meninas nos ajeitamos para dormir, deitei me enrolando nos cobertores entre as duas e acabei caindo na inconsciência com Bella e Rose me abraçando.

Acordei com um frio extremo e ainda podia sentir tanto Bella quanto Rose ao meu lado, mas não era o bastante. Era o corpo dele que me fazia falta. Suspirei ao perder todo o sono e me levantei delicadamente indo em direção a cozinha. Eram 4hrs da manhã e acabei por optar fazer um chocolate quente. Depois de pronto sentei na sala enrolada em um cobertor com a xícara fumegante em minhas mãos.

Zapeando pelos canais de televisão eu acabei por encontrar a MTV que passava alguns clipes e deixei lá, tarde demais descobri ser “Top 10 clipes de perda”, e terminava um clipe da Katy Perry “Thinking of you” e é claro que ele se aproximava bastante da minha realidade, mas não foi esse clipe que fez meu coração bater mais rápido e lágrimas se acumularem dentro dos meus olhos. Quase no fim do programa, uma música linda do Coldplay que eu adorava começou a tocar, foi quando eu percebi que nunca tinha parado para escutar a letra mesmo.

(http://www.youtube.com/watch?v=o0C0ekVdZkI&list=LLTY-oSNNfGFn8OfzNXy-STg)

Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito, você não sabe o quão amável você é. Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você, e te dizer que eu escolhi você. Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas. Oh, vamos voltar pro começo. Correndo em círculos, perseguindo a cauda, cabeças num silêncio à parte. Ninguém disse que seria fácil, é uma pena nós nos separarmos. Ninguém disse que seria fácil, ninguém jamais disse que seria tão difícil assim. Oh, me leve de volta ao começo... Eu só estava pensando em números e figuras, rejeitando seus quebra-cabeças, questões da ciência, ciência e progresso, não falam tão alto quanto meu coração. Diga-me que me ama, volte e me assombre. Oh, quando eu corro pro começo. Correndo em círculos, perseguindo a cauda. Voltando a ser como éramos. Ninguém disse que era fácil, é uma pena nós nos separarmos, ninguém disse que era fácil, ninguém jamais disse que seria tão difícil assim. Eu estou indo de volta para o começo...

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Fui para a sala já eram 14hrs da tarde, tinha dormido no sofá às 7hrs da manhã, mais ou menos e Edward, creio eu, deve ter me levado para a cama quando acordou. Bobby conversava com todos lá e os cumprimentei, Henri repousava suavemente no colo de Bobby olhando tudo curioso e me sentei no chão junto com Emm e Bella.

–Podemos ir agora? – perguntou Edward sobre algo que eu perdera

–Contanto que não vão de carro... Eu e as meninas vamos almoçar no shopping se for assim – disse Rose dando de ombros.

Hm... Shopping? Queria mesmo comprar mais algumas roupas mais fresquinhas para ir para Milão.

–Podemos almoçar com elas e depois vamos para lá – sugeriu Bobby

–Fechou, bora todo mundo ir se trocar – disse Bella se levantando.

–E meu bebê fica comigo em casa – sorriu Emmett pegando Henri

–E o meu bebê vai ao shopping com a gente, vou comprar mais umas toquinhas de lã para ele – disse Rose com as sobrancelhas arqueadas.

–Mamãe é má – sussurrou Emmett e sorriu.

Fomos para o quarto e eu estava confusa, mas nunca me oporia a uma ida ao shopping, essa não era eu. Me troquei rapidamente e quando todos estávamos muito bem agasalhados – inclusive Henri que parecia uma bolinha azul marinho – descemos indo direto para o estacionamento e de lá para o shopping.

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PDV EDWARD

Eu, Emmett e Bobby saíamos do shopping com a promessa de voltar em duas horas, estávamos indo para a pista de skate onde mostraríamos o que tínhamos aprendido nesse tempo separados. Da última vez que fomos para a Itália, eu e Emmett íamos quase sempre para a pista com os meninos, e tínhamos aprendido bastante até, era o nosso momento de descontração e diversão. Emmett aprendeu a andar de skate na Itália e eu e Jazz em Forks a uns... Sete anos atrás em média... Talvez menos, não me lembro ao certo.

