Worse Than Nicotine

Small Deathes


Dama do Poente Fanfics - Grupo *o*

P. O. V Autora:

Departamento de Polícia de Nova York, Divisão de Homicídios, 19h 30 min.

Dois casos iguais podem ser coincidência, três casos iguais constituem um padrão... Mesmo que o arco temporal entre o primeiro e os dois últimos seja bem extenso... Um padrão, uma linha do tempo incongruente... Tudo isso chamava a atenção da divisão de homicídios, que estavam determinados a encontrar o porquê de tudo o que estava acontecendo.

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— Ok, acho que podemos começar.

Caixas enormes, cheias de evidências e detalhes dos casos estavam sobre a enorme mesa de mogno. Cada um dos três — a tenente, a detetive e o capitão — revisaria um dos casos, de modo que, quando saíssem da delegacia, todos os casos tivessem sido revisados três vezes.

Mas, presumindo que ficariam horas naquela sala, preferiram se prevenir, pedindo comida japonesa.

— Não sei no que ater minha atenção: esses rolinhos primavera ou nesse caso. — Zöe murmura, evitando falar que revisava o caso de Maria di Angelo.

— Depende: o quão bons estão esses rolinhos? — o capitão Heracles se inclina sobre o braço da cadeira, com a boca aberta, na direção de Zöe.

Sorrindo, a tenente leva o hashi aos lábios do capitão, que após fechá-los sobre a iguaria, pressionou-os, delicadamente, sobre o dedo indicador de sua companheira.

— Arranjem um quarto ou um escritório com cortinas: eu não mereço ser usada como vela. Não agora. — Bianca reclama, chamando a atenção dos amigos.

— Relaxe, di Angelo! É só um rolinho primavera, não uma cena de sexo selvagem.

— Heracles! — Zöe guincha, nervosa.

— Amorzinho, todos...

— Devem voltar ao trabalho, isso sim! Fico fora por um tempo e tudo vira uma bagunça, né crianças?

— Bob? — os três se assustam, ao se verem frente a frente com o ex-capitão da unidade.

Que sequer se chamava Bob, mas isso é outra história...

— O que faz aqui, senhor? — Heracles pergunta, se recompondo.

— Como sabem, fui realocado na divisão de narcóticos, e quase sempre acabamos trabalhando juntos. — ele começa, se sentando em uma cadeira — E eis que, lá estou eu, cumprindo com meus deveres, quando esbarro num caso da divisão de crimes cibernéticos...

— Que, por sua vez, esbarrou em casos da homicídios! Aliás, olá para vocês! — Jake Maosn escolhe esse momento para entrar na sala e fechar a porta atrás de si.

Os presentes indivíduos da divisão de homicídios se entreolharam e endireitaram a postura. Quando um veterano experiente e um novato prodígio se uniam, só podia significar encrenca.

— Por acaso poderiam pegar do arquivo os caso de Maria di Angelo, Ester Ferrarez, e Cecília Summers? — Jake pede, levando os colegas a se entreolharem de novo.

— Por acaso são os casos que estamos revisando. — Bianca responde, confusa e desconfiada.

— Repararam em algo semelhante neles? — Bob questiona.

— Na verdade — Zöe começa, olhando para Heracles em busca de permissão, que é prontamente concedida —, nossa principal legista nos alertou em relação à causa de morte das três vítimas...

— Espera: foi preciso que a legista os mostrasse isso? — o mais velho mostra sua incredulidade: ele participara do treinamento da divisão de homicídios, e ver seus alunos deixarem tal pista passar era vergonhoso.

— Não, senhor! — Heracles suspira, e lança um olhar de pesar para Bianca — Quando nos deparamos com o caso de Ester Ferrarez, Zöe trouxe até mim suas suspeitas e nos pusemos a investigar para ver se havia semelhanças entre este caso e o de Maria di Angelo.

— Mas mantivemos em segredo, o que percebo que foi um erro. Desculpe, Bia: eu pedi a Heracles que não lhe contasse; sabia o quanto doeria para você rever o caso de sua mãe e queria evitar isso. — Zöe desce de seu pedestal de frieza.

— Tudo bem! — Bianca murmura, incapaz de discordar.

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Bob respira fundo, aliviado.

— Então perceberam a assinatura...

— Sim! — os três ex-pupilos respondem.

— Estamos tendo sorte nos últimos casos: o assassino não conseguiu queimar o corpo de Cecília Summers, e não foi bem sucedido na tentativa de assassinato de Esperanza Valdez! — e foi preciso um esforço descomunal para que Jake mantivesse a postura firme ao falar sobre a madrasta.

