Wintershock

Impressões significativas


Steve saia do hospital junto com Sam.

Recuperado e disposto a ir atrás de Bucky, ele encontrou Fury e Natasha no mesmo dia, num cemitério, sem levantar suspeitas.

A Viúva Negra entregou os arquivos do Soldado Invernal nas mãos dele e então, ambos se despediram.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ainda não sabia para onde ela iria, mas por ora, não se preocuparia com a ex-agente da SHIELD.

Ela pediu para que ele ligasse para a enfermeira, que não era uma enfermeira.

A mulher se chamava Sharon, mas Steve tinha como prioridade a busca por seu melhor amigo, então, ambos se despediram e a ruiva deixou o local em seguida.

Enquanto analisava os arquivos do Soldado Invernal, Sam se aproximou.

— Você vai atrás dele?

— Não precisa vir comigo. – O loiro contrapôs.

— Eu sei... Quando começamos...? – O Falcão não se importou, e decidiu acompanhar Steve.

A dupla resolveu que iria atrás de Bucky... Juntos...

Dali, seguiriam para Baltimore, a cidade mais populosa do estado de Maryland.

Se Bucky tivesse que fugir para algum lugar dos Estados Unidos, eram bem obvio passar primeiro por ali.

Por enquanto, não possuíam pista alguma de onde o Soldado Invernal estava. Teriam de investigar passo a passo, minuciosamente.

.

.

Em Nova York, já era de manhã e Darcy inalava o cheiro de seu café com muito entusiasmo... ainda que tivesse passado por um episódio dramático no dia anterior...

A garota escondeu as fracas contusões em seu pescoço com muita maquiagem... Infelizmente, o aperto da mão do braço biônico lhe causou um aquele desconforto...

.

E Bucky não podia saber...

.

Se ele soubesse que tinha a machucado, se condenaria e talvez até iria embora de sua casa, com ótimos motivos que convenceriam qualquer um, até mesmo ela... mas a estudante não estava disposta a deixa-lo ir, então por ora, esconderia as consequências daquele acidente de todos... principalmente dele.

A garota estava ao lado da sacada de seu apartamento, sentada numa poltrona, visualizando os raios de sol entrarem e iluminarem o local, enquanto a brisa de mais uma manhã de primavera fazia suas cortinas decorrerem suavemente.

Darcy estava com seu típico pijama brega. Uma camiseta azul oceano gigante e uma calça larga colorida. Seus cabelos ondulados, meneavam suavemente com a atmosfera da manhã.

A garota tomou um gole de seu café, quente, saboreando-o, enquanto olhava para o lado de fora da sacada, com as portas abertas.

Estava empolgada depois de trazer Bucky para casa e de descobrir uma forma de mantê-lo em Nova York.

A estudante também se encontrava bastante entusiasmada com sua pesquisa que envolvia Peter Quill, uma criança que foi abduzida por ET’s, segundo seus parentes mais próximos.

Sua investigação no caso progrediu, depois de encontrar novas pistas, que a mesma havia deixado de lado por todo aquele tempo desde que voltou de Washington, já que sua vida estava de cabeça pra baixo por causa do soldado desmemoriado.

Jane apoiava sua pesquisa, mas sempre dizia que Thor estava ali para responder tudo o que a estudante universitária gostaria de saber sobre o espaço, porém estava fissurada no caso da família Quill, ainda mais depois de abrir um e-mail com novos relatos da vizinhança, que mandaram fotos de uma evidência da abdução.

As fotos se resumiam as marcas que uma ‘suposta nave’ deixou no chão...

— Será que vou descobrir como e por que essa criança foi abduzida? – Se questionava.

Enquanto aproveitava aquela manhã de sábado, ela esperava por Bucky, para que pudessem tomar café juntos, porém, ele não havia saído do quarto desde o dia anterior.

A estudante estranhou, mas resolveu esperar, pois não queria invadir sua privacidade.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

E para a sua surpresa, ouviu um barulho na porta da sala...

Barulho de chaves...

.