Chegando lá começamos a fazer as manobras – não tão – radicais.

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PDV BELLA

Era a véspera da viagem de Alice – e agora Bobby – as coisas dele já estavam, obviamente extremamente arrumadas e ele tinha certeza de que não esqueceria nada, já Alice estava uma pilha de nervos terminando de arrumar tudo.

–Mas Rose... – reclamava Alice

–Não. Só porque lá faz bastante calor não significa que não vai ter nem um diazinho de frio, pode colocar essas coisas ai também – mandou Rosalie autoritária.

Elas duas tinham transformado nosso quarto em uma catástrofe enquanto jogavam as roupas para fora do closet escolhendo o que Alice levava e o que ela deixava para trás. Eu, particularmente, estava deitada na cama calmamente debaixo de um grosso cobertor, com meu exemplar de “A leste do Éden” em mãos e me perdia na história deixando as vozes histéricas em segundo plano.

Essa era uma das melhores histórias que eu já tinha lido em toda a minha vida. O livro me fascinou desde a semana passada quando comentei com Edward que me sentia entediada e nem tinha mais nenhum livro para ler que ainda não tenha decorado a história, no dia seguinte ele me entregou esse livro e comecei a devorar, estava quase terminando já.

Edward me disse que era um filme “Vidas Amargas” e do jeito que o livro era fantástico eu ficava com mais vontade de ver o filme. Era basicamente a história de dois irmãos, os pais morrem e eles vão morar juntos, um deles se casa, tem filhos...

–Bella, por que não está nos ajudando? – perguntou Rose após outra pequena discussão com Alice tirando toda a minha concentração.

–Por que... – download para uma boa desculpa – Estou tentando falar com os meninos – menti tateando o espaço ao meu lado da cama a procura do meu celular enquanto sorria amarelo para Rose.

–Procurando algo? – perguntou Alice atacando meu celular que estava em cima da cômoda

Sorri grande pegando o celular e discando o número de Edward.

–Sua mentirosa de uma figa... – blasfemou Rose enquanto eu ria.

Tocava e ninguém atendia no celular de Edward e já achei estranho, na terceira vez que eu tentei caiu na caixa de mensagens direta. Tirei do ouvido segurando entre os dedos com o cenho franzido pensando o que poderia estar acontecendo.

–O que há? – perguntou Alice.

–Eles não atendem... – disse

–Tentou ligar para Bobby? – Rose disse alisando algumas roupas e as dobrando

–Não...

Meu telefone tocou alto e atendi rapidamente.

–Oi... – falei

Amor, vem me buscar – falou Edward com uma voz de dor.

–Edward, o que aconteceu? – perguntei

Te explico quando chegar... – sugeriu

–Estou chegando ai em cinco minutos – disse levantando

Desligamos e as meninas me encaravam curiosas enquanto eu calçava meu tênis e colocava um moletom qualquer.

–O que aconteceu? – perguntou Alice

–O Edward pediu para eu ir busca-lo... Não sei por que – falei - Rose, o Emm saiu de carro? – perguntei

–Não, ele foi só até a vendinha comprar mistura. Levou o Henri no carrinho – explicou

Assenti e fui para a sala pegando a chave do carro e correndo até o estacionamento. Entrei no carro e fui até a pista de skate que Edward e Bobby sempre ficavam. Cheguei lá e encontrei Bobby se matando de rir e Edward sentado do seu lado. Não teria acelerado como uma louca se não tivesse percebido os grandes machucados na perna, rosto e braços de Edward.

Estacionei de qualquer jeito e corri para onde eles estavam.

–O que aconteceu? – perguntei preocupada

–Ele caiu muito feio... Deu dó de ver – ria Bobby

–Tá ardendo tudo... – reclamou Edward se levantando com dificuldade

–Eu imagino... – falei com dó dele - Você tem merda na cabeça Edward? O que você estava fazendo? – perguntei desacreditada enquanto eu e Bobby o ajudávamos a ir para o carro

–Fui pular com o skate passando no corrimão e caindo no chão pertinho... Eu tinha feito isso duas vezes já... Só que fui tentar ir mais rápido e não deu certo – explicou e o sentamos no carro.

