Capitulo Dois: Á Busca

Vincent estava andando na floresta há horas e até aquele momento ele não havia visto nada a não ser as árvores, e o que era pior, estava com fome de novo, mas agora sabia que tinha alguma coisa a ver com ser meio-dragão. Ele estava atento para não perder nenhum animal que pudesse se tornar comida, até que viu uma raposa caçando ali perto, tão concentrada que nem reparou na presença do rapaz. Lentamente ele tirou o arco das costas e preparou uma flecha, fez mira e disparou um tiro certeiro.

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– Pronto!!! Agora eu só preciso ascender uma fogueira e limpar o bicho, e eu terei uma bela carne assada. - Exclamou Vincent. - Agora como eu vou ascender à fogueira é que é o problema.

Foi quando ouviu uma voz falar dentro de sua cabeça:

“Você pode usar o poder da magia."

– Quem foi que disse isso? - Perguntou O rapaz em voz alta.

“Meu nome é Kresnik, A Espada do Amanhecer do Mundo."

– Caramba, a espada fala!!! - Surpreendeu-se Vincent, tirando a arma do cinto e fincando ela no chão. - Como assim, usar o poder da magia, ó poderosa espada ancestral?

“Como feiticeiro você pode usar a magia dos elementos, canalizando a através de mim.” foi à resposta. “Junte um monte de lenha que eu lhe ensinarei como se faz.”

Vincent obedeceu à espada, juntando rapidamente um monte de lenha.

“Muito bem, agora me pegue e me aponte para a pilha de madeiras e pense em fogo, se concentre nas chamas, imagine o calor.”

Novamente o rapaz fez o que a espada lhe dizia, a empunhou e apontou para o amontoado de lenha e se concentrou no fogo, ele viu as joias vermelhas incrustadas no punho da espada começar a brilhar intensamente, até que uma poderosa rajada de fogo se desprendeu da ponta da lâmina negra, atingindo a madeira e ascendendo uma fogueira em segundos.

– Viva!!! Eu consegui! Eu usei magia e ascendi à fogueira! - Festejou e dançou o rapaz em volta do fogo. - Agora vamos assar a raposa.

Vincent limpou e assou a raposa no fogo.

Quando estava terminando de comer os últimos pedaços, ele escutou um ruído de passos indo na sua direção, foi quando ele viu um goblin sair de trás de uma árvore, era uma criatura muito feia, muito menor que o rapaz, tinha verrugas pelo corpo todo e sua pele era de um esverdeado doentio, usava apenas uma tanga de peles e tinha na mão uma machadinha malfeita, provavelmente de pedra.

Foi quando o meio-dragão percebeu que havia sido encurralado, pois cada vez mais criaturas surgiam de um canto das árvores em volta do rapaz, logo tinha um total de dez criaturas em volta dele.

"Droga, o cheiro da carne assada deve ter atraído essas criaturas nojentas." Pensou Vincent. "parece que eles estão querendo briga, pois é isso que eu vou dar pra eles."

Levantando de um salto, o rapaz pegou Kresnik com uma mão e com a outra segurava a sua longa faca que usara para limpar o corpo da raposa, foi quando os goblins atacaram, erguendo machadinhas e porretes e correndo na direção dele.

O primeiro que chegou perto o suficiente de Vincent teve a cabeça decepada pela espada negra, mas enquanto isso muitas outras das criaturinhas foram para cima do pobre rapaz. Ele golpeava e atacava, mas continuava em desvantagem, suas armas caíram de suas mãos e ele foi derrubado no chão levando uma forte pancada de porrete na cabeça logo em seguida, deixando-o desnorteado.

Completamente tonto, O rapaz viu os goblins que restaram começar a mexer nas suas coisas, inclusive na sua espada ancestral, uma enorme fúria começou a dominar seus sentidos, ele sentiu suas mão formigarem exatamente como quando estava na clareira no encalço do lobo atroz, olhando para cima ele viu que o goblin que o havia acertado com o porrete e deveria estar o vigiando o olhar assustado.

