*16° dia após o estalar*

—O que vocês estão fazendo? — Rocket indagou franzindo as sobrancelhas.

—Estou ensinando o Theo a plantar bananeira. — respondi, segurando os tornozelos do meu sobrinho. — Vou te soltar, está bem? —

—Pode soltar, tia. — falou confiante.

E então eu soltei.

Theo se manteve firme de ponta cabeça até Rocket se aproximar dele e afastar o braço dele com o pé, derrubando o garoto.

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—Ei! Seu guaxinim de meia tigela! — ralhei dando um empurrão nele. — Você não tem cérebro, não? Podia ter machucado ele. — ajudei Theo a ficar de pé, procurando algum machucado.

—Ensina alguma coisa de futuro para o pirralho. — falou entediado.

—Ah, claro. Vou ensiná-lo a não ser um chato de galocha como você. —

—Você disse que gosta de pregar peças nas pessoas, não é? Ensina isso a ele. —

—Ela está ensinando, tio Rock. — Theo respondeu.

—Ouviu o garoto? Eu estou ensinando. — sorri com desdém.

—De um péssimo jeito, imagino. — resmungou. — Estou fazendo uma bomba, garoto, quer ver? —

—Eu posso, tia Mel? — os olhos de Theo brilhavam.

—Claro que pod... espera. Você está fazendo uma bomba? — perguntei com os olhos arregalados.

—Sim. —

—Por quê? —

—Estava entediado. — respondeu como alguém dá bom dia.

Abri a boca diversas vezes tentando falar alguma coisa, mas nada saia. Era assim que as pessoas se sentiam quando eu falava coisas idiotas e sem sentido?

—Espera aí de novo. Você sabe fazer uma bomba? — arqueei a sobrancelha.

—Mas é claro. Quem diabos eu seria se não soubesse? —

—Uau. Será que... —

—Nem pense nisso. — a voz de Natasha soou atrás de mim, pegando-me de surpresa. — E você pode desarmar qualquer bomba que tenha feito. — passou caminhando pela gente, apontando para Rocket.

—Vocês terráqueos são tão chatos. — ele revirou os olhos.

—Nat, amor, vai para onde? — indaguei, vendo que ela usava uma roupa diferente das calças jeans e jaquetas de couro habituais.

—Treinar. —

—Sozinha? —

—Vai depender da roupa que você estiver usando. — ela encarou meu pijama do Ben 10 sobre o ombro.

—Estou indo trocar agora mesmo. — comecei a correr em direção aos quartos. — Theo, eu não quero que você chegue perto de qualquer bomba ou coisa que o Rocket estiver construindo. Me ouviu? — gritei enquanto corria, ouvindo um "está bem" do pirralho.

Entrei no meu quarto, correndo até o closet e procurando uma roupa mais confortável embora eu achasse meu pijaminha muito confortável.

Vesti uma calça de malha cinza e uma camisa de manga comprida azul. Calcei uma bota sem salto porque sei que se aparecesse lá descalça Romanoff comeria meu cu com farofa. Caminhei até a penteadeira, procurando um elástico e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

Enquanto caminhava até o outro prédio, o do QG que tinha inúmeras salas de treinamento, encontrei Carol pelo caminho e após dizer que estava indo treinar ela perguntou se não poderia ir junto. E eu disse que sim, óbvio.

Quando cheguei lá, vi que tínhamos uma pequena plateia. Theo e Rocket estavam lá, sentados em um banco acolchoado ao lado da porta da sala.

—Apostei com o pirralho que você não aguenta de pé até o fim do treino. — o guaxinim falou sorrindo, cruzando os braços.

—O quê? Você ficou maluco? Não ensina meu sobrinho a apostar sem envolver algo de valor. — repreendi, me virando para Theo. — Aposta com ele sua sobremesa no jantar. — disse, vendo o pirralho sorrir.

—Se a tia Mel ganhar eu quero sua sobremesa, tio Rock. — Theo falou sorrindo, esticando a mão na direção do guaxinim.

Sorri orgulhosa.

—Se ela perder, eu quero a sua sobremesa, garoto. — aceitou, apertando a mão de Theo.

—Isso não é algo que se ensina a crianças, é? — Carol franziu as sobrancelhas.

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—Não? E como as crianças vão saber se virar numa aposta? — indaguei confusa.

—Eu acho que o intuito é justamente crianças não se envolverem em apostas. — respondeu.

