Na segunda-feira após aquele sábado,que Éponine havia dito “aceito” para Enjolras,ela logo pela manhã pegou um trem para ir visitar Fantine e Valjean.

Era de se esperar que por ter aceitado, os dois passariam a semana toda juntos, como deve ser qualquer tipo de começo de namoro normal. Mas não eles.

Quando Éponine perguntou se ele ficaria bravo se ela fosse ver seus pais, Enjolras disse que não,que é o que ela deveria fazer. Os dois concordaram que por mais que agora fossem um casal,não deveriam passar tanto tempo juntos. Deveriam continuar agir como antes, como se ainda fossem amigos.

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O que de fato deixou Enjolras aliviado. Ele sabia que gostava de Éponine,mas ela era agitada demais e sempre enjoava fácil das coisas. E Enjolras sabia que ele não era um poço de criatividade para entreter Éponine todo dia. Na verdade não sabia como ia fazer o namoro durar muito já que ele se considerava entediante.

–Volto daqui duas semanas, Enjolras.- Éponine lhe disse na fila para entrar no trem.- Mas venha no final de semana. Mamãe ficará feliz em te ver.- ela pediu,olhando para Enjolras que observava o trem.

–Não sei, tenho a sensação que Jean não gosta de mim.-ele falou abaixando o olhar para encontrar o de Éponine.

–Papai não gosta de nenhum rapaz perto de suas filhas. Por ele, Cosette e eu estariamos em um convento,casada com a igreja e o que ela representa.- Éponine disse em tom de zombaria.- Mas tudo bem. Entendo que você está com medo de encontrá-lo e ele sair correndo atrás de você com a espingarda.

Enjolras riu e abraçou Éponine lhe dando um beijo na cabeça.

–Você está certa. Penso na minha morte de várias maneiras,mas não com um tiro. E outra, ele não me mataria porque sei que você entraria na minha frente para me salvar.

–Quem disse isso?- ela perguntou sorrindo enlaçando o pescoço dele.

–Ninguém. É apenas uma esperança que isso aconteça.- ele deu de ombros.

O bilheteiro passou avisando que o trem já ia partir. Éponine se soltou de Enjolras e pegou a única mala que estava levando.

–Por que mesmo você está indo de trem ao invés de ir de carro?- Enjolras perguntou de novo enquanto acompanhava Éponine até a porta.

–Porque é cômodo e eu gosto de olhar a paisagem.-ela sussurrou e se inclinou para dar um beijo em Enjolras.- Te vejo daqui duas semanas,ou se você quiser ir visitar...

–Nos vemos daqui duas semanas- Enjolras cortou a possibilidade de voltar para lá. Não estava com vontade de viajar. Gostava de ficar em sua casa,onde se sentia a vontade.

–Tudo bem então.- Éponine deu de ombros e Enjolras a puxou para mais um beijo, até que escutaram um pigarreio irritado.

–Os pombinhos se importam de se separarem? O trem já está para partir- um homem baixinho de bigode falou irritado. Enjolras ficou vermelho e murmurou um “pardon”, Éponine riu e entrou no trem prometendo ligar.

Nessas duas semanas Enjolras trabalhou,participou das reuniões políticas que ele ficava sabendo, outros dias se encontrava com os amigos.

Grantaire continuava sumido, o que deixava Courfeyrac insuportável,já que ele ficava fazendo piada mas não tinha ninguém para completar as besteiras que ele dizia ou para achar graça.

Éponine chegou a ligar umas duas vezes,mas não passaram mais de cinco minutos no telefone. Outro dia Enjolras pode ouvir Fantine do outro lado da linha pedindo o telefone para falar com ele, Éponine riu e desligou o telefone sem se despedir . Foi a última vez que eles conversaram.

Ela decidiu ficar mais uma semana com eles. Enjolras estava com saudades mas não iria bancar o namorado possessivo, já que Éponine odiava que tentassem mandar nela. Então tratou de achar coisas para se manter ocupado.

No sábado a noite, Enjolras estava sentado na sala,sem camisa assistindo a algum programa na TV ao qual ele não prestava muita atenção. A campainha tocou, Enjolras bufou e continuou sentado,devia ser Courfeyrac, que desesperado por companhia ficava indo toda noite conversar com Enjolras,além do que já conversavam no Café Musain.

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A campainha continuava tocando,como se estivessem esquecido o dedo ali. Enjolras se levantou impaciente e foi abrir a porta pronto a dizer algumas coisas para Courfeyrac.

–Oi.- assim que ele abriu a porta deu de cara com Éponine.

–Éponine! Oi.- Enjolras a cumprimentou,puxando-a para um abraço.-Eu não sabia que você ia chegar hoje.

–É, eu também não sabia.- ela respondeu ficando na ponta dos pés para dar um selinho em Enjolras.- Mas Fantine estava... difícil de lidar. Ficava falando o tempo todo de você. A mulher te adora, Enjolras!- Éponine disse rindo e indo se sentar no sofá.-Achei que você não estava.