Como um raio Vincent voou com suas garras para a garganta do goblin e com um aperto ele arrancou a cabeça da criatura fora, fazendo sangue negro e fétido esguichar para todos os lados, manchando o rosto do rapaz, mas este ainda estava tonto e assim que perdeu o apoio do corpo do goblin, caiu novamente, se virando para ver o restante dos seres nojentos. Estes por sua vez estavam paralisados no lugar, olhando para seu rosto manchado de sangue e suas enormes garras que lentamente voltaram a ser dedos, e assim que viram o corpo do companheiro caído, eles reagiram, urrando com raiva eles avançaram para cima do jovem que estava indefeso no chão, brandiam suas armas, alguns usando as armas do próprio Vincent.

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Foi quando um vulto escuro caiu das árvores, pousando suavemente no chão atrás dos goblins que não perceberam nada e continuaram andando em direção ao rapaz, o vulto se aproximou do que estava mais atrás e atacou, agarrando-se ao corpo do goblin e cravando o que devia ser suas mandíbulas no pescoço verde e deformado da criatura, este gritou, fazendo com que os outros goblin se voltassem e assistissem seu companheiro ficar pálido e inerte sob a boca do ser que havia se agarrado a ele.

Depois que o corpo parou de respirar, a sombra escura o soltou e se ergueu, levantou a mão e começou a proferir palavras estranhas que Vincent não conseguiu entender, a luz da floresta estava sumindo, parecia que era sugada por forças desconhecidas, a mão erguida do vulto concentrava toda a matéria da luz em volta e a convertia em trevas, ondas de energia negra vibravam em volta da mão e formavam um globo escuro que flutuava na palma da mão, os goblins olhavam aquela esfera de energia negra ficar cada vez maior e logo eles estavam com medo.

Foi quando o vulto desceu a mão com a palma voltada para cima e a apontou para os goblins, a esfera acompanhou o movimento, flutuando sobre ela, de repente o ser gritou e dessa vez Vincent entendeu o que dizia:

– Espada do Caos! - Disse a voz forte.

A esfera de trevas começou a se alongar e contorcer, assumindo em poucos segundos a forma de uma longa espada, esta agora flutuava com a ponta voltada para os goblins, até que, num movimento rápido, o vulto agarrou o punho da espada e avançou contra os goblins.

Estes também atacaram a criatura que havia interrompido seu assalto, mas mesmo sua vantagem numérica não foi suficiente para a espada de energia negra que Vincent percebeu que deveria ser a espada do caos que o estranho falara.

Um a um, os goblins foram caindo, cortados, mutilados e degolados, seu sangue negro manchando as árvores, a terra e as plantas no chão, logo seus corpos estavam espalhados, assim como seus membros, cabeças e até órgãos internos.

Depois de eliminar todos os goblins, o estranho vulto puxou um saco pequeno de algum lugar em baixo de suas roupas escuras e, inacreditavelmente guardou a espada dentro do saco, que deveria ser do tamanho da mão de Vincent.

Depois de guardar a espada, o vulto foi se aproximando lentamente do corpo caído do rapaz, mas este, por sua vez, havia resistido o máximo que podia contra o golpe na cabeça, além da exaustão de tantas descobertas daquele dia fez com que finalmente desmaiasse, no exato momento em que o vulto chegava perto do seu corpo, depois Vincent não viu mais nada.

Quando Acordou, o rapaz reparou que já havia anoitecido e que a fogueira tinha sido reascendida a ponto das chamas estarem ultrapassando um metro. Vincent estava deitado em cima de peles, próximo ao fogo, com uma dor de cabeça dos diabos. Do outro lado da chama ele via os contornos daquele que havia salvado sua vida.

– Finalmente acordaste!!!- Disse a voz, atravessando a fogueira e chegando aos ouvidos do rapaz. - Já estava demorando!!!

– Quem é você?- Perguntou Vincent.

– Meu nome é Kaleb. - Foi à resposta da voz.