Dei de ombros, começando a caminhar na direção de Natasha que estava no meio da sala.

—Chamou a Danvers para brincar também? — Nat questionou, colocando seu braço direito atrás da cabeça, se alongando.

—No momento vou apenas assistir. — a Capitã respondeu.

Olhei sobre o ombro, vendo ela se sentar ao lado de Theo no banco. Consegui ouvir alguma coisa do RJ questionando se ela não queria apostar também.

—É bom ver que você está começando a levar a sério calçados na hora de uma luta. — ela encarou minhas botas.

—Eu pensei em usar meu salto 15, mas achei que o salto agulha iria afundar nesse chão acolchoado. — dei de ombros, mexendo meus braços para frente e para trás.

—A única coisa que irá afundar nesse chão é você, Melinda. — arqueei a sobrancelha.

—Você está achando que depois de duas semanas instável emocional e psicologicamente eu não sei mais me defender? —

—Vem me provar que estou errada. — ela piscou para mim, levando-me a cerrar os punhos e caminhar firme até ela.

Investi no primeiro golpe, mas algo deve ter dado errado porque senti a lateral esquerda do meu rosto arder enquanto eu caia com tudo no chão.

Pude ouvir alguns murmúrios da pequena plateia. Massageei meu rosto, erguendo meu olhar para Romanoff que soltou um "ops" seguido de um sorriso.

—Vai ficar sem sobremesa depois dessa. — resmunguei, me levantando.

—Chora mais, Melinda. —

—Está tentando me provocar? — indaguei, pondo as mãos na cintura. — Por que não vai funcionar, bebê. —

Investi um chute na altura do abdômen dela, mas Nat bloqueou o golpe com seu braço. Avancei começando uma sequência de três socos e uma joelhada na barriga dela. Romanoff interceptava todos meus golpes, obviamente.

Recuei um passo para trás quando ela tentou acertar um soco no meu rosto e voltei a investir na sequência de três socos e uma joelhada. Ela abriu um sorriso pequeno no canto dos lábios, notando o padrão dos meus golpes.

E enquanto ela aproveitava uma brecha na minha guarda para acertar um chute na minha perna, troquei a sequência dos meus golpes. Uma joelhada no tórax dela fez Natasha recuar um passo, mas logo ela estava em cima de mim novamente.

Um soco que eu consegui bloquear empurrando seu braço para o lado e rapidamente tentei acertá-la com o meu braço que ela também impediu com seu braço e nós duas tentávamos atingir uma a outra com um soco. Aproveitei que ela usava apenas os braços e usei minha perna esquerda para acertar um chute na coxa direita dela, com força suficiente apenas para fazê-la recuar.

Então um soco em seu rosto e uma rasteira, a levando ao chão. Fiquei em cima dela, a imobilizando e erguendo meu braço com o punho fechado prestes a socá-la, mas hesitei por um segundo e meio. Esse tempo foi suficiente para ela acertar uma joelhada na minha barriga e me empurrar para o lado, ficando por cima de mim e pressionando seu braço em meu pescoço.

—Você está hesitando. — falou, colocando mais força em seu braço. — Por quê? —

—Não estou... hesitando coisa nenhuma. — falei com um pouco de dificuldade, segurando seu braço.

Coloquei minha perna na sua coxa e fiz força, a empurrando. Nat desviou o olhar para minha perna, sorrindo já que o movimento não foi suficiente para fazê-la sair de cima de mim. Coloquei um sorriso no rosto, usando meu braço esquerdo para acertar uma cotovelada na sua mandíbula. E coloquei mais força na perna, empurrando-a para longe de mim.

Levantei, ficando de pé com os punhos erguidos.

—Viu? Zero hesitação. —

Romanoff levantou, sorrindo enquanto abria os braços.

—Vamos lá, Melinda. Pode vir com tudo, você já não é mais aquela garotinha de 17 anos que mal sabia dar um soco. —

—Eu sabia dar um soco sim, ok? — joguei os braços para o alto. — Quem livrou a minha bunda e a do Tyler quando aquela marionete da HYDRA veio atrás de mim? Euzinha aqui! — apontei para mim mesma.

—Eu sei o que você está tentando fazer e já adianto que não vai funcionar. —

É claro que ela notou que eu estava tentando enrolar ela na conversa para me aproximar mais.

—Que se dane. — resmunguei, começando a correr na direção dela.