Bucky entrava no apartamento...

.

Darcy não entendeu. Ele havia saído? Mas pra onde?

— Hey...! – Ela levantou o braço, acenando para ele.

O soldado apenas acenou com a cabeça e foi em sua direção.

Depois de ficar tantos dias enclausurado no apartamento, apenas lendo, James resolveu sair.

Seu disfarce consistia em uma blusa e um casaco de manga comprida, luvas, boné e óculos escuros, para que ninguém o reconhecesse.

— Eu pensei que ainda estava dormindo, mas você saiu!? Não é arriscado sair a luz do dia!? – Indagava-o, no intuito de entender porque depois de tanto tempo, optou por deixar o apartamento.

— Saí para caminhar. Não consegui dormir direito... – Redarguia seriamente, mas sem a típica frieza na voz.

— Você podia ter me chamado se estava com insônia...

— Eu jamais faria isso...

— Por quê!? Nós podíamos ter visto um filme bem chato pra você pegar no sono! – A garota dizia, num tom animado, como de costume.

— É sobre isso que quero falar com você. – E então, ele arrastou uma cadeira, sentando de frente para ela.

— Você quer falar sobre filmes...? – A garota arqueou uma sobrancelha, não entendendo muito bem.

— Eu quero que me passe tudo o que tiver de conteúdo áudio visual. Não quero apenas ficar nos livros. Depois de muito pensar sobre tudo, tomei duas decisões ontem à noite.

— E quais seriam? – Ela perguntava, um tanto curiosa.

— Decidi que... Quero me lembrar de tudo sobre quem eu era, e...

— E...? – Darcy esticava sua voz, completamente indiscreta.

— Bem, essa outra decisão não é algo que tenha a ver com você e não há nada que possa fazer a respeito.

— Certo, mas o que é...? – Darcy deixava explícito que estava muito curiosa, e ele não estava fazendo questão de esconder nada dela, afinal, segundo o que a estudante disse na noite anterior, ela era sua “aliada”.

— Se quer mesmo saber... Eu decidi que vou atrás do atual líder da HYDRA, mas preciso descobrir sua localização.

Darcy ficou um pouco assustada com o que o mesmo revelava.

— Você vai mesmo atrás da HYDRA...? Essa é a sua missão agora...? – A estudante perguntava, um tanto receosa, num tom levemente triste.

— Essa é a missão que eu mesmo me dei. Eu não tenho mais um líder. Sou eu quem estou no comando da minha vida.

— Sei... e agora que você está no comando, já decidiu se vai mesmo embora...? – Era incrível como Darcy demonstrava o quanto se importava com ele. A expressão em seu rosto e em sua voz deixava claro.

Era um tanto nobre da parte dela, se compadecer de alguém tão perigoso, mas não podia coloca-la em perigo, porém...

Decidiu que ficaria em Nova York por mais um tempo, e colocaria sua mente nos eixos... pelo menos por enquanto... além do mais, seria melhor aprender sobre o mundo moderno, traçar um plano contra a HYDRA... tinha de estar preparado para enfrentar aquela organização.... mas...

Também decidiu que a protegeria, caso alguém viesse atrás dele ou descobrisse que Darcy estava envolvida diretamente com o Soldado Invernal.

— Eu vou ficar... mas não me pressione... – Revelou, apenas para tranquiliza-la.

— É SÉRIO!!?? IUPIIIIIIIII!!! – A garota esticou os braços e abriu as mãos no ar, em tom de comemoração.

— Isso não é por você... é por mim. Usarei esse tempo para me preparar e traçar um plano mais elaborado.

— Eu pedi pro Derek me enviar um arquivo sobre as câmeras de reconhecimento facial de Nova York. Pode ser impossível, mas acho que vai ajudar.

— Vou me limitar a sair apenas a noite, embora hoje tenha sido uma exceção... mas de qualquer forma, não se esqueça que sou um espião e sei lidar com iminentes ameaças.

— Um espião noob em tecnologia! – Ela fez uma careta e o soldado apenas observava a infantilidade da garota se sobressair mais que o normal.

