Who We Are

Everything Burns!


Acordo com as costas doloridas mas com um sorriso no rosto. As últimas semanas têm sido intensas de um lado bom e não tão bom.

Como eu previra, Annie e Finnick se entenderam muito bem e agora ele escapulia de sua cidade sempre que podia para estar com ela. Essas alturas sempre coincidiam com o horário de trabalho dela mas eu a cobria. Chamava Peeta e arrumar se tornava bem animado. Sim, nunca pensei que eu fosse fazer o trabalho da empregada mas eu não era a mesma Katniss, então era bom eu afastar-me dos comportamentos que tinha. Quando não estava a fazer o trabalho de Annie, estava estudando afincadamente para as provas. Meus professores que sempre ficavam com uma carranca quando me viam, pareciam agora esconder um pequeno sorriso quando eu levantava minha mão no ar. Incrivelmente, eles se mostraram bastante dispostos a me ajudar e começaram a passar exercícios e recomendar uns livros extra para eu exercitar.

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Peeta me ajudava sempre que podia mas com as aulas de apoio que dava na escola, ele mal tinha tempo e eu não queria privá-lo da sua querida irmãzinha Prim. Ele insistia que tinha tempo para tudo mas ninguém consegue estar em todo o lado. Por muito boa que seja a intenção dele, eu não quero que ele se desdobre por mim. Ele já me ajudou muito mais do que ele sequer imagina.

As minhas ditas “amigas”, não me ignoravam. Era bem melhor se o fizessem. Mas em vez disso, elas me tentavam atormentar. Sussurros aqui, acusações ali, risos de onde quer que seja. Eu podia estar diferente mas eu ainda conseguia me abstrair desse tipo de coisas. E Peeta e Annie me confortavam. Por falta de qualquer tipo de provas no caso, a polícia fechou o caso. Sem culpados, sem crime.

Me levantei da cama e fui até ao banheiro fazer minha higiene pessoal e domar meu cabelo. Hoje não havia escola e Peeta falou que iria apresentar-me aos amigos dele. Eu fiquei super nervosa. Como deveria vestir-me? Eles eram gentis? Iriam odiar-me? Respirando fundo, comecei a separar algumas roupas com potencial. Annie aparece ao meu lado, com uma pilha de roupa lavada.

– Vai a algum lado? – Ela pergunta.

– Vou conhecer os amigos de Peeta. Mas não tenho ideia do que usar.

– Katniss Everdeen não sabe o que usar? Essa é nova… - Ela brinca enquanto pousa as roupas que trazia na secretária e inspeciona as opções em cima da cama. – Você precisa parecer casual, modesta mas elegante.

– Então nada de vestido?

– Tendo em conta que todos seus vestidos parecem saídos de uma capa de revista, não. – Ela confirma. Ela segura uns calções pretos de cintura alta. – Esses calções são adoráveis. Vista.

Sem reclamar, eu dispo o roupão e fico apenas de roupa intima. Visto os calções e espero ela escolher um top que combine.

– Posso usar saltos? Por favor diga que sim! – Eu imploro, não querendo desfazer-me desse prazer.

– Eu não aconselharia mas tudo bem. Eu acho que pode. – Ela aceita. Como uma criança feliz dou pulinhos enquanto vou até ao closet.- Kat, você está sem top mas já vai escolher o sapato?

– Eu combino à blusa com os saltos que eu escolher! – Grito de volta para ela que ainda está no quarto.

– Você não existe… - Ela reclama.

Eu ignoro a provocação, passando a mão em meus sapatos, tentando decidir quais usar. Acabo por decidir que as sandálias de salto na cor coral ficarão lindamente com os calções. As calço rapidamente e volto para o quarto.

– Prontinho, agora só falta o top! – Falo e dou uma voltinha para Annie examinar melhor a combinação sapato-calções.

– Eu diria para você ir assim mesmo, sem top. Mas não quero meus amigos babem em cima de você.

Tanto eu como Annie olhamos para a porta para ver Peeta sorrindo lindamente. O cumprimento com um belo beijo que ele retribui feliz.

– Oi Annie! – Ele a cumprimenta e ela acena enquanto revira minhas blusas. – Eu ia perguntar se está pronta mas é obvio que não.

– Você que chegou cedo!

– Desta vez é verdade. – Ele concorda, finalizando com uma gargalhada.

– Ótimo!

– Katniss, por favor vista uma blusa. – Ele sussurra ao meu ouvido com voz rouca. – Eu não sou de ferro.