Fingi que ia dar um carrinho e puxar seus tornozelos, mas no último segundo pulei, prendendo minhas pernas ao redor do pescoço de Romanoff e jogando meu corpinho para trás, fazendo ela ir de encontro ao chão com a famosa chave de xota.

—Quem hesitou agora, hum? — sorri, vendo ela girar ainda no chão e acertar um chute em meu ombro, fazendo-me deitar no chão por completo.

Girei para o lado, desviando do soco dela que atingiu o chão e tentei levantar, mas senti algo puxar meus pés e lá estava eu de novo no chão levando um mata-leão da Viúva Negra.

—Você tem poderes. Use-os! — falou entredentes.

—Nem se me pagasse. — respondi, reunindo toda minha força no meu braço direito e acertando uma cotovelada em suas costelas.

Natasha não me soltou, mas seu aperto afrouxou o suficiente para eu jogar minha cabeça para trás, acertando a dela. Puxei seu braço, me libertando por completo e me apressando para imobilizar Romanoff. Pressionei minha perna em seu pescoço, sorrindo.

—É agora que começamos a contagem? — antes que pudesse brincar, começando a contar de forma decrescente do 10 até o 0, senti algo enganchar nos meus cabelos e puxar minha cabeça para trás.

—Hey, baby. — meu olhar encontrou uma Carol sorridente.

—Só pode ser brincadeira. — resmunguei, sem afrouxar minha perna no pescoço de Nat enquanto tentava acertar Carol com um golpe, mas não consegui.

Ela me ergueu contra a minha vontade e me jogou do outro lado da sala. E girando naquele chão daquela sala de treinamento, fiz uma nota mental sobre trancar a sala apenas com as pessoas que eu combinei de treinar.

Eu odeio esses ataques surpresas!

Obriguei meu corpo a parar de sair bolando pelo chão, ficando agachada, apenas com um joelho apoiado no chão. Observei Natasha e Carol em pé, sorrindo uma para outra.

—Maravilha. — resmunguei, levantando.

—Acho bom você começar a usar seus poderes, Melinda, porque a Carol irá usar os dela. — pisquei os olhos atônita.

Elas estavam malucas? Theo e Rocket também estavam nessa sala.

Desviei meu olhar para o banco onde meu sobrinho estava sentado até então, entretanto, não o achei onde o deixei. Pelo contrário, ele e o guaxinim estavam fora da sala, assistindo tudo através das paredes de vidro. Ah, claro, muito seguro.

Algo dentro de mim fez com que um alerta soasse em minha cabeça e sem pensar duas vezes projetei um escudo ao meu redor. No segundo seguinte, o disparo de fótons de Carol acertou a redoma de energia ao meu redor.

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Desativei o escudo, vendo um olhar confiante em seus rosto, e ao olhar para o lado não encontrei Natasha. Notei uma movimentação atrás de mim que fez me abaixar, desviando do golpe da Viúva. Num piscar de olhos Carol apareceu ao meu lado e lá estava eu lutando contra as duas.

Não, eu não estava usando os meus poderes por dois motivos: a) mesmo tendo voltado com meus antidepressivos, as consultas e minhas noites de sono, ainda não me sentia 100% para usá-los; e b) eu não estava conseguindo pensar direito numa forma de usá-los sem que as machucasse enquanto bloqueava a sequência de golpes das duas.

Nem revidar os golpes eu estava conseguindo!

Foi nesse misto de conflito interno que eu esqueci de levantar guarda e Carol me acertou com um soco no rosto, bem em cheio. Fui de encontro ao chão, sentindo o sangue escorrer do meu lábio inferior. Um leve teor de preocupação passou pelos olhos de Natasha, mas ela não questionou se eu estava bem. Muito pelo contrário, ela e a outra loirinha se preparavam para partir para cima.

Deixei que Danvers me segurasse pelo colarinho, levantando-me do chão e só aí juntei minhas pernas, erguendo-as e desferindo um chute no tórax de Romanoff que a fez dar uns dois passos para trás arfando. Joguei minha cabeça para frente, acertando a de Carol e usei meu braço direito para acertar os delas que ainda me seguravam, fazendo ela me soltar rapidamente.

Pulei, girando e acertando um chute na lateral do seu corpo, mandando-a para o chão. Aproveitei os segundos para analisar minha situação. E meu olhar encontrou as janelas de vidro, mostrando que já estava escuro lá fora. Sorri, tendo uma ideia para ganhar vantagem.

