...”But I know somebody once told me to seize the moment and don't squander it 'cause you never know when it all could be over tomorrow”…

Já fazia duas semanas desde que Liam havia ido embora. E eu continuava com aquela sensação de vazio, sem saber o que fazer como fazer ou se fazer. Meus dias estavam vazios. Harold viajou junto com Derek e Josh para Nova Iorque, era um passeio masculino, muita cerveja, mulheres e eu certamente não estava pronta para agir em meio de tanta masculinidade no estado em que eu me encontrava. Elliot havia ido viajar para Ashford com a namorada dele e um grupo de amigos, era alta temporada o hotel fervia de tanta gente. Eu queria ir para lá, mas até lá eu tinha lembranças com Liam, então preferi ficar, sem contar que eu não tinha ninguém para levar também, e boa parte dos amigos de Elliot ficaram fazendo piadinhas a respeito de meu corpo e de como desejavam... Sempre quando estavam bêbados falavam essas merdas. E eu estava fugindo de perguntas como “e seu namorado Jess, como está?”, eu não queria explicar o porquê de eu não ter mais um namorado, era perturbador demais. Bruce e Tess viajaram para Liverpool com uns amigos e uns familiares de Bruce, e levaram os gêmeos e Gerogia com ele, ou seja, eu estava sozinha, desfrutando do meu silencio. Os 13 dias se passaram, eu continuava a reler todas as cartas de Liam, sabendo que aquela seria a ultima recordação que eu teria dele, e que num futuro ainda distante eu teria que explicar aos meus filhos o significado da tatuagem em meu tornozelo, teria que esconder a verdade dizendo “É só uma viagem que marcou minha vida, uma cidade incrível”. Eu realmente queria dizer que foi tudo por causa de Liam e da maneira que ele me salvou de todo o mal que aconteceu. Mas eu teria que esconder minha historia com Liam, nossas lembranças existiram somente em minha memoria. Decidi arrumar meu guarda roupas, e levar a casa dele tudo aquilo que pertencia a ele, quando ele voltasse veria que tudo estaria ali. Separei os moletons que não foram poucos que eu encontrei alguns ele pensava que havia perdido em excursões do time, ou deixado na escola. Cada moletom tinha cheiro de um perfume dele, todos tinham uma mistura de perfume com Liam Cartter, que paria que tinha um cheiro próprio, que era ótimo. Fiquei abraçada com cada roupa dele por uns cinco minutos, depois coloquei todas dentro de uma caixa, eu realmente não queria devolve-las jamais. Mas era preciso. Se eu as usasse sempre, uma hora ela teria o meu cheiro, e não o dele. Não teria a mesma graça. Achei fotos, que eu pensei que havia perdido em algum lugar, ou mesmo que estariam com ele. Olhei todas aquelas fotos, a maneira como sorriamos. Encontrei uma foto nossa em Ashford no ano novo, em algum momento de extremo ódio eu deveria ter jogado aquela foto dentro do guarda roupas, e ela foi parar em baixo de uma sandália. A foto era eu e ele nos beijando e atrás o castelo todo iluminado com luzes coloridas e um pouco mais acima os fogos de cores intensas no céu escuro. Atrás da foto estava escrito: ‘”Ausência é para o amor o que o vento é para o fogo; extingue o pequeno e inflama o grande. ’ - Que nosso amor dure enquanto o para sempre durar. - Liam Cartter.”.

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Eu quis chorar, e eu chorei. Desabei em um choro estranho, eu não sabia mais o porquê de estar chorando. Continuei retirando tudo que um dia estava sob meus poderes. Fiquei apenas com algumas fotos, uma foto que havia em minha carteira, e algumas outras que eu havia guardado. Fechei as duas caixas de papelão com as coisas de Liam e andei até sua casa.

–Jessica querida! –A mãe de Liam apareceu na porta.

–Oi Senhora Baker. –Esse negocio de ela ainda ter o sobrenome Cartter do antigo marido e o Baker do novo, me confundiam, eu nunca sabia o qual usar, optei pelo marido mais recente. Não pude deixar de rir em meus pensamentos com essa frase que passou pela minha cabeça.