–Eu quase não abri a porta achando que era o Courfeyrac.

–Grantaire ainda não voltou?- ela perguntou colocando os pés no sofá.

–Acho que ainda não. Apesar que hoje ele ainda não veio aqui.-Enjolras foi se sentar ao lado dela.-Por que não avisou que estava vindo?

–Porque eu queria fazer surpresa.- Éponine disse, deitando a cabeça no colo dele.- Cheguei hoje pela tarde. Mas o que você fez essas três semanas livre de mim?

–Ah foram as melhores semanas que tive.- respondeu em tom de brincadeira.- Sabe como é: festas,mulheres,bebidas.

–Foi bem animada mesmo. Eu fiquei aprendendo tricô . Fantine já começou a fazer o enxoval do bebê da Cosette,sendo que ela ainda nem ta grávida e eu tive que ajudá-la. Mas é serio o que você fez?

–Nada de mais.- Enjolras respondeu dando de ombros- Trabalhei, fui na biblioteca pela manhã pegar alguns livros. Como de costume nos encontramos no Café Musain, quando não ia lá, eu ia assistir alguma reunião sobre política. Fui assistir uma reunião com os professores que estão em greve...

–Os professores estão em greve?- Éponine perguntou se sentando e olhando para Enjolras,surpresa com a informação.

–Estão. E eles estão montando manifestações e eu disse que conhecia algumas pessoas que poderiam ajudar. Isso realmente é ótimo.

–Sim... é ótimo!- Éponine disse, se inclinando para dar um beijo em Enjolras. Céus,como ela sentia falta dele! Enjolras a puxou para o seu colo e o beijo se tornou mais violento,como se os dois estivessem com necessidade um do outro.

–Mon Dieu! Nos perdoem não sabíamos que estava ocupado, Enjolras.- Joly pediu envergonhado. Éponine e Enjolras se separaram e olharam,encontrando todos os amigos ali.

–Perdoem nada. Se eles quisessem privacidade que tivessem trancado a porta.-Courfeyrac falou.- E aí Éponine? Não sabia que tinha voltado.

–Então,voltei hoje.- ela respondeu sem graça,saindo do colo de Enjolras e se sentando ao seu lado,segurando sua mão.

–O que vocês querem aqui? Existe uma porta,que mesmo destrancada deve ser respeitada. Isso é invasão, sabiam? E outra existe campainha....

–Sim,sim. Nós sabemos de todas essas merdas, Enjolras. Mas acontece que vocês dois estavam tão entretidos na diversão aí que não escutaram.- Bossuet falou com um tom de irritação na voz,se sentando.

–E estamos aqui,porque Grantaire mandou uma mensagem para Courfeyrac,dizendo para nos encontrarmos aqui,que ele tem uma coisa que interessa a todos nós.-Jehan explicou da sua maneira calma de sempre.

–O que ele pode ter que interessa a todos vocês?- Éponine perguntou curiosa,olhando para todos. Enjolras deu de ombros. Não imaginava o que poderia ser.

–Vai ver ele tem as respostas para aquela noite...-Combeferre sugeriu.

–Isso não interessa a mim.- Enjolras falou e realmente não interessava. Queria esquecer o pouco que se lembrava. Não havia tido danos sérios. Marius tinha se casado,o desastre já havia passado. Então para que se envergonharem mais?- Eu não tenho a mínima vontade de saber.

–Mas eu tenho!- Éponine protestou- Eu me matei para deixar vocês apresentáveis. Eu mereço saber o que aconteceu. Nada mais justo.

–É acho que só você não quer saber o que aconteceu. Como você é só um, vai ficar sabendo querendo ou não. E aí garotas? Sentiram minha falta?- eles se viraram olhando para a porta e encontrando Grantaire com seu sorriso zombeteiro de costume.

–Não.- responderam em uníssono.

–Menos o Courfeyrac, não sei o que ele ta tentando bancar.

–“Grantaire... cadê você? Grantaire!”- Bossuet imitou ele, e em troca recebeu uma bela visão do dedo do meio de Courfeyrac.

–Eu sei que ele me ama, isso não é segredo para ninguém.

–Onde você estava, Grantaire?- Éponine perguntou, não que estivesse realmente curiosa,mas queria que as perguntas acabassem para que ela ficasse sabendo o que realmente tinha acontecido aquela noite.

–Fui visitar a minha avó.- ele explicou se sentando.- Que foi? Por que estão me olhando com essas caras de surpresos? Sim, fui visitar minha avó,afinal foi ela quem me criou...

–Então... qual a urgência para que todos viessem se reunir aqui?-Enjolras perguntou tentando não se irritar com os amigos é só que... ele queria ter um tempo com Éponine,mas parecia que sempre tinha alguém ou alguma coisa pra atrapalhar. As vezes a própria Éponine tornava o impossível os dois permanecerem juntos.

Mas então ele se lembrou que havia concordado com aquela história de não passarem tanto tempo juntos, e não queria se tornar tão dependente. Se Éponine não era tão dependente,ele também não seria.