– Eca! – Annie reclama. – Ok, eu vou sair daqui. Vista essa. Acho que ficará bem.

Ela atira uma blusa também coral, mas alguns tons mais escura do que os sapatos. Eu a visto sob o olhar atento de Peeta.

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– Meu cabelo está arrumado. – Falo para mim própria. – Um pouco de maquilhagem e estou pronta.

Não passam 10 minutos e já estamos a caminho do café onde ficamos de encontrar seus amigos. Eu bato os saltos no chão, nervosa de mais enquanto Peeta ri. Chegámos ao destino e Peeta oferece sua mão, o que me dá um pouco de conforto. Eu entro e meu coração parece saltar de expetativa.

Eu vejo imediatamente um pequeno grupo de adolescentes mas não os reconheço. Peeta me havia dito que eles não estudavam no colégio. Eles não eram de classe alta como eu, então não tinham possibilidade de pagar as mensalidades. Peeta só conseguia pois trabalhava no seu tempo livre. De repente, fiquei com medo que me achassem prepotente.

Eles deram pela nossa chegada e todos se viraram para me ver com curiosidade.

– Finalmente vamos conhecer a garota de Peeta! – Uma Menina diz em tom alegre.

– Pessoal, esta é Katniss. – Ele apresenta. Depois aponta para a menina que falou. – Katniss, essa é Delly.

– Prazer – Eu lhe digo.

A menina esboça um sorriso enorme. Ela é loira com seus cabelos caindo em ondas até a meio das costas. Seus olhos verdes são calorosos e instantaneamente me sinto melhor. Ao seu lado está outra menina loira que reconheço. Madge. Ela é idêntica a Delly à exceção dos olhos azuis e os cabelos loiros, mas lisos. Eu conheço ela. E do modo que ela desvia o olhar, ela também me reconhece. Óbvio, ela fazia parte das líderes de torcida do nosso colégio. Na verdade, ela era a líder até que eu fiquei com o lugar dela. E eu a expulsei da equipa. A menina se sentiu perdida e após muitos comentários maldosos e brincadeiras, ela não aguentou a pressão e transferiu de escola. Eu havia arruinado sua vida.

– Katniss. – Ela cumprimenta monotonamente.

– Oi Madge. – Falo num tom meio esganiçado, mostrando quão nervosa estou.

Ao reparar na tensão, Delly olha de mim para Madge e abre a boca em espanto.

– Essa Katniss? – Ela guincha.

Boa, acabo de os conhecer e já me vão odiar. Cabisbaixa, eu assinto.

– Se está falando da Katniss egoísta e rude que fez a vida de Madge um inferno no colégio, temo que seja eu mesma. – Confesso,

Mais vale ser honesta em vez de andar com joguinhos. Os rapazes, os quais ainda não haviam sido apresentados, me olham, mas não consigo decifrar seus olhares, o que me dá medo.

– Interessante. – Um deles comenta e eu desvio o olhar momentaneamente para ele.

– Eu sei que parece péssimo. E é realmente péssimo. Eu era imbecil. Droga, talvez ainda seja uma imbecil mas eu tenho tentado mudar. – As lágrimas assolam meus olhos mas eu recuso-me a chorar. – Eu sei que não tenho perdão Madge, o que fiz com você foi cruel e mesquinho. Mas eu quero me redimir com você.

Todo o mundo se entreolha e Peeta aperta minha mão. Eu havia esquecido que ainda estávamos de mãos dadas. Eu o encaro e ele me dá um sorriso. Ele estava orgulhoso de mim e isso me deu ânimo.

– Katniss. – Madge me chama e eu engulo em seco – Você errou. Você errou para caramba! Mas eu posso ver em seu olhar que você está diferente. E eu sei tudo. Que você se redimiu com Annie, que você ajudou Peeta. Que Glimmer e Clove te renegaram por você ficar do lado de Peeta. Da minha parte, você está perdoada. Mas não posso negar que gosto que você esteja provando o que você fez comigo.

– Madge! – Peeta a censura.

– Está tudo bem, Peeta. Eu mereço isso. – Eu sorrio fracamente para Madge que retribui o gesto.

Peeta me puxa e me faz sentar ao lado dele e de Delly.

– Bom, já que Peeta se esqueceu de apresentar seus amigos, eu apresento. – O cara que falou anteriormente diz. – Eu sou Cato este é Tresh.

