PdV – Arícia

Como ele se atreve a ficar irritado comigo?

Fui eu quem acordou de um pesadelo sendo sacudida como um chocalho na mão de uma criança birrenta. É minha mente que é invadida toda noite por zumbis que matam todos em meu casamento e depois vem para cima de mim com seus dentes podres cheio de sangue e ele se acha no direito de se irritar comigo por eu ter o preocupado, não pedi para que se preocupasse, não pedi que viesse comigo e não pedi a ajuda dele.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Me irrita vê-lo cavalgando ao meu lado em silêncio com os dentes cerrados de modo que seu rosto pareça mais severo que realmente é. Sei que ele sabe que estou o observando e isso me deixa ainda mais irritada, estamos há um dia juntos e minha vontade de servi-lo de jantar a Jay ainda não passou. Sei também que ele não confia nem em mim muito menos em Jay o modo com que nos olha é quase fatal.

Não me importa ele me acompanha por que quer se tentar qualquer coisa contra Jay não hesitarei em mata-lo. Embora perder a companhia dele será desagradável não chega a ser feio tem os cabelos curtos e pretos, os olhos castanhos escuros observadores e atentos, é alto, tem um corpo bonito e...

– Maldição - que é que estou pensando. Acho que falei em voz alta ele me olhou como se eu tivesse o ameaçado. Maldito sejam seus olhos Curt Wallace.

PdV – Curt

Cheguei ofegante onde estávamos acampados com as katanas prontas para desmembrar aquela zumbi sem olho quando vi que Arícia estava apenas se contorcendo me medo presa em seus sonhos, J estava onde eu havia a deixado sentada olhando para Arícia com a cabeça levemente inclinada para frente, Jili relinchava irritada com os gritos e Shakespeare parecia nem se importar.

Me aproximei dela e tive que sacudi-la para que acordasse, quando abriu os olhos parecia não me ver a sua frente me chamou de Art e me abraçou, ficou tremendo em meus braços enquanto eu tentava entender o que ‘tava acontecendo acabamos adormecendo. Eu devia estar com muito sono para ter dormido com uma zumbi tão perto de mim, quando acordei J estava sentada no mesmo lugar ainda me observando com seu olho verde estranhamente “vivo” – não tenho outra palavra para descrever o olho dela senão vivo. Perguntei por Arícia quando vi Shakespeare e Jili soltos a poucos metros de nós comendo capim. J apenas deu de ombro e se levantou me deixando sozinho.

Depois de horas procurando o que comer vejo Shakespeare se afastando de Jili á trotes rápidos maravilha teria que cuidar do cavalo também. Fui atrás dele, ele parou debaixo de uma arvore e em poucos segundos Arícia estava encima dele o afagando com delicadeza voltamos juntos para o acampamento sem dizermos uma palavra. Tirou da mochila frutas recém-colhidas e uma cobra verde pegou um cutelo que ela tirou da sela que usava em Shakespeare e começou tirar o couro verde da cobra que era consideravelmente grande e sem dúvida venenosa.

Perguntaria a ela como tinha conseguido a cobra e como conseguia cavalgar sentada em uma lamina afiada que podia rasgar o tecido da sela e feri-la, mas me privei ás ironias sarcásticas dela e apenas a olhei limpar a cobra separar algumas partes e espeta-la em um pedaço de galho que ela usou para assar o animal. Depois de alguns minutos comemos até J se juntou a nós mesmo a parte dela estando crua, nunca havia comido cobra e tem um gosto peculiar semelhante a frango só que mais enjoativo. Perguntaria a Arícia sobre suas especialidades culinárias.

Mas quando terminamos ela guardou o cutelo agora que eu olhava com atenção o cabo da faca ficava perfeita para ela puxar se necessário sem tocar a ela ou o cavalo. Selou Shakespeare e cobriu o rosto de J com um pano fino e azul de modo com que a boca e a orbita vazia do olho de J ficassem cobertos, a ajudou montar no cavalo e montou atrás com o arco e a aljava nas costas cobriu a boca e o nariz erguendo o lenço preto que estava no pescoço. Com um chapéu ela pareceria os bandidos do velho oeste que povoavam as historias da colônia onde eu cresci.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Preparei Jili e a segui em silêncio, queria fazer milhares de perguntas e algo me diz que não devo fazê-las tem algo nessa mulher que não me agrada, ela é teimosa e mais alguma coisa. Ela me olha pelo canto dos olhos o tempo todo sem se virar. Não parece ter medo não como noite passada quando parecia que seus pesadelos pudessem segui-la para o mundo real.

– Maldição – olhei para ela, por que estava zangada agora?

– Que foi? – pergunto irritado.

– Nada.

Podia ao menos tentar se gentil comigo, ainda estou a acompanhando e tentando ajuda-la, mas ela não percebe isso.

– Quem é Art? – perguntei sem querer não era isso que eu ia dizer.

– Meu irmão...

Irmão... Será que ele esta morto também? Todos estão.

–... Ele esta na colônia com meus pais – disse como se tivesse me ouvido pensar.

– E por que você não esta lá com eles?

– E por que deveria estar?

– Por que é mais seguro dentro de uma colônia.

– Não seja tolo garoto quanto menos se saber o que existe fora dos muros de proteção menos seguro se esta.

Ela estava certa, foi a sensação de segurança que a colônia nos passava que nos distraímos e foi por essa mesma segurança que os zumbis entraram na colônia e matou meus amigos e a metade das pessoas que viviam lá.

