Wizard

Capítulo 14


POV Cláudia

Fingi dormir enquanto pensava naquela união. Provavelmente ele me derrotaria fácil, só pelo o que eu já o vi fazer, se bem que eu também não fico pra trás. “Será mesmo que foi uma boa ideia? Ele queria uma união temporária, mas por quê? Talvez ele pense que eu fosse traí-lo.” Rolei na cama e olhei para ele, estava cocado, com as pernas cruzadas e as mãos apoiadas nos joelhos, abertas, vez ou outra um dedo mexia. Parecia inofensivo visto assim. “Talvez… não sei…”, será mesmo que ele já foi a Urbem Sonmia? “Preciso é dormir” Fechei os olhos e adormeci.

Acordei, ele ainda continuava na mesma posição, parecia que o dia ainda não tinha nascido. Sentei e me espreguicei, aquele seria um dia longo.

– Bom dia! – Ele disse, ainda de olhos fechados. – Já se passou quase um dia inteiro, quase achei que você tava em coma.

– Bom dia pra você também. – Resmunguei antes de me levantar. Em um canto tinha uma pequena fogueira, com dois peixes na brasa, em um prato de metal outros dois peixes e o que parecia ser salada de alga.

– Sirva-se. – Ele abriu os olhos, estavam azuis, mas logo voltaram a ser castanhos de novo. – Foi o melhor que consegui ontem.

– Você saiu ontem? Pra quê, estamos seguros aqui, não estamos? – Perguntei indignada, como ele pôde me deixar ali sozinha? E se o gelo se rompesse?

– Foi pra conseguir comida e checar o perímetro. Tinha um garoto próximo, foi fácil retirá-lo do jogo. Sobraram, além de nós, todos os que possuem uma cromatina e mais duas pessoas, o que quer dizer que daqui pra frente, só pedreira.

Sentei em frente a pequena fogueira, não gostava do fogo, mas ali era um pouco frio, apesar do esforço dele de manter o lugar quente. Comi os dois peixes e um pouco da salada, ela até que era boa. Fiz uns exercícios matinais, mais pra me aquecer e conferi a minha mochila. “Talvez tenha sido uma boa ideia me aliar a ele.”

– O que tá pensando? – Ele estava sentado na minha frente, com a mochila nas costas. – Você tá olhando pro chão a um tempão.

– Nada demais. – Me levantei e segui até uma das janelas, era translúcida, dava pra ver muito pouco do lado de fora. Ele ergueu a mão e o gelo ficou transparente como vidro, dando pra ver tudo lá fora. – Agora sei por que você gosta tanto de daqui.

– É, é muito bonito aqui embaixo. – Ele balançou a cabeça. – Mas temos um torneio pra vencer. As aulas começam semana que vem e eu não quero me atrasar.

– Hummm, falou o CDF. – Disse me afastando.

– Hey! Pode me chamar de tudo, mas CDF eu não aceito! – Ele disse fingindo ter ficado nervoso. Ele virou pro gelo e ergueu a mão, depois abaixou, deixando a água entrar. Ela não me tocava, como se uma parede invisível me protege-se. Assim que o quarto estava completamente submerso. Vi o pescoço dele sangrar, no lugar abriu dois pares de fendas. Ele soltou todo o ar que tinha nos pulmões e subiu, pouco depois ele me levitou, me guiando até a superfície. Saímos do lago, ele parecia respirar com dificuldade até as fendas sumirem.

– O que foi aquilo no seu pescoço?

– Aquilo? – Ele tocou o pescoço. – Ahhh, tá falando das guelras. Elas aparecem quando eu tô na água, pra que eu não morra lá embaixo.

– É nojento. – Ele deitou na areia e respirava calmamente, parecia tá observando o céu.

– Vamos atrás deles? – Ele disse, virando o rosto e me olhando nos olhos.

– Vamos. – Disse sorrindo de leve.