–Como posso te ajudar?- Disse ela pegando uma das caixas. –Entre!

–Não há necessidade. –Eu disse colocando uma caixa na porta. –Só vim deixar aqui algumas coisas de Liam que estavam comigo. –Ela entortou os lábios.

–Vocês não vão mesmo voltar não é? –Ela cruzou os braços depois de colocar a caixa no chão.

–Parece que não. –Eu ri de forma envergonhada. –Ainda mais que amanhã ele embarca para um novo lugar, ele vai ter uma vida, eu não quero impedi-lo.

–Se você pedir ele fica. –Ela disse. –Querida, você não faz ideia do quanto ele te ama! E olha não é porque eu sou mãe dele não que falo essas coisas, eu quero muito ver meu filho feliz, e sei que a felicidade dele é onde você estiver. Sei também que ele errou, mas ele tentou te proteger! Leve isso em consideração também! Olhe para o mundo, é difícil de encontrar alguém que daria a vida duas vezes para salvar a de outra pessoa. –Ela sorriu e eu me dei conta que estava chorando. –Você que decide Jessica, ele não vai tentar nada até que você decida. Vai deixar isso tudo acabar, ou vai querer continuar com uma historia que era absolutamente linda?- Ela me olhou.

–Obrigada pelas coisas. Eu vou dizer a ele que esteve aqui. –Ela sorriu. –Fique bem!

–Até logo senhora Baker. –Eu sorri e me virei de volta para a casa. Fique bem. Que estupidez! Como alguém poderia estar bem longe dele? Eu não tinha muito que fazer. Eu poderia ficar quieta, deixar tudo como estar e se um dia ele voltar, que seria Natal provavelmente a próxima data em sete meses, eu poderia tentar algo de novo. Mas muita coisa pode acontecer em sete meses. Ele pode se apaixonar por uma australiana, pode namorar com ela, pode trazer ela para conhecer a família e tudo mais. Eu posso me apaixonar, o que eu acho difícil de acontecer. Mas como meu pai dizia “Adolescente acha que um coração partido não tem cura. Mas sim tem! Eu não posso prometer que você vai encontrar alguém tão bacana quanto ele, mas eu sei que você vai se apaixonar de novo, e de novo”. Meu pai tinha o dom da sabedoria em suas palavras. Quando eu tinha doze anos um menino que eu gostava muito, beijou uma menina popular do colégio, elas me chamavam de “babaca”, e ele me chamou assim só para ganhar um beijo da menina, desde esse dia eu passei a odiar os populares, e jurei não me apaixonar mais. Mas como meu pai disse, eu me apaixonei. E por um cara ainda mais bacana que o ultimo. A questão é: eu não queria usar essa frase do meu pai de novo. Eu não queria no futuro parar, olhar para trás e dizer: e eu me apaixonei de novo. NÃO! Eu pretendo continuar apaixonada pelo mesmo cara. E se o amor acabar no futuro, que se dane! Tivemos momentos incríveis, só não queria que acabasse dessa maneira, um ou outro saindo machucados, ou pior, os dois saindo machucados. Depois de ter arrumado meu guarda roupas de ponta a ponta, eu tive um momento de falta de sanidade mental. Puxei uma mala de baixo da estante e comecei a jogar roupas aleatórias dentro, jeans, blusas, alguns casacos, shorts, tênis, estava tudo uma zona. Eu ia até Paris, eu iria ver e impedir Liam Cartter de viajar para longe de mim. Comecei a vasculhar todos os cantos possíveis de meu quarto a procura de meu passaporte, eu precisava dele, mesmo não precisando de visto para ir a Paris, se eu fosse pega por ainda ser menor de idade estaria ferrada se não tivesse um passaporte em minhas mãos. Eu já havia arrumado tudo, mala, uma bolsa com todos meus documentos, até câmera fotográfica eu havia pegado. Só faltava a droga do meu passaporte.

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–Bruce? Tio!- Eu disse praticamente berrando quando Bruce atendeu com a voz falha o telefone.

–Jessica está tudo bem? Por que esta ligando?

–Eu preciso do meu passaporte onde está? Por favor!