Bobby não conseguia parar de rir e colocou os dois skates no chão do carro se sentando no banco de trás.

–E você tá rindo do que seu retardado? – perguntei no banco de motorista indo até a farmácia mais próxima

–Mano, foi a cara dele – gargalhava Bobby

–A saudade que guardamos dele passa rápido né? – zoei falando para Edward que riu concordando.

Chegamos na farmácia e depois de uma rápida olhada e conversa com o farmacêutico que estava lá, e foi muito simpático, ele nos indicou antissépticos e algumas coisas para cuidar e tampar os ferimentos que não podiam ficar expostos. Agradecemos e fomos para casa para Edward lavar os ferimentos.

Subimos chegando em casa. Bobby tinha finalmente parado de rir e só ajudava Edward a subir enquanto eu levava os skates e a sacola da farmácia. Abri a porta para eles. Rose, Emm, Alice e Henri estavam na sala.

–O que... Deus, Edward o que aconteceu com você? – perguntou Alice levantando e indo em direção ao irmão

–Tombo de skate – explicou ele simplesmente

–Um belo tombo, diga-se de passagem – sorriu Bobby.

Edward foi devagar em direção ao banheiro e eu seguia ele.

–Eu disse para não ir de bermuda, tá mó frio lá fora e você vai andar de skate com bermuda e moletom, o que não adiantou já que sempre deixa as malditas mangas arriadas. Podia ter sido menos pior, mas não... Tem que ser o teimoso do Edward – brigava Rose, ela estava uma chata de galocha depois que começou o seu ritual de novo.

Ritual vulgo menstruação para quem não sabe.

–Rose vai catar coco na estrada vai – falei

Ver ele daquele jeito com aquela carinha de dor já estava ruim o bastante para ainda ter que a ouvir ficar pesando na dele. Fui ajudar ele.

–GROSSA – gritou ela rindo

–EU TE AMO LOIRA – ri de volta.

Ela não me levaria a mal, sabia o que eu pensava e sabia que ficava insuportável de TPM. Chegamos ao banheiro e fechei a porta colocando a sacola em cima da pia.

–Sabe que ela tem razão – falei o encarando

–Agora eu sei – riu um pouco

Devagar o ajudei a tirar a bermuda, então o moletom, a camiseta e por fim a cueca. Ele tomou banho reclamando mais do que não sei o que e eu só ria falando que era culpa dele. Ele reclamava de dor, da água quente de mais, gelada de mais, estava quase socando ele, mas por fim... Terminamos o banho. Ele se secou fazendo poucas caretas e então, depois de colocar a cueca, comecei a ajuda-lo com os machucados, todos abertos de mais. O cheiro de sangue me dava um pouco de náuseas, mas me mantive firme por ele.

–Amor, tudo bem se você estiver passando muito mal... Eu acho que consigo sozinho

–Está tudo bem – falei firme.

Em alguns machucados eu coloquei band-aids em outros umas gazes, mas estavam todos horrivelmente abertos. Ao terminar ele colocou o pijama e eu ri penteando o cabelo dele todo para trás e dei um beijo nele que devolveu de forma apaixonada, nos separamos por falta de ar.

–Obrigado amor, de verdade – ele sorriu.

–Nem precisa agradecer – falei

Guardamos as coisas e depois saímos de mãos dadas do banheiro recebendo olhares maliciosos de Bobby e Emmett.

–Demorou né? – comentou Bobby mexendo as sobrancelhas

–Cala a boca Bobby, seu amigo da onça do caralho – rebateu Edward rindo.

–Amigo da onça, subi essas escadas todas aguentando seu peso o seu gordo folgado do cacete, tem que parar de beber Heineken – Bobby disse.

Edward mostrou o dedo do meio e ficamos por isso mesmo. Sentamos na sala enquanto eu alisava docemente o rosto machucado do meu namorado, o estrago não foi tão grande, mas era bem visível. Ele tinha um corte que ia debaixo do olho até perto do nariz, um no canto da boca, um pequeno na testa e o olho esquerdo levemente roxo.

Passamos o resto da noite conversando sobre imbecilidades e rindo principalmente. Henri acordou e ficamos com ele passando de colo em colo enquanto brincávamos de mimica e aproveitávamos nossa última noite com a “tia” Alice e o “tio” Bobby.