– E por que me ajudou quando eu estava sendo atacado pelos goblins? - Questionou novamente Vincent.

– Eu te ajudei por que você estava precisando de ajuda e também por que eu havia acabado de me alimentar, mas ainda estava com fome. - respondeu Kaleb.

– Como assim, com fome? A única coisa que eu vi você morder foi um goblin.

– Exato. Você nunca ouviu falar sobre vampiros?

– Vampiro? Você? E o que quer de mim? - Perguntou o rapaz assustado, em seguida percebendo que tinha sido uma má ideia.

Kaleb se levantou rapidamente, sua sombra crescendo em volta do fogo, com raiva vociferou em voz de trovão:

– Já estou cansado de vocês que acham que só por que alguém é vampiro quer dizer que é maligno, fique sabendo que eu nada de você.

– Me desculpe então. - Disse Vincent.

– Tudo bem! Muitas pessoas não são acostumadas com a ideia de existir vampiros bondosos, não os culpo e nem a você, afinal são poucos os que são bons mesmo. Mas se quer mesmo saber, a algo que eu realmente gostaria de ter. - Disse Kaleb com uma voz triste.

– O que? - Perguntou o meio-dragão

– Amigos. - Disse o vampiro amargurado, se sentando de novo. - Algo que não tenho há muito tempo, tempo demais.

Vincent se levantou, deu a volta na fogueira e se sentou novamente ao lado de Kaleb e disse:

– Apesar de saber o significado dessa palavra, a minha vida inteira eu jamais tive um amigo, talvez aquele que me criou, mas ele não era um bom modelo para se comparar, ou pelo menos fingia não ser.

Kaleb ficou a observar a fogueira, Vincent tentou ver seu rosto, mas a luz do fogo estava forte demais, e a escuridão na floresta atrás deles era absoluta, impossibilitando-o de enxergar qualquer coisa.

– Desde que eu fui transformado em vampiro as pessoas tem medo de mim, acham que eu vou devorá-las. - Disse Kaleb. - Têm aqueles que gostam de andar por ai solitários, só que eu não sou um desses, o que eu mais gosto é de ter companheiros que se aventurem comigo.

– Sabe, eu estou justamente atrás disso. - Falou Vincent. - Quem sabe, nós não possamos viajar juntos?

– Desde que eu não tenha que te salvar a todo o momento, eu aceito. – disse Kaleb com um sorriso no rosto. – Para onde você pretende ir?

– Ai está o primeiro problema, eu não tenho nenhum lugar para ir, ou voltar, não sei muito sobre este mundo na pratica, o máximo que eu já vi foi uma parte desta floresta que ficou lá atrás a um tempão. – Respondeu Vincent olhando fixamente para o fogo.

– E o que você estava fazendo todo esse tempo? – perguntou Kaleb.

Vincent então contou toda a sua história de descobrir que era um meio-dragão e mais contou tudo o que se lembrava da sua vida com velho, logo percebeu que sempre fora treinado para algo. Desde pequeno fazia exercícios físicos e mentais, o velho o fazia estudar exaustivamente todos os dias, quando não o mandava para fora caçar ou treinar suas habilidades.

Ao final do relato a fogueira se resumia a nada mais que brasas.

– Então quer dizer que até muito pouco tempo, você morava em um casebre, e agora se conseguir se tornar um feiticeiro poderoso, você vai poder morar em um castelo? – Pergunto Kaleb novamente.

– É, acho que se pode colocar desta forma. – Foi à resposta de Vincent.

– Então eu acho que nós deveríamos ir para uma cidade consideravelmente grande onde nós poderemos encontrar pessoas fortes o suficiente para formar um grupo poderoso. – Falou Kaleb.

– E você sabe onde tem uma cidade? – Perguntou Vincent.

– Se andarmos para oeste durante uns cinco dias chegaremos a mais próxima, mas nós podemos passar em um dos vilarejos que tem pelo caminho e arranjar dois cavalos, isso tornaria a viagem mais curta. – Disse Kaleb.

