Era Natal outra vez, sua época preferida do ano.

Bem, naquele ano em particular, não. Rosalie não estava particularmente alegre, daqui alguns meses faria um ano que o câncer de Honey havia sido descoberto e o tempo dado pelos médicos para menina estava acabando. Seu coração apertava no peito só de imaginar que no próximo Natal Honey não estaria com ela.

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Mas a casa estava sendo arrumada para a festa daquela noite, pessoas andavam ao redor de sua casa, colocando enfeites, preparando pratos. Ruby estava ao seu lado, encostando seu focinho molhado vez ou outra em sua mão.

Alexander e Cam haviam chegado no dia anterior e estavam com o pai, provavelmente comprando presentes de natal de última hora e Honey estava desaparecida, perdida em algum lugar da casa.

Rosalie não gostava de tanta gente estranha ao mesmo tempo, mas aquela festa de Natal seria grandiosa, precisava de uma equipe a altura. Ela deu um suspiro, olhando as pessoas ao redor, e sobre as escadas, antes que mais alguém dirija a palavra a ela. Seu canto escolhido foi a biblioteca.

Ela esperava que estivesse vazia, mas Honey estava lá, sentada no piano, olhando suas teclas melancolicamente. A adolescente não pareceu perceber a presença da mãe no aposento e Rosalie ficou quieta em seu lugar. Honey costumava adorar tocar, era difícil fazê-la parar, mas, depois do tumor, ela nuca mais havia chegado perto do piano. Vê-la sentada lá era praticamente um milagre.

Uma das mãos da menina levantou-se, inclinando em direção a uma tecla. O som do fá grave reverberou pelo quarto e Rose sorriu, pronta para escutar alguma música, qualquer uma. Escutou apenas um suspiro e um som disforme quando a testa da filha alcançou as teclas do piano.

- Honey.

Ela levantou-se, saindo do banquinho em um salto.

- Ahn, oi, mãe.

Rosalie encostou-se no batente da porta, os braços cruzando-se enquanto Ruby trotava para o lado de sua dona.

- Algum problema? - - Rose perguntou.

Honey balançou sua cabeça rosa.

- Não. – A mãe assentiu, pronta para voltar a confusão do andar de baixo. – Na verdade. – Ela parou, girando em seus calcanhares. – Eu queria ir a uma festa. Depois da nossa, é claro.

- Tudo bem. De quem?

Um silêncio seguiu-se, sendo cortado apenas pelo estalar dos dedos de Honey. Ela estalou a língua, olhando para os lados e depois novamente para a mãe.

- Os Cullen.

Os olhos de Rosalie arregalaram-se notavelmente, mas logo voltaram ao normal.

- Você é amiga deles ou algo assim?

Honey assentiu.

- Eu me dou muito bem com a Renesmee. – E acrescentou, inclinando-se para a frente. – E eu soube que eles irão dar essa festa de Natal, então... Posso?

Rose ponderou por alguns segundos.

- Você pode tirar essas coisas do seu cabelo?

Honey sorriu, um sorriso grande mostrando todos os dentes e suas covinhas, então riu, olhando para o chão.

- Acho que posso. – Respondeu.

Rose sorriu, descruzando os braços e desencostando-se da porta.

- Então acho que pode.

—--*---*---

Os Cullen normalmente não faziam o estilo de família social. Eles não davam festas, nem iam a festas, não faziam amigos no trabalho ou na escola. O único momento em que fizeram isso foi quando Edward estava namorando Bella e nunca mais. Nem mesmo Renesmee, que costumava ser bastante popular mesmo quando não estava tentando, não dava festas.

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Mas, quando resolveram dar aquela festa de Natal para o pessoal da escola, eles estavam esperando que Rosalie pudesse aparecer.

Emmett estava encarregado de receber as pessoas e atendeu a porta ansiosamente todas as vezes que a campainha reverberou por cima da música alta e das pessoas dançando na pista. Quase todas as pessoas já tinham chegado e ele já havia perdido as esperanças de ver Rosalie quando a campainha tocou mais uma vez.