— E ainda nos deixou de brinde uma amostra de seu sangue, que nos levou ao banco de dados da narcóticos. — Bob completa — A amostra de DNA analisada nos permitiu perceber que quem quer que esteja por trás desses crimes, faz parte do clã Hunter.

O lendário Clã Hunter: tão antigo quanto à máfia, e envolvido com crimes em igual proporção. Já passaram por todas as jurisdições, e raramente eram pegos. Recentemente adquiriram gosto por tráfico, focando mais no de drogas — algo que faz a economia ilegal girar loucamente — e de jóias — desviando-as dos Estados Unidos e enviando para países do leste europeu e norte da África.

— O que o motivaria?

— As chances de serem pegos! — Jake responde, fechando as persianas da sala.

Plugara seu computador ao projetor do ambiente, e se preparava para apresentar o conteúdo da investigação.

— Há pouco mais de três anos, Maria di Angelo, então vice-presidente da Angelo’s, reparou na queda das vendas da empresa e na dificuldade de fechar os balancetes anuais em superávit. Na mesma época, muitos dos ourives começaram a reclamar da péssima qualidade da matéria-prima, o que levou Maria e Hades di Angelo a abrirem uma investigação dentro da empresa, que os fez descobrir que as caríssimas pedras preciosas que compravam estavam sendo trocadas por réplicas ridiculamente forjadas. — enquanto Jake falava, slides com cópias das investigações passavam.

— Por que tem uma foto de Ester Ferrarez no caso de minha mãe?

— Porque Ester foi a detetive particular que seus pais contrataram para realizar as investigações. Na época, ela trabalhou disfarçada na empresa, sob o pseudônimo de Marina Grant, e os levou à Melinoe Hunter, responsável pelo estoque da empresa, por fazer encomendas e tudo mais...

— Eu... Eu me lembro dela. Ela pedia para a chamarmos de tia Melina... Nico a adorava quando era criança e ainda morávamos na Itália, mas ela ficou por lá quando viemos para Nova York e, quando ela veio para cá, nunca retomou o contato. Então, num belo dia, simplesmente sumiu. — Bianca conta, puxando os eventos do fundo da memória.

— Sumiu, não: foi detida! E sua mãe nos ajudou nisso...

E Bob inicia sua narrativa, contando como Maria, que considerava Melina sua amiga, atraiu a mulher para sua casa, direto para uma emboscada. Melina foi presa, mas, quando estava sendo transferida para um presídio longe da costa oeste, o Clã Hunter conseguiu resgatá-la.

— E, logo depois, minha mãe foi assassinada... — Bianca completa, ligando os pontos.

— Ester foi mais rápida que nós ao ligar os pontos, e tentou sair da enrascada: mudou de aparência, usou identidades falsas, trabalhou em locais que não investigam a fundo a identidade dos funcionários, e achou que estava segura.

— Estava tão certa de sua segurança, que constituiu família e tudo! — Zöe suspira, pensando em quão desgraçada ficara a vida do marido e dos filhos de Ester.

— E foi por isso que só foi pega agora: abaixou a guarda, deixou que vissem sua felicidade. A família Hunter é destruidora, gostam de ver o sofrimento, não dos que morrem, mas do que vivem para contar — e nesse momento, o olhar de Bob cruza com Bianca, uma prova viva de sua afirmação.

— Ok, temos uma explicação viável para os dois primeiros casos, e temos até mesmo uma ponte entre eles. Mas isso não explica o assassinato de Cecília ou a tentativa de assassinato de Esperanza! — Heracles comenta, tentando achar sentido em toda aquela trama.

— Na verdade, explica sim. E ainda pode explicar o caso de Luke Castellan — Jake contradiz, aparentemente muito animado — A advogada de Luke apresentou declaração de que ele poderia estar sendo incriminado, e como nossos tribunais investigam tudo, eis que o computador de onde vieram as filmagens chegou em minhas mãos, e, cara, detesto soar tão feliz, mas ele está certo!

— O quê? — e se Bianca já estava abalada por falar sobre o assassinato de sua mãe, aquela foi a gota d’água — Como assim ele tá certo? Ele é um filho da puta! Não pode estar certo. Em hipótese alguma. Nem quando ele está certo ele pode estar certo!

— Bianca, fica calma.

— Zöe, não venha me falar de calma.

— É o seguinte: vocês todos vão ficar quietinhos e ouvir o tio Jake.

Todos olharam para o filho do meio de Hefesto, e assentiram para que ele prosseguisse.