— Estou recuperando partes da minha memória desde os anos 50, então logo não sou um amador. Apenas preciso restaurar as lembranças que despertarão habilidades adquiridas com o treinamento que tive com a HYDRA.

— Mas agora que você está dizendo isso, eu fiquei pensando... A HYDRA ainda está de pé, mas e a SHIELD? Será que de fato ela colapsou?

— Você acha que a SHIELD foi extinta? Se sim, só tenho uma coisa a lhe dizer...

— Que seria...?

— Você não sabe absolutamente nada sobre espionagem... – James completou, sorrindo discretamente e Darcy ficou um pouco assombrada por ouvir tudo aquilo.

— ESPERA! – Ela se levantou da poltrona abruptamente e ele não entendeu.

— Se a HYDRA e a SHIELD não acabaram, isso significa que a KGB também continua de pé!? – Questionava, atônita.

— Quem sabe... A última vez que colaborei com a KGB por intermédio da HYDRA, foi há mais de trinta anos...

— Uau... Acho que preciso começar a pesquisar a respeito... – A feição de Darcy era de surpresa e seus olhos piscavam lentamente, enquanto seus lábios se curvavam, exprimindo sorrisos estranhos.

Ele admirava o quanto a garota era expressiva e sua facilidade com isso.

James estava grato pelo que a estudante fazia por ele, tendo a impressão de que nunca mais veria alguém como ela. Não somente por que a mesma era gentil, mas principalmente porque ela parecia cultivar um certo prazer sádico em importuná-lo e aquilo... Era engraçado.

— Mas mudando de assunto... Você poderia me responder algumas coisas...? – Os olhos dela brilhavam.

— Sim. O que você quer saber?

— Como foi o seu encontro com o Capitão América depois de tanto tempo!?

Bucky ficou em silêncio por alguns segundos, olhando para cima.

— Foi estranho... Lutamos antes do incidente e durante. A máscara do Soldado Invernal cobria parte do meu rosto e ele não me reconheceu de imediato. Mas quando essa máscara caiu, ele ficou espantado e chamou por meu nome...

— E o que você disse...? – Perguntava, muito curiosa.

— Eu disse... “Quem diabos é Bucky...?”

Darcy ficou boquiaberta...

— Então a única coisa que disse depois de ouvir o Capitão América te chamar, foi "Quem diabos é Bucky!?"

— Sim...

— Aah, era fácil descobrir quem era o Bucky. Era só você ir no Google e digitar "Quem diabos é Bucky?" - Darcy sorriu e ficou vesga de propósito, fazendo cara de demência... já ele, virava o rosto para não ter que chamá-la de criança imatura.

— Então você está disposto a recuperar a sua vida como James Buchanan Barnes?

— Sim e não... mas não é algo tão simples... creio que levará muito tempo pra que isso aconteça, se é que conseguirei... vai depender do governo americano, mas por enquanto, não estou cogitando essa possibilidade, já que sou um fora da lei. – Afirmava, completamente decidido.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Bem, não entendi direito a sua resposta... Mas depois de decidir reconstruir a sua vida como o Sargento Barnes, eu tenho algo a dizer... – Ela levantava mais uma vez da poltrona, ficando de pé.

.

— E o que seria...? – Perguntava, ponderado.

.

Você está pronto pra ver Star Wars!!!

.

E mais uma vez, ele se surpreendia, mesmo não sabendo o que era “Star Wars” e o que isso tinha a ver com o fato de Bucky Barnes voltar para o mundo....

Darcy era uma garota espirituosa de um modo deslumbrante. Com poucas semanas de convivência, ele parecia sentir que o sol aquecia menos a sua pele do que o olhar que ela lhe lançava.

E toda vez que ele a observava, mais Darcy lembrava coisas que o Sargento Barnes gostava...

Lírios, marshmallows... e...

.

Alguém de seu passado que não se recordava...

.

Nada podia reter o brilho dela...

— Hey... O que foi...? – Ela perguntou, um pouco alarmada.

