Who We Are

Carta XV- Querido Matt, não tente segurar o tempo


Effie estava sentada há uns bons 3 minutos na mesa do café olhando abobada para Mags. A mulher parecia uma avox. Não era uma boa comparação claro, mas Mags não conseguiu evitar lembrar da terrível história sobre línguas cortadas que ela tinha lido sorrateiramente no livro da mãe.

–Hum..Effie, você está me olhando com cara de quem comeu amora azeda. Bom dia para você também.

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Ao ouvir a voz de Mags, Effie pareceu sair do transe. Arregalou os olhos que ainda estavam sem maquiagem e abriu a boca, mas demorou uns bons segundos para formar uma frase coerente.

–Você….o que você….seu cabelo. Oh meu Deus. O que você fez com o seu lindo cabelo negro?

A garota tomou mais um gole do café, ela tinha acordado um pouco mais cedo a aproveitou para ler alguns jornais. Sem querer, ela estava procurando por sinais de Abraham em algum jornal da capital, mas a maioria deles estava mais interessada na nova celebridade de Panem. Ligia Caius, que aparentemente tinha tido uma discussão idiota com outra celebridade. As outras noticias falavam sobre racionamento de água e luz em algumas zonas da cidade. Nada de Abraham. Mags soltou um suspiro e encarou Effie, que por sinal ainda estava parecendo alguém que tinha visto um fantasma.

–Eu adorei. Você não gostou?- perguntou ela, se levantado da mesa e indo pegar sua mochila que já estava pronta no sofá.

Effie agora tinha passado do estado catatônico para o profissional. “Certo, vou ligar para Claris. Ela vai saber o que fazer no seu cabelo. Podemos ligar para a Fashion in Panem, Vinicius me deve um favor. Vamos dizer que essa é a nova tendencia. Isso, não há modelo melhor que a filha do tordo”

Mags foi até a amiga, sentou na frente dela e pegou as mãos da senhora.

–Effie, Effizinha meu amor. Ninguém vai tocar no cabelo da filha do tordo, a não ser a filha do tordo. E a filha do tordo não é modelo, é cientista. Porque, vamos ser claras, o bebê tordo aqui sai parecendo um cão com dor de barriga quando tira uma foto.

–Mas, mas…- Mags, suspirou, deu um beijo na testa da amiga e se dirigiu para a porta.

–Vai ficar tudo bem Effizinha. Um bom dia para você- Falou, já abrindo a porta do apartamento e ansiando pela lufada de ar frio que vinha com a rua.

Felizmente, ninguém mais teve a mesma reação de Effie. Os machucados ainda doiam, mas ela se sentia bem melhor. Nash e Phoebe apenas disseram que o novo corte tinha ficado bonito e Mags se sentiu grata por não terem falado mais nada.

Os colegas pela primeira vez pareciam mais preocupados com as provas que estavam chegando do que em importuná-la. O que era um bônus.A garota já estava nervosa o suficiente que hoje seria seu primeiro dia no serviço comunitário e Crave passaria para supervisionar os avanços com a pesquisa sobre venenos de aracnídeos.

Crave, cabelo verde estava esperando a garota e Seymor na sala dos estagiários. O Chefe do departamento analisou o trabalho feito pelos dois durante as duas primeiras semanas do estágio. Mags nunca tinha visto o homem tão feliz.

–Garotos, vocês realmente fizeram um ótimo trabalho aqui. As pesquisas estão demais. Quem teve a ideia de usar o própolis nas amostras?

–Foi Audrick, senhor- respondeu Mags. E era verdade. O Garoto tinha percebido que algumas substâncias contidas no propolis ou outras similares produzidas por abelhas ajudavam a aumentar o ph, e consequentemente, o efeito e a segurança dos antidos.

Seymor olhou para ela espantado. Idiota,penou Mags desviando o olhar, provavelmente ele achou que eu não iria lhe dar o crédito. Além disso, ele a encarava como se tivesse vendo algo estranho na garota. Com certeza rindo internamente do ridículo corte de cabelo novo dela. Argh, as pessoas da capital ás vezes eram tão fúteis.