Ele correu para atender a porta e teria perdido o fôlego se não fosse um vampiro com a visão que tinha a sua frente. Parecia que Rosalie havia voltado aos seus dezessete anos, Emmett poderia ter jurado que aquela era ela se não fosse pelas roupas meio góticas, o cabelo curto e rebelde e os olhos cor de avelã o fitando curiosamente.

- Oi, grandão. – Ela disse, naquela voz rouca que perceptivelmente não era natural.

Emmett demorou para achar a sua voz, mas respondeu:

- Oi, Honey. – Seu dedo indicador apontou para os cabelos não tingidos de qualquer cor berrante. – Estava esperando um vermelho natalino.

Ela riu, uma risada melodiosa.

- Achei que seria inusitado.

O vampiro abriu espaço e ela deslizou para dentro da casa graciosamente. Seus olhos viajavam pelo ambiente levemente escuro, barulhento e cheio de pessoas. Todos olhavam para ela, seus colegas de escola, intrigados pela súbita mudança de comportamento.

- E sua mãe? – Ele procurou saber enquanto os dois andavam lado a lado sem um destino certo.

- Ela não sai de casa quando Alexander e Cam estão lá.

Ele assentiu com a cabeça e a guiou até o local onde Bella, Renesmee e Alice estavam reunidas, conversando e rindo baixinho sobre alguma coisa. Bella ainda não havia aprendido a controlar o impulso de torcer o nariz perto de Honey, mas a garota loira fingiu não notar. Ela não parecia bêbada nem nada, mas era como se o cheio do álcool já estivesse impregnado nela.

- Honey. – Nessie guinchou, jogando seus braços ao redor do pescoço da loira.

Honey levantou os próprios braços de maneira insegura e deu duas batidinhas em suas costas antes de Nessie soltá-la.

- Hey.

Nessie e Alice começaram a elogiar a roupa de Honey. Alice gostava de dizer que Honey tinha uma espécie de gosto para roupas vulgar clássico, se é que isso era possível.

Bella parecia meio deslocada e Emmett soltou uma risada pelo nariz antes de andar para longe das mulheres. Ele ajudou Esme a servir os aperitivos pela mesa e respondeu a várias perguntas sobre Rosalie como um filho obediente faria. Ele não pode deixar de perceber o olhar triste que Esme assumiu quando ouviu que Rose não viria e Emmett notou que nenhum deles pensou que ela poderia não estar ali por que tinha crescido. Aquele tipo de festa não deveria mais fazer parte da vida dela.

Emmett lançou um olhar para Honey e ela o olhava de volta, dando um sorriso maroto. Logo Honey disse algo para as três mulheres com quem ela conversava e caminhou em sua direção.

- Tem alguma coisa para beber?

Emmett franziu o cenho.

- Não é bom você beber tanto.

Ela inclinou a cabeça, sorrindo.

- Qual é, grandão. É natal. Deixa eu me divertir.

- Não tem bebidas.

Ela suspirou, retirando o sorriso do rosto em segundos.

- Não tem bebida? Você é muito ingênuo.

Ela sumiu em meio da pequena multidão em sua sala de estar, virando apenas um ponto loiro em meio as outras cabeças. Quando voltou para Emmett, uma garrafa de vodka estava em suas mãos e sua boca estava curvada para cima em um sorriso convencido.

- Parece até que você nunca deu uma festa no colegial.

Ele cruzou os braços sobre o peito forte, dando uma leve gargalhada.

- Não demos muitas.

Ela levou a boca da garrafa aos lábios, seus olhos claros não deixaram os dele. Algo por trás daquele olhar seria capaz de deixar Emmett suando frio e com o coração batendo forte contra seu peito como se fosse um menino.

- Tá calor aqui. – Disse Honey, passando os dedos pelo cabelo curto repicado. – Me leve pra outro lugar?

E Emmett levou. Ele não saberia dizer, nem quando completasse 10000 anos, porque ele concordou com ela, porque ele a guiou para seu quarto no segundo andar e colocou o sofá de dois lugares na varanda para que ela pudesse ver a lua como queria, ou porque deixou que ela se sentasse tão perto dele e passasse o braço pelo seu.

- A Lua era daquele jeito quando você era jovem de verdade? – Ela perguntou, tomando outro grande gole de vodka.

Emmett olhou para seu rosto, tão bonito iluminado pela luz noturna.