– Prazer.

– Me diga – Cato me olha e dá um gole em sua cerveja. – Como alguém como você muda assim tão de repente?

– Cato, deixa a menina em paz. – Delly pede dando-lhe um tapinha debruçando-se por cima da mesa.

– Eu acho que matarem seu namorado, quase morrer e perder fragmentos da sua memória nos faz ter uma prespetiva diferente da nossa vida. – Respondo duramente mas ele não parece se afetar.

– Katniss, você não precisa de se explicar. Cato só está sendo idiota. – Tresh diz.

– Idiota? Não fui eu que andei por aí infernizando a vida das pessoas! – Ele comenta e eu sinto meus ossos gelarem.

– E-eu vou pegar uma bebida. – Aviso, saindo rapidamente dali.

Enquanto me distancio, ouço Peeta reprovar a atitude de Cato. O atendente me pergunta o que quero e faço meu pedido, esperando sentada num daqueles bancos de bar altos.

– Não fique assim. – Delly aparece a meu lado, fazendo também um pedido. – Ele não a odeia de verdade.

– Bom saber. Porque não era essa a impressão que estava tendo. – Confesso pesarosamente.

– Veja, Madge é a menina dos olhos dele. É normal ele ter algumas reservas em relação a você sabendo que você tornou a vida de Madge miserável. Tente colocar-se na pele dele.

– Eu entendo. – Digo com honestidade.

Delly esboça um sorriso encorajador e eu rio mesmo sem pensar. Ela é uma garota adorável.

O atendente entrega nossos pedidos e caminhamos de volta para a mesa.

– Já agora, adoro suas sandálias! – Ela pisca o olho.

– Obrigada.

Me sento novamente entre ela e Peeta e o loiro me aperta contra seu corpo.

– Tudo bem? – Pergunta.

– Tudo bem. – Confirmo.

– Hey, Katniss, eu quero pedir desculpas. – Cato diz, sem olhar diretamente para mim.

– Você não precisa de pedir desculpas só porque Peeta o obrigou. – Ele finalmente me encara e ele solta um sorriso torto, mostrando que acertei em cheio. – Eu compreendo perfeitamente que não cofie em mim. Mas eu espero mudar isso um dia.

– Talvez um dia – Ele concorda e levanta a mão para eu apertar.

Uma trégua. Para mim era bom o suficiente. Após esse momento a conversa flui com maior facilidade e eu estava super feliz. Cato não era tão mau como tentou aparentar. Ele só estava protegendo quem amava. Eu meio que entendia isso.

Ao final de contas, eu adorei passar a manhã com eles. Honestamente, eu pensava encontrar um grupo de jovens inadaptados, à parte da sociedade. Mas eu estava muito enganada. Caramba, eu não me surpreenderia se eles fossem mais educados e cultos do que metade das crianças de elite lá do colégio. E eu sabia que Madge era boa com roupas mas Delly não ficava atrás. Afinal, talvez eu pudesse voltar num vestido! Delly tinha um estilo mais descontraído, enquanto Madge usava roupas mais elegantes, de grife. Porém, as duas não pareciam ligar a isso e o contraste até que resultava muito bem.

Quando voltei a casa, para o almoço, Annie estava na sala dos empregados. Ela parecia frustrada. Quanto mais me aproximava, reparava na folha escrita à sua frente.

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– Sua mãe me deu essas tarefas para amanha! – Ela resmungou quando me viu.

Eu peguei na folha. Lavar todas as janelas, carpetes, limpar o pó a todos os móveis, lavar o chão de todas as divisões… E a lista continuava até ao fim da página.

– Ela enlouqueceu? - Pergunto exasperada. Aquilo era ridículo.

– Ela não gosta que você se relacione comigo. – Ela suspira. – Essa é a forma dela mostrar isso.

Eu fico vermelha de raiva. Nunca foi uma mãe de verdade, aliás, essa mulher nunca deveria ter sido mãe. Nunca se intrometeu em nada na minha vida, nem mesmo quando o diretor a chamava ao colégio. E agora lembrou-se de ser uma “mãe exemplo”? Ah claro, é obvio que não. Mais uma vez, ela só queria preservar sua reputação. Sua imagem estava em jogo quando sua única filha começou a ser amiga da empregada. Que horror que isso é gente! É como se fossemos espécies diferentes. De certa maneira até eramos, mas Annie estava no lado certo da história, não eu, muitos menos minha mãe.