–Nenhuma.- Grantaire respondeu cruzando as mãos atrás da cabeça.- Só queria ver o rostinho de todos vocês e chamar para um passeio.

–Passeio onde?- Éponine perguntou desapontada por não descobrir o que tinha acontecido aquela noite.

–L’urgence bar... Nunca foram lá?- ele perguntou incrédulo.

–Eu já ouvi falar,mas nunca tive curiosidade de ir lá.-Éponine respondeu fazendo uma careta. Um bar que tinha nome de emergência não parecia um lugar legal e interessante suficiente para ir.

Grantaire balançou a cabeça em desaprovação.

–Então o que estamos fazendo com essas bundas ainda coladas no sofá?- ele se levantou olhando para todos os amigos.

Enjolras fez uma careta,não queria ir a bar nenhum. Ele olhou para Éponine que tinha a mesma expressão de desanimo que ele.

–O que vocês dois estão fazendo ainda sentados?-Courfeyrac perguntou colocando as mãos na cintura como se fosse uma garotinha mimada.

–Eu estou cansada- Éponine respondeu com a voz manhosa.

–Você vai ter três meses para descansar.-Courfeyrac falou puxando a pela perna.-Ande vamos sua preguiçosa.

Éponine começou a rir e grudou no braço do Enjolras como se fosse o suficiente para Courfeyrac não conseguir tirá-la do sofá .

Courfeyrac... ela tinha sentido tanta falta do amigo,ele sempre esteve ao lado dela,sem perguntar o por quê estava ali. Apenas sentava e escutava suas lagrimas,e ele nunca quis saber o motivo delas. Ele a abraçava e nunca pediu nada em troca. Ela tinha certeza que a garota que tivesse a chance de ficar com ele seria a mais sortuda do mundo.

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–Fique sabendo que eu não vou ser responsável pelo que pode acontecer a sua cara,se meu pé acertar.

–Então pare de ser preguiçosa e vamos...Se você esta se sentindo desanimada,precisamos te levar para L’urgence.-Courfeyrac continuou puxando-a pela perna.

–Solte ela,Courfeyrac. Ela não quer ir- Enjolras falou impaciente enquanto segurava Éponine para evitar que ela fosse para o chão.

Courfeyrac e Grantaire trocaram olhares e logo estava os dois puxando as pernas de Éponine que implorava para soltarem ela,entre uma risada e outra, até que,finalmente,os dois conseguiram tirar Éponine do sofá que acabou levando Enjolras juntos.

Enjolras já estava prestes a brigar com os amigos por causa do comportamento infantil deles,mas se deteve quando percebeu que Éponine não estava brava,muito pelo contrario achava aquilo tudo engraçado. E ele adorava o som da risada dela,principalmente quando soava infantil.

–Tudo bem. Vocês venceram. Vamos.-Éponine disse enquanto se colocava de pé e dava a mão para ajudar Enjolras a se levantar.

–Só esperem que eu vou vestir uma camisa.-Enjolras pediu indo para o quarto.

–Não precisa não. Aposto que ninguém vai se importar com a sua semi nudez- Grantaire gritou.

–Eu me importo com a semi nudez dele.-Éponine rebateu fazendo cara feia.

–Ah me desculpe.-Grantaire jogou as duas mãos para cima.-Eu havia me esquecido que vocês agora são um casal.

–Vamos?-Enjolras apareceu na sala encerrando a conversa dos dois.

–Joly que vai gostar desse bar,não? Vai querer ir morar lá- Bossuet comentou,enquanto todos se espremiam no elevador.

–Sabem...que esse elevador o Maximo dele é de 3 pessoas por vez- Enjolras observou enquanto entrava e apertava o botão para o térreo .

–Se for para morrer,morreremos todos juntos.- Jehan respondeu dando de ombros.

–E outra...-Joly pontuou.- Não é a primeira vez que fazemos isso. Nunca aconteceu nada.

–E espero que não aconteça mesmo. Tenho pavor de lugar muito fechado e cheio.-Éponine disse meia temerosa que o elevador quebrasse ou despencasse. Sua mente já começou a trabalhar em mil maneiras de morrer dentro daquele espaço minúsculo.

Estavam descendo todos em silêncio, quando Grantaire começou a pular dentro do elevador e logo foi acompanhado por Courfeyrac que gritava.

Éponine entrou em pânico.

–PAREM,PAREM! ISSO NÃO TEM GRAÇA!-ela começou a gritar também colocando as mãos na cabeça.

Grantaire e Courfeyrac pararam e olharam para Éponine que ofegava e tremia de leve,eles trocaram olhares com os outros amigos,e como se tivessem lido o que se passava na mente dos dois,todos começaram a pular.

–DESCE,DESCE,DESCE,DESCE!-eles gritavam todos juntos enquanto pulava cada vez mais rápido,fazendo o elevador tremer.

