Quando entraram na sala Mayu prendeu a respiração, aquele lugar era horrível para ela, uma sala toda feita por espelhos até mesmo o teto, o único local onde não havia espelhos era o chão que era coberto por um azulejo claro e sujo. Garry foi para o centro da sala com Ib enquanto Mayu se encolhia perto da porta, Garry a olhou desconfiado, para falar a verdade ele não sabia se podia ou não confiar na garota pois ainda estava sentido com tudo o que havia acontecido quando encontraram Mary, mas por outro lado ele sentia algo estranho nela, achava-a familiar e além do mais se ela era realmente uma ameaça eles estaria vulneráveis, se fingissem uma amizade pelo menos teriam uma chance de escapar de futuros danos... Pelo menos por enquanto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

-Wow – Disse ele – É bem estranha, a sala...

-Definitivamente esta não é a mesma galeria – Ib deu alguns passos a frente e olhou para o teto – Não me lembro de ter visto esta sala.

-Como era a galeria onde estiveram? –Perguntou Mayu que agora se afastava da porta.

-Bem... –Garry encarou Ib –A estrutura era diferente, as paredes eram mais escuras e os quadros eram menos chamativos. E a cada dois passos você era atacado por algo, aqui por enquanto está tranqüilo... Também encontramos uma garota, na verdade descobrimos que ela era um quadro, Mary.

-U-um quadro, a garota? – Mayu ficou meio desnorteada... Seria ela? – Como ela era?

-Cabelos loiros e olhos azuis – Respondeu Ib – Usava um vestido verde e meia-calça preta... Por que, você já a viu?

-Ah... Não, é apenas curiosidade – A garota olhou em volta preocupada e então chegou mais perto dos dois – O que aconteceu com ela?

Garry engoliu em seco e encarou a garota, ele realmente não queria falar sobre aquilo, pois sabia o quão ruim era para Ib lembrar do que havia acontecido, afinal, a menina tinha pena de Mary, por mais raiva que pudesse ter ela não conseguia odiá-la realmente, porém mesmo relutante ele falou.

-Conseguimos despistá-la por um tempo – explicou - até que chegamos até seu quadro e ela nos encontrou... O único jeito foi queimar a pintura, então ela se desintegrou.

Mayu arregalou os olhos e contraiu o corpo olhando para os lados tentando disfarçar.

-Entendo... Que bom que estão bem.

A tranqüilidade do local foi abalada, em todos os espelhos da sala, Mayu pôde ver figuras estranhas batendo neles pelo lado de dentro e então quando conseguiu enxergar direito, viu criaturas estranhas olhando para ela, as criaturas que a muito a seguiam por toda a parte e que faziam a garota ter pesadelos e entrar em pânico. Nos espelhos havia bonecas... Não bonecas normais, mas bonecas enormes do tamanho de um adulto, seus corpos eram feitos de um tecido roxo e velho, usavam vestidos de várias cores escuras e seus cabelos pareciam ser feitos de fios reais, desgrenhados e sujos caindo sobre os olhos de botão sujos de alguma substancia vermelha, suas bocas mal-costuradas sorriam para a menina enquanto tentavam quebrar o vidro.

Mayu soltou um grito não muito alto e foi para o meio da sala encolhendo-se ao lado de Ib e Garry.

-V-vamos sair daqui, agora!

-O que aconteceu? – Garry olhou em volta meio perturbado.

-Não me sinto bem neste lugar... Esses espelhos...

-Hmm... –O homem se aproximou de um dos espelhos encarando a si mesmo, Ib, que o seguia logo postou-se ao seu lado – Isso me trás lembranças, espero que nada apareça atrás de mim.

-Como a cabeça de manequim – Disse Ib.

-Isso! – Garry sorriu para ela.

-Bem, parecem ter tido muitas desventuras enquanto estiveram presos na tal outra galeria... Ainda não sei como conseguem ficar tão próximos dos espelhos... É horrível!

-Por que? – Garry colocou a mão direita sobre o espelho – São apenas espelhos! Se bem que... Ib, afaste-se, qualquer coisa pode acontecer neste lugar.

A garota o obedeceu e ele a acompanhou.

-Se vocês vêem assim... Podemos sair logo?

-Certo, mas que medo todo é esse de espelhos? – Perguntou Garry.

-Tem criaturas dentro deles, não viram? – Ela apontou para um dos espelhos – Olhos enormes, cabelos emaranhados e usam vestidos que parecem ser feitos de panos velhos... São como bonecas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Garry ficou meio pálido e então começou a se afastar mais dos espelhos.