POV Eduardo

Andamos pela floresta por muito tempo, até chegar a margem, de lá fomos andando, procurando qualquer sinal de Wizards,mas nada. Acampamos perto de uma das ruinas, decidimos não fazer fogueira e chamar a atenção.

– Onde é que eles se meteram?

– Eles não iam simplesmente sumir, devem estar em algum ponto no centro, onde anularia os nossos poderes. Bom pelo menos é o que eles acham. – Disse pegando o Pendante e a mostrando. Ele emitia um brilho fraco por toda a superfície.

– O meu também está com força máxima. – Disse retirando um colar, com uma pedra triangular verde, emitia o mesmo brilho que a minha pedra. – Acha que um confronto direto com dois deles nós venceríamos?

– Dependendo da situação… Acho que sim. – Disse escorando em uma árvore. – Vamos pegá-los de surpresa amanhã.

– Como?

– Eu tenho um truque na manga. – Descansamos até um pouco antes de amanhecer. Uma névoa encobria toda a floresta e um pedaço da margem, nos camuflando, mas infelizmente não tina força suficiente pra ir até a floresta. Peguei o sensor e apertei o terceiro botão, ele informava quem ainda estava ativo. Sobraram, como era de se esperar, apenas os Wizards. O Guto, Júlia e Caio formaram um grupo, já o Arthur preferiu ficar sozinho.

– Pelo que eu vi, todo mundo vai atrás do Arthur.

– Eles sabem que ele vai ser mais fácil que nós dois, mas vão tentar empurrá-lo pra floresta, onde fica mais difícil de fazer os cristais. Eles não estão contando que podemos estar lá, apenas esperando um ataque.

– Mas como vamos saber onde estão?

– Com isso. – Trouxe o meu relógio de bolso, ele deixou escapar um gritinho ao ver.

– Isso é…

– Um localizador de Cromatinas. – Disse abrindo-o. O ponteiro dos segundos girava sem parar, emitindo um brilho azul e verde, com pequenas linhas roxa,. – O ponteiro dos segundo indica as nossas pedras. – O ponteiro que indica os minutos estava parado. O que marcava as horas emitia um brilho mais fraco, bege, marrom e a ponta parecia transparente. – Eles estão um pouco distantes daqui. Ele aponta pro leste, então ainda estão escondidos nesse minideserto.

– E tá esperando o que? Vamos ataca-los, e vamos atraindo eles pra floresta.

– Espera. - Olhei para o céu, a névoa começava a se dispersar, mas parecia que o céu estava nublando rapidamente.

– Eles vão reforçar as defesas, vai chover em breve. Essa é a melhor chance de ataca-los lá. Vamos!

Seguimos deserto adentro, o ponteiro das horas apagou e o dos minutos acendeu, indicando que ficavam cada vez mais próximos. O dos segundos apagou, aprendi a desligar as cromatinas que já conhecia a localização. Uma hora depois, o ponteiro dos minutos apagou e o dos segundos acendeu. Olhei pra cima, o céu estava cinzento, mas ainda não tinha nada de chuva. “Vamos, começa a chover logo!”.

– Vamos. – A Cláudia sussurrou. Seguimos com cautela até a maior ruína dali. Entramos, invoquei o Ice Wall, ela fez um escudo de madeira e uma lança. Seguimos andando pelos corredores estreitos daquele lugar, até um salão, aonde vimos uma batalha já acontecendo. Guardei o meu relógio de bolso e apenas observamos.

– Aqueles cristais não quebram nunca? – Disse a Júlia, ela levantou uma pedra enorme e lançou na parede oposta, ela era feita inteiramente de cristais de quartzo, de diversas cores, desde ágatas até jaspe.

– É quartzo, vai demorar um pouco a quebrar. – Disse o Caio. – Não consigo mover o ar lá dentro. Talvez ele tenha se envolvido em cristais, se for isso, vai ser muito difícil de ganhar.