Éponine começou a implorar que parassem,até que perdeu a força de tentar gritar mais alto que eles,ela se encostou em Enjolras que olhava para os amigos com desaprovação por estarem agindo como crianças e assustando Éponine daquele jeito.

Enjolras sentiu a garota ficando mole em seus braços e olhou para ela,que estava com o rosto branco e suor escorria de sua testa.

–Muito bem,chega.-Enjolras ordenou com sua voz que ele usava para liderar os protestos.-Vocês não percebem que estão assustando ela?

Os garotos pararam de pular na mesma hora e olharam para Éponine encostada em Enjolras.

–Mon Dieu! Eu fui um dos responsáveis por isso.-Joly choramingou.

–Nos desculpe,Ponine. Achamos que você estava brincan...

O elevador deu um tranco e as luzes se apagaram. Éponine deu um grito de pavor e apertou o braço de Enjolras,cravando as unhas.

–Va-vamos morrer.-ela murmurou.

Ficaram um minuto em silencio.

–Cara a culpa é tua.-Courfeyrac falou para Grantaire.

–Minha? Como se fosse só eu que fiquei pulando.

–É mas foi você quem começou.-Combeferre disse tentando esconder o nervosismo.

–Apontar culpados não leva nada agora,todos ficaram igual retardados pulando e gritando.-Enjolras tentou não gritar,mas as vezes os amigos o tiravam do sério.

De repente a porta do elevador abriu,e ali sentado,o porteiro se acabava de rir,enquanto assistia as imagens da câmera de segurança de dentro do elevador.

–Pardon,mas eu não pude resistir a fazer isso...- o porteiro falou olhando para eles,tentando segurar a risada.-Quem sabe assim vocês param de fazer isso sempre.

–Não fazemos isso sempre.-Courfeyrac rebateu ofendido.

–Não fazem? E mês passado que o elevador ficou em manutenção? Quem foram os últimos a usarem?

–Tudo bem.-Grantaire gritou seguindo Enjolras que levava Éponine para fora.-Talvez tenha sido a gente.Mas não é legal ficar acusando as pessoas assim. Eu posso muito bem te processar e já tenho um advogado.- ele apontou para Enjolras que preferiu ignorar.

Quando os amigos se desculparam pelo ataque no elevador,eles foram para fora e encontraram Éponine sentada no meio fio,com a cabeça no meio dos joelhos,respirando fundo,enquanto Enjolras acariciava suas costas e tentava acalmá-la.

–Ponine,me desculpe por isso. Não imaginei que fosse tão sério.-Grantaire pediu se agachando ao lado dela. Éponine levantou a cabeça lentamente e olhou para ele,e com toda força que tinha tacou um tapa no rosto dele.

–Nunca mais faça isso!- ela apontou o dedo para a cara dele e se levantou. Grantaire ficou perplexo e mais perplexo ainda por ter doido o tapa.

–Dói né?- Enjolras perguntou com ar de riso.

–Nem tanto.-Grantaire mentiu negando com a cabeça.

Jehan e Joly grudaram cada um no braço de Éponine e foram o caminho todo até o bar pedindo desculpas para ela. Jehan inventando versos e Joly prometendo examiná-la assim que possível.

–Alguém aí esta passando mal?-Grantaire perguntou assim que chegaram na porta do bar,que tinha escrito o nome com letras bem grande de neon vermelho.-Por favor entrem para seu diagnostico.

Os amigos trocaram olhares entre si,deram de ombros mas acabaram entrando. Éponine entrelaçou a sua mão na de Enjolras,preparada para mostrar que ele tinha alguém.

Assim que entraram viram um balcão,onde tinha os barmans preparando as bebidas. Mesas espalhadas,por mais que o lugar não fosse tão grande,e um musica tocando.

–O que vocês estão fazendo aqui?-perguntou um dos barmans parando o que estava fazendo e olhando para Grantaire.

–Relaxa,estão todos sóbrios hoje...

–Bom mesmo porque eles me deram um pelo trabalho aquele dia.

Grantaire assentiu com a cabeça e guiou os amigos para uma mesa. Éponine franziu as sobrancelhas e olhava para os garotos como se esperando uma resposta para o que aquilo queria dizer. Já que ninguém disse nada ela decidiu perguntar.

–O que ele quis dizer com “trabalho aquele dia”? Achei que vocês nunca estivessem vindo aqui antes.

–Não que eles se lembrem,mon amour.- Grantaire respondeu,entregando um cardápio para cada um.- Mas depois vai até o banheiro dar uma olhada nas fotos que tem lá e terá sua resposta.

Éponine olhou curiosa para Grantaire,mas pegou o cardápio e começou a ler.

–Isso só pode ser brincadeira,não?- Enjolras perguntou jogando o cardápio encima da mesa.-Esses são os nomes das bebidas?

–Como eu vou saber o que pedir?- Éponine estava ficando com dor de cabeça de olhar para aquele cardápio.

–“Laxante, supositório,Viagra,vomito,massagem,lipoaspiração,eletrochoque...” Mas que merda é essa,Grantaire?-Combeferre perguntou enquanto lia alguns nomes de bebidas em voz alta.