— O que foi o quê...? – Bucky não entendia a pergunta e a expressão dela.

— Se uma pessoa olha nos seus olhos por mais de seis segundos, sem piscar, ou ela quer ficar com você ou quer te matar... – A estudante completava, um pouco cismada de que ele na verdade quisesse matá-la.

— Não se preocupe, senhorita. Não é nenhuma das duas opções. – E então, James se levantou da cadeira, ficando de frente para ela.

A garota elevou o rosto para enxerga-lo... Ele era alto... E Darcy se praguejava por ser 22 centímetros mais baixa que ele.

— Senhorita...? Que história é essa de senhorita...? – Arqueou uma sobrancelha, estranhando.

— Isso é o que você é. Uma senhorita, pois não é casada.

— Que coisa mais antiquada. Por que está me chamando assim? – Ela fez uma careta.

— Porque eu decidi que vou deixar o Sargento Barnes assumir, se assim for possível. – E então, ele esboçou um sorriso que rapidamente desabrochou em seus lábios esplendidamente esculpidos.

Darcy arregalou os olhos, complementando suas olheiras, fazendo uma cara idiota, enquanto sentia seus cabelos bagunçados embaraçarem ainda mais com o vento que soprava pela sacada.

Se sentiu inebriada e um arrepio descomedido circulou por seu estômago.

“Céus, era assim que os homens da década de 40 falavam com qualquer mulher?”— Pensava. A gentileza dele foi tão impressionante que mais parecia uma cantada extremamente respeitosa e elegante, mas sem interesse algum. Coisa que não existia mais no século 21.

Ela sacudiu a cabeça, pra acabar com o frenesi.

— E então? Como devo te chamar!? Bucky ou James!?

— Bucky...

— Mesmo?

— Sim...

— Não posso te chamar de Sargento Barnes também!? – Soltou um risinho bobo.

— Eu não sou mais um Sargento...

— Não é isso que os livros de história dizem...

— Bem... Acho que não terei argumentos para te convencer do contrário.

— Ainda bem que você já sabe, Sargento!

Ele quis rir, mas tudo o que conseguiu demonstrar foi uma feição leve.

Darcy era muito inocente. Será que agia assim com todos os homens?

— Você vive sozinha a quanto tempo? – Indagou-a, intrigado com tamanha insensatez por agir tão tranquila e despreocupadamente ao lado de um homem como ele.

— Há três anos, quando comecei a trabalhar com Jane, por que a pergunta? – Ela arqueou uma sobrancelha.

— E você sempre se solidarizou com homens fora da lei? – James conteve um meio sorriso sarcástico.

— Não. Por que tá perguntando isso? – Ela o fitou, desconfiada.

— Não faça mais isso... é arriscado. – O soldado não respondeu a pergunta. Apenas lhe advertiu.

— E por que você se importaria?

— Por que é perigoso. Não trate qualquer homem dessa forma. Muitos pensariam apenas em se aproveitar de você.

A garota estreitou o olhar, elevando seu rosto para examiná-lo.

Ambos ainda estavam de pé, frente a frente.

O que ele queria dizer com “perigoso”?

— Você tá me dizendo isso por quê exatamente?

— Por que você é jovem, ingênua, bonita, livre, desimpedida e vive sozinha. Não há ninguém por perto que possa te proteger.

Pausa.

Mais um pouco de pausa dissolvida no silêncio que os cercava.

A garota lançou um olhar suspeito, tentando entender o que ele queria dizer com tudo aquilo.

— E quem disse que eu preciso de um homem pra me proteger?

— Não precisaria se ficasse quieta e longe de encrencas. – Era nítido que de alguma forma, James externava alguma preocupação para com a estudante, afinal, ela era a sua salvadora, mas ao mesmo tempo não tinha capacidade para se salvar.

— Ah, por favor. Estamos em 2014, ok? Pare de agir como um homem à moda antiga. – Ela fez bico. Suas expressões faciais eram um tanto cômicas em horas como aquelas.