–Ótimo e quem foi que teve a ideia de utilizar carboidratos como catalizadores? Isso foi brilhante.

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Mags sentiu suas bochechas ficando quente e antes que pudesse responder, Seymor já havia lhe dado o crédito. O Professor passou mais uns 45 minutos falando sobre o quão o trabalho dois dois era bom, o quanto eles tinham superado as expectativas e o quanto estava feliz em ter selecionado os garotos. Como tinha que inspecionar mais alguns trabalhos, Crave saiu rapidamente dizendo que poderia ter finalmente encontrado seus Marie e Pierre Curie. Mags não tentou chamar atenção do professor para o fato de que, segundo as pesquisas recentes de história da ciência pré-panica, os dois antigos cientistas tinham sido casados.

–Parece que Crave cabelo verde gostou do andamento das pesquisas -comentou Mags depois de alguns segundos constrangedores.

Seymor olhou para ela com uma expressão divertida.

–Crave, cabelo verde? Você quer dizer Crave Dowson?

Mags encarou o garoto e percebeu a sua falha.

–Bom, o nome dele é Crave, e tem cabelo verde então…- As buchechas dela ficaram num tom vermelho. Provavelmente Seymor achava que ela estava sendo um tanto preconceituosa, mas quando olhou o garoto percebeu que ele estava se segurando para não rir, o que não funcionou. Segundos depois Audrick estava gargalhando.

–Crave, cabelo verde? Eu devia ter pensado nesse apelido antes. É perfeito!

Mags deu um pequeno sorriso constrangida e os dois foram fazer o serviço em silêncio. Era mais fácil ficar em silêncio perto dele, embora ele não parasse de olhar para o novo cabelo da garota. Mags teve que correr com a pesquisa, ela teria que ir mais cedo se quisesse cumprir as primeiras horas de serviço comunitário na clinica.

Quando deu três horas ela se despediu de Seymor que ainda parecia muito concentrado nas amostras de veneno de aranhas tropicais. Ela se desculpou dizendo que teria duas de serviço comunitário para fazer. Para sua surpresa, ele apenas deu de ombros.

–Vejo você amanhã estrela- Mags revirou os olhos e pode jurar que ouviu ele falando “Crave, cabelo verde…”

A Clínica não ficava longe do departamento, então ela aproveitou e foi até lá a pé, aproveitando os resquicios de frio que já começava a amenizar. Mais umas semanas e capital estaria fervendo com 40º celsius.

O prédio da Helth's Angels era relativamente moderno, a fachada com um verde discreto e bonito que Mags achou que combinava perfeitamente com um ambiente hospitalar. A garota foi atendida por uma secretária que ficou a encarando por um bom tempo. Mags não sabia se ela a reconhecera ou o seu sobrenome. Ela foi salva por uma mulher na meia idade, com uma expressão severa.

–Margareth Mellark?- Perguntou. A mulher tinha o cabelo loiro na altura dos ombros e estava vestida completamente de branco. Diferente dos outros capittolinos ela não usava joias nem nada chamativo. Dava para perceber que ela era do tipo profissional, do tipo que pensava muito bem antes de agir- Sou Flavia Otaviana. O senhor Crave me falou muito de você.

Mags sentiu uma pontada na boca do estômago e suas bochechas se tingiram de um tom forte de vermelho. A Garota ficou sem reação por um momento. Era a primeira vez que alguém dizia “já ouvi falar de você” ao invês de “Ah eu conheço a história dos seus pais”. ou “Ah você deve ser a filha de Everdeen”.

–É um prazer senhora- comentou educadamente.

Flávia a levou por um pequeno tur pelo hospital. A doutora explicou que o Health's Angels tinha 4 andares. Nos dois andares superiores ficavam os doentes mentais mais graves. O primeiro era onde ficava todo o trabalho burocrático, secretárias, uma farmácia, e no subsolo era onde estavam os principais pacientes do local, vítimas de varíola neuroforme. Não demorou muito e a mulher a estava escoltando por um elevador panorâmico que as levaria para o subsolo.

–Porque eles ficam no subsolo?- Perguntou Mags intrigada. Se havia algo que ela odiava eram subsolos. Além do mais, ela não podia deixar de sentir como se esses doentes estivessem apenas sendo empilhados e mandados para o mais longe possível das pessoas saudáveis.