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Vincent pensou um pouco e decidiu que aquela era uma ótima alternativa.

– Certo, então vamos para a cidade. – Disse ele.

– Perfeito!!! Agora descanse mais um pouco, partiremos pela manhã, e esta não está longe.

Vincent, obedecendo a Kaleb, voltou para o seu colchão de peles e se deitou, não estava se sentindo cansado, mas não tardou a dormir um sono pesado e sem sonhos, um sono revigorante.

O rapaz acordou com uma suave luz no rosto, ao abrir os olhos ele viu que os raios de sol começavam a iluminar a floresta e a luz através das folhas dava um estranho tom esverdeado ao lugar. O meio-dragão viu as cinzas da fogueira que ele havia ascendido para assar a raposa.

– Você tem um senso de horário incrível! – Disse a voz de Kaleb, vinda de algum lugar acima de Vincent. – Mal acabou de amanhecer, ia te acordar nesse exato instante.

Ao olhar para cima, Vincent viu a forma escura de Kaleb empoleirada em cima de uma árvore.

– O que está fazendo? – Perguntou o rapaz. – Não vá dizer que dormiu ai...

– Não. – Cortou Kaleb em resposta. – Eu quase nunca durmo a não ser para me recuperar de algum ferimento muito grave. Estou aqui em cima para vigiar a floresta e, também, porque ver você enquanto dormia me deu um pouco de medo.

Vincent ficou confuso:

– Como assim? – Perguntou – Por que ficou com medo ao me ver dormir?

– Me parece que quando está inconsciente você não controla sua descendência dracônica. Mas é algo que terei que analisar melhor. – Respondeu Kaleb. – Enquanto você estava dormindo eu, daqui de cima, vi você criar escamas brancas pelo corpo todo, vi também suas garras crescerem e diminuírem diversas vezes, seus dente cresceram tanto e eram tão visivelmente afiados que dariam inveja a qualquer vampiro, pareciam verdadeiras presas. Mas o que realmente me deu medo foram os rosnados e os sons guturais que saiam da sua garganta, acho que nem um ogro roncando quando resfriado faria barulho similar.

Se sentando, Vincent estava cada vez mais desperto das coisas ao seu redor, e viu que a luz do sol estava ficando, mesmo que lentamente, cada vez mais forte.

– Enquanto dormia, não percebi nada. – Disse Vincent pensativo, depois se dirigindo ao vulto escuro na árvore: - Ei, Kaleb, por um caso você, sendo um vampiro e tudo mais, não deveria queimar até o pó quando exposto ao sol?

Pelo que podia ver, Vincent achou que o vampiro estava achando graça da pergunta.

– Bom, os vampiros comuns normalmente viram pó em contato com os raios de sol. – Começou a explicar Kaleb. – Mas alguns, quando realmente poderosos podem, depois de alguns séculos, dominar e extinguir esta fraqueza. Já outros, como no meu caso, são variações dos vampiros comuns e têm certas imunidades e poderes que os demais não tem. Alguns acreditam que somos a nova evolução da raça. Eu em particular sou um Vampiro das Sombras.

– E qual a diferença de um vampiro normal para um Vampiro das Sombras? – Perguntou o meio-dragão.

– Até onde sei sou o único a manifestar essa variação, mas a principal diferença é a alimentação, enquanto que os comuns se alimentam de sangue eu me alimento de almas. E também não tenho as mesmas fraquezas como a luz solar ou objetos de prata. – Respondeu o vampiro.

– Você... Se alimenta de almas?! – Disse Vincent. – Como pode ser isso?

– Simples! – Falou Kaleb. – Quando eu era vivo, era um poderoso invocador, com muita habilidade para controlar espíritos. Depois que fui transformado em morto-vivo, contra minha vontade, devo ressaltar, eu demonstrei poderes únicos, como o meu controle sobre as energias do caos, que eu posso transformar no que eu quiser. E meu alimento passou a ser almas, espíritos descarnados que não seguiram para a além-vida.