.

Mas é isso que o Sargento Barnes é. Um homem a moda antiga...

.

Darcy paralisou... ela apenas tentou controlar a forte turbação quando o sopro da voz dele adentrou levemente em seus ouvidos...

A imagem vistosa do Sargento James Buchanan Barnes era o ensejo mais ilustre em que qualquer inspiração poderia aflorar...

E isso lhe causou certa inquietação...

Mas resolveu ignorar, afinal, não era todo dia que uma garota como ela ouvia algo do gênero de um veterano de guerra.

— Aham... Agora fale mais sobre o fato de você me achar bonita... - Darcy sorriu, triunfante e debochada. Seu ego foi completamente massageado pelo simples fato de ouvir que o soldado lhe achava bonita.

— É um artifício das mulheres que usam isso como arma, mas acho que esse não é o seu caso, porque você age como uma criança, o que acaba minimizando seus atributos físicos.

— Hey, eu não sou uma espiã pra usar a beleza a meu favor! Sou uma universitária e estagiária! Não tem porque eu mesma me objetificar, ok!?

— Certo. Não precisamos transformar isso numa discussão... – E então, o soldado deu as costas para ela, saindo do local.

— Hey, volte aqui senhor James Barnes!

Darcy ficou no vácuo.

.

.

Depois de passarem a manhã juntos e ela ter ensinado muitas coisas sobre o aparelho de som, a TV e o DVD, a garota decidiu entregar para James o que Derek lhe enviou por e-mail.

— Eu imprimi tudo e decidi te dar essa pasta. Acho que você deveria ver tudo com muita calma...

— E o que seria isto?

— Seus arquivos... – A garota redarguiu, um pouco incomodada.

Sabia que Bucky tinha se recordado de muitas coisas do seu passado com a HYDRA, mas talvez algum detalhe ou outro tivesse fugido de sua mente e ele precisava saber sobre tudo com mais precisão.

Tudo isto estava naquela pasta.

Então, o sargento pegou os arquivos da mão dela e a fitou, profundamente.

Darcy estava séria.

Obrigado...— Sua voz soou cordata. Eestava agradecido de receber todo o suporte dela.

— Me prometa que se estiver prestes a ter uma crise, você vai me chamar... – Darcy inquiria, esperando que ele dissesse que sim.

— Eu... Não posso te prometer isso.

Depois de conversarem a respeito, Bucly deixou os arquivos em cima da mesa ao lado de sua cama, no quarto onde estava hospedado.

Ele leria, com cuidado, mas já sabendo que talvez o conteúdo daqueles arquivos lhe causassem uma nova crise.

.

.

Dois dias se passaram e Erik e Jane trabalhavam até tarde da noite.

Darcy e os demais estagiários já tinham ido embora.

A dupla ainda trabalhava feito dos camelos, mas agora, tinham um novo problema para resolver.

— Erik, o Presidente da PYM Tech entrou em contato e quer a nossa presença num evento da empresa aqui em Nova York para conversarmos... – Jane dizia tudo rapidamente, enquanto mexia com sua típica papelada repleta de pesquisas.

— Ele mesmo ligou? – Erik indagava enquanto tirava os dedos de seu laptop, um pouco espantado.

— Sim. Mas eu ainda não confirmei se vamos. Queria saber o que você acha.

— Bem... Levando em conta o tamanho dessa empresa, é surpreendente, mas...

— Mas...?

— Não consigo ter empatia por Darren Cross... – Alegava, em tom de desconfiança.

— Por quê? É só um evento comum e depois um jantar qualquer onde ele e a vice-presidente Hope Van Dyne estarão presentes. Nada que não tenhamos feito antes.

— Bem... Eles querem conversar por causa das nossas descobertas sobre física quântica ou porque tivemos contato com Extra-Terrestres?

— Isso eu não sei. – A astrofísica também estava desconfiada, mas por enquanto, nada parecia ser tão suspeito, afinal, Daren Cross não tinha uma boa fama no submundo dos cientistas e professores universitários que ela e Erik conheciam.