– Devíamos ter ido atrás dos dois. – Disse o Guto. – E ganhar daquela patricinha magrela e o daquele fracote.

– Depois, primeiro vamos acabar com o Arthur. – Disse o Caio. Sentia a pressão sobre os cristais, mesmo se refazendo constantemente, eles não durariam muito tempo. Olhei para Cláudia, ela também sacou e se manteve quieta. Passou alguns minutos e pararam de atacar.

– Não dá mais pra mim. – Disse a Júlia.

– Ela tá certa, isso é inútil. – O Guto sentou no chão e concordou.

– Vão desistir logo agora? – Ele parou de usar a magia, tempo suficiente pra sentir a nossa presença. Ele começou a virar quando uma estaca de madeira atingiu o peito dele, jogando-o contra a parede.

– Cláudia! Eu vo… - Antes que ele terminasse, lancei uma esfera de gelo, que o atingiu primeiro na perna, depois nas costas e voltou no rosto dele, o nocauteando. Saí de onde estava. Precisaria de espaço se estivesse disposto a lutar.

– Seu filho da puta! – A Júlia fez a terra tremer, desestabilizando tentei me levantar, mas uma parte do teto caiu em cima de mim, não antes de me defendei com o meu escudo. Enquanto tentava sair dali, vi a estaca da Cláudia começar a crescer, escutei uma melodia suave, ao ritmo da melodia a saía ramos, que ia virando galhos, até virar uma árvore completa. Alguns ramos tocavam o chão, e começaram a crescer e virariam outras árvores, nem mesmo o tremor parou o ritmo. Ela levantou uma pedra e atirou na árvore, saí de lá a tempo de me posicionar e gritar.

– Ice Wall! – Uma parede de gelo se ergueu, forte o bastante pra evitar o dano da pedra, se desfazendo logo em seguida, ela foi esperta e dividiu a pedra em vários pedaços, lançando-os todos ao mesmo tempo. – Ice Dome! – Um domo de gelo se formou ao redor das árvores, as protegendo de um golpe fatal.

A música acabou dentro do domo tinha se formado uma área arbórea, desfiz o Domo e ela cresceu, pressionou o teto até rompê-lo. O tronco cresceu, e começou a forçar as paredes ao redor, uma vinha entrelaçou as minhas pernas e outra a minha cintura, me erguendo e tirando dali, a Júlia criou um domo de pedra e moveu os três chão adentro, mas logo foi arremessada pra cima. Assim que caiu o domo quebrou, jogando-os no chão. A parede de cristais do Arthur diminuiu um único pilar, com ele lá dentro, esse pilar se moveu pra fora do alcance das raízes da Claudia, e voltou e projetar os cristais a sua volta. Assim que acabou, vi que a árvore centrar era um enorme carvalho, com cerca de trinta metros de altura, o tronco de via de ter uns quatro ou cinco metros de diâmetro. Vi ela dois galhos acima, me soltei, caindo no galho mais próximo. Subi até lá e ela estava deitada, mal respirando.

– Vou ter que descansar por um tempo, essa magia custa muito de mim. Segura eles por um tempo, ok? – Apenas concordei, ela deitou e por fim apagou. Criei um círculo de água e subi nele, desci até a base, ainda tinha árvores menores a protegendo por uns vinte metros, sobrevoei elas e aterrissei sobre uma gramínea, que devia se estendem por cerca de cinquenta metros ao redor de tudo. Vi o Guto se levantar e olhar boquiaberto a árvore.

– Droga, ela já fez. – Disse o Caio, ele também acordou e estava escorado no que sobrou de uma das paredes. - Vetitum Zone: The Latin Silva, Zona Proibida: A Floresta Viva.

Posicionei-me em frente à floresta, levantei o escudo e invoquei a Venit.

– Não vão me dizer que tão com medinho?

– Ora seu… - O Guto se posicionou, os outros dois também. “Vamos Cláudia, acorda logo!”