–É tudo bebida que vocês já conhecem,mas com nome diferente.

–E qual você indica para gente?-Courfeyrac perguntou,largando o cardápio também,ficando confuso com aquele monte de nomes. Joly era o único que parecia entretido com aquilo.

–Pra vocês eu aconselho... O toque retal.- todos olharam torto para ele que ergueu as mãos.- Eu não to de sacanagem com a cara de vocês,é bom o toque retal.

–Eu não me sinto a vontade com toque retal.- Courfeyrac confessou.- Acho que eu vou pedir o febre.

–Eu vou quere laxante.- Éponine pediu achando engraçado aquele nome.-E você Enjolras?

–Eu vou querer... Pode ser esse eletrochoque.

–Covardes.- Grantaire se levantou para levar os pedidos.

Éponine aproveitou que enquanto esperavam e foi até o banheiro,ver o que Grantaire se referia.

Logo que entrou deu de cara com a pia e do lado um mural de fotos. Começou a olhar com curiosidade as fotos das bundas do clientes, até que uma fileira pode ver uma bunda com uma borboleta tatuada e pode ler embaixo “Courfeyrac”, e logo depois achou “Bossuet,Combeferra, Enjolras,Laigle,Joly e Marius”, estava ali exposta, as bundas dos seus amigos, a bunda do seu namorado,para quem quisesse ver.

Éponine caiu em uma crise de riso. Não conseguia acreditar que estava vendo uma foto da bunda de Combeferre, Enjolras e Marius. Logo eles que eram tão sérios, e todos cheios de pudor, ali,com suas bundas de fora e Marius com um coração tatuado na bunda. Ela pensou qual teria sido a reação da Cosette ao encontrar aquilo e deu mais risada.

Quando voltou a mesa,ainda estava rindo. Nunca mais olharia para nenhum deles do mesmo jeito.

–O que foi, Éponine?-Enjolras perguntou curioso para saber o que era tão engraçado assim.

–Nada, senhor bundão.- ela mal conseguiu falar,as fotos ficavam voltando a sua mente.-Você deveria se sentir orgulhoso de ter a bunda mais bonita dos seus amigos.

–Éponine!- Enjolras chamou sua atenção. As vezes, Éponine não tinha freio na língua e soltava tudo que lhe vinha a cabeça.

–Você viu as fotos?- Grantaire perguntou rindo e Éponine assentiu com a cabeça.

–Que fotos?- Combeferre se enfiou no meio da conversa.

–Aquelas fotos lindas das bundas de vocês,que está lá no banheiro para todo mundo ver.- Éponine explicou. Enjolras e Combeferre trocaram olhares e se levantaram rapidamente indo em direção ao banheiro.

–Mas que...?-Enjolras começou a dizer ao localizar a foto com seu nome.

–Merda.-Combeferre completou boquiaberto,olhando para foto da sua bunda.-Eu não sabia que minha bunda era tão seca assim!

–Sério que essa é sua preocupação?- Enjolras perguntou sem acreditar olhando para o amigo que deu de ombros- Nossas bundas estão aqui exposta para quem quiser ver e com nossos nomes e você ta preocupado que a sua bunda é seca?

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–O que podemos fazer? Acho que eles não nos obrigaram a tirar a foto. Tiramos porque quisemos. E são nossas bundas, Enjolras. Não nossos rostos. Quantos Enjolras e Combeferre existem para saber que são a gente?

–Isso não vem ao caso. Estávamos chapados...

–E não tínhamos escolhas- Combeferre completou fazendo uma careta. As vezes Enjolras incrivelmente chato com certos assuntos tão simples.- Mas eles não querem saber se estávamos chapados ou não. O fato que na hora aceitamos. Não podemos fazer nada, a não ser esperar que eles tirem logo... Vamos que as bebidas já devem ter chego.

Combeferre saiu puxando Enjolras pelo braço, que continuava indignado com aquela foto.

Quando voltaram, Éponine ainda estava rindo,mas era de alguma coisa completamente diferente. Ao chegarem perto os dois puderam ver qual era o motivo de tanta graça.

–Olha só!-Éponine gritou.- As bebidas são servidas em mamadeiras! Isso é tão legal. Não acredito que nunca quis vir aqui antes. A partir de agora esse é meu bar preferido.

–Isso só pode ser brincadeira.- Enjolras murmurou irritado se sentando.-Eu não vou tomar em uma mamadeira.

–Você já tomou em uma mamadeira. Só não se lembra.-Grantaire falou levando a mamadeira a boca e ficou olhando para Enjolras.

Enjolras e Combeferre se sentaram e receosos levaram a mamadeira a boca. Era sem duvida estranho,adultos tomando em mamadeiras. Mas tirando isso a bebida era muito boa.

–Gente! Esse momento precisa de uma foto.- Éponine disse tirando o celular do bolso.

–Não.- Enjolras negou com a cabeça.- Nem pensar.