-B-bem, para nós são apenas espelhos.

Ele começou a olhar em volta e finalmente conseguiu encontrar uma porta, lembra um espelho assim como as paredes da sala, ele a abriu rapidamente e adentrou a sala junto às garotas. Andaram até o centro da sala e puseram-se a encarar os quadros, Ib avistou uma pintura de várias rosas coloridas onde no meio delas estava uma única rosa amarela.

-Mary... – Lembrou a menina.

Mayu tentou não encarar o quadro - Ela parece ter marcado muito vocês... Como foi exatamente que encontraram o quadro dela?

Ib a encarou desconfiada.

Por que ela quer saber tanto sobre Mary? Perguntou a si mesma.

-Bem – Eles começaram a andar pela sala – Ela nos empurrou para sua “caixa de brinquedos” – Ele acrescentou aspas – E foi lá que tudo aconteceu, Ib e eu conseguimos encontrar a saída, achamos a chave que ela havia escondido e encontramos sua sala... Ela tinha como nos matar, e por isso enquanto eu a distraia, Ib queimou seu quadro, foi quando conseguimos fugir.

Ib encarou o chão se sentindo meio culpada.

-Realmente triste, mas é algo que precisava ser feito eu presumo.

As garotas continuavam andando distraídas, mas logo foram paradas por Garry que parecia desesperado.

-Voltem... Agora! – Ele puxou as meninas pelo braço em direção a porta da sala dos espelhos.

-Garry? – Ib pareceu assustada.

-Venham!

Mayu não entendeu o desespero do homem, mas decidiu não discutir. Ib tentou abrir a porta mas não obteve sucesso.

-Está trancada... – Falou.

-Ah não. Não, não, não e não!

Mayu olhou em volta - O que está acontecendo?!

-As damas! – Garry apontou para o fim da sala.

-Droga... – Mayu encarou os quadros das mulheres presos às paredes, ela não os havia notado antes – Mas se está trancada, teremos de passar correndo por elas.

Garry sem pensar duas vezes pegou Ib no colo.

-Você ficou pesada – Ele deu uma risada nervosa.

-Hey! – Protestou a garota.

Assim eles passaram correndo pelos quadros sem nem mesmo olhar para trás para ver se estavam sendo seguidos. Quando finalmente chegaram até a porta no final da sala Mayu tentou abri-la, mas ela trancada, no desespero Garry tentou derrubá-la com um chute o que não deu certo.

-ÃHN? - O homem parecia em desespero.

-Deve ter alguma senha – Disse Ib.

-Então temos de ser rápidos! – Mayu começou a procurar por alguma pista perto da porta.

Garry colocou Ib no chão e correu pela sala procurando por algo que pudesse destrancá-la enquanto os quadros das mulheres pulavam das paredes e começavam a ir em sua direção. Ib avistou algo preso debaixo da porta, um papelzinho amarelo com algo escrito, assim que Ib o pegou mas mulheres pareceram ficar furiosas e então tomaram velocidade, estavam cada vez mais perto.

-Garry! – Gritou Mayu – Ib encontrou.

-Graças a deus. – Ele correu de volta para as duas garotas completamente desajustado – O que diz aí?

As mulheres pareciam tranqüilas de mais até que viram Mayu, a fúria tomou os quadros e assim elas começaram a ficar cada vez mais rápidas “correndo” na direção da garota.

-Rápido!

-“Quantas damas ah no quarto?” –Leu – Isso de novo?!

Mayu as olhou apavoradas, elas estavam perto de mais e moviam-se desesperadamente, foi difícil contá-las, mas quando finalmente conseguiu, a garota gritou.

-Oito!

Um ruído pôde ser ouvido do lado de fora da sala e então Ib conseguiu abrir a porta, Garry rapidamente agarrou as garotas pelo braço e então as jogou para dentro da sala, quando ia segui-las uma das damas dos quadros puxou-o pelos pés e feriu sua cintura fazendo duas pétalas caírem de sua rosa, o homem gritou de dor e a chutou, entrou rapidamente na sala e fechou a porta atrás dele caindo sentado respirando ofegante. Mayu o encarava meio culpada.

-Talvez encontremos um vaso... - Disse.

-Como aquele!

Ib apontou para uma mesinha no canto da pequena sala onde de fato havia um vaso da cor vermelha, Garry se levantou e andou até ele colocando sua rosa na água, assim ela se regenerou.

-Ainda bem... – Aliviou-se Mayu.