– É minha vez de mostrar a ela que ela não pode brincar assim! – Digo com confiança enquanto seguro o celular na mão. Marco o número do meu namorado.

– Peeta, você tem planos amanhã?

– Olá para você também Kat. – Ele murmura num tom divertido. – Não, não tenho. Ou será que tenho?

– Está certo, você tem!

Annie abana a cabeça, com pena do meu namorado inocente.

* * *

No dia seguinte esperei minha mãe sair antes de chamar Peeta que após se inteirar do que estava acontecendo, trouxe seus amigos para ajudar. Eles pareciam bem alegres quando chegaram e eu duvidei que Peeta lhe tinha dito o verdadeiro motivo de eles estarem ali. Mas eu me enganei pois eles logo pegaram nos produtos e utensílios que eu empilhei em cima da mesa e separaram pelas tarefas sem reclamar. Até Finnick apareceu para salvar sua bela dama dos apuros.

Peeta e eu nos encarregámos das janelas. Foi um grande erro porque:

Envolvia água

Envolvia Peeta

Água mais Peeta igual a problemas.

Ao que parece, encostar-me contra o vidro da janela, molhando-me toda, para me beijar é a noção de limpar que ele tem.

– Porque é que nossos encontros acabam sempre com alguém molhado? – Questiono divertida ao lembrar noite na lavandaria.

Ele não responde. Apenas sorri antes de atacar meus lábios de novo.

– Ei, vocês dois! – Eu largo Peeta e vejo Madge com as mãos na cintura. – É para lavar as janelas, não suas bocas!

– Eca Madge! – Falei enojada com a comparação dela.

Eu acho que certamente podemos fazer tudo ao mesmo tempo. Mas não o digo em voz alta para não ser alvo de piadas. Pelo dia inteiro tentámos firmarmo-nos na tarefa que tínhamos em frente, mas foi missão impossível. Para além de nossos beijos roubados, parámos quando ouvimos Finnick gritar de dor e vimos Annie toda doçura com ele, arrumando um curativo para ele. Ele cortou o dedo num dos móveis. Sério? Quem se corta num móvel e sai gritando? Como retribuição pela ajuda deles, ofereci o almoço e o lanche a eles, encomendando pizzas e uns bolos para sobremesa. Era o mínimo que poderia fazer. A meio da tarde já tínhamos completado todas as tarefas.

– Quem diria que algum dia veria a Everdeen limpar alguma coisa. – Madge falou pensativamente recebendo um olhar de repreensão de Peeta.

– Se me dissessem dois meses atrás, eu diria para se internarem todos num hospício! – Gargalhei.

Quando notei que todos se tinham silenciado, vi minha mãe na entrada, encarando todos na cozinha.

– O que é isso? – Ela questiona com olhar enjoado.

– Meus amigos. Convidei eles para passaram o dia todo comigo. Já que Annie estava demasiado ocupada com as lidas domésticas para me fazer companhia. – Sorri com inocência.

Minha mãe olhou para Annie que se encolheu no fundo da mesa. Finnick parecia estar pronto para protege-la do mundo. Ele a puxou para si, ousando qualquer um a reclamar, principalmente minha mãe. Eu desviei o olhar do casalinho e pousei de novo na minha mãe. Eu vi um deslumbre de surpresa mas ela logo se recompôs.

– Odair, não esperava vê-lo por aqui. – Ela repuxou seus lábios num sorriso vitorioso. – Como está sua mãe? Ainda no Havai? Ou está nas canárias? Eu não consigo acompanhar o ritmo com que ela viaja. Mas quando lhe ligar, lhe mande cumprimentos meus. Oh, pelos vistos, você já arrasou com todas as empregadas em sua casa, se vem à minha casa procurar uma nova.

Meu queixo caiu em surpresa mas Annie pareceu levar um choque e se afastou de Finnick. Na verdade, nem eu estava à espera que ele fosse filho de uma das egocêntricas e riquíssimas amigas dela. Eu podia perceber o que se estava a passar na cabeça de Annie. Que ele estava aproveitando – se apenas dela. Garotos ricos não querem as empregadas para casar, apenas para se divertir. Quanto mais pensei nisso, mais eu senti minha revolta borbulhar em mim.

– Qual seu problema mãe? – Gritei, fazendo todos acordar do transe. Annie já chorava enquanto Finnick tentava falar com ela.

– O que eu fiz? – Perguntou. Ah como se não soubesse.

