POV. Steve Rogers

Sinto como se o chão em que pisava se esvaísse completamente; a queda no abismo, já esperada, foi tão violenta que cheguei a sentir meu estômago e meu cérebro chacoalharem.

Voltando à realidade, sinto uma dor na garganta tão forte que achei que ela estivesse sendo rasgada, ao mesmo tempo em que meus olhos se enchiam de lágrimas. Em meu peito, sinto como se meu coração tivesse sido esmagado até se transformar em nada mais além de pó (n/a: Aos oncers, isso é sim uma referência à OUAT, obg dnd). Mas eu não deixo nada disso transparecer, e fico quase impassível externamente, porque eu sabia que eu tinha que consolar Natasha, e que esse era meu principal objetivo e eu tinha que me concentrar nisso.

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Sem dizer uma única palavra, me aproximo dela e a abraço, me ajeitando na cama para ficar mais próximo a ela. Nat não chora, não grita, não faz nada, não esboça a menor reação; ainda com uma expressão de zumbi, apenas se deixa envolver por mim e abraça os meus braços.

Não consigo mais segurar e as lágrimas silenciosas começam a escorrer pelo meu rosto, sem que eu soluçasse, ou gemesse, nem nada do tipo; a água salgada simplesmente jorrava (n/a: deem play pessoal, corram, corram).

E de repente, não estávamos mais no hospital, eu me via em um lugar diferente. Éramos só eu e Natasha em um lugar vazio, em que não existia som, não existia luz, só nós dois, que tínhamos a sensação de estar em queda livre constante. Eu não conseguia escutar nada, eu não conseguia ver nada, só conseguia sentir Natasha encolhida em meus braços. Por um momento tenho a impressão de que meu coração parou de bater, que no meu peito não há nada mais que vazio, mas logo recupero a sensação de batimento cardíaco, que agora estava galopante.

Então, esse meu delírio foi substituído por outro, muito mais precioso mas ao mesmo tempo mais doloroso.

Eu consigo ver, se formando em minha mente, uma imagem de uma menininha, de mais ou menos 3 anos de idade, correndo até mim com suas perninhas gorduchinhas. Eu estava deitado numa cama de casal ao lado de Natasha, e dormíamos.

Então a menina ruiva de olhos azuis nos acorda da maneira mais sutil possível, pulando em cima da gente, gargalhando uma risada deliciosa. Mas eu não me zango, eu não consigo me irritar. Eu simplesmente abro um sorriso enorme e sinto a maior alegria do mundo ao ser acordado daquela maneira.

Vejo Natasha puxar a menina e colocá-la entre as cobertas, cutucando sua barriga, como que fazendo cócegas. Então eu puxo a garotinha e a ergo, fazendo-a ficar “flutuando” sobre mim. Ela abre os braços em resposta e diz, rindo:

– Eu tô voando! – Eu sorrio.

– Está mesmo, meu amor. – Digo – Você é meu pequeno passarinho. E eu amo esse passarinho. Ouviu, Peggy? Eu te amo.

Peggy, a minha filha, abre a boca para dizer que também me ama, mas então desaparece. O quarto lindo e colorido em que estávamos também se vai, assim como o sorriso de Natasha ao meu lado. Tudo começa a sumir, e de repente não estávamos mais na cama de casal em que dormíamos antes, mas a cama do hospital. Natasha não estava mais do meu lado, mas aninhada em meus braços.

Estávamos de volta ao hospital cinza, onde tudo tinha acontecido – Natasha perdera o bebê e eu senti a maior dor que já senti em toda a minha vida apenas ao lembrar disso – e eu começo a sentir tudo dormente, meu corpo dormente, minha mente dormente; a única parte do corpo que sentia era meu peito, em que conseguia sentir a pulsação do coração de Natasha. A única coisa que me dava a certeza de que aquilo tudo era real, que aquilo tudo não era uma alucinação, era Natasha.

Mas... Espere um minuto.

Não estamos mais no hospital.

Pela primeira vez, recebo uma chamada ao mundo real e percebo que estamos no carro de Coulson, Lola. Eu conseguia ouvir Phil falando, mas não escutava; só consegui pegar algumas palavras soltas, como: “falamos com...”, “o médico disse...”, “em casa...”, “atendimento”. Em algum lugar de minha consciência, eu sabia que os Vingadores sabiam o ocorrido e que eles tinham falado com o médico para que Natasha e eu ficássemos em casa, num lugar privado, recebendo atendimento médico particular; mas eu não dei importância. Sentia Natasha ainda em meus braços, no banco traseiro de Lola, em uma quietude agonizantemente gritante.

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Chegamos na Torre Stark e minhas pernas começaram a se mover sozinhas, automaticamente. Consegui conduzir Natasha até o quarto, a visão embaçada, a cabeça doendo e cambaleando um pouco. Coloquei-a na cama e fui até o banheiro e lavei o rosto, tudo em gestos plenamente robóticos, sem ter uma consciência real do que estava fazendo. Voltei para o quarto e me deparei com a pior visão que poderia ter no momento, mas que me fez voltar à vida.

Natasha estava abraçada a algo pequeno, e dessa vez ela chorava com violência, soluçando e deixando as lágrimas jorrarem abundantemente. Eu nunca a vira desse jeito antes, em um desespero tão evidente.

Quando me aproximei, consegui ver o que ela segurava com tanto apreço: o par de sapatinhos que eu comprara para Peggy, para nossa Peggy.

Me senti destruído de novo, e as lágrimas vieram sem que eu pudesse evitar, e dessa vez eu não segurei, e eu solucei e chorei muito, indo envolver Natasha em meu peito mais uma vez. Ela continuava em prantos, se deixando envolver por mim, mas sem largar os sapatinhos, e eu me desesperei ao seu lado. Então ficamos lá, chorando juntos, enquanto digeríamos a morte de nosso filho com o maior pesar possível.

Heart beats fast

Coração bate rápido

Colors and promises

Cores e promessas

How to be brave

Como ser corajosa?

How can I love when I'm afraid to fall

Como posso amar quando estou com medo de me apaixonar?

But watching you stand alone

Mas olhando você sozinha

All of my doubt suddenly goes away somehow

Todas as minhas dúvidas de repente se vão, de alguma forma

One step closer

Um passo mais perto

I have died every day waiting for you

Eu morri todos os dias esperando por você

Darling, don't be afraid I have loved you

Querida, não tenha medo, eu amei você

For a thousand years

Por mil anos

I'll love you for a thousand more

E te amarei por mais mil

Time stands still

O tempo para

Beauty in all she is

Há beleza em tudo que ela é

I will be brave

Eu serei corajoso

I will not let anything take away

Eu não deixarei nada tirar

What's standing in front of me

O que está parado na minha frente

Every breath

Cada suspiro

Every hour has come to this

Cada hora nos troxe para isso

(…)

One step closer

Um passo mais perto

One step closer

Um passo mais perto

I have died every day waiting for you

Eu morri todos os dias esperando por você

Darling, don't be afraid, I have loved you

Querida, não tenha medo, eu amei você

For a thousand years

Por mil anos

I'll love you for a thousand more

E te amarei por mais mil

And all along I believed I would find you

E o tempo todo eu acreditei que iria te encontrar

Time has brought your heart to me

O tempo trouxe seu coração a mim

I have loved you for a thousand years

Eu te amei por mil anos

I'll love you for a thousand more

E te amarei por mais mil