Garry guardou a rosa de volta no casaco e examinou a sala, era quase vazia, se não fosse pela mezinha com o vaso e um pequeno quadro de borboletas de asas estranhas e esverdeadas não a ocupassem. La também havia duas portas da cor vermelha como todas as paredes do quarto.

-Qual nós escolhemos? – Garry apontou para as portas – Direita ou esquerda?

-Esquerda! – Respondeu Mayu.

-Direita! – Disse Ib.

-Ah...? – Garry encarou as meninas.

-Ah, bem... Pensando bem, vamos pela direita. – Disse Mayu, finalmente.

-Certo, para trás as duas.

Garry abriu a porta da direita, dentro da sala havia dois quadros. Eram duas crianças idênticas diferencias apenas pela cor dos olhos, uma tinha os olhos azuis, a outra tinha os olhos castanhos e ao lado de cada quadro havia duas portas. Garry tentou abri-las, mas não conseguiu, estavam trancadas.

-Droga, o que vamos fazer então? – Ele encarou as portas – Não ah chaves por aqui!

“Para abrir as portas terão de resolver nosso enigma” Disse a criança com os olhos castanhos e Garry cambaleou para trás assustado.

“Um de nós dois diz a verdade e o outro a mentira...” Continuou a criança de olhos azuis.

“Chamamos-nos...”

“Jano, o deus das escolhas”

“Uma dessas portas os levará para um caminho seguro... Ou quase. Já a outra os levará para um lugar frio e escuro, onde não se pode sair com vida”

“Vocês terão de fazer uma pergunta para um de nós para poder saber a saída segura”

“Boa sorte” Ambos começaram a rir.

-Apenas uma pergunta... – Murmurou Ib.

Garry andava de um lado para o outro na sala provavelmente tentando achar a pergunta certa, enquanto Mayu encarava as portas, depois de alguns minutos a garota deve coragem para se arriscar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

-Ah... Se você fosse o outro guarda, qual caminho me indicaria? – Ela cruzou os braços e encarou os quadros.

Os garotos se encararam e com uma expressão derrotada apontaram para a porta numero um.

-Como conseguiu pensar nessa pergunta? – Perguntou Garry abismado.

-Ah, bem... Se eu disser que chutei, você ficará bravo? Quero dizer, não foi bem um chute, apenas calculei e então achei que não podia dar errado.

-Ou seja, você chutou – Garry lhe lançou um sorriso torto.

-É... Bem, vamos!.

-Mayu – Chamou Ib – Por que quer saber tanto sobre Mary? Sei que não tem nada a ver com o que acabamos de passar, mas... Veio-me em mente.

Mayu encarou a garota um pouco nervosa.

-É que quando mencionaram sobre ela perseguir vocês eu fiquei meio curiosa sobre ela, do por que ela estava seguindo vocês sem atacá-los e também porque ela pareceu abalar um pouco o clima, me deixou mais curiosa ainda – Ela sorriu brevemente tranqüilizadora – Me desculpe.

Enfim eles entraram, a sala era de um tamanho razoável e nas paredes haviam armários e estantes cheias de livros, alguns até jogados no chão, também se podia ver uma porta de madeira com a fechadura quebrada no final da sala.

-Ib, Mayu – disse Garry – Melhor descansarem um pouco.

-Ah, ok – Ib se sentou perto de Garry.

Mayu estava meio desnorteada, ela tentava processar mil coisas ao mesmo e pensar em uma solução, ela queria sair dali, mas não sabia como podia e acima de tudo tinha que esconder aquele segredo, estava realmente cansada, logo se sentou perto da porta da sala de Jano e recostou-se a ela. Ib não parecia muito cansada, pegou um dos livros que estava jogado ao chão e começou a folheá-lo, na sua capa podia-se ler “As obras de Guertena - Pinturas assustadoras 1#” Garry lotou o interesse da garota.

-Sobre o que fala? – Perguntou.

-Interessante... Parece que só fala sobre as que já encontramos.

-Deve ser porque é o volume um, mas vamos torcer para que não tenham ameaças novas.

-Hum, pois é. – Garry retirou seu casaco e jogou nos ombros de Ib – Meu relógio parou quando viemos parar aqui, mas acho que já é tarde e é melhor descansar, vamos correr muito ainda.

Ib fez que sim e se recostou a uma parede. Garry chegou mais perto da porta e então se deitou virado para ela aproveitando para tentar ver algo, infelizmente o que viu não o deixou feliz. O homem viu uma pequena sombra por debaixo da porta e então uma risadinha ecoou por seus ouvidos, meio perturbado ele ficou de joelhos e colocou as mãos no rosto tentando se acalmar.