– Quer saber? Vá viver sua vida! – Falei mostrando o caminho para seu quarto, pelo escadario.

– Oh, eu vou. – Ela concordou. – Mas antes quero todos esses pobretanas fora da minha casa. Xô.

Meus amigos, incluindo Peeta começaram a mover-se mas eu agarrei a mão de Peeta.

– Eles não vão a lado nenhum! – Rugi.

– Quem você acha que é para contrariar minha ordem? – Ela falou de voz mais moderada que a minha mas derramando veneno.

– Você tem razão! – Concordei, apanhando-a desprevenida. – Eu não sou ninguém. É por isso que quando eles passarem a porta de entrada, você pode ter certeza, que eu irei com eles.

– Você não se atreveria!

– Você quer apostar? – Provoco.

– E viverá do quê? – Ela riu com escárnio – Sem cartões de crédito, sem seus luxos? Porque você não levará nada dessa casa consigo!

– Eu darei um jeito. – Esclareço. – E já que não posso levar nada comigo, pegue!

Eu comecei a despir minhas roupas, ali, bem em frente a todo o mundo para horror da minha mãe. Peeta passou o casaco por meus ombros quando fiz menção de tirar minha roupa intima. Mas eu não estava satisfeita. Eu fechei o zíper do seu casaco que me chegava às coxas e tirei da melhor forma que consegui, as roupas que ainda restavam no meu corpo. Atirei todas as peças para minha mãe ao passar por ela, em direção à saída.

– Faça bom proveito delas!

Sem olhar para trás, entrei no carro de Peeta e rumei à minha segunda chance de viver minha vida.

Eu vi Annie, ainda chorosa, no banco de trás. Eu acreditava nas boas intenções de Finnick e que não se aproveitava de meninas como Annie. Eu o conheci fora do seu elemento. Eu o conheci num bar rasca, nada luxuoso e ele me pareceu genuíno. Caramba, se ele estivesse à procura de uma conquista jogava a carta de garoto com dinheiro! Não esconderia o facto, como na verdade fez.

– Dê uma chance a Finnick de se explicar. – Eu disse debruçando-me para trás.

– Não há nada para explicar! – Ela reagiu. – Ele se aproveitou de mim, me enganou.

– Confie em mim. Fale com ele. – Disse simplesmente, voltando-me para a frente.

Peeta deixou Annie em sua casa mas ela não saiu imediatamente.

– Hum, Katniss, você ficará onde agora? – Ela interrogou.

– Eu não tinha pensado sobre isso. – Confessei, enrugando a testa.

– Ela ficará comigo. – Peeta intercedeu por mim. – Se você quiser, é claro.

– Eu quero sim – Sorrio em agradecimento.

Annie assente e sai do carro.

Quando Peeta estaciona em frente a sua casa, eu sou uma respirada longa. Essa é minha nova casa. Minha nova vida. Peeta me dá a mão para me ajudar a sair do carro e me segura contra si.

– Isso é tudo o que tenho para oferecer a você. – Ele se desculpa, olhando sua casa.

– Isso é tudo o que preciso. – Explico e ele segura meu rosto para postar um beijo na testa.

Ele me leva até a entrada e me deixa entrar primeiro. Ela está bem arrumada e parece bem confortável. Eu poderia viver com isso. Definitivamente.

– Você poderá ficar com meu quarto. Eu me arranjarei com o sofá.

Eu o olho por um segundo e ele sorri fracamente.

– Me mostre seu quarto. – Eu peço e ele me encaminha até lá. – Onde está sua irmã?

– Está com Graesy Sae.

Eu assinto e olho em volta. Tudo à volta grita quarto de garoto. As cores escuras, os cds espalhados, os livros que ele tanto preza. E o mais maravilhoso, todo o lugar tem o cheiro de Peeta.

Eu fecho a porta do quarto e abro o zíper do seu casaco, tirando-o logo em seguida. Peeta parece meio constrangido e solto um risinho. Caminho para ele, que me recebe em seus braços.

– Eu acho que não posso deixar você dormir no sofá. Acho que ao meu lado ficará mais confortável – Sugiro com um sorriso malicioso.

– Tem certeza?

– Mais certeza que alguma vez tive na vida.

Sem mais palavras, ele me beija com uma ferocidade e paixão que eu não sabia que ele podia transmitir. Meu corpo rapidamente embateu contra sua cama e seu toque misturado com seu cheiro inebriante, me levou às nuvens. Eu estava em casa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.