O motivo? Ainda era um mistério...

— Então me dê mais um tempo para pensar. – Erik redarguiu seriamente.

— Ok.

Enquanto conversavam, Thor abriu a porta da sala com seu típico jeito mal educado.

— Thor, já disse precisa bater antes de entrar. – Jane protestava, odiando o fato de que o asrgardiano ainda tropeçava em suas regras de convivência.

— Oh desculpe, me esqueci. Recebi uma ligação e fiquei animado para contar uma novidade para vocês! – O loiro estava radiante. Finalmente algo interessante havia acontecido, no meio de sua rotina entediante na sua nova vida na terra.

— E o que é...? – Jane perguntava, completamente desinteressada, enquanto folheava alguns de seus arquivos.

— Stark está marcando uma reunião com todos os Vingadores! Ele finalizou as obras da torre!

— A torre Stark? – Erik contestava, um pouco desacreditado que o gênio, bilionário, playboy e filantropo estava pensando em juntar todos os heróis da terra de novo.

— Agora ela se chama Torre dos Vingadores! – Replicou animado. Thor estava com saudades de uma grande aventura, cansado de ficar preso em um laboratório e um apartamento sem nada para fazer o dia todo.

— E por acaso tem alguma ameaça alienígena vindo? – Erik redarguiu, um pouco preocupado.

— Alienígena não, mas há algumas coisas que precisamos fazer...

— Tipo o quê? – Jane inquiria mais uma vez desinteressada, mordendo a tampa da caneta que segurava, enquanto lia rapidamente mais arquivos. Ela nem estava prestando tanta atenção no que ele dizia.

Thor se aproximou da Astrofísica e afagou seus cabelos enquanto a olhava, docemente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Não se preocupe. Não há nada de ameaçador acontecendo. Pode ficar despreocupada... – O sereno olhar azul do asgardiano a desmontava completamente.

— E como ficaria, se tenho você aqui...? – Ela sorriu e o abraçou fortemente, mesmo com vários papeis em sua mão.

O casal se abraçava de forma apaixonada, fazendo Erik revirar os olhos.

— Já estou cansado de ser a vela desse laboratório... – E então se retirou da sala, dando privacidade para os dois.

.

.

Passados dois dias, Bucky finalmente leu os seus arquivos... os mesmos arquivos que a Viúva Negra entregou nas mãos de Steve. Era uma cópia que Derek havia conseguido para que Darcy entregasse a ele.

Havia coisas de seu passado como sargento... incluindo uma foto de sua plaqueta de identificação militar...

107 TH Infantaria, 402-12-9363 – Brooklyn – NY.

Ali, ele descobriu muitas coisas... Coisas que não tinha ideia... Coisas que não se recordava...

A HYDRA lhe usou como uma arma mortal das piores formas possíveis... eles não tinham nada a perder.

As principais missões e assassinatos estavam descritos ali. E por mais que tudo aquilo lhe causasse calafrios e espanto, eram revelações perturbadoras que ligavam diversos fatos importantes em sua mente, e que antes não possuíam contexto algum.

O soldado leu tudo com muita atenção, se prestando a analisar detalhe por detalhe, mas...

Certas lembranças acabaram desencadeando sensações traumáticas mais uma vez e ele teve de parar...

Não conseguiria ir adiante, enquanto não dominasse sua mente caótica.

Chacoalhou a cabeça, saindo daquele transe e decidiu fazer algo que lhe distraísse.

Foi quando resolveu sair do quarto.

Olhou ao redor da sala, forçando sua mente a se concentrar na primeira coisa que lhe prendesse a atenção.

Bucky sentia seus pés se arrastando perdidos pelo chão do apartamento...

Sua mente se encontrava tão combalida, que resolveu ligar a TV, o rádio e o computador... Tudo ao mesmo tempo... Apenas para sentir que ainda sobrevivia e que as coisas ao redor faziam sentido...

Sem perceber, esbarrou numa caixa de madeira que se encontrava na mesa de centro, entre o sofá e a TV.