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Eram 7hrs da manhã de um Domingo de folga, e eu levantei ainda mais desanimada do que se fosse um dia de trabalho, dizer adeus para Alice nunca seria uma coisa fácil e com Bobby no pacote me acalmava por saber que ela não voltaria sozinha, mas me magoava um pouco mais também. Coloquei uma calça jeans, blusa de frio e um casaco grosso, cachecol no pescoço e um rabo de cavalo.

Encontrei todos na sala com Alice animada, as malas perfeitamente arrumadas e a roupa extremamente estilosa e meu coração se apertou um pouco mais. Abracei minha irmã e ela dizia coisas boas para mim que apenas assentia não prestando muita atenção. Percebi que esperávamos Rose apenas e, quando ela saiu do quarto com Henri enrolado em um cobertorzinho grosso, fomos para o aeroporto ouvindo as histórias estranhas de Bobby. Edward e eu fomos de bicicleta por conta do espaço no carro e chegamos antes deles no aeroporto, ficamos os esperando parados na Starbucks.

–Está tudo bem amor? – perguntei para Edward que se mantinha quieto de mais e com o olhar distante.

–Ela vai me fazer sofrer mais um pouco, estou tentando me convencer que o egoísta aqui estou sendo eu e não ela – ele disse ainda sem me encarar.

Segurei sua mão por cima da mesa dando um beijo nas costas da mão dele que ainda me “ignorava”. Aproximei minha cadeira até colar com a dele e abracei sua cintura, ele me devolveu o abraço aspirando fortemente o meu cheiro.

–Ninguém é egoísta, nem você... Nem ela. Você tem que entender que ela está tentando fazer o melhor para ela e você está pensando o que seria o melhor para você. Não é egoísmo amor, é só a sua saudade falando mais alto nesse momento, mas vai dar tudo certo. Vamos superar isso, nós cinco, juntos – falei tentando parecer o mais segura que conseguisse, e me surpreendi com o resultado.

Ele não falou nada, me deu um beijo no cabelo e ficou quieto, dois minutos depois Bobby e Alice apareceram na nossa frente.

–Acabamos de fazer o check-in. Rose e Emmett estão nos esperando no cybercafé – disse Bobby.

–Vamos lá então – falei levantando e dei um beijo no rosto de Alice, um no cabelo de Edward e enlacei meu braço no de Bobby deixando-os para trás.

–Cuidado que o cabeçudo é bem ciumento hein? – ele riu andando comigo

–Eles precisam de um tempinho – pisquei e ele assentiu parecendo entender.

Ficamos lá no Cybercafé com Rose e Emmett que comiam e conversavam sentados em um sofá de frente a uma grande TV. Ríamos conversando e aguardávamos o vôo ser anunciado e Edward e Alice voltar. Quando faltavam exatos dez minutos para a primeira chamada nós seguimos para o portão de embarque deles e encontramos Edward e Alice abraçados, a primeira chamada foi anunciada e então começamos a nos despedir.

–É né filho de uma boa mãe, veio com meu amor em perfeito estado e vai me entregando ele todo zoado e extremamente reclamão. Ótimo amigo você se mostrou hein? Tanto para mim quanto para ele. Belo presente de despedida – brinquei.

–Eu nunca disse que eu era um bom amigo – riu com as sobrancelhas arqueadas.

Ri um pouco e andei até ele. Não conseguia achar minha voz ao abraçar Bobby, mas me despedi dele desejando-o uma boa viagem e pedindo para que cuidasse de Alice e que voltasse logo e ele concordou com as duas coisas. Ao abraçar Alice senti um pouquinho de mim mesma morrer, mas me mantive firme.

–Se cuida Lice, e eu vou estar torcendo muito por você. Você sabe que eu te amo de mais. Volta logo tá bom? – falei com a voz embargada e ela apenas assentia

–Te amo de mais também Bell... Obrigada por ser amiga, mãe e tudo mais quando eu precisei que fosse cada pouco disso, mas principalmente obrigada por ser minha irmã e não me deixar desamparada nem por um minuto, você não faz nem ideia do quanto vocês me fortalecem até mesmo sem dizer palavra alguma. Eu amo você, muito, muito, mesmo. Obrigada por tudo – ela disse chorando e a abracei mais forte.