–Por que não?- Éponine perguntou desapontada e fazendo cara de cachorrinho que caiu da mudança.-Por favor, Jojo. Prometo não colocar na internet e sujar sua reputação.

Diante daquela expressão e tom de voz que Éponine usou,Enjolras não conseguiu dizer não. Pediram para um dos barmans tirarem a foto, a qual todos saíram com a mamadeira na boca.

–Olha só.- Courfeyrac comentou ao pegar o celular para ver a foto.- O Enjolras ta parecendo aqueles bebês que a mãe obriga a tirar foto.

E assim ficaram zuando Enjolras e sua cara de mal humorado na foto. Éponine tentava maneirar,mas nunca conseguia,já que sempre entrava na onda do Grantaire e Courfeyrac.

Depois que perdeu a graça. Courfeyrac e Éponine decidiram que queriam aprender a fazer os malabarismos que os dois caras faziam e na maior cara de pau foram perguntar se não podiam ensinar a eles.

Os caras deixaram e Éponine deu um gritinho de excitação. Eles começaram a ensinar passo a passo, enquanto todos no bar assistiam entretidos ao showzinho que os dois davam.

Quando quase derrubava o negocio Éponine gritava de antecipação e Courfeyrac xingava.

Courfeyrac foi o primeiro a desistir,mas Éponine ficou. Não era de desistir fácil.

Já Enjolras não estava gostando nada daquilo,já que os caras ficavam auxiliando Éponine, e isso queria dizer que ficavam pegando nela para ajudá-la a passar o copo de uma mão para outra.

Depois de muitas tentativas, duas bebidas perdidas no chão, Éponine conseguiu fazer o malabarismo e quando percebeu que tinha conseguido, soltou o copo no chão e começou a pular, abraçando os caras. O bar inteiro ria e batia palmas para ela que fez uma reverência agradecendo seu publico.

Ela voltou para a mesa e mostrou a língua para Courfeyrac. Enjolras nunca iria admitir,mas não estava gostando do fato de Éponine dar mais atenção para os amigos do que para ele. Ela estava agindo como se não estivesse em um relacionamento e como se ele não fosse nada.

–Muito bem... meu turno acabou. Vamos?- um dos barmans se aproximou da mesa.

–Claro.- Grantaire se levantou.- Pessoal esse é o Derek.

–Mas eles já me conhecem.

–Na verdade não. Eles estavam drogados aquele dia.- Grantaire explicou.

–Ah verdade. Tanto é que um dos caras que tem cara de duende, que não estava aqui hoje,subiu no balcão e começou a mijar nas pessoas.

–Marius,fez isso?- Éponine perguntou incrédula,simplesmente não podia acreditar que seu amigo,tão limpinho havia feito aquilo.

–Ele fez coisas piores aquela noite.

–Derek vai nos levar a uma festa agora.

–Isso é se deixarem vocês entrarem.- Derek murmurou enquanto saia e o grupo o acompanhava para fora do bar.

–O que quer dizer com “ele fez coisas piores aquela noite”?-Jehan perguntou curioso.

Derek acendeu um cigarro e olhou para Jehan.

–Eles invadiram um casamento grego...

–Judaico.- corrigiu Grantaire.

–Que seja. Seu amigo duende agarrou a noiva, enquanto os outros do bando quebravam todos os copos e pratos que achavam na frente. Sem falar que depois derrubaram o noivo da cadeira, o que devo dizer foi muito engraçado, na hora de uma tradição que levantam os noivos na cadeira. Jogaram um arranjo de flor no noivo,que agora está no hospital com duas costelas quebradas!- ele terminou de falar,dando um tragada e soltando a fumaça,logo depois rindo ao se lembrar.

–Não é possível que tivemos feito isso.-Joly falou não acreditando no que ouvia.

–Mas isso foi só o começo da noite. Obrigado por terem feito isso. Aquele cara roubou minha garota. Logo depois seguimos para o bar, onde devo dizer vocês ficaram mais loucos,se é que isso é possível. Esse loirinho ai.- ele apontou para o Enjolras.- implorou para uma garota trocar de roupa com ele. Aparentemente ele amou o vestido vermelho que ela estava usando. Enfim ficamos um pouco no bar,até que causaram problemas demais e fomos expulsos. Sair correndo pelado não é uma boa ideia e logo depois mijar nas pessoas pior ainda.

Éponine olhava boquiaberta para todos. Enjolras estava mais vermelho que o vestido que havia usado aquela noite.

–Depois... bem depois viemos para essa festa.- ele apontou para a boate que eles tinham parado em frente.

–Eu acho que não to me sentindo muito bem.- Joly falou se sentando.

–Eu também não me sentiria depois daquela noite.-Derek falou jogando a bituca do cigarro.

–O que quer dizer com isso?- Combeferre perguntou. Estavam todos em uma roda, Joly sentado no chão,olhando para o tal Derek que parecia saber tudo sobre aquela noite e se divertia ao perceber a curiosidade de todos.