– Foram seus pais que te mandaram vir ver o que tinha deste lado?

Ela riu como se eu tivesse contado a mais engraçada das piadas.

– Que tipo de pais seriam se me mandassem sozinha com meu cavalo para fora da colônia em busca de coisas que talvez nem existam? Não garoto eles não sabiam que eu sairia no meio da noite se soubessem teriam me trancado em correntes e jogado as chaves.

– Então você fugiu?

– Sim, e você? Por que esta do lado de fora?

– Não tinha mais motivos para ficar em uma colônia minha única família era minha mãe e ela morreu há alguns meses.

– Eu diria que sinto muito, mas seria mentira.

Olhei para ela podia ao menos fingir piedade, mas nem parecia se incomodar com isso.

– Por que seu irmão não veio com você?

– Por que o mandei ficar na colônia e impedir que viessem atrás de mim, ele é mais forte, mais esperto que eu, sei que ninguém passara por ele sem sair ferido o suficiente para ser forçado a ficar.

– E se ele resolver vir atrás de você?

– Não vem, sabe o porquê estou aqui fora e sabe que se não voltar ou der sinal de vida em um ano pode e deve me considerar morta.

– Seu irmão tem que idade?

– 20, por quê?

– Estava pensando que tipo de pessoa deixa a irmã sair sozinha para um lugar perigoso e não permite que ninguém vá atrás. Imaginei que fosse alguma criança assustada. Mas 20 anos ele devia ao menos ter vindo com você.

– Artur e eu deixamos de ser crianças no momento em que aprendemos a segurar uma faca, mas diferente de mim ele sempre foi mais obediente que curioso, sou mais velha e ele me deve obediência. Deixei instruções para ele e ele as cumprirá não importa quanto custe.

– E se seus pais o ordenarem a fazer o contrario se mandarem ele te entregar – perguntei tentando imaginar ao certo quantos anos ela deve ter, não vou perguntar isso pode irrita-la embora não acredite que tenha muito mais que 25.

– Você já fez algum juramento garoto? Meu irmão nunca quebra um juramento ele me jurou fidelidade eterna morta ou não ele nunca me trairia.

– Não me chame de garoto, eu não sou mais uma criança assim como você e seu irmãozinho.

– Como preferir Curt – o modo como disse meu nome fez parecer que não gostava de pronuncia-lo.

– Posso saber exatamente o que você esta planejando?

– Não, mas pode me ajudar se quiser. Jay morava no campus da universidade da Carolina do Sul bem próximo do laboratório de pesquisa de armas biológicas ela esta me levando para o laboratório quero saber mais exatamente que tipo de vírus é esse que transforma pessoas em zumbis, a única coisa que sei é que é um composto nanotecnológico de fungos e vírus .

– Entendi você é uma cientista e esta procurando uma cura

– Não, os mortos estão mortos e devem permanecer mortos sem ofensas Jay – a zumbi resmungou algo que não ouvi – eu diria que um antivírus seria mais adequado. Se for mordido e não se transformar seria melhor, não acha?

Seria ótimo poder mata-los sem correr risco de me morderem, mas não diria isso em voz alta Arícia poderia arrancar minha língua.

– Vai ser uma viagem longa a Carolina do Sul fica a semanas de distancia, você sabe disso?

– Minha presença te incomoda tanto assim Curt? – perguntou se distanciando de mim zangada.

– QUE FOI QUE EU DISSE? – mulherzinha maluca.

PdV – J

No dia seguinte...

Esses dois estão começando a me irritar, primeiro discutem sobre minha existência como se eu nem estivesse aqui. Depois ele a trata como se fosse uma criança quando tem pesadelos. Agora nem falam um com o outro. Ele perguntou para Shakes o porquê Arícia tinha pesadelos, eu estava a dois passos dele mesmo assim ele se recusa a falar comigo mais que o necessário quando acordou ontem perguntou por ela de um modo grosso e frio é um idiota que pensa. Falar comigo para ele é como se isso o obrigasse a aceitar o fato de que posso ser tão normal quanto ele, ok não somos iguais compartilho da opinião de Arícia que eu o devoraria com prazer.

Estamos viajando a dois dias e ele cantarola algo que Arícia conhece, uma musica de uma banda de meu tempo, não me lembro o nome deles e nem da musica, ouvi Arícia cantando mais cedo enquanto ele procurava comida, não teve tanta sorte achou alguns esquilos e coelhos que Arícia se recusou a comer.

– Come cobra e se recusa a comer coelhos? – gritou ele zangado, aliás, ele esta sempre gritando ou zangado.

– Coelhos são fofos e inofensivos – o tom dela é como sempre calmo e suave.

– Então vai cozinhar a J no jantar ela não tem nada de fofa e inofensiva – aquilo me ofendeu imensamente.

– Ela não tem nada de fofa e inofensiva e nem você – Arícia encerrou o assunto mordendo uma maça e olhando para Curt de um jeito que até eu me incomodei.

Ela seria mesmo capaz de fazer mal a ele apenas por fazer? Não parece algo da qual ele ou eu possamos duvidar, entretanto eu a ajudaria com prazer a rasgar a pele dele para o jantar. Depois de terminarmos o almoço - admito que os esquilos estavam demasiadamente magros mais deliciosos, seguimos a viagem Arícia e eu em silencio e Curt cantando...

Don't want a suicide. I want this to end. I just want be your friend”