Estalei os dedos, sentindo a energia em meu peito e comecei a absorver a energia das lâmpadas da sala de treinamento. A cada segundo que passava, a sala ficava mais escura e eu me sentia mais confiante, mais forte e com mais disposição.

As dores que eu sentia devido a alguns golpes tinham sumido, dando lugar a sensação de eletricidade correndo pelas minhas veias.

E quando a sala estava completamente escura, tendo apenas uma pequena parte iluminada pela luz da lua atravessando as janelas, fiz meus olhos brilharem, conseguindo ver Natasha olhando para os lados em alerta e Carol a alguns metros dela.

—Sabe que seus olhos brilhando denunciam sua posição, não sabe? — a Capitã falou, fazendo-me reprimir um resmungo.

Ok, eu tinha esquecido disso.

—Eu não preciso ver vocês de fato, só sentir. Afinal, os corpos de vocês ainda produzem energia, certo? — respondi, fazendo meus olhos voltarem ao normal.

Fechei eles, me concentrando em Natasha e na energia que seu corpo produzia e aí sorri, abrindo e caminhando na direção onde ela estava.

Contudo, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, uma iluminação veio do outro lado, chamando tanta minha atenção como a da Viúva. Soltei um palavrão.

—Mas é claro que você pode fazer isso! — resmunguei contrariada, observando Carol com uma espécie de aura ao redor dela.

Senti um chute na parte traseira da minha perna que me fez desviar o olhar para o lado encontrando Natasha prestes e me acertar com mais um soco. Bloqueei o golpe com meu braço e o segurei, me preparando para acertar uma joelhada no estômago dela quando uma luz invadiu a sala, atraindo a atenção de nós três.

—Bruce, aconteceu alguma coisa? — Natasha indagou.

Larguei seu braço, observando a figura do cientista com uma lanterna nas mãos.

—Não, só vim avisar que o jantar está quase pronto. — falou simplesmente, obrigando-me a franzir as sobrancelhas.

—Espera. Você interrompeu o treinamento só para avisar que o jantar está quase pronto? —

—Sim. — abri a boca incrédula.

—Bruce! — repreendi.

—Não me venha com essa. Combinamos de jantar todos juntos, lembram? E você foi a primeira a concordar. — suspirei, coçando a testa.

—Uma exceção. Não podiam abrir uma exceção. — resmunguei, colocando minhas mãos de frente para a outra e me concentrando na energia em meu peito.

Pude sentir ela passando pelos meus braços como uma corrente elétrica e minhas mãos a liberarem. Moldando ela numa bola tamanho médio, respirei devagar, começando a levantar minhas mãos. Quando elas estavam um pouco acima da minha cabeça, afastei minhas mãos, separando a bola de energia em duas e fiz com que a energia voltasse as lâmpadas da sala, voltando a iluminar tudo.

—É, não sei porque você estava hesitando. —

—Eu não estava hesitando, Romanoff! — revirei os olhos, procurando Theo com o olhar e encontrando ele ao lado de Bruce, juntamente com o guaxinim. — Resolveu a aposta? —

—Tio Rock acha que eu devo dar minha sobremesa a ele porque você apanhou mais da tia Carol e da tia Nat. — respirei fundo, não podendo discordar do bicho peludo.

—Mas? — incentivei ele a prosseguir, a encontrar uma brecha para não ceder as ideias do Rocket.

—Mas a aposta era de que você não iria aguentar ficar em pé até o fim do treino e você está em pé, mesmo com o tio Bruce interrompendo ou não. Então quem ganhou fui eu! — Theo abriu um sorriso orgulhoso de si mesmo.

Cruzei os braços, tombando a cabeça para o lado, exibindo um sorriso também orgulhoso da sua perspicácia.

—Meu garoto. —

—Você está ensinando o Theo a apostar? — algo no tom de Bruce me dizia que ele iria repreender minha atitude.

—Sim, ué. E ele está se saindo muito bem. Acabou de ganhar a sobremesa do RJ. —

—Por Deus, Melinda. Se esse garoto tivesse que ser cuidado apenas por você, ele seria um gangster de um bairro qualquer! — abri a boca ofendida com a colocação de Bruce.