–Querida está tudo bem? Pra quer seu passaporte?-Tess pegou o telefone.

–Tia eu estou ótima! Eu só preciso do meu passaporte!

–Por que precisa? É quatro da manhã Jessica!- Ela disse suspirando.

–Quatro da manhã? –Eu perguntei espantada, eu não tinha visto o tempo passar. –Desculpa tia, mas eu não ligaria se não precisasse. Eu vou atrás de Liam, eu preciso do passaporte para embarcar no trem!

–Jessica, creio que isso não vai ser possível. –Ela disse com a voz triste.

–Como?- Perguntei quase chorando.

–Seu passaporte esta no carro. Bruce usou para tirar algumas copias para o juizado e deixou no porta luvas. O carro está com Elliot. Sinto muito. –Ela disse e eu estremeci meu corpo. Desliguei o telefone, eu estava arrasada. Encostei-me à parede atrás de mim e cai num choro continuo por alguns minutos. Eu havia feito às malas, eu já sabia o que eu ia falar para ele, eu já tinha tudo planejado, para no fim, não poder ir. Foi quando a ideia mais absurda passou pela minha cabeça.

–Elliot?- Ele atendeu o celular

–Jessica são quatro...

–Eu sei que são quatro da manhã! Preciso de um favor. Meu passaporte esta no porta luvas do seu carro, eu estou indo busca-lo, é uma questão de vida ou morte!

–Como assim Jessica? Você não tem carta!

–Isso no momento não é um problema!-Disse. –Fique acordado, por volta das seis horas eu chego ai. Te amo!- Desliguei o celular.

Corri até a garagem e fiquei um tempo parada, pensando em qual carro eu deveria entrar no de Bruce ou no Tess... Corri até a BMW branca M3 Coupe que Bruce havia comprado um pouco a mais de dois meses. Séria legal pegar a estrada sem carta. Subi as escadas e desci com minha mala, a jogando no porta malas. Apertei o controle do portão da garagem, que foi se abrindo aos poucos. Minha respiração foi ficando pesada. Talvez eu devesse mesmo desistir disso. Conectei meu celular em uma das entradas do carro, eu sabia que alguém iria me ligar, e eu seria obrigada a atender. Olhava pelo retrovisor enquanto o motor do carro roncava como musica em meus ouvidos. Talvez eu devesse desistir disso, talvez fosse maluquice demais, mas isso era um desafio que eu estava realmente disposta a enfrentar. Pegar estrada, sem ninguém do meu lado enchendo o saco dizendo como eu devo dirigir isso seria o máximo! Cantei o pneu do carro ao sair da garagem, de proposito claro, me sentia mais poderosa e mais corajosa fazendo aqui. Puro velozes e furiosos. Andei por Londres discretamente, sem chamar atenção para mim. A cidade começava a acordar. Quando enfim entrei na estrada e o limite de velocidade era um tanto alto, enfiei o pé no acelerador. O sol ia nascendo ao redor do carro, era tudo muito bonito. Era uma hora e meia até Ashford, eu pretendia fazer em uma. Meu Deus isso era insano demais! Os carros e as arvores iam passando em forma de borrões ao meu lado, e eu não estava nem ai. Eu estava dentro do limite de velocidade e era isso que importava. Liguei o radio e fiz questão de colocar uma musica bem alta. Eu estava acordada a mais de 24 horas, não queria correr o risco de simplesmente cometer o erro de dormir ao volante. Eu ia pensando em todas as maneiras que diria a Liam que eu ainda o amo, comecei a pensar em todas as possiblidades que aconteceriam quando eu encontrasse seu olhar.

1) Eu poderia perder o juízo e começar a gritar todas as coisas que eu amo nele.

2) Eu poderia ficar encarando seus olhos sem nenhuma reação.

3) Eu poderia cair num choro, de alivio por ver ele.

4) Eu poderia ter uma crise de riso, vendo que eu havia conseguido chegar até ele.

5) Eu poderia beija-lo.

6) Eu poderia abraça-lo.

7) Poderia soca-lo e xinga-lo por ter passado pela cabeça dele ir embora.