– Entendi mais ou menos. – Disse o meio- dragão. – Mas me explique uma coisa, como você pode não saber se existem mais Vampiros das Sombras? Esse não seria você?

– Não, quando eu disse que havia variações, eu quis dizer que vários vampiros podem demonstrar a mesma evolução, então nós somos separados por tipos, ou espécies se preferir. Muito similar aos dragões, que apesar de serem da mesma raça, são divididos pelas cores que apresentam. – Falou o vampiro. – Minha categoria foi definida como Vampiro das sombras pelo talento incomum de dominar as energias das trevas e lidar com espíritos, e até agora sou o único representante dela.

– Agora realmente comecei a compreender. – Disse Vincent. – Mas acho melhor deixar à conversa para depois, temos uma longa viagem para fazer.

– Você está certo. – Concordou Kaleb, pulando da árvore e caindo suavemente no chão. – Devemos ir logo. Vincent olhou em volta, exceto pelas escuras marcas de sangue saco no chão, não havia vestígios dos goblins e nem de que uma pequena batalha tivesse ocorrido ali. Ele se preparou para começara arrumar suas coisas quando percebeu que sua mochila já estava pronta, era só prender as costas e partir.

– Arrumei nossas coisas para que economizemos o máximo de tempo. – Disse Kaleb.

Ao tirar os olhos de sua mochila no chão, Vincent finalmente podia olhar para o rosto do vampiro, e o que vira o surpreendeu: O cabelo de Kaleb era negro profundo, em incrível contraste contra sua pele extremamente pálida, seus eram de um azul claro e olhando para seu rosto, o meio-dragão podia dizer que eles aparentavam ter quase a mesma idade, e mesmo tendo visto pouquíssimas pessoas durante sua vida, ele percebeu que Kaleb tinha uma beleza espantosa e um porte de nobre, achou que quem o olhasse na cidade de relance com certeza acharia que era um membro da realeza, e talvez não estivessem errados.

– Ei, Vincent, ande logo, não temos o dia todo. – Falou Kaleb, ficando impaciente.

Ao desviar o olhar novamente para suas coisas, o meio-dragão foi atraído por um brilho e logo constatou que este vinha do punho da espada Kresnik, que estava embainhada e amarrada a mochila. Vincent a desamarrou e a prendeu no cinto, logo sentiu a espada tocar sua mente:

“Suas forças não foram suficientes para derrotar um grupo de goblins”. Disse ela em sua mente. “Você terá que treinar mais, se quiser se tornar um feiticeiro, aliás, o primeiro passo seria invocar um familiar que te ajudasse, não quero ficar na mão perdedora na próxima batalha em que participar.”

“E como se faz para invocar um familiar?” Perguntou mentalmente o rapaz.

“Espero que esta seja a última vez que te ensino algo tão básico.” Disse a espada de forma ácida. “Canalize toda a sua energia mágica através de mim e se concentre em invocar um familiar, eu cuido do resto, mas estou curiosa para saber que forma animal sua magia vai tomar.”

Vincent fez mais uma vez o que a espada lhe dizia, apontou a lâmina para um ponto vazio e se concentrou na sua força mágica, depois pensou no que queria invocar, ele percebeu que as pedras no punho de Kresnik novamente começavam a brilhar: Não só algumas representando um elemento específico, mas todas irradiavam luz, cada qual com sua cor correspondente.

Foi quando um raio multicolorido se desprendeu da espada e atingiu a área para a qual apontava, mas ao invés de desaparecer, o raio se condensou em uma grande esfera de energia mágica que começou a se contorcer e esticar, tomando a forma de algum animal, logo a pura energia havia tomado à forma de um gigantesco tigre branco, grande o suficiente para que dois do rapaz fossem capazes de montar em cima dele confortavelmente.

“Meu nome é Darius”. Disse uma poderosa voz dentro de sua cabeça. “Eu o ajudarei com suas magias e com a compreensão de seus poderes.”

“Mas que coisa, será que tudo de mágico que eu possuo só se comunica através da mente?” Pensou Vincent um pouco indignado.