–O que quero dizer, que quando entrarmos nessa boate, vocês vão se lembrar de algumas coisas importantes. Vamos.- ele fez um gesto com a cabeça chamando-os para entrar.

Ao passarem pelos seguranças, receberam alguns olhares tortos,mas ninguém impediu a entrada deles.

Do lado de dentro da boate, o som e as luzes em excesso atrapalhavam. Tudo muito alto,tudo muito rápido. Vários corpos dançando juntos,suados. Algumas garotas dançavam quase nuas em postes.

Derek parecia exatamente a onde ir. Durante o trajeto parava para cumprimentar algumas pessoas, garotas o agarravam e o beijava. Courfeyrac estava quase a ponto de perguntar qual era o segredo para isso.

Éponine estava grudada em Enjolras. Geralmente ela gostava de festas,mas aquelas mais intimas, com musicas do gosto dela,mas aquilo a estava assustando. Pode ver algumas pessoas caídas no próprio vomito,outras usando drogas descaradamente.

Finalmente entraram em um corredor mal iluminado, onde o som estava um pouco mais baixo. Derek parou em uma porta e deu duas batidas. Escutaram uma voz pedindo para que entrasse.

–Ah Derek meu querido. O que a purpurina te traz aqui?- um traveco perguntou, indo abraçá-lo até que seu olhar caiu sobre Joly.

–As crianças querem respostas, Alexia.

–Mas é claro que querem. Por favor sentem-se.- ela ou ele indicou um sofá onde todos se espremeram sem jeito.- Por onde começar?- Alexia tamborilou as unhas falsas na penteadeira enquanto se sentava e olhava para a cara assustada de todos.-Ah sim, como vocês chegaram aqui... Creio que essa garota linda e você,com esse jeito de poeta apaixonado não faziam parte do estranho grupo.

–Não senhor, digo senhora.- Éponine se corrigiu e corou,adorava os gays,mas nunca tinha estado frente a frente com um traveco.

–Por favor,me chame de Alexia.- ela pediu,jogando o cabelo para trás. Joly estava mais pálido e suava frio. Estava se lembrando de alguém comentando que ele havia beijado um traveco. Esperava que fosse mentira.- Bom continuando. Quando vocês vieram, era a noite que a boate libera no mês apenas para os gays. E devo dizer que vocês foram meio mal educados com eles... e foram castigados.- Éponine olhou de olhos arregalados para os garotos e seu namorado que tinham a expressão surpresa igual a dela.-Sim,vocês permanecem puros ainda. Não somos tão maus assim,mas deixamos vocês marcados.

–As tatuagens.- Combeferre deduziu e Alexia assentiu.

–E seus cabelos também. Foi extremamente fácil. Vocês comeram um pedaço de “bolo”,que ajudou vocês a ficarem mais loucos do que já estavam...Você e...você.- ela apontou para Combeferre e Enjolras.- estavam ótimos fazendo o pole dance. E para ajudar você estava com aquele vestido vermelho. Me lembro como você sentou nessa cadeira e deixou que eu te transformasse em uma verdadeira Drag Queen.- ela riu ao se lembrar.- Você teria futuro.

Courfeyrac caiu em uma crise de riso,apontando para Enjolras, até que ele percebeu que era o único que estava rindo.

–Desculpe. Continue.

–Obrigada,bundinha de bebê. –ela falou fazendo uma voz de criança,fazendo Courfeyrac corar.- bom depois de tanto vexame, e vergonha alheia, levamos vocês para onde as Drags vão para ficarem lindas e deslumbrantes desse jeito. Para fazer cabelo,unha,tudo! Nisso eu já não estava mais aguentando esse seu amigo.- ela apontou para Joly que sentiu o sangue fugir não de seu rosto,mas sim de seu corpo todo. Ele queria ser capaz de ficar surdo para não ouvir o que estava prestes a ouvir.- Ele passou a noite inteira me perseguindo, dizendo que estava apaixonado e que eu era a garota mais bonita que ele já tinha visto,e que se ele não me tivesse iria ficar louco,eu o estava deixando louco. Você chegou até a me pedir em casamento, sabia?... Eu sei que sou linda,mas sinto muito querido você não faz o meu tipo.- ela falou em tom desdenhoso. Joly engoliu em seco.

–Você não imagina como estou triste em descobrir que não sou o seu tipo.-ele tentou fazer uma brincadeira para mostrar que não se importava com o que ela tinha acabado de dizer.

–Mas tirando o fato de termos zuado vocês. Eu ter deixado o bundinha de bebê fazer uma tatuagem de borboleta no popo. Você ter feito estrelas na sua cara, eu ter deixado minha miguxa usar aquela tinta pra pintar os dentes do teu amigo. Nada disso vai ser melhor que vocês se contorcendo achando que estavam arrasando na pista de dança.

–Pergunta: tem vídeo disso?- Éponine perguntou levantando a mão.

–Videos? Temos fotos,vídeos e entrou para a noite mais memorável da historia dessa boate. Por mais que não queriam que vocês entrassem aqui de novo.