Flávia deu um suspiro.

–Bom, é o local mais fresco do prédio. Eles precisam disso. Também é a maior ala. Esses são os pacientes que mais atendemos, você sabe e eles precisam ficar longe dos outros. Não sabemos como a doença é transmitida, aqui é o único local que tem proteção suficiente. E é por isso que é aqui também onde fica o laboratório onde realizamos as pesquisas sobre a variola neuroforme.

O laboratório de pesquisas da Health's Angels era equipado com tudo o que Mags podia sonhar. Não era tão grande como os do Departamento, mas era o primeiro laboratório de verdade, fora da vida acadêmica, que ela visitava e não estava desapontada.

Havia mais 5 pessoas trabalhando no local. Todos eles foram extremamente receptivos e pareciam felizes em explicar a garota sobre as pesquisas. Ela descobriu que, embora os estudos andassem a pleno vapor, ainda não estavam perto de conseguir chegar a uma vacina ou cura para a variola neuroforme.

Mags ajudou um pouco medindo ingredientes, produzindo medicamentos e fórmulas e uma hora depois Flávia veio avisá-la de que precisavam dela para ajudar a dar o jantar aos pacientes. Mags embora tivesse amado o laboratório se sentiu grata pela oportunidade de fazer algo diferente. A garota colocou sua roupa especial, e foi atender aos pacientes.

Mags achou que estava preparada para o que veria, mas estava completamente errada. Todos eles tinham a pele em um perigoso tom avermelhado, como se estivessem com uma forte alergia, e a iris mais amarelada do que o normal. Mags sabia que era porque o figado geralmente trabalhava de forma mais lenta por causa da doença.

A maioria dos pacientes tinha o olhar vago, parecendo completamente alheios a realidade. Ela sabia que a doença atingia partes do cérebro mas não imaginava que alguns pacientes tinham que ser medicados com remédios para alucinações, ou tinham que ser mantidos amarrados para evitar um ataque epilético.

Mags já tinha percorrido um corredor lotado de pacientes, quando encontrou uma menina,devia ter uns 14 anos, sentada olhando para a parede, como se estivesse vendo algo muito interessante que ninguém mais pudesse ver. Havia também uma enfermeira que parecia extremamente entediada junto com a menina.

–Ei querida, hora do jantar- Falou Mags, da forma mais gentil que pôde

A garota fizera o possível para ignorar o aperto no coração toda vez que via que alguns dos pacientes que mal conseguiam comer, a tristeza de ver alguns deles e saber que estavam perto da morte. Mas, olhando a garota, ela não pode deixar de pensar que ela lembrava alguém. Havia algo no jeito em que ela ficava parada, focando no nada, tentando distinguir o que era realidade e o que eram produtos de sua mente destroçada.

A garota se virou e assim que encarou Mags começou a gritar. Então foi como se Mags tivesse levado uma bofetada porque ela soube na hora quem a garota lhe lembrava. Peeta. A menina lhe lembrava o próprio pai.

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O grito da garota invadia a sala a enfermeira pareceu sair do transe que estava e foi até a garotinha tentando acalmá-la.

–Vou chamar a Enfermeira chefe. Preciso da autorização dela para dar o remédio. É a única coisa que a acalma. Você pode ficar com ela um pouco?

Mags assentiu sem saber muito bem o que fazer. Os longos cabelos negros e cacheados da menina pareciam uma cortina, mas mesmo assim ela conseguia ver os olhos da garota inchados de pavor. Isso era o que mais a lembrava do pai. Do jeito que ele ficava quando tinha um ataque, e havia algo familiar além disso. Era como se ela já tivesse visto aqueles olhos negros antes.

Uma das enfermeiras chegou.

–Mais um. Esses ataques estão ficando mais constantes a cada dia- reclamou uma mulher que parecia ser a enfermeira chefe.

Ela se direcionou a garota, que gritou mais alto, encarando a enfermeira como se a desafiasse a chegar mais perto. A Enfermeira calmamente se aproximou e a menina começou a gritar ainda mais alto. Mags podia ver que esse não era um dos ataques comuns da garota.