-Garry? –Chamou Mayu – Você está bem?

-Sim sim... – Não posso ter medo, pensou - Eu estou bem.

-Tem certeza?

-Absoluta – Ele se voltou para a garota e sorriu para ela.

Deitando-se novamente, Garry voltou a olhar por debaixo da porta e pôde ver um bracinho de pano azul jogado ao chão, não podia ser... Merda, pensou o homem, de novo não!

Mayu que já havia notado o comportamento estranho do mesmo levantou-se e foi até ele, ajoelhou-se atrás dele fazendo-o se levantar com o susto.

-Eu posso? –Ela apontou na direção onde Garry olhava pedindo para que ele chegasse para o lado.

-Ah... É que...

Mayu não o esperou terminar, tentou olhar por debaixo da porta, mas Garry a impediu afastando-a.

-Espere – disse ele – N-não!

-O que foi? Você parece preocupado de mais, tem algo ali?

Garry suspirou – Tem, mas prometa-me que não vai chegar perto delas! É a coisa mais horrenda de todas.

-Certo, eu prometo.

Garry se afastou um pouco e então se inclinou desconfortavelmente ainda de joelhos olhando por debaixo da porta novamente, o bracinho de pano azul ainda estava lá. Mayu fez o mesmo e então ela pôde ver o que o afligia, nesse momento o bracinho azul se mexeu como se notasse a presença de mais alguém alem de Garry.

-Ah!... Essa... Coisa - Mayu pôs-se de joelhos e se afastou um pouco da porta.

“Quanto tempo, Garry” O bracinho que agora estava de mexendo escrevia com uma substancia vermelha no chão, e com dificuldade, Garry conseguia ler “O que está fazendo com Mayu?” Garry levantou a cabeça e olhou meio perturbado para a garota. Como assim? Pensou, Ela conhece a Mayu? Garry não parou para pensar naquilo, não podia se deixar levar e a hora estava passando muito rápido eles tinham que sair logo dali, levantou-se e foi até Ib enquanto Mayu se levantava e arrumava a barra do vestido.

-Ib! – Chamou sacudindo delicadamente a garota que estava dormindo – Ei! Ib! Temos que ir...

Ele a chamou mais algumas vezes, mas a garota recusava-se a levantar, então ele a pegou no colo e andou em direção a porta, quando Mayu a abriu, Garry tentou passar rapidamente pela boneca sem olhar para ela, mas infelizmente não totalmente possível, pois ele tropeçou na mesma caindo de joelhos o que fez Ib acordar com um pequeno susto, como se estivesse sonhando que caia de algum lugar. Garry encarou tensamente o chão, a boneca estava sentada perto de seus pés.

-Essa coisa de novo não! –disse Garry enraivecido, que ao chutar a boneca para o lado logo começou a se afastar.

Mayu o seguiu, passou pela boneca e resistiu ao intuito de pisar nela.

Ib encarou a boneca que ia se afastando conforme Garry andava – Eu queria poder ver o que vocês vêem... Mas daqui parece fofo.

-Acha realmente essa coisa fofa?! –Perguntou Mayu encarando a garota estranho.

-Finalmente – Garry parecia mais tranqüilo – Alguém me entende!

Garry colocou Ib no chão enquanto Mayu encarava a boneca em pânico, ela era exatamente igual as bonecas que ela via nos espelhos, porém menor. Logos eles começaram a andar, Garry encarava as pinturas do lugar meio distraído quando de repente sentiu pisar em algo, com um pulo para trás ele não podia acreditar no que estava vendo, no chão, a mesma boneca olhava-o sorridente e ao seu lado uma frase escrita com uma substancia vermelha, Garry torcia para ser apenas tinta.

“Não me ignore, Garry... Sabe, aquilo doeu!”

-Pare de me seguir!

Garry estava prestes a chutar a boneca novamente, mas Ib o impediu.

-Espere Garry – Ela segurou seu braço – Não é necessário... Não sabemos se as regras da galeria ainda se aplicam aqui.

-Ah... – Garry se acalmou e encarou a menina – Certo, ta tudo bem... Eu tenho que pensar melhor antes de agir, posso causar problemas.

Ele pegou a boneca e a colocou sentada em uma mesinha ali perto, depois se afastou rapidamente.

Mayu se voltou para Garry – Para onde vamos agora?

-Bem... Não sei, mas vamos em frente.