Sangue

“Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo.” – Nemo Nox

Superjunior – Sexy, Free and Single

Lex juntou as mãos sobre os joelhos, enquanto batia os pés em uníssono com as portas que traziam os tributos. O elevador estava sendo usado, porém ele não se deu ao trabalho de tal. A escada se mostrou muito mais confiável e rápida. Ao contrário de que se esperaria, ele não observava aqueles que chegavam, pouco interesse tinha sobre eles. Permanecia em seu canto, em um cubículo de confinamento que construiu sozinho, assim que escolheu a cadeira, se sentou e nela ficou pelos próximos quinze minutos. Então piscou, atônito. Quem ele era para se mergulhar em uma poça de depressão? Aquilo era para os fracos, Lex não entendia a melancolia tão bem quanto entendia do humor negro. Virou-se na cadeira, sentindo o peso dos próprios ombros, agora notoriamente erguidos. Como se fosse um cãozinho se encolhendo conforme seu dono lhe gritava. Patético. Abaixou-os naturalmente, desenvolvendo uma aura que convidava as pessoas ao seu redor a se manterem atentar naquilo que ele faria a seguir. Mesmo que não fosse certo.

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– Não se preocupe, nós iremos morrer amanhã, mas você pode se atrasar para as Apresentações Individuais. Elas são apenas uma entrada do prato principal. – disse, para a menina que avançava, encolhida, enquanto todos a observavam. Era a última. Assim que disse, o grupo de Carreiristas próximos a ela gargalharam, enquanto a menina se encolhia cada vez mais e tinha de ficar com o único lugar vago: ao lado de Lex. – É realmente um baita azar. – ele comentou, usando as gírias do Distrito Dez, aquelas que estavam impregnadas em seu ser.

Ela não o olhou, tentando ignorá-lo. Lex achou isso engraçado e esticou os braços, folgadamente, enquanto aguardava chamarem seu nome. Seriam chamados por ordem de Distrito, o que dizia que demoraria ainda muito para o seu. Olhou novamente a menina. Ela era pequena e parecia extremamente intimidada com sua presença. Abafou uma risada, inclinando a cabeça em sua direção.

– Quem é você?

– N-Não importa. – ela gaguejou, enrubescendo, e virando o rosto para fugir dele.

– Eu sou Lex, do Distrito Dez. E você? – insistiu, aproximando-se mais. Ela recuou. Tinha cabelos castanhos emoldurando seu rosto, levemente cacheados e curtos até as orelhas. Seus olhos eram azuis, as sobrancelhas finas e desenhadas ajudavam a dar o ar gracioso para sua figura, enquanto a pele branca e as maçãs ruborizadas lhe davam cor. Os cílios eram longos e curvilíneos e os ombros estreitos. Um anjinho.

– Ruby, Seis. – ela respondeu, afastando-se mais. Lex abriu um sorriso largo, era uma grande conquista.

– O Seis é legal? Fiquei sabendo que é lá onde o tráfico de morfina está concentrado. No Dez nós não temos tempo para nos drogar, é trabalho o tempo todo, sabe. – ele contou. – Você se droga, Ruby?

– Não. – ela miou baixinho.

– Pois deveria. Com um Distrito tão pequeno e tão pouca necessidade de serviço... Ninguém precisa de tantos aerodeslizadores e carros, certo? A Capital já está cheia deles. Você trabalhava?

– Não...

– Está vendo? Eu trabalhava no meu Distrito. – ele estalou os dedos da mão. – Que armas você utiliza?

– A mente das pessoas. – Ruby o observou por baixo da franja e sorriu, de uma maneira demoníaca que fez os pelos do braço de Lex se eriçarem. Ela de repente ficou bem mais bonita. – E você? – ela perguntou, ainda com seu sorriso maléfico.

– Eu gosto de usar minhas mãos – respondeu, enquanto estalava os dedos da outra mão. Ruby achou graça nisso e riu sarcasticamente.

Antes que notasse, a haviam chamado para se apresentar. Ruby o abandonou com rapidez, assim como ele a esqueceu com rapidez, enquanto tentava imaginar o que ela faria e então notava que nem mesmo ele sabia o que faria. Podia demonstrar muita coisa, como sua persuasão incrível, sua força brutal ou seu conhecimento com vinhos, mas este último não era realmente útil. Então traçou um plano.

Iria demonstrar sua habilidade com facões, como um abatedor faz no Distrito Dez para abater o gado. Lutaria contra um instrutor, para vencê-lo. Sua nota variaria conforme as demais apresentações, é claro, mas duvidava que os Carreiristas conseguissem melhores demonstrações. Então imaginou como seria divertido ver a nota que ganharia de noite.

º º º

Tinha feito tudo certinho, não havia como não tirar uma nota boa. O instrutor havia facilitado, é claro, mas ainda assim demonstrou muito bem suas habilidades. Seu mentor era Carl, ele estava sentado diante da televisão também, reclamando para Flowërniie que ela deveria ter feito outra coisa além de o antídoto para um veneno que matava alguém em sete minutos, em menos de cinco. Flowërniie havia montado uma aliança com alguns outros tributos, algo muito ridículo na opinião de Lex. Eles iriam matá-la assim que pudessem, só queriam se aproveitar dela.

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Por outro lado, ele entraria sozinho. Talvez também saísse assim.

Os anúncios das notas seriam feitos dali pouco tempo e Lex mentiria se dissesse que não estava ansioso por isso. Queria se surpreender, de forma positiva. Mas suspeitava que não fora o suficiente. Não notou quando Carl começou a falar com ele.

– Ei, menino! – o mentor estalou os dedos diante de seu rosto – Pode me ouvir? Eu aconselho vocês a não tentarem pegar os itens perto da Cornucópia. Sempre há mochilas mais distantes. Corram até elas e as peguem, depois fujam. Não se preocupem com o resto. Ennie, combine com sua aliança de todos correrem para o mesmo lado que você.

Lex sabia daquilo. Ele assistiu as demais edições dos jogos, tinha inteligência suficiente para raciocinar o que fazer ou não. Carl tinha sido inútil até aquele momento. Claro que ele não queria subestimar o mentor. Ele era um Vitorioso, afinal. Tinha sobrevivido a tudo aquilo. Mas vivia enfiado com os seus próprios fãs para se importar com os tributos. Aquele era o primeiro conselho que ele estava dando. Neste momento, a tela da televisão se tornou vermelha e a insígnia da Capital surgiu, o hino, seguido do rosto de Caesar, o mestre de cerimônia do reality show.

Fez uma breve introdução, comentando sobre as outras edições dos Jogos e os tributos do ano passado, sobre suas notas e o Vitorioso, do Distrito Dois.

– Agora, as notas! – ele anunciou.

A tela ficou negra e então surgiu o rosto do tributo feminino do Distrito Um, Crystal Goldstone. Sua nota foi comum para um Carreirista, dez. Seu parceiro recebeu um oito, algo impressionante para um Carreirista. O tributo feminino do Distrito Dois era Ewlleen McCann, e sua nota foi Dez. Seu companheiro tirou sete. O que estava acontecendo com os tributos masculinos? Provavelmente eram babacas. As notas continuaram, mas Lex só prestou atenção àquelas que poderiam ser ameaças, como a menina do Distrito Três, Lunara Gwen, com um oito. Märeen e seu impressionante um, ela provavelmente estava brincando... Provavelmente iria aprontar. Alexander Jones, do Distrito Nove, com nota dez, e ele nem mesmo era Carreirista. E enfim...

– Lex Blood, do Distrito Dez, com nota... oito.

Lex ergueu uma sobrancelha. Oito?