8) Poderia soca-lo e depois beija-lo.

9) Poderia fingir que não o vi.

10) Poderia considerar todas as opções acima.

Continuei dirigindo e cantando, até que o som do carro baixou, e fez um PIB indicando que havia uma chamada no celular.

–Jessica? É a Senhora Baker!- Fudeu.

–Oi!- Eu disse na maior animação.

–Eu vi um carro saindo cantando pneu da sua casa, você está bem?- Ela perguntou.

–Estou ótima!- Eu sorria.

–É você que está dirigindo o carro Jessica? Acho melhor voltar não aprece ser uma boa ideia!

–Eu estou indo atrás de seu filho Senhora Baker, eu preciso dizer a ele o quanto eu o amo, e isso precisa ser pessoalmente!

–Jessica...

–Senhora Baker! Que hora é o voo dele para Austrália?

–Ao meio dia Jessica! Mas Jessica...

–Senhora Baker me desculpa, mas eu preciso desligar. –E eu desliguei.

Passei a primeira placa indicando Ahsford a dois quilômetros. Apertei ainda mais o pé no acelerador, sem medo. Abri a janela sentindo o vento em meu rosto, era a liberdade entrando em meus pulmões, era incrível! Entrei em Ahsford e logo já estava a alguns quilômetros do hotel, da minha casa. Assim que passei pelo portão de entrada, comecei a buzinar que nem louca. Desci do carro às pressas, deixando, o carro ligado e com a porta aberta.

–Jessica você perdeu o juízo!- Elliot dizia. –Eu volto dirigindo essa bosta!

–Nem pensar! Se eu cheguei aqui sozinha eu posso muito bem voltar sozinha!- Dizia enquanto bebia agua na cozinha.

–Jessica já amanheceu, são seis horas! Daqui a pouco as estradas vão estar cheias guardas, você precisa me deixar ir junto. Ou melhor, eu vou junto!

–Então se arruma Elliot eu não tenho muito tempo!- Elliot saiu e voltou com uma blusa uma calça de moletom e um amigo.

–Ele também vai? –Perguntei.

–Ele vai dirigindo um carro atrás. Eu preciso voltar de algum jeito e de ônibus que não vai ser!

–Vamos logo então caralho!- Disse enquanto Elliot entrava no carro e saia cantando pneu da mesma forma que eu sai de casa.

–Caralho você é surda?- Ele disse depois de ligar o radio que estava com aquela musica alta.

–É a felicidade, a adrenalina e a ansiedade que estão altas! Você pode, por favor, ficar quieto e dirigir?

–Jessica você não vai chegar a tempo se for de trem. – Ele disse e me olhou.

–O próximo trem sai às sete e meia. E o próximo às nove e meia. Você não vai chegar a tempo. – Ele disse desanimado.

–Por que todo mundo tenta fazer eu desistir?- Perguntei nervosa. –Eu não vou mais de trem. Eu também pesquisei isso enquanto dirigia.

–Você usou o celular enquanto dirigia?- Ele me olhou chocado e eu não pude deixar de rir.

–Eu comprei uma passagem aera para as oito horas. Acho melhor você pisar nesse acelerador. Não vai querer seu dinheiro desperdiçado.

–Meu dinheiro?- Ele disse boquiaberto. –Você usou o MEU cartão? Jessica você perdeu o juízo.

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–Ainda não, mas vou perder o cara que eu amo se você não pisar na porra desse acelerador Elliot!

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Sete e quarenta. Eu cheguei ao aeroporto. Minhas mãos tremiam. Corri para o check-in, e logo fui liberada, Elliot ligou pra Bruce que agilizou com um advogado do aeroporto a minha ida. Entrei no avião e fechei os olhos. Aquilo era insano demais. Radical demais. Certamente eu não estava pensando direito, mas o que importa pensar direito quando o assunto é amor? Em uma hora e quinze minutos eu estaria em Paris. Eu o veria, eu o impediria de cometer um erro gigantesco. Eu o deteria. Eu o beijaria. Ele desistiria. Eu o impediria de fazer isso. Eu não o deixaria viajar, não sem mim.