— Há um ano, mais ou menos, Luke denunciou a existência de falsificações numa entrega para a empresa de Hades, e a jurisdição de São Francisco conseguiu chegar a dois suspeitos, no entanto, um deles fugiu. — Jake mostra, então, a foto do indivíduo — E este cara calha de ser o ex-namorado de Cecília Summers, que foi denunciado por ela quando o relacionamento terminou

— Típico caso de mulher largada que dá o troco no namorado bandido... — Bob assente, absorvendo a narração.

— Exatamente, Bob! Cecília o denunciou, mas antes que pudesse vir à delegacia para confirmar tudo, foi assassinada.

— Então, o namorado a assassinou?! — Bianca expõe a confusão de todos.

— Não. Mas foi um dos membros da família Hunter. O namorado de Cecília é o especialista em fraude do clã, o hacker... E é muito bom: quase não percebi o programa que ele instalou.

— Que programa? Jake, fale como gente, não como Tecnólogo.

— O programa de acesso remoto que ele instalou no notebook de Luke Castellan, minha querida Zöe

— O namorado de Cecília é o verdadeiro culpado pelos vídeos?

— Sim, Bianca. Em retaliação à denúncia de Luke, ele começou a investigá-lo, procurando uma maneira de expô-lo.

— Mas por que ele instalou esse programa?

— Para se proteger: se alguém o procurasse, ele poderia acessar remotamente o computador de Luke e acusá-lo. O que foi uma boa jogada, considerando que ele e o pai se dão mal...

— E que, quando mais jovem, Luke tinha problemas com drogas... — Bob murmura

— Certo: o energúmeno do meu ex é inocente, minha mãe e outras duas mulheres foram assassinadas por denunciarem a família Hunter e, considerando tudo, aposto que foi por isso que atacaram sua madrasta, certo?

— Perfeitamente, Bianca. — Jake concorda, admirado como sempre pela percepção da jovem detetive.

— Mas, o assassino quebrou seu padrão uma vez... Ele não queimou o corpo de Cecília: o que nos certifica que seja ele o culpado pelo ataque a Sra. Valdez? — Zöe questiona, ainda em dúvida.

— A amostra de DNA na faca e no apartamento de Cecília! E, adivinhem a melhor parte?

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Mas Zöe já não estava mais prestando atenção no discurso animado de Jake e seu primeiro — e grande — caso. Ela estava presa a todas as recentes discussões que tivera com sua prima e colega de trabalho. Desde que Ártemis assumira o cargo de chefe legista, 95% dos casos foram resolvidos com sucesso, baseados em sua intuição. Ela nunca falhava, mas ainda despertava dúvidas.

Eles duvidaram de tudo o que Ártemis dissera sobre os casos. Zöe, a única pessoa, além de Apolo, que Ártemis confia, não acreditou quando a prima contou suas teorias, quando lhe fez perguntas, que até então, ela achava absurdas.

“— Não acha que é estranho? Todas as viagens correspondem com as mortes.

— Exatamente, Artie: coincidência! Nós o conhecemos há 12 anos, você melhor que ninguém: ele é um cara bacana. — desconversar, numa noite de folga.

— Três mortes formam um padrão, Zöe! Ele viajou nas três mortes e na noite anterior a tentativa de morte de Esperanza... E ele não queimou aquele prédio.

— Realmente: ele estava no Sea World, não é?!

— Não! Ele não queimou porque...”

— Ela estava lá! — murmura, mais alto do que planejava.

— Como disse, Zöe? — Heracles, em pé as suas costas, pergunta preocupado.

— Depois que matava, o assassino queimava a cena do crime, para destruir possíveis evidências. — ela começa, erguendo-se de sua cadeira

A noite vinha assomando sobre Manhattan quando Zöe saiu da sala, com o celular em mãos, e uma procissão a seguindo.

— Sim, mas não queimou o apartamento de Cecíia. Achamos que foi porque Ártemis e eu estávamos lá e chegamos cedo à cena...

— Exatamente, Bianca: Ártemis estava lá. Ele não a machucaria. — Zöe diz, parcialmente exultante, parcialmente preocupada: Ártemis não atendia ao telefone — Droga, ela não atende!

— Ei, ei, acalme-se, menina doce-amarga: quem não a machucaria? O que Ártemis tem a ver com isso? — Heracles questiona, tentando entendê-la.

Zöe não responde, apenas ergue um dedo para Bob, pedindo que esperasse por um minuto.

— Alô? — uma voz masculina se faz ouvir

— Apolo? Aqui é a tenente Nightshade, Zöe Nightshade.

— Prima da Artie; sei quem é! — o médico diz — Aconteceu algo?

Ao fundo, Zöe podia ouvir o som de risadas, conversas e jogos eletrônicos. Não ouviu sua prima, mas esperava que estivesse lá.