–Porque ela está tendo esses ataques?

–Bom, ela estava sendo medicada com carbamazepina, mas tivemos que parar de dar o remédio.

Mags sentiu a pontada no coração se entensificando

– Esse remédio é para epilepsia e é forte. Ela teve algum efeito colateral?- Mags sabia que era horrível, mas a cientista dentro dela ansiava para saber o porque a menina não tinha reagido bem ao medicamento.

A enfermeira não chegou a olhar para Mags, mas a garota não pode deixar de perceber um sorrisinho irritado enquanto a colega tentava dar um remédio que, Mags percebeu, não passava de um tranquilizante que faria a garota dormir.

–Ela não parou de ser medicada porque estava tentando uma reação. O remédio está caro e teve que parar de ser distribuido.

Mags não pode evitar lançar um olhar incrêdulo para a enfermeira. A garota tinha certeza de que tinha visto outro paciente recebendo a medicação.

–Mas eu vi…

–Bom aqueles remédios são para quem pode pagar, infelizmente.

A enfermeira olhou para Mags e percebeu o desconforto da garota com aquilo.

–Desculpe- disse ela sincera, olhando tristemente para a garota que gritava em prantos- Ás vezes nem uma revolução consegue deixar o mundo totalmente justo.

Mags não aguentou. Sem saber o porque ela foi até a menina. As enfermeiras a encararam espantadas. Talvez, se elas não estivessem tão surpresas, tivessem repreendido Mags, talvez nem deixassem a garota chegar perto da menina.

–Como é o nome dela? - perguntou Mags

A Enfermeira sacudiu a cabeça enquanto Mags se aproximava.

–O nome dela é Kara, mas você não deve chegar perto dela, é perigosa neste estado.

Mags aquiesceu, garantindo as enfermeiras que tinha entendido, mas deu apenas mais um passo que a deixou a uma distância segura.

–Kara….ei Kara… está tudo bem. Eu trouxe comida. Não está com fome? Tem até chocolate.

A Garota continou gritando e Mags continuou falando com ela, tentando acalmá-la. De repente, a garota andou até Mags. As enfermeiras fizeram menção de impedir Kara, mas Mags assinalou que estava tudo bem. Kara tinha parado de gritar e apontava para o pingente da pulseira de Megs. A jovem sorriu.

–Você gosta? É uma coruja- disse Mags, dando mais um passo e dando o braço para que Kara pudesse ver melhor a pulseira. As duas enfermeiras não ousaram se mexer, a menina encarava o bracelete maravilhada.

Mags começou a falar sobre as corujas, seus hábitos noturnos, quando se reproduziam o que comiam e percebeu que Kara estava encantada.

–Você quer saber que tipo de corujas vivem nas florestas de Panem?- Perguntou Mags.

Kara assentiu, ainda meio desconfiada.

–Então, terá que comer um pouco. Combinado?

A menina assentiu e Mags lhe deu a comida e ficou contando sobre corujas. As enfermeiras disseram para a garota ter cuidado, mas elas estavam muito atônitas para fazer qualquer coisa.

A menina tocou no cabelo de Mags e a garota pode sentir as enfermeiras prendendo a respiração. Então, Kara fez algo que surpreendeu ainda mais as cuidadoras e a própria Mags.

– Bonito!- disse Kara simplesmente e começou a comer o cozido de batata insosso do hospital e sorrindo pela primeira vez em tempos. E Mags foi para casa sabendo que tinha feito uma amiga e uma aliada poderosa em suas pesquisas no seu novo serviço voluntário.

De alguma forma, ela sabia que Kara poderia lhe ajudar a entender mais sobre os venenos das teleguiadas e descobrir a ligação dessa doença com a variola neuroforme.Talvez, no final das contas, sua punição fosse simplesmente o melhor presente que ela podia pedir.

Mags estava contente quando chegou em casa e viu que Effie tinha uma expressão matreira.

–Olá, olá!- cumprimentou ela sorrindo para Mags que a encarou desconfiada.

–Tenho uma carta de Matt aqui...mas só vou entregar se você me deixar consertar seu cabelo.

Mags lançou um olhar zangado para Effie. As duas ficaram alguns segundos se encarando e Effie apenas deu um suspiro.

–Ok, não diga que eu não tentei- E saiu andando para o quarto resmungando algo como “Everdeens e seu senso de moda”. Mags não se importou. Bastou abrir a carta e já estava de volta ao 12, na floresta, conversando com o irmão.

Querido Matt

Você me disse que esteve estranho nesta semana. Bom, eu também. Talvez seja por tudo o que tem acontecido, talvez seja porque estamos dando os passos que sempre quisemos dar. Você se tornando um importante cronista e eu aqui na capital, me apaixonando cada vez mais pela química. A vida está mudando rápido demais, não está Matt?

Fico feliz que finalmente tenha se tocado que afinal de contas você é um adolescente. Vai por mim, você vai sentir falta de ser um quando olhar no espelho e perceber que ops...já tem 30 anos. O tempo Matt, ele é uma coisa tão louca.

Você lembra quando estávamos caçando e tentávamos de todas maneiras perseguir um esquilo veloz no meio da floresta? No fim, decidimos que ele não valia a pena. Era muito rebelde e veloz para nós e que ficaríamos melhor com os inocentes patos? O tempo é o esquilo Matt. Se você tentar segurá-lo vai acabar percebendo que é uma tarefa ingrata e totalmente infrutífera.

Se você quer saber o que penso, eu concordo plenamente com Fiama ( Estou com saudades dela. Diga que Magluli lhe mandou abraços). Você é do tamanho que se permite ser. Para ser sincera, sempre achei que vir para Capital fosse grande demais para mim. Olho para meus colegas e me pego pensando...como posso estar junto com eles? Eles parecem tão bons...tão melhores que eu. Deve haver algum engano

Ainda me pego pensando que tudo isso é um sonho, que no fim das contas decidi que não estou pronta e fiquei no 12, onde era mais seguro e mais confortável. E me deparo dando mais um passo. E outro. E de repente, nada mais parece tão grande como era. Acho que isso é uma das coisas estranhas de crescer. Você aprende a dar um passo de cada vez e aprende que, com cada passo, há uma longa jornada que, se não te levar a algo bom, pelo menos vai valer a pena ser atravessada.

Quanto a Variola Neuroforme..hoje foi meu primeiro dia de trabalho voluntário na clinica. Foi intenso, e não pela quantidade de trabalho. É estranho procurar razão na loucura Matt, e é exatamente isso que os médicos da Health 's Angels tentam fazer lá.

Eu estou pesquisando mais a fundo a doença. Pelo que vi, sua forma primária atinge partes do cérebro importantes, como o sistema límbico, responsáveis por coisas essenciais como aprendizado, memória. As alterações provocadas pela doença nesse sistema causam alucinações e problemas neurológicos graves.

Você já imaginou como seria ser afetado dessa maneira Matt? Eu vi em primeira mão e não sei como descrever. Além disso, muitos pacientes ainda sofrem com um vírus mutante, pelo que pude entender. É uma forma diferente do virus que atinge outras partes do cérebro. Alguns ainda acabam tendo outros órgãos prejudicados. Como rins, fígado e até mesmo pele. A imunidade desses pacientes é muito baixa, em qualquer espécie do vírus.

Uma das pacientes, Kara...simplesmente não consigo esquecer a menina. Ela é um amor. Como todo paciente pode ser agressivo, mas tenho certeza de que, com o incentivo certo ela pode se desenvolver de uma forma espetacular. Ela gosta de corujas. Temos algo em comum. Além disso ela me lembra o papai. Engraçado, mas depois que convivi com ela percebi que ela tem os olhos de um colega meu. Talvez eu já tenha mencionado, Audrick.

Mostrei uma foto sua para minhas amigas e elas acharam você bonitinho (mas não se gabe muito Matt). Phoebe achou Haymitch atraente também, o que não quer dizer muita coisa.

Mande beijos para mamãe e papai. Diga que estou com saudades e se cuidem. Por favor, me avise se Haymitch precisar mais do soro, se papai tiver outro ataque ou mamãe acordar de um de seus pesadelos horríveis.

Com amor

Mags