Rose, Emmett e Edward se despediram de Bobby e de Alice também e, depois deles beijarem e apertarem bastante Henri, embarcaram acenando uma última vez e depois sumiram de nossas visões pelo que parecia tempo de mais.

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PDV EDWARD

Um dia que Alice havia partido e já parecia uma semana, eu estava fazendo drama de mais, sabia disso, mas não estava preparado para tê-la tão longe de mim. Estava em casa com Emmett, tínhamos acabado de jantar e nos preparávamos para dormir. Eu sentava na sala esperando Emmett terminar seu banho e reparei na carta grossa do exército perto da TV, sabia o conteúdo dela, o que tinha virado as nossas vidas de cabeça para o ar, e mesmo assim, parecia que eu estava deixando escapar alguma coisa.

Como ele poderia ter morrido? Eu ainda não acreditava nisso, por mais que sentia a dor da perda dentro de mim, minha mente não acompanhava, como se faltasse algo. Eu não tinha visto o corpo e nem queria, agradeci por isso, não queria nem imaginar a dor que minha Alice sentiria ao vê-lo e, mesmo assim, ninguém tinha avisado nada sobre o corpo.

O avião caiu, não houve sobreviventes. E eu comecei a me perguntar como eles poderiam ter tanta certeza disso. Eu sempre soube que Jasper era durão. Será mesmo que meu irmão tinha partido dessa para uma “melhor”? Eu havia voltado para o quartel com John para ele assinar algumas coisas, mas mesmo assim, ele assinara algo sem certeza. Como podem dar Jasper como morto sem ter o corpo dele? Alguém afinal tinha encontrado algum corpo dos mortos?

–Pronto cabeçudo, pode tomar seu banho – avisou Emmett me dando um leve tapa na cabeça, mas me mantinha concentrado de mais na minha nova perspectiva sobre esse assunto que evitávamos de comentar

–Emm... – falei deixando minha voz morrer

–Edward... – ele riu

–O Jasper, ele pode não tá morto. Há uma esperança afinal – falei animado olhando para Emmett que franziu o cenho. Pensei alto de mais e minha cara deveria se assemelhar a de um psicopata pelo olhar preocupado que Emmett mantinha em mim.

–Sobre o que exatamente você está falando? Que parte dessa conversa doente eu perdi? – perguntou se sentando ao meu lado.

Comecei a enumerar as coisas para ele, mostrando a nova perspectiva, o porquê de eu achar isso, como eu tinha chego à conclusão e Emmett me ouvia quieto e concentrado, prestando atenção no que eu falava e apenas assentia perdido em seus próprios devaneios.

–Não falaram nada? – perguntou Emmett.

–Não, e outra. Como que podem dá-los como mortos quando nem mesmo os corpos foram encontrados, foram quantas pessoas? Como podem ter dado essa notícia sem certeza alguma? – falava

–É algo a se pensar – concordou Emm

–A se pensar? A se procurar Emmett... Temos que trazer nosso irmão de volta. Ele não tá morto – falei com certeza

–Edward, vai com calma...

–Calma nada Emmett, não acredita nisso?

–Cara e como acredito, realmente entendi sua visão e concordo que é uma possibilidade, mas vamos ser realistas, tanto pode ser sim quanto não, mas independente disso vamos combinar de ficar entre eu e você. Eu não posso levantar essa hipótese para qualquer uma das meninas para logo depois, se a hipótese estiver errada, elas tiverem mais uma decepção. Ainda mais Alice cara, ela tá conseguindo seguir em frente. Vamos com calma. Isso é uma coisa nossa. Talvez a última coisa que poderemos deixar entre apenas eu, você e Jazz... Só nós três – ele sorriu e eu assenti concordando.

Fui tomar meu banho tentando relaxar sem me preocupar com mais nada e realmente tive sucesso nisso, mas ao encostar minha cabeça no travesseiro, a possibilidade de rever meu irmão tornou minha noite de sono melhor e as perspectivas de dias melhores rondaram minha cabeça até eu finalmente cair no sono com um pequeno sorriso no rosto.