Várias coisas caíram no chão e teve de se agachar para coloca-las dentro da caixa.

As coisas na verdade eram várias fotos de Darcy, algumas soltas e outras presas em elásticos.

As fotos se espalharam pelo chão e ele teve de pegar uma a uma.

Bucky franziu o cenho.

Não era sua intenção invadir a privacidade da garota e espiar suas coisas, mas não podia ignorar o que estava diante de seus olhos. Eram várias fotografias dela, de diversas formas, umas sozinha, e outras com pessoas que não tinha a menor ideia de quem eram.

Algumas, inconvenientemente chamaram sua atenção.

Darcy com um tapa-olho preto com símbolo pirata no olho esquerdo, ao lado de uma lareira com vários crânios escuros. Quem no mundo tiraria uma foto tão sem noção como aquela? Só alguém super normal como Darcy Lewis...

Em outra foto, ela fazia o símbolo V com os dedos ao contrário. O intuito era mostrar a cor de suas unhas? Ela parecia mais jovem, em um quarto repleto de coisas na parede.

Havia também uma em que a garota estava com um chapéu, fazendo beicinho, em baixo de alguns galhos onde se encontrava uma borboleta pousada numa folha.

Outra onde a mesma segurava um livro enquanto uma mecha de seu cabelo cobria seu rosto, e como plano de fundo, um rio com árvores.

Em outra, a garota estava numa piscina, com uma regata e um short vermelho, boiando, com os braços abertos...

O soldado olhou fixamente para aquela imagem. Não sabia se ficava impressionado em como a mesma mostrava tanta liberdade e paz em uma simples foto ou como ela era autêntica e espontânea sem o menor esforço...

Não havia filtros, máscaras, personagens interpretados, ou qualquer resquício duvidoso em sua pessoa. Ela era apenas... ela... não tinha nada para esconder, nenhum segredo, nenhum problema em mostrar o que havia de baixo de sua pele...

Havia outras fotos onde a garota se encontrava em lugares diferentes, que julgou serem fora do estado ou até mesmo do país.

Outra que lhe chamou a atenção foi que a estudante segurava um copo de café, olhando para a câmera, e o plano de fundo era incrível... Um rio com prédios no fundo. Parecia estar frio nesse dia.

Fotos com roupas diferentes... umas que pareciam antigas, outras ousadas...

Fotos fantasiadas, em festas e eventos que não tinha ideia do que eram...

Fotos em grupo...

Fotos com seus... amigos? Ele pensava...

Sem querer, o soldado virou uma das fotos onde a garota estava com outra garota loira.

No verso, estava escrito algo...

“A época em que eu e a Kim tentamos ser fitness.”

Kim era a garota loira da foto?

Em outra, a estudante estava em carro, e um rapaz apoiava a cabeça no ombro dela.

No verso da foto: “Derek ficou com dor de barriga depois de assistir A Órfã.”

Derek não era o amigo que descobriu sua identidade a pedido dela? Então o cara da foto era o único que sabia sobre ele?

Decidiu que memorizaria sua fisionomia, apenas por precaução, já que o tal rapaz sabia sobre o fato de o Soldado Invernal estar na casa de sua amiga.

Em outra foto, Darcy agora estava com o mesmo rapaz que pegou o carro emprestado em Washington, o tal Terry... Ela tomava algo numa garrafa enquanto fazia uma careta.

No verso: “Isso é o que acontece quando você mistura vodca com coca.”

Ela bebia? Não tinha ideia que aquela garota consumia álcool... Darcy não tinha o perfil de alguém assim.

E para o seu espanto, a foto seguinte era uma imagem onde a estudante bebia alguma coisa que se chamava “Arrongat Bastard Ale”. O nome da bebida era um tanto estranho.

Em outra fotografia, Darcy estava com um homem loiro, de cabelo comprido, vestido com uma roupa um tanto medieval, se assim pudesse julgar. Usava óculos e se cobria com a capa vermelha do traje dele. O tal homem estava sorrindo de um jeito muito estranho.