- Nunca reparei.

Ela sorriu.

- Então você desperdiçou toda a sua vida. – Ela declarou.

Um silêncio se abateu sobre eles.

- Posso te perguntar uma coisa? – Disse Emmett.

Honey ainda estava olhando para o céu, como se ele fosse lhe dar todas as perguntas em sua cabeça, mas assentiu.

- A sua voz. – Ele continuou. – Não era rouca quando eu te conheci.

Honey olhou para ele então, parecendo pela primeira vez em todo o tempo em que eles se conheceram receosa. A garrafa de vodka repousou ao seu lado e sua mão voou para o pescoço desnudo.

- Eu... – Ela começou. – Eu tive câncer de garganta quando tinha doze anos. Eu fiz a cirurgia para tirar o tumor, mas minha voz ficou assim.

Ela sorriu, tomando outro gole de vodka.

- É uma voz bonita.

Honey riu com elogio meio sem graça e Emmett a acompanhou.

- Você é legal, grandão.

- Você também. Meio doida, mas legal.

Honey o fitou longamente antes que Emmett retribui-se o olhar. Ele também nunca iria entender porque não parou o que aconteceu a seguir. Quando Honey içou-se no ar e sentou-se em seu colo e encostou seus lábios nos dele. Não, ao invés de impedi-la, ele colocou suas mãos em suas costas, apertando-a contra si; e, quando suas mãos delicadas pousaram em seu peito largo, desabotoando os botões de sua camisa azul, ele não segurou seus pulsos, apenas disse:

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- Eu vou te machucar.

Ela riu por entre uma fungadela, sua boca tão próxima a dele que esbarrava em seus lábios quando falava.

- Você não vai me machucar.

Nenhuma outra objeção foi feita.

—--*---*---

Ele a machucou sim, não tanto quanto poderia. Honey estava certa de que Emmett tinha força o suficiente para esmaga-la com uma única mão, mas, nos dias que seguiram aquela noite, ela conseguiu achar marcas roxas em diversos lugares do corpo e em duas em especial, na coxa direita e no quadril, que eram dolorosas ao mínimo toque.

Mas ela procurava ignorar aquilo e não massagear tanto aquelas áreas quando Emmett estava por perto. E como ele estava por perto nos últimos dias. Ele não havia pedido Honey em namoro nem nada, mas os dois costumavam sair juntos, de mãos dadas e tudo e se beijavam aqui e ali, almoçavam juntos, o que era bem melhor do que se sentar em uma mesa sozinha, recebendo olhares reprovadores dos outros alunos.

Os outros Cullen não pareceram gostar muito de sua aproximação ao grandão, mas quando ela perguntou sobre isso para Emmett, ele apenas deu de ombros e desconversou. Sua mãe ainda não sabia de nada daquilo, porque Honey tinha certeza que ela iria pirar se soubesse, mas já estava desconfiando que a filha estava se envolvendo com alguém.

Bem, Honey realmente esperava que seu plano tivesse começando a dar certo, mas não podia negar que gostava do que estava acontecendo durante aquele meio tempo. Não sabia o que aconteceria entre ela e Emmett depois que se tornasse vampira, mas, por enquanto, ela procurava curtir os passeios de mãos dadas com o grandão, suas mãos frias e duras, do modo como ele parecia um pedaço de gelo quando jogava seu braço por cima de seu ombro e de sua risada de trovão.

E ela definitivamente adorava suas covinhas.

Naquela tarde, Honey suspirou sonhadoramente quando viu as covinhas de Emmett amostra enquanto ele andava em direção ao seu armário. As pastilhas de hortelã que estavam em suas mãos foram rapidamente para dentro de sua boca, porque Emmett não gostava do sabor de álcool que ela tinha. Honey poderia estar querendo ficar grávida, mas um bebê vampiro não seria facilmente afetado por um pouquinho de whisky em seu sangue.

- Quer ir a algum lugar? – Ele perguntou, abaixando-se e encostando seus lábios nos dela.

- Seria ótimo.

Honey passou seu braço pelo de Emmett e eles abandonaram a escola sob o olhar atencioso de alguns Cullens enquanto o grandão sussurrava besteiras em seu ouvido.