– Se quiser também posso falar a língua dos homens. – Disse a mesma voz da mente do meio-dragão, só que agora ela vinha da boca do tigre.

– Se você pode falar minha língua, é capaz de falar quais outras? – Perguntou o rapaz.

– Todas as que você souber. – Foi à resposta do tigre. – Se conseguir entrar na mente de alguém e estudar as línguas que esse ser conhece, eu também posso apreendê-las.

– Legal! – Exclamou Vincent. Até então Kaleb já havia posto uma mochila nas costa e segurava um longo cajado de madeira negra como à noite, entalhado de runas que para Vincent eram desconhecidas.

– Temos de ir logo. – Disse ele.

– Precisamos arrumar uma montaria para você.

O tigre Darius se aproximou de Kaleb e disse:

– Pode deixar, sou forte o suficiente para carregá-lo.

Kaleb olhou para ele cético.

– E, por acaso você é capaz de acompanhar a velocidade de um vampiro diferente de todos os outros?

– Não me subestime. – Disse Darius. – Nunca se esqueça de que eu sou um animal feito de pura magia.

Vincent olhava de um para outro estupefato, pareciam duas crianças brigando para ver quem corria mais.

– Vamos Vincent! – Disse Kaleb de repente sem tirar os olhos de Darius. – Monte em cima do tigre e vamos ver do que ele é capaz.

O meio-dragão fez o que ele dizia, com a mochila nas costas ele subiu no torso do animal e procurou algo para se segurar, sem encontrar nada, ele se agarrou aos pêlos.

– Muito bem, vamos nessa!!! – Dizendo isso, Vincent viu Kaleb correr com uma velocidade espantosa e pular por cima das árvores, ele sentiu o corpo de Darius se agachando, e com um forte impulso, logo eles corriam por cima das copas das árvores, rápidos como um raio.

Vincent viu um borrão negro, que lembrava vagamente Kaleb, ficar para trás enquanto eles aceleravam cada vez mais.

Depois de certo tempo, percebendo que estavam diminuindo a velocidade, o rapaz perguntou a Darius:

– O que está acontecendo?

– Estamos descendo. – Foi à resposta.

– Por quê? Algum problema?

– Pode-se dizer que sim, estou com sede. - Falou o tigre.

– Não sabia que você sentia sede. – disse Vincent espantado.

– Fome, sede, cansaço, sinto tudo, mas demoro mais pra sentir do que humanos, aliás, você está com fome?

Vincent ficou quieto, já á algum tempo ele vinha sentindo um vazio no estômago, até que uma gigantesca gargalhada e um solavanco no corpo do tigre o assustaram: Darius ria.

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– Não se preocupe logo nós iremos comer, a causa de tanta fome é que você gasta muita energia física ao lançar magias.

Enquanto falava, Darius já havia descido a beira de um rio largo, do outro lado, Vincent percebeu que as árvores continuavam até onde a vista alcançava.

Um ruído atrás dos dois fez com que eles virassem a cabeça e parado ali, em frente às árvores estava Kaleb.

– Muito Bem, até que o gatinho corre bastante. – Disse ele. – Nós cobrimos uma boa distância agora pela manhã. Se mantivermos este ritmo chegaremos à cidade em dois dias.

– Tão rápido assim? – Perguntou Vincent animado.

– É, mas assim que cruzarmos este rio nós teremos que tomar mais cuidado. – respondeu Kaleb. – Aquela floresta está cheia de bandidos e monstros.

– Ótimo, assim posso trinar minhas magias de ataque. – Falou Vincent, depois olhou para o céu. – Pelo sol da para ver que já é meio-dia. Vamos almoçar!!!

Vincent e Kaleb pegaram alguns peixes e ascenderam uma fogueira para frita-los enquanto Darius comeu os seus crus mesmo.

Depois que terminaram de comer, se prepararam e partiram novamente, com Vincent montando o tigre, que com um grande pulo passou por cima do rio, e, junto com Kaleb, entraram na floresta correndo.