No verso da foto: “Thor finalmente aceitou tirar uma foto comigo. Só que ele não é muito fotogênico, e com certeza essa foto não vai ser publicada nos tabloides ingleses.”

Thor? Não era o tal homem que veio do espaço e lutou ao lado de Steve em um grupo intitulado “Vingadores”, ao qual ela mencionou dias antes?

Todas aquelas fotografias eram um verdadeiro enigma para alguém como ele, que não entendia quase nada daquele tempo...

Pessoas, lugares, roupas, eventos e objetos que não conhecia e não conseguiria interpretar o contexto.

Mas ainda assim...

Era admirável o quanto Darcy esbanjava sua liberdade... Solta como uma nuvem vagando ao léu... como um pingo de chuva caindo do céu...

Como uma onda que sobe, batendo na rocha... e um pássaro cantando no alto de uma árvore...

Alguém que com o decorrer dos anos, ia tecendo seus sonhos... livremente...

Darcy tinha uma vida normal... Ela era uma universitária e estagiária que morava sozinha em Nova York. Só não imaginava que tinha tantos amigos e uma vida social agitada.

Todas as fotos tinham algo escrito no verso.

Quando por fim terminava de juntar quase tudo o que estava no chão, Bucky se deparou com algumas outras fotos de um homem, cujo rosto estava devidamente rabiscado.

Não era possível ver o rosto daquele homem em nenhuma delas.

Por que Darcy rabiscaria o rosto de alguém? Será que ele era uma pessoa que ela odiava?

No verso de uma das fotos, estava escrito uma frase com um nome...

“Robert Thompson, se prepare para o voodoo que farei de você.”

Quem era Robert Thompson e por que ela faria um voodoo dele? Seria algum inimigo da estudante? Darcy possuía inimigos? Era um tanto inacreditável saber que a garota odiava alguém.

Mas ao se questionar, se recordou que a mesma disse logo quando chegaram em Nova York que as roupas guardadas que ele usou no primeiro dia em que esteve hospedado ali, eram de um tal Robert. Seria o mesmo Robert? Se sim, qual tipo de relacionamento eles tinham? Inimigos ou... amantes?

Nada fazia sentido, então, James apenas continuou pegando foto por foto do chão, juntando-as.

Depois de ver tantas imagens da garota e de como era a sua vida, ele terminou de recolher todas as fotos e coloca-las de volta na caixa, mas as últimas que pegou do chão, lhe chocaram no mesmo instante.

Duas fotografias em sépia, dela própria, mas totalmente diferente das demais.

Aquelas duas fotos, eram a captura perfeita de um momento único...

Descortinavam-se algumas palavras já engavetadas pelo tempo e que não faziam parte de seu vocabulário, mas que ao contemplar as duas imagens, vieram à tona...

Benévola... Donairosa... Dignificante...

E antes de se formarem palavras, a poesia já estava no olhar de quem captava na lente de uma câmera, a belíssima imagem da estudante, congelando o instante que seria fugaz, se não fosse visto por todos... e até mesmo por ele... tornando-se finalmente, eterno...

A linda arte de perpetuar o efêmero...

Depois de tantos dias ao lado de Darcy, de suas feições peculiares, seus gestos estranhos, seu estilo de vida um tanto alucinado e sua personalidade tão excêntrica, ele pôde finalmente vislumbrar uma expressão incomum dela...

Aquelas lindas fotografias lhe deixavam ainda mais incomodado, pelo simples fato por ter a impressão de conhece-la de algum lugar... Tinha certeza disso.

E agora que recobrou parte de suas memórias e finalmente sabia quem era, seria mais fácil descobrir de onde tinha visto a garota antes de encontrá-la em Washington?

Mas quando conseguiria se lembrar...?

Quando deu por si, encontrava-se preso demais na imagem dela e chacoalhou a cabeça, no ímpeto de se desvencilhar do profundo êxtase.

James Barnes estava se afeiçoando à Darcy Lewis? Isso não podia acontecer...

.