— Não... Quer dizer, não tenho certeza! Minha prima está com você? — nessa hora, a tenente já estava parada ao lado de seu carro, pronta para entrar em ação.

Apolo fica em silêncio do outro lado da linha à medida que o barulho ensurdecedor vai desaparecendo, e ela escuta o som da porta de um carro bater.

Ela imediatamente entra em seu carro, batendo a porta também.

— Artie deveria me encontrar hoje. Allie está com ela, e eu estou esperando por elas há mais de duas horas. Zöe, o que está...

Ela o interrompe, desligando o celular e lançando um olhar para Bianca.

— Entre no carro, di Angelo! Precisamos ir para o Necrotério.

— O quê? Por quê? Aconteceu alguma coisa? Os “gêmeos” têm um novo corpo?

— Espero que não! Realmente espero!

P. O. V Ártemis:

Eu me arrependia amargamente de não ter escutado Apolo quando ele sugeriu que eu o seguisse na especificação em neuropsiquiatria ou cirurgia. Eu me arrependia de não ter aceitado aquela carona há 12 anos...

— Por que está fazendo isso tudo? — pergunto, tentando proteger Allie e manter a calma. — Quando nos conhecemos, você disse, prometeu, que não era como os outros.

Sim, eu sabia sobre a família de Órion... Mas também sabia o quão importante segundas chances são, e eu quis ser a pessoa que o daria tal coisa... Eu realmente deveria escutar mais os conselhos de Apolo: ele bem que dissera que eu me arrependeria um dia...

Esse dia chegara!

— Família significa poder, meu amor: por mais errada que a sua seja, você nunca vira as costas para ela. E eu fiz isso porque você estava perto demais da verdade, meu amor. Vi seu quadro de investigações, vi o quão perto estava de entregar as provas aos tiras — Órion responde, parecendo alterado.

— Não, eu não ia entregar! — minto.

— Ah ta, sei! E todos aqueles testes, linhas do tempo e post it eram apenas para declarações de amor ou para matar o tédio, né? Poupe-me, Ártemis: posso não ser inteligente como seu adorado Apolo, mas tampouco sou ingênuo. — ele resmunga, ácido, andando em minha direção com a arma erguida, encurralando-me, me empurrando para longe de Allegra — Eu sei de tudo!

— Tudo o que?

— De todas as vezes que encontraram, quando dormiram juntos, quando brigaram e quando tentaram me achar. Eu estava em todos os momentos que me traiu, Ártemis. — sua voz desmorona, como se estivesse realmente triste.

— Como se você não tivesse feito coisa pior... — declaro, impaciente com aquele teatro.

Ele que fizesse o que quisesse comigo, desde que ficasse bem longe de Allegra.

— Eu nunca a traí, amor! — ele afirma, surpreso com minha acusação — Eu sempre te amei profundamente. Por isso não queimei àquele prédio: não podia te perder.

Quando comecei a desconfiar de assassinatos em série, logo pensei em psicopatas, excluindo totalmente a opção de crimes de retaliação — o que era o caso —, e a opção que se revelava diante de mim: um sádico obsessivo.

— Fique longe da minha mãe! — ouço a voz de Allegra, e a vejo se jogar contra Órion, segurando um bisturi em mãos.

Também vejo, horrorizada, quando ele a segura pelo pescoço e a arremessa do outro lado da sala, contra os computadores, onde ela cai desacordada. A pancada fora forte o suficiente para derrubar todos os monitores e quebrá-los... Eu podia ver sangue escorrendo

— Sempre odiei a forma como essa pirralha a tirava de mim. Talvez seja a hora de tirá-la de nossas vidas. — Órion murmura, um brilho sádico iluminando seu olhar.

Então, ele destrava a arma, apontando-a para minha menininha.

P. O. V Autora:

Um tiro. Um único estampido foi o suficiente para que Heracles, enfim, derrubasse a pesada porta, a tempo de ouvir Ártemis gritar um estrondoso “não” e de ver Órion de pé, com a arma em mãos.

Sequer pensou duas vezes antes de sacar a própria arma e atirar contra o bandido, derrubando-o após segundo tiro que disparou.

— Chamem uma ambulância! Agora! — Ártemis grita, jogando-se de joelhos no chão.

— Artie, ele está... — mas não era sobre Órion que a ruiva se debruçava ou amarrava um torniquete.

Um pequeno corpo maculava o chão do lugar, manchando-o com o sangue que escorria de sua perna e de sua cabeça. Uma menina jazia no chão do necrotério da divisão de homicídios de Nova York.

— Oh, meu Deus! — e a voz mais racional que todos conheciam, enfim, passou a entender a necessidade de se ter um milagre.