Éponine levantou a mão mais uma vez e Alexia sorriu para ela.

–Eu poderia ver isso?

Alexia soltou uma risada.

–Claro que pode querida. Aqui está.- Alexia entregou um envelope na mão de Éponine que já ia abrir mas recebeu um tapa na mão.- Mas só abra quando estiverem dispostos a ver essas cenas.

–Ta. –Éponine concordou fechando o envelope e o guardando embaixo do braço, por mais que sua mão estava coçando de curiosidade.

–Acho que não tem mais nada que posso fazer por vocês, seres purpurinados.- Alexia se levantou,tirando o roupão que usava, revelando uma roupa curta,brilhante e colada.

Os amigos entenderam isso como um sinal para se levantarem.

–Merci, Rainha das Drags.- Grantaire estendeu a mão,ao qual Alexia puxou para um abraço.

–Não adianta me bajular. Vocês tem que dar o fora daqui rápido. E de preferência não voltarem mais.- ela disse soltando Grantaire.- Espero que tenha sido o suficiente isso.

–Foi sim, muito obrigado.- Jehan agradeceu pegando na mão da Alexia e dando um beijo.

–Vejam só um perfeito cavalheiro!- ela exclamou colocando a mão sobre o peito.- Se cuidem crianças... E Lyly.- Alexia segurou no braço de Joly que arregalou os olhos e se virou lentamente para encará-la.-Você não faz meu tipo,mas fique sabendo que beija muito bem.- soltou o braço de Joly e deu um tapa com força na bunda do pobre coitado.

–Tchau, Alexia. Foi um prazer te conhecer.- Éponine se despediu estendendo a mão para ela.

–Digo o mesmo para vocês, querida. Tive muita diversão com seus amigos aquela noite... E sinto muito pelos piercings naquele lugar... vocês tiveram o azar de pegar umas bichas más.- ela se lamentou.

Eles saíram do quarto apertado e foram guiados para fora por Derek

–Obrigado, cara.-Grantaire agradeceu.- Quer ir com a gente?

Derek fez um sinal de descaso com as mãos e acendeu mais um cigarro.

–Não. Vou acabar minha noite aqui mesmo. Mas boa sorte ao verem isso. Se querem um conselho, o que esta esquecido deve permanecer assim. Não esquecemos nada por acaso.

Trocaram um olhar entre si.

–Ok. Vamos que eu quero ver o que tem nesse envelope. Merci, Derek.- Éponine falou puxando Enjolras pela mão,com pressa.

–Espero te ver de novo cara.- Grantaire deu um abraço nele e os dois bateram um nas costas do outro.

–Acho que não. Duas vezes já são o suficiente.

Derek falou,voltando para dentro da boate e largando os amigos do lado de fora.

–Gente fina esse cara,não?- Combeferre perguntou com sarcasmos.

Éponine de repente saiu correndo,na direção que levava ao prédio de Enjolras. Não podia mais se segurar de curiosidade.

Os amigos saíram atrás a acompanhando, correndo também, enquanto ela ria.

Estavam passando sobre o rio Sena, quando Grantaire conseguiu alcançar Éponine e roubou o envelope da mão dela.

Ela parou e ficou olhando para Grantaire que subiu na proteção que tinha ali.

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–Grantaire para de graça e me devolve isso.- ela pediu com toda a paciência do mundo.

Grantaire abriu um sorriso sereno, enquanto observava o rosto de cada um de seus amigos que ele havia sacaneado aquela noite.

Não iria obrigá-los a ver ao quão fundo eles haviam chego por culpa dele.

Então em um leve movimento, ele jogou o envelope no rio.

–Nãão!- Éponine gritou e esticou a mão como se aquilo fosse fazer ela conseguir salvar o envelope com todas as informações que ela queria saber daquela noite.-O que você fez Grantaire!?- ela perguntou brava,olhando para ele e pensando seriamente em tacá-lo no rio também.

Grantaire desceu em um pulo,olhou para o rio.

–Certas coisas devem permanecer esquecidas e você tem que saber guardar algumas coisas só para você. O fato de você ter ajudado,não dá o direito de invadir o que vivenciamos aquela noite. E não é justo fazê-los ver que eles chegaram no fundo do poço por minha casa.- ele se virou para os amigos que estavam chocados.- Vocês nunca vão saber de fato o que aconteceu aquela noite. Eu sei. Mas vou deixar vocês com suas suposições. Me desculpem por ter feito isso com vocês.- ele falou a ultima parte com sinceridade.

Éponine continuava a fitar o rio e deu um leve sorriso ao ouvir aquela parte. Grantaire estava certo. A historia não era dela, ela não havia vivenciado aquilo,então não tinha o direito de se intrometer.

Enjolras a abraçou por trás e deu um beijo em sua bochecha,enquanto olhava para o rio também.

Logo todos estavam encarando o rio em silêncio.

Apenas quatro pessoas sabiam o que tinha acontecido aquela noite: Grantaire, Derek, Alexia e agora o rio.