—Como você ousa pensar isso de mim? Acha mesmo que eu teria coragem de fazer isso com meu único sobrinho? — coloquei a mão no peito, dando a entender que realmente fiquei ofendida com aquilo. Quando Bruce abriu a boca para falar, provavelmente para se desculpar, eu continuei: — Eu o transformaria no líder da melhor gang de New York, senão, dos Estados Unidos. — abri um sorriso.

Natasha e Bruce apenas reviraram os olhos, começando a caminhar até a saída da sala. Soltei uma risada, sentindo minhas costelas doerem um pouco.

—Um dia vamos terminar esse treino. — falou Carol, passando por mim.

—Claro, amor. Estarei no aguardo pelo convite. — pisquei para ela, desviando meu olhar para Theo e Rocket. — Acho bom você cumprir com a sua palavra e dar a sua sobremesa para meu sobrinho. —

—Que seja. — falou, dando as costas. — Eu devia ter ficado construindo minha bomba. — resmungou.

—Tia, você foi incrível! — Theo falou empolgado. Fiz uma careta.

—Que nada, papito. Já tive treinos melhores. — disse, o pegando no braço e colocando ele sentado sobre meus ombros, começando a caminhar para fora da sala.

—Você só não estava preparada para lutar com a tia Nat e a tia Carol. — falou, passando seus braços ao redor da minha testa, apoiando seu queixo na minha cabeça. — Você me ensina? —

—O quê? —

—A lutar! — respondeu, fazendo-me parar de caminhar e girar para o lado, encarando ele pelo reflexo do espelho no corredor.

—Como é? —

—Ah, tia! Eu também quero aprender a lutar. Que nem você e meus outros tios, os Vingadores. — sorriu abrindo os braços.

—Para que? — arqueei a sobrancelha.

—Para poder me defender sozinho, se eu precisar. — respondeu, voltando a abraçar minha cabeça. — E também para ajudar vocês se um vilão atacar. Vai que isso acontece e vocês perdem tentando me proteger? Se você me ensinar eu posso me proteger sozinho. — e lá estava ele fazendo sua melhor cara de pidão. — Por favor, tia. —

Theo fez um biquinho nos lábios enquanto piscava os olhos e eu podia jurar que tinha lágrimas se formando nos olhinhos dele. Suspirei, pensando na possibilidade.

Não tinha maldade nenhuma ensinar ele alguns golpes, não pela justificativa dele de um vilão nos atacar, obviamente. Duvido muito que venha algum outro filho da mãe desgraçado nos atacar a essa altura do campeonato.

—Ok, papito. Eu te ensino, ok? Mas não agora. Depois que resolvermos essa situação do Tony pensamos nisso com calma. Tudo bem? —

Observei um sorriso tomar conta do rosto dele e seu rosto se iluminar com a minha resposta.

—Tudo bem, tia! Obrigado. — seus braços desceram para meu pescoço, me abraçando.

Semicerrei os olhos na direção dele.

—Pirralho, você me manipulou com essa sua cara de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança? — arqueei a sobrancelha, vendo ele abrir um sorriso.

—Achei que não fosse funcionar com você, tia. — deu de ombros. — Como acha que eu consigo convencer o tio Steve a me deixar comer a sobremesa antes do jantar? —

Balancei a cabeça, soltando uma risada enquanto voltava a andar até o Complexo.

—Acho que o Bruce estava certo quando disse que eu não sou uma boa influência. —

—Tio Bruce estava mentindo. Você é perfeita, mama. — senti Theo depositar um beijo no topo da minha cabeça.

Senti um certo pânico surgir dentro de mim, a ideia de uma criança me chamar de mama ainda me apavorava. No entanto, outra sensação surgiu dentro de mim, algo bom. Acho que pelo fato de ser Theo a me chamar assim me tranquilazava. Sendo a única parente viva dele no momento, era bom saber que ele me achava perfeita para cuidar dele - embora eu discordasse dele completamente, afinal, eu quase acertei uma TV nele enquanto dormia.

—Vamos aperfeiçoar isso, ok? No dia que você conseguir passar a perna na Nat, vou te batizar no mundo das manipulações. — ele sorriu.

—Eu vou ter tanta coisa que eu aprendi para mostrar ao papai e a mamãe quando eles voltarem. — sorri, tentando não deixar o pensamento de como contaria ao Theo que os pais dele poderiam não voltar caso nossos planos dessem errado.

—Vamos nos apressar, sim? Antes que Bruce apareça aqui e nos dê um esporro por nos